Notícias


Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 09 de fevereiro de 2021 às 11:29

Open Banking é um novo campo de negócios e serviços, criado a partir do momento em que bancos passam a dar acesso a dados de seus clientes a fintechs, ou o PayPal. Entenda melhor.

Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

OPEN BANKING

O que acham que é: Um banco sem as famigeradas portas giratórias.
O que realmente é: Open Banking é como se chama a possibilidade de criação de novos negócios e ecossistemas digitais disponibilizados por instituições bancárias. Isso é possível por meio das de APIs (Application Programming Interface). A partir da definição de APIs, o conceito de Open Banking fica mais claro: APIs são aqueles ícones de aplicativos (Facebook, Instagram e Twitter, por exemplo) colocados dentro de sites jornalísticos, de marcas, serviços etc, e que os interconectam.

No Open Banking, APIs de planejamento financeiro, simuladores de investimento e avisos (como o de que a conta está negativa) têm acesso a contas correntes, investimentos e ofertas bancárias dos usuários e podem utilizar seus dados para lhe oferecer serviços, conveniências e até realizar suas compras diretamente, sem sua “presença”, livrando-o da necessidade de inserir dados de cartão de crédito e outras informações.

As instituições bancárias, que ao adotar o Open Banking fidelizam clientes, precisam estar dispostas a abrir e liberar informações (algo ainda bastante novo e temerário) para que os desenvolvedores, as empresas de softwares e também as fintechs possam se conectar, ter acesso as informações financeiras da instituição e criarem seus próprios sistemas e produtos. Na prática, as APIs são consultas a dados e operações através de serviços expostos.

Professor de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Mogi das Cruzes, Rodrigo Rocha Silva diz que nessa plataforma de acesso compartilhado de dados bancários privados as APIs precisam ser suportadas por sólidas estruturas de segurança, jurídicas e de governança, já que são desenvolvidas por terceiros (ou seja, nem o usuário, nem o banco). “Os desenvolvedores das APIs devem seguir especificações rígida, para que haja total segurança em relação aos dados bancários dos clientes.”

Outro exemplo de API vinculada à conta bancária que dá ideia da importância da segurança é um site de viagem, por exemplo, ter acesso direto à conta corrente do usuário e pode efetuar a cobrança de passagens aéreas e hotéis, ou seja, comandar efetivamente transações financeiras. O banco, por sua vez, em função dessa informações, pode utilizar o sistema para vender ao cliente produtos como propostas de seguro viagem, compra de moeda estrangeira e aumento do limite do cartão ou de financiamento.

Quem inventou: A invenção do Open Banking é atribuída à PayPal, com o lançamento do PayPal API. O francês Crédit Agricole foi um dos primeiros bancos no mundo a adotar o sistema. Silva diz que a Open Banking Working Group (OBWG), plataforma do Reino Unido de acesso compartilhado de dados bancários privados, foi desenvolvida a pedido do Ministério de Economia e Finanças do Governo britânico, que a coordena e mantém seu desenvolvimento.

Quando foi inventado: A PayPal API em 2004, Credit Agricole em 2011 e o OBWG em 2015. O comitê da é formado membros executivos de instituições como Santander, HSBC, Royal Bank of Scotland e Tesco Bank, entre outros.

Para que serve: Basicamente para oferecer serviços financeiros inovadores, personalizados e com menos burocracias aos clientes que, por sua vez, mantêm fidelidade às instituições bancárias. Silva diz que com o advento do Open Banking, espera-se uma grande quebra de paradigma no dia a dia de muitas pessoas: “As instituições financeiras que adotam o Open Banking possuem clientes mais envolvidos e recorrentes em relação a serviços bancários. O motivo é simples: conveniência.”

Ele conta que o Open Banking também dá mais visibilidade a bancos e aplicativos que utilizam as APIs de uma corporação. “Serviços podem ser criados com um conjunto maior de funções, exibindo dados relevantes para o usuário, com mais segurança e privacidade. Assim, cada pessoa tem aceso a dados relevantes a qualquer momento, criando uma rotina financeira mais organizada e simples.”

Quem usa: Quaisquer instituições bancárias e aplicativos que sigam as regras de segurança. Fintechs no mundo todo não apenas estão adotando o Open Banking como tiveram um impulso em seus negócios a partir da sua criação. No Brasil, o Open Banking é bastante novo e ainda poucas APIs têm acesso a informações bancárias de brasileiros. A Cielo, por exemplo, por meio de sua loja de apps, a Cielo Store, pretende liberar APIs a desenvolvedores. Em setembro, o Banco Original, instituição financeira 100% digital, lançou uma plataforma de APIs abertas para desenvolvedores com o nome de, ora ora, Open Banking.

Efeitos colaterais: Há risco de fraude, caso normas de segurança não sejam obedecidas. “O alto custo a ser investido em estrutura de segurança, tanto pelos bancos, como por quem desenvolver as APIs é, hoje, a maior preocupação”.

Fonte: Projeto Draft
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 02 de fevereiro de 2021 às 11:42
6 coisas que você deveria esperar para o Brasil em 2021 Ainda que as coisas estejam turvas em relação a vacina, por exemplo, há uma série de tendências já claras para 2021. Estas são as que você deveria ficar de olho.

Após um ano repleto de preocupações, sanitárias e econômicas, as perspectivas para 2021 são positivas, mas convém ficar de olho. Afinal, tudo depende de o Brasil fazer o básico para se ajudar. Algo bastante difícil nos últimos anos.

Foram 13 erros nos últimos 18 anos quando o assunto é “taxa de juros”. Em 10 destes mesmos 18, economistas ouvidos pelo Banco Central não acertaram sequer a variação possível para o dólar (mínima e máxima).

As previsões, reunidas em um relatório chamado “Focus”, são uma média colhida pelo BC junto a dezenas de instituições, como bancos e casas de análises, e publicadas semanalmente.

No início deste ano, por exemplo, a previsão era de que os juros estariam em 4,5% em dezembro, contra os 2% em que terminaram o ano passado. Em junho, outra previsão, desta vez do FMI, via o PIB em uma queda estrondosa de 9,1%, contra algo próximo de 4-5% que será efetivamente registrada este ano.

Você talvez esteja se perguntando a razão de ainda considerarmos previsões de economistas, dado tamanho histórico de erros, ou ainda, fazendo coro a velha piadinha de que “economia é astrologia para adultos” (com a diferença de que horóscopos costumam errar menos, claro), mas existe uma boa razão para isso. Via de regra, e por mais irônico que possa parecer, o que menos importa em uma “previsão” econômica é o resultado final. A tendência, e análise sobre o cenário, é a parte relevante.

Uma “previsão” sobre o dólar inclui nela uma análise sobre a expectativa de juros, que por sua vez inclui uma análise sobre as contas públicas, e por sua vez inclui uma previsão sobre o crescimento da economia e assim por diante. Ainda que as coisas estejam turvas em relação a vacina, por exemplo, há uma série de tendências já claras para 2021. Estas são as que você deveria ficar de olho.


1) O país deve gerar mais empregos, mas o desemprego pode subir

Pode parecer contraintuitivo, mas a retomada econômica que está se desenhando nos últimos meses, e que se espera seja ampliada no começo do ano, deve pressionar o desemprego, ajudando a aumentar o índice.

As razões para isso porém não são difíceis de se entender. Isso ocorre porque “desemprego” na visão do IBGE significa “pessoas que estão procurando emprego e não encontram”. Com uma geração maior de empregos, pessoas que antes haviam desistido de procurar devem voltar ao mercado, ajudando assim a aumentar o número de desempregados.

Em especial nos primeiros meses de 2021 você deve observar manchetes que relatam o aumento do percentual de desempregados, e inúmeras pessoas mencionando que isso decorre do fim do auxílio emergencial, por exemplo. É importante não se deixar confundir pela metodologia do cálculo. Até novembro deste ano, último mês disponível, o país havia gerado 272 mil empregos (sendo 414 mil apenas em novembro). Considerando o histórico, seria esperado um fechamento de vagas em dezembro, o que por sua vez manteria o resultado do ano no negativo.


2) O fim do auxílio emergencial deve expor os contrastes de quem perdeu renda

Ao custo de R$ 321,8 bilhões, o auxílio emergencial foi um experimento de escala sem igual na história brasileira.
Trata-se de um valor equivalente a quase 10 anos de Bolsa-família, e que, em uma única tacada, reduziu a pobreza do país em 23%.
Os números positivos em meio a uma crise sanitária e econômica, são, infelizmente, insustentáveis no orçamento brasileiro.
Ainda que os políticos vejam no auxílio um ganho substancial de popularidade, é impossível mantê-lo.

Sustentar um gasto de tamanha magnitude tornaria inviável financiar o próprio governo, expondo algo que já está se tornando visível: a dificuldade em financiar a dívida pública (que deve terminar o ano em 93,7% do PIB).

Se tal dificuldade persistir, o país teria dois cenários possíveis. Ou um aumento de juros, que acentuaria a crise e dificultaria a retomada econômica, ou autorizar o Banco Central a financiar o governo, o que significaria, sem meias palavras, imprimir dinheiro. Neste segundo cenário, a consequência é óbvia e conhecida: inflação. No primeiro, perda de renda contínua.

Em maio deste ano, por exemplo, o setor público apresentou uma renda média de 97% em relação a antes da pandemia, contra 66% do setor informal e 84% do setor formal, sem grandes perdas portanto.

Em função dos repasses federais, as contas públicas de fato melhoraram em vários estados, mantendo a renda dos trabalhadores públicos. Sem o auxílio já em janeiro, essa conta deve se tornar mais evidente, com uma perda de poder de compra das famílias mais pobres. Em alguns estados (como São Paulo e Rio Grande do Sul, dois dos cinco onde a renda do auxílio não compensou a perda de renda total), há ainda expectativa de aumento de impostos com reformas tributárias.


3) A economia não vai voltar 100% em 2021, mas a bolsa vai seguir bombando

Uma recuperação de 3,4%, como a esperada pelo Ministério da Economia, não deve recompor o PIB do país perdido em 2020, mas isso não significa que as coisas estarão tão preocupantes para o “mercado”, em especial o financeiro.

Como você já deve ter ouvido durante todo este ano, inúmeros bilionários, como Jeff Bezos, viram suas fortunas crescerem imensamente em meio a crise. A razão para isso, porém, não está ligada a “ética”. Não se trata de dizer que o mercado é “insensível” com a crise que assola milhões de famílias no mundo, mas algo puramente lógico.

Nunca antes o mundo teve tanto dinheiro circulando a custo tão baixo. Nada espantoso, afinal os bancos centrais imprimiram uma quantidade colossal de grana neste ano para aquecer a economia (estima-se que 22 de cada 100 dólares criados no mundo desde 1917 tenham sido criados este ano).

Os juros ao redor do planeta caíram. Em alguns casos, como no Brasil, eles já estão abaixo da inflação projetada. Caso você invista em uma conta como a do Nubank, ou em algum CDB de liquidez diária, como o do Banco Inter, que pagam 100% só CDI, você está oficialmente “perdendo dinheiro”, isso porquê 100% do CDI (que emula a famosa taxa Selic), rende menos do que a inflação projetada para o ano. Em suma. Você ganha algo como 2%, mas vê seu dinheiro perder 3,9% em poder de compra.

Quando essa conta vai para uma escala global, o resultado é que investidores tendem a buscar ativos mais arriscados, com maior potencial de retorno. Ações de tecnologia, como as da Amazon de Bezos, são um bom exemplo.

Sem encontrar opções “seguras” na renda fixa, o mercado está entrando de cabeça em outros ativos. Tanto a bolsa (S&P nos EUA, Ibovespa no Brasil), quanto imóveis, ouro, terras ou bitcoin, estão em suas máximas históricas. Isso, claro, não é uma recomendação de investimentos, mas convém você ficar de olho nos seus investimentos e perceber que, se não quiser ficar no “zero a zero”, terá de assumir um pouco mais de risco.


4) As privatizações devem ganhar ritmo

Grande promessa de Paulo Guedes ainda na campanha, as privatizações até o momento não tiveram muita força, ficando restritas a vendas de ativos secundários.

De fato, o governo levou a cabo parte do plano de desinvestimentos da Petrobras, que vendeu uma rede de gasodutos, além da venda de ações do BNDES, que, a despeito de o país estar em crise há alguns anos, ainda investia na bolsa em empresas como JBS, Vale e Suzano.

Foram R$ 16 bilhões em vendas apenas neste ano. Elas foram importantes, mas mais do ponto de vista moral do que prático. Afinal, é imoral que o país esteja em crise e cortando gastos em previdência ao mesmo tempo em que especula com ações de um frigorífico na bolsa (a despeito das diferenças de fluxo e estoque, claro).

O ponto central aqui é, em boa parte, fruto das condições do ponto anterior. Nunca antes houve tamanho apetite por ativos firmes, em infraestrutura por exemplo.

Do ponto de vista do mercado, a demanda por ativos como portos, aeroportos, saneamento e outros que gerem um fluxo de renda constante, está bastante elevada.

Além das promessas do governo de privatizar ao menos oito estatais (incluindo os Correios) em 2021, há a expectativa de leilões por parte dos estados em áreas como saneamento e rodovias. Dada a baixa capacidade dos governos estaduais de investir, é uma notícia positiva para o usuário dos serviços.

Em um país onde 47% da população não possui saneamento básico, a discussão ideológica sobre quem deveria prestar o serviço poderia enfim ser superada pelo bom senso. Ao que tudo indica, há boas condições para isso.


5) A inflação ainda preocupa

“Pão é trigo e trigo é dólar”. Em tempos normais, esse poderia ser um resumo simples e prático sobre como o aumento do dólar provoca também um aumento de inflação. Tivemos neste ano, porém, uma recessão abrupta, que freou não apenas o consumo, mas mudou radicalmente a maneira como ele se dá.

Há uma boa chance de termos captado de maneira incompleta a inflação neste ano (afinal, a inflação é medida por um índice com uma série de bens e serviços, e que sofreu uma mudança considerável neste ano). Gastos com alimentação fora de casa diminuíram sensivelmente, mas continuaram a ter o mesmo peso no índice.

A despeito disso, a inflação deu uma acelerada neste final de ano. Se em junho, no auge da pandemia, as projeções estavam entre 1-2%, no final deste ano veremos algo como 4,5%.

Já em 2021, a expectativa é de que o fim do auxílio reduza a pressão no consumo. No primeiro semestre, o acumulado em 12 meses deve fechar em números preocupantes (possivelmente 6,5%, por junho). Isso ocorre pois, no segundo trimestre deste ano, o índice foi negativo, algo que não deve se repetir em 2021.

Se o país der sinais de que as reformas voltarão a pauta (em especial a tributária), há espaço para uma queda da inflação. Caso isso não se concretize, acabamos perdendo um referencial de longo prazo, ficando com as dívidas da pandemia (que custará algo como R$ 1 trilhão) e sem condições de pagá-las a longo prazo.

Esse cenário, entretanto, parece muito pouco provável. A chance de o Congresso não avançar em uma reforma tributária é hoje considerada baixa. Poderemos, enfim, tirar do papel uma discussão de mais de duas décadas – ironicamente graças a falta de alternativas. No fim, o mais provável é que a situação tenebrosa de 2020 acabe se revertendo em um saldo positivo para as próximas gerações.


6) A volta dos emergentes

Há cerca de um mês e meio, escrevi por aqui que a vitória de Biden poderia ser positiva para o Brasil caso estivéssemos preparados para os efeitos sobre a dinâmica global.

Investimentos em países emergentes e um aumento do comércio são questões bastante prováveis com o governo do candidato democrata. A grande questão, claro, é se o Brasil irá sinalizar para o resto do mundo o seu compromisso com ajustes e segurança a longo prazo.

Nos últimos três meses, os investimentos estrangeiros cresceram consideravelmente por aqui. Os estrangeiros voltaram a comprar bolsa no Brasil e há boas expectativas sobre investimentos.

O Brasil é por natureza um país com alto grau de preservação e oportunidades ambientalmente corretas. Este fato deve pesar para estrangeiros que queiram vir investir. Basta, para isso, que o governo brasileiro melhore seu discurso, e tenha uma postura mais alinhada ao resto do mundo na pauta ambiental.

Biden, como Trump, não é capaz de provocar grandes mudanças no Brasil se não iniciarmos por aqui o básico para que o cenário global ajude. O fato é que, neste momento, há um bom espaço para aumento de preço daquilo que nós enquanto país produzimos. Os emergentes estão voltando a estar em alta. Basta para isso fazermos o mínimo de esforço.

Fonte: Infomoney