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Varejo & Franquias Postado em quarta-feira, 26 de julho de 2017 às 12:33
Tem muitas lojas físicas fechando? Tem, sim senhor. Por aqui e no mundo. Mas, tem muitas lojas físicas abrindo? Também tem, sim senhor!

Nos últimos meses, temos visto vários artigos na imprensa noticiando o fechamento de lojas de redes de lojas de departamento dos EUA — Sears e Macy´s entre outros— anunciando amplos planos de encerramento de atividades de lojas no país, levando a mais de 2 mil o número de unidades cujas portas vão baixar.

Mais de 10% do espaço de varejo dos EUA, ou quase 1 bilhão de metros quadrados, podem ser fechados, convertidos para outros usos ou renegociados por um aluguel mais barato nos próximos anos, de acordo com dados fornecidos pelo CoStar Group. Isso além das cerca de 5 mil lojas que foram fechadas nos últimos 18 meses, equivalente a 50 milhões de metros quadrados de espaço.

Um problema enfrentado pelos varejistas dos EUA é que existe um excesso de lojas por lá. O país tem cerca de 24 metros quadrados de imóveis para varejo per capita. Em comparação, o Canadá tem apenas 16 metros quadrados por pessoa.

Os consumidores até gastaram mais no fim do ano do ano passado, mas a maior parte do aumento veio de grandes redes de descontos e compras on-line. Os gastos totais subiram 4%, para US$ 658,3 bilhões, durante novembro e dezembro, superando a projeção de 3,6%, de acordo com a National Retail Federation (NRF). As vendas fora de lojas, um indicador de transações on-line, saltaram 13%.

Porém, mesmo com uma dramática mudança de participação, as vendas pela web ainda representam menos de 10% do total das vendas do varejo e estima-se que permaneçam abaixo de 20% nos próximos 5 anos.

Enquanto isso, o varejo físico resiste. Redes como Aldi, Apple, Costco, TJX, Dollar General, Dollar Tree, Nordstrom, H&M, Ulta e Sephora anunciaram recentemente planos que, somados, abrirão cerca de 3 mil lojas físicas.

Redes que iniciaram suas operações no varejo digital, como a Bonobos, Casper, Warby Parker, além da própria Amazon, estão agora abrindo dezenas de lojas físicas, pois seus planos de somente manter operações on-line se mostraram limitados e não lucrativos.

Estamos, de fato, acompanhando um período de profundas transformações nos protagonistas do varejo em algumas áreas e segmentos. Está claro que aqueles varejistas tradicionais que não inovam, não estão entendo as mudanças comportamentais dos seus clientes e que não estão se reposicionando diante dos novos canais, não estarão mais fortes e pujantes como foram nos anos anteriores.

O varejo digital trouxe para os consumidores muita inovação – informações sobre produtos e preços, muito sortimento, visão de concorrentes, e diversas formas convenientes para entrega dos produtos. Trouxe a conveniência de oferecer a qualquer momento, em qualquer lugar, de qualquer forma, o acesso a quase tudo, e também deixou que as fraquezas dos modelos de negócios de vários varejistas viessem à tona. O fracasso dos varejistas tradicionais em inovar na última década colocou alguns deles em uma posição insustentável à partir da qual eles nunca mais se recuperarão.

O futuro não será distribuído uniformemente. Claramente, existem marcas e categorias de varejo que estão sendo extremamente ameaçados pelo varejo on-line. Há porém setores que estão em declínio (lojas de departamento e hipermercados), cujos problemas têm pouco a ver com o que aconteceu recentemente. Outros ainda permaneceram imunes às forças disruptivas que estão atrapalhando os demais. As redes de descontos, os clubes de compras, as lojas de preço único e os postos de gasolina são alguns exemplos. Os supermercados também tiveram um pequeno impacto, embora isso ainda possa mudar. Também é importante notar que algumas forças que estão moldando a indústria têm pouco a ver com o comércio eletrônico versus lojas físicas ou a noção de que a Amazon está dominando o mundo. Muitos setores estão sendo atingidos por uma mudança fundamental no comportamento dos hábitos de compras que não tem nada a ver com a forma como os gastos estão sendo atribuídas as lojas físicas ou lojas on-line.

Fonte: Marcos Hirai - Gouvêa de Souza
Varejo & Franquias Postado em quarta-feira, 26 de julho de 2017 às 12:29
Um tema permanente em discussão é a transformação da loja na nova realidade digital. O primeiro problema é o perigo da generalização.

Estamos vivendo um quadro onde predomina a polarização, num extremo com lojas elaboradas e pensadas para oferecer experiência, relacionamento e muito mais. No outro extremo, o crescimento de participação dos formatos oferecendo mais por menos, envolvendo os hard-discounters na Europa, o Cash & Carry nos Estados Unidos, e o avanço dos Atacarejos no Brasil.

São pontos de venda que vendem. E ponto final.

As empresas expoentes no conceito de hard discount alimentar, operando na Europa e nos Estados Unidos, são Aldi e Lidl que, somadas às suas diferentes divisões, representam perto de 20 mil lojas em 30 países e com faturamento consolidado próximo a US$ 155 bilhões. A base de seu modelo é sortimento limitado, predominância de marcas próprias, lojas espartanas e preços comparativamente muito baixos.

Da mesma forma, mas no setor de vestuário, Primark, Uniqlo, Forever 21 e outras oferecem lojas despojadas, variedade de produtos e preços muito baixos. Todas operando quase que exclusivamente com marcas próprias.

No setor de Cash & Carry, onde se destaca a Costco – operando nos Estados Unidos e outros oito países –, que se transformou num dos maiores varejistas globais, com valor de mercado de US$ 65 bilhões, oferecendo alimentos, não-alimentos e serviços com modelo baseado em filiação e também com forte presença de marcas próprias. É o maior distribuidor de vinhos dos Estados Unidos.

Todos esses conceitos têm em comum o fato de que crescem significativamente mais do que a média do varejo como um todo nos mercados em que atuam – no critério total ou mesmas lojas – e isso é um sinalizador preciso do interesse que geram como modelo de negócio e desempenho.

Da mesma forma como os Atacarejos no Brasil, conceito local similar ao Cash & Carry internacional, que também tem apresentado crescimentos bem superior à média do varejo. Assai, Atacadão, Sam’s Club, Roldão, Spani e outros caíram no gosto da população pressionada pela crise recente por conta de seu modelo baseado também em lojas despojadas, variedade e, principalmente, preços baixos. Entre as diferenças das redes internacionais, a participação de marcas próprias não é tão significativa e não demandam filiação paga para que o consumidor possa acessar a loja.

Soft Discount

Outra rede que no Brasil vem expandindo fortemente, bem acima da média do varejo, pelo crescimento da mesma base de lojas e pela abertura de novas unidades, é o Dia, spin off do Carrefour internacional, realizado em 2011, que opera mais de 1000 lojas no país. Seu modelo pode ser considerado um soft discount também baseado em lojas simples, bem localizadas e predominância de marcas próprias e com operação de lojas corporativas e franqueadas.

Esse aspecto da operação de lojas franqueadas, com sucesso, rompe o tabu que sempre existiu de que seria inviável a operação de forma competitiva de supermercados através de franquias, fazendo com que o Pão de Açúcar, que já pesquisou e tentou várias vezes evoluir no tema, seja agora obrigado a correr atrás do sucesso viabilizado pelo Dia.

Se buscarmos os pontos comuns desse grupo de empresas, negócios e marcas, além de sua proposta central de viabilizar preços mais baixos que a média de mercado em seus segmentos, vamos identificar o despojamento e a  simplicidade das lojas, localização premium, modelos austeros e focados de atuação, forte predominância de marcas próprias, acelerado crescimento e variedade mais limitada. Além de comunicação e promoção predominante de ponto de venda, com baixos investimentos em mídia convencional.

Esse conjunto de elementos mostra as razões pelas quais algumas indústrias, como as de marcas de consumo ou da comunicação, veem o futuro de forma muito cautelosa, pela sinalização trazida pelos modelos que têm tido maior e melhor desempenho.

Fonte: Marcos Gouvêa de Souza