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Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 02 de maio de 2023 às 11:33


De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o consumo nos lares brasileiros registrou um aumento de 1,98% no primeiro trimestre de 2023. Em comparação com o mês anterior, houve um aumento significativo de 7,29% em março. Além disso, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o consumo registrou uma alta de 4,58%.

Os formatos de loja que contemplam esse resultado são: atacarejo, supermercado convencional, loja de vizinhança, hipermercado, minimercado e e-commerce. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento no consumo nos lares brasileiros foi impulsionado por diversos fatores, incluindo a compra de produtos para a Páscoa e o adicional de R$ 150,00 por crianças de até seis anos para 8 milhões de famílias inscritas nos programas de transferência de renda do governo federal.

Além disso, o reajuste do salário-mínimo, a manutenção do pagamento de R$ 600 do Bolsa Família, o Auxílio Gás, o resgate do Pis/Pasep e o pagamento dos lotes residuais de Imposto de Renda para contribuintes que caíram na malha fina ou entregaram a declaração em atraso também influenciaram no aumento do consumo.

Os dados da Abras indicam que o valor da cesta de 35 produtos de largo consumo registrou queda de 0,94% no primeiro trimestre. Em março, houve uma queda de 0,62%, fazendo com que o preço na média nacional passasse de R$ 752,04 em fevereiro para R$ 747,35 em março.

Entre os produtos que registraram queda no preço, destacam-se cebola (-36,75%), batata (-11,99%), tomate (-10,07%), óleo de soja (-6,60%), e carnes bovinas – cortes do traseiro (-3,74%) e do dianteiro (-2,91%), frango congelado (-2,47%), café torrado e moído (-2,15%). Por outro lado, o feijão (7,29%), arroz (6,05%), ovo (10,33%), farinha de mandioca (7,64%) e leite longa vida (4,40%) tiveram aumento de preço.

Na cesta de higiene e beleza, o sabonete (3,07%), creme dental (2,5%), papel higiênico (2,39%) e xampu (1,42%) registraram aumento de preço. Na cesta de limpeza, as maiores altas foram puxadas por sabão em pó (+2,48%), detergente líquido para louças (+1,52%), desinfetante (+1,18%) e água sanitária (+0,87%).

A maior retração foi registrada na Região Sudeste (-0,84%). Nas demais regiões, as variações no preço da cesta em março na compara

Fonte: Economic News Brasil
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 25 de abril de 2023 às 15:17


“É verdade que capacita um novo entrante com poder de fogo, mas também nivela o jogo no mercado interno”, aponta o Itaú BBA em análise.

No final da semana passada, a Shein anunciou seus planos de acelerar suas operações no Brasil nos próximos anos, com um investimento inicial de R$ 750 milhões, de forma a aumentar a quantidade de produtos de origem local. O anúncio ocorre no contexto de uma discussão sobre uma maior tributação (e fiscalização) pelas autoridades brasileiras sobre remessas internacionais de empresas estrangeiras de comércio eletrônico para consumidores locais.

O investimento será usado para estabelecer um moderno centro de produção têxtil no país, gerando até 100 mil novos empregos nos próximos três anos, segundo a companhia.

Como comparação, o Itaú BBA observa que a Lojas Renner (LREN3) investiu R$ 1 bilhão em capex em 2022, enquanto a Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo,  investiu R$ 600 milhões.

A Shein também assinou um Memorando de Investimentos (MoU) com a têxtil Coteminas (CTNM4), descrevendo um esforço conjunto para cerca de 2 mil de seus clientes fabricantes de roupas para se tornarem fornecedores da Shein para os mercados doméstico e latino-americano. Inclui também financiamento para capital de giro e contrato para exportação de produtos domésticos. Além disso, a Shein reiterou sua ambição de ter 85% de suas vendas locais, 1P (estoque próprio) ou 3P (marketplace), até o final de 2026.

Para o BBA, este tópico traz diversas interpretações dado a sua complexidade. “É verdade que capacita um novo entrante com poder de fogo, mas também nivela o jogo no mercado interno”.

Isso pode ser um pouco negativo para os players domésticos de vestuário, no sentido de que o ambiente competitivo se torna mais desafiador. No entanto, o jogo agora será nivelado internamente; a Shein estará sujeita às mesmas leis brasileiras e estrutura regulatória.

“Acreditamos que os players domésticos de vestuário estarão mais bem posicionados para competir localmente com a Shein”, avalia o BBA.

O banco também observa que o mercado brasileiro de vestuário também é altamente fragmentado (os analistas da casa estimam que os três principais players tenham aproximadamente 20% de participação de mercado, com o líder de mercado apresentando uma participação de um dígito alto até o final de 2021) e pode haver espaço para grandes players coexistirem daqui para frente.

Na mesma linha, o Goldman Sachs ressalta que, embora os planos de investimento da Shein possam significar maior concorrência direta para empresas locais como a Lojas Renner, dada uma certa sobreposição de públicos-alvo (e possivelmente também fornecedores), a construção de cadeias de suprimentos locais robustas, confiáveis e rápidas é um processo de vários anos.

O varejo de vestuário do mercado de massa é dominado por players locais no Brasil, com fornecimento predominantemente local, ilustrando os desafios dos concorrentes estrangeiros para integrar o mercado em suas cadeias de suprimentos globais existentes ou construir cadeias de suprimentos locais com sucesso.

Ainda não está claro quanta vantagem de preço a Shein poderia reter se o fornecimento fosse transferido predominantemente para fornecedores locais. Para contextualizar,  hoje a Renner conta com cerca de 75% dos fornecedores do Brasil e o restante do exterior (principalmente da Ásia; com tributação total).

“Acreditamos que desenvolver uma rede forte e confiável de fornecedores locais (como a que a Lojas Renner possui) levará tempo e esforço. O mercado de varejo de vestuário do Brasil é dominado por empresas locais, com exceção notável da C&A (CEAB3), que entrou no Brasil há quase cinquenta anos”.

Os analistas também apontam que outras empresas como a Inditex, dona da rede de lojas Zara, construíram algum fornecimento local, mas enfrentaram desafios no processo e nunca escalaram totalmente a operação (o Goldman entende que a Inditex vende predominantemente produtos importados no Brasil).

Dito isso, embora tenham informações limitadas sobre o modelo de negócios da Shein, reconhecem que a empresa oferece uma abordagem diferenciada para fast fashion, aproveitando intensamente a tecnologia para identificar novas tendências de produtos, com estoques disponíveis limitados e prazos de entrega menores que a média. Os investimentos que a Shein está planejando no Brasil visam transformar a cadeia de suprimentos local para digitalizar mais processos e treinar a força de trabalho.

Já para a Genial Investimentos, com a maior concorrência, empresas de varejo como Marisa (AMAR3), C&A e Renner podem precisar comprometer margens para lidar com a nacionalização da Shein.

Fonte: Infomoney