Notícias


Gestão & Liderança Postado em quarta-feira, 05 de junho de 2019 às 19:55
Neste ano, o prêmio Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil trará a categoria Melhor Empresa na Atenção à Primeira Infância. A pesquisa é realizada pelo Great Place to Work (GPTW), instituição internacional de certificação em gestão de pessoas e autoridade global no mundo do trabalho, em parceria com a Época Negócios. Centenas de companhias são avaliadas por meio de pesquisas qualitativas e quantitativas realizadas com funcionários e gestores.

O ranking é dividido em categorias setoriais, como TI e Saúde, e temáticas, caso das Melhores Empresas para Mulheres. É esse segundo eixo que contará com um questionário adicional para análises mais profundas sobre o tema da primeira infância.

Com a missão de estimular boas práticas para apoiar pais e mães dentro das organizações, o novo tema chega em momento oportuno. Cada vez mais a primeira infância, período que compreende do nascimento aos 6 anos da criança, é apontada por especialistas e intelectuais como momento chave para a transformação de uma sociedade. Isso porque nesse intervalo o cérebro da criança passa por transformações únicas. Sua rede neural, até os 4 anos de idade, atinge mais da metade do potencial mental do adulto.

Jack Shonkoff, médico e pesquisador de desenvolvimento infantil da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, afirma que os pais precisam se esforçar ao máximo para oferecer o seu melhor nos primeiros seis anos de vida da criança, pois as experiências dessa fase são capazes de moldar tanto aspectos da saúde, quanto sua capacidade cognitiva e de sociabilidade.

"Não é possível ajudar as crianças sem auxiliar os adultos que cuidam delas", alerta o especialista, ressaltando que as consequências de não darmos aos pequenos o que eles precisam custam muito caro para a sociedade.

Mas como as companhias podem se envolver? O primeiro passo é deixar de considerar que as vantagens desse investimento estão apenas atreladas ao futuro – enquanto os custos permanecem no presente. Ao desenvolver políticas que beneficiem as famílias de seus colaboradores, elas não apenas melhoram sua reputação, mas também a sociedade onde estão inseridas e, consequentemente, o mercado em que atuam. 

Do ponto de vista econômico, afirma o vencedor do Nobel de Economia, o norte-americano James Heckman, o apoio à primeira infância gera um retorno de 7 a 10% ao ano por reduzir gastos com os sistemas educacional, de saúde e penal - o  que pode significar a quebra do ciclo de pobreza e consequente diminuição da desigualdade.

Para as empresas que implantam programas voltados ao tema, as vantagens são muitas. Colaboradores que sabem que seus filhos estão sendo bem cuidados se concentram mais no serviço, atesta uma pesquisa da organização empresarial americana ReadyNation. E o impacto não se resume apenas ao aumento da produtividade.

A retenção de talentos é outra consequência de uma agenda pró-cuidados com a primeira infância. E ela afeta diretamente a saúde econômica do negócio, diminuindo o custo da rotatividade, que varia entre 50 e 200% do salário anual de um funcionário com gastos que envolvem a busca de novos profissionais, seu treinamento e a perda de produtividade durante o período de adaptação.

"Acreditamos que toda empresa tem potencial de ser aliada da primeira infância. E já são vários os exemplos e caminhos positivos a serem seguidos", ressalta Gabriella Bighetti, Diretora Executiva da United Way Brasil, a maior organização de filantropia do mundo.

A licença paternidade que excede os cinco dias previsto por lei, como a praticada por companhias que fazem parte do Programa Empresa Cidadã, que contam com 20 dias, faz parte dessa lista de boas práticas. A Natura oferece 40 dias de licença paternidade remunerada – incluindo casais homoafetivos e casos de adoção. O intuito é que a proximidade do pai auxilie não apenas a mãe, que se recupera da gravidez, mas também ajude na criação de vínculos com o bebê.

Tais mudanças usam como base a própria licença maternidade, considerada por especialistas como um dos maiores benefícios para a criança, por conta da conexão desenvolvida entre mãe e filho pela vivência diária, com destaque para a amamentação.

A flexibilização de horário, permitindo que pais e mães possam começar o expediente entre 7h e 10h e sair entre 16h e 19h30, caso da Tokio Marine do Brasil, também demonstra a preocupação da organização. Da mesma forma que mudanças na estrutura, como espaços voltados para a amamentação ou coleta de leite materno (os lactários), integram a lista de exemplos a serem seguidos, que ainda contam com reembolsos de creches e babás para crianças até os cinco anos.

"O mais importante produto que uma sociedade pode e poderá produzir é uma pessoa com capacidade de atingir o seu potencial máximo; de atuar neste e por este planeta; de inovar e de transformar criativa e positivamente o status quo; e de traçar caminhos mais decentes para todas as esferas de atuação", afirma Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, organização que promove ações em prol da primeira infância e apoia a nova categoria da premiação.

Fonte: Época Negócios