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Economia & Atualidade Postado em segunda-feira, 08 de julho de 2024 às 10:50


Atividades de jogos de azar registraram subiram de 0,8% da renda familiar em 2018 para uma fatia aproximada de 1,9% a 2,7% em 2023.

Nos últimos anos, a proliferação das bets, ou casas de apostas online, tem levado a mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros que vêm cada vez mais à luz do mercado. Assim, as varejistas da Bolsa sofrem não apenas com a concorrência de seus pares e com o cenário de juros altos, mas também com a disputa pelo bolso do consumidor nesse segmento de apostas, conforme avalia o Santander em relatório.

Para tentar quantificar essa mudança no comportamento do consumidor, o banco analisou os dados nominais de Vendas no Varejo do IBGE e da Renda Nacional Disponível das Famílias do Banco Central de 2013 a 2023. A abordagem permitiu rastrear como as atividades comerciais tradicionais evoluíram em relação ao poder de gasto geral dos brasileiros. Isso leva a uma visão sobre os possíveis efeitos de deslocamento causados por setores emergentes como os jogos de azar legalizados. O banco pondera que há falta de dados consolidados e formais das atividades de jogos de azar no Brasil, e por isso consideram também dados do Congresso, números disponibilizados por algumas bets e dados do BC.

A equipe de research do Santander destaca que a participação das vendas no varejo amplo na renda familiar caiu de um pico de 63% em 2021 para 57% em 2023, enquanto as atividades de jogos de azar legalizados registraram um aumento significativo, subindo de 0,8% da renda familiar em 2018 para uma fatia aproximada de 1,9% a 2,7% em 2023.
Um estudo do Senado estima que os brasileiros gastam cerca de R$ 50 bilhões anualmente em atividades de jogos de azar, com apenas R$ 23 bilhões em 2023 provenientes de canais legais, através de loterias federais. A cifra não inclui apostas esportivas online, que, segundo algumas fontes, totalizaram mais de R$ 100 bilhões em 2023, enquanto outras fontes, usando dados do BC, apontam para R$ 58 bilhões sendo enviados para sites internacionais de apostas esportivas.

Nesse contexto, o banco projeta que os brasileiros gastaram entre R$ 100 bilhões e 150 bilhões em atividades de jogos de azar (loterias federais + atividades informais + apostas esportivas online) apenas no ano passado.

Mesmo considerando a extremidade inferior da faixa em R$ 100 bilhões, o movimento representa um grande salto em comparação aos R$ 30 bilhões estimados em 2018 (considera apenas loterias federais e a estimativa de que o jogo informal é do mesmo tamanho que o jogo formal).

O Santander reconhece que sua metodologia é uma grande simplificação e não inclui muitos outros impactos (como o surgimento do comércio transfronteiriço e criptomoedas) que afetam a mudança nos hábitos de consumo, mas pode indicar que, de fato, essas as atividades estão se tornando uma fonte maior de competição para os varejistas tradicionais (vestuário e calçados, eletrônicos e móveis) à medida que disputam participação na renda dos consumidores.

No mês passado, a SBVC (Associação Brasileira de Varejo e Consumo) divulgou um estudo sobre as implicações do crescimento exponencial das apostas esportivas para os varejistas brasileiros.

Conforme apontou a XP, entre os principais destaques do estudo, estiveram que: 64% dos que apostam online no Brasil utilizam sua principal fonte de renda para apostar; 63% dos que apostam no Brasil afirmam que teve parte de sua renda comprometida com apostas online e, em termos de implicações para o consumo, 23%, 19% e 14% dos que apostam online afirmam que se abstiveram de comprar vestuário, alimentos/mercadorias e produtos de higiene pessoal, respectivamente.

Além das empresas varejistas, executivos de companhias do setor de telefonia chegaram a falar que as teles têm tido dificuldade de ampliar o faturamento com clientes de planos pré-pagos – que fazem recargas periódicas – por conta dos maiores gastos dos consumidores com bets.

Fonte: Infomoney
Economia & Atualidade Postado em segunda-feira, 01 de julho de 2024 às 11:18


Em acordo inusitado, varejista brasileira e plataforma chinesa firmam parceria para vendas em seus e-commerces.
Se não dá para ganhar deles, junte-se a eles. Essa foi a máxima adotada pelo Magazine Luiza, que acaba de anunciar uma parceria pouco provável: está unindo forças com o AliExpress.

As duas varejistas fecharam um acordo para vender seus produtos no marketplace uma da outra. No site do Magalu, o AliExpress vai vender seus produtos da linha Choice, itens cauda longa (produtos de consumo constante em categorias como beleza, acessórios de computador e telefonia, etc) e de venda direta do AliExpress que têm maior custo-benefício. Os produtos serão importados por meio da certificação do Magalu para o programa Remessa Conforme.

O Magalu, por sua vez, oferecerá produtos do seu estoque próprio, como linha branca e eletrônicos, no site do AliExpress Brasil.

As duas plataformas têm juntas no Brasil mais de 700 milhões de visitas por mês e 60 milhões de clientes ativos.

Para a plataforma de origem chinesa, a parceria  deve ampliar o valor de venda bruta de mercadorias (GMV). Para a brasileira, a chance é de aumentar a frequência de compra no seu marketplace com mais produtos de compra recorrente e tíquete médio mais baixo do que sua média -- embora tenha itens de tecnologia, a linha Choices da AliExpress não concorre, por exemplo, com os produtos da Kabum, especializada no segmento.

"A chance de conversão nos dois canais é muito alta. Aumenta bastante a frequência de compra no nosso site e o aumento de GMV no AliExpress ajuda a monetizar a audiência deles. Somando à audiência do AliExpress, também é uma forma de nos consolidar nossa liderança no 1P, que já somos, de longe, o maior no país", diz Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza.

"A parceria reforça nossa crença no comércio local. Estamos confortáveis em ter os produtos do Magazine Luiza no AliExpress e é muito complementar para o nosso cliente", completa Briza Rocha Bueno, diretora de desenvolvimento de negócios do AliExpress para o Brasil e a América Latina.

Negociada desde o fim do ano passado, a parceria acelerou e ganhou força para sair do papel depois da votação da alíquota de 20% para produtos importados. Aprovado no Congresso, o texto ainda espera sanção presidencial, mas há pouca visibilidade de veto, após muita disputa sobre o tema.

Representado especialmente pelo Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), o varejo nacional foi o principal opositor da isenção federal para importações até US$ 50, incluindo entre as vozes de destaque a família Trajano, fundadora e controladora do Magazine Luiza.

"Após a nova situação vinda pelo valor da taxação aprovado no Congresso, ficamos confortáveis em acelerar o deal. Nunca critiquei as plataformas asiáticas sempre admirei eles. Acho as plataformas e o cross-boarder inexorável, acontece no mundo todo. O importante era ter isonomia e isso aconteceu", diz Trajano.

Prevista para valer a partir do terceiro trimestre, a parceria não exclui a cobrança de take rate (percentual sobre o valor da venda) para cada venda, como funciona para os sellers nas plataformas de marketplace. No entanto, embora não abram os valores, as duas companhias negociaram condições especiais para a parceria. 

"A beleza da parceria está nisso, no ganha-ganha. Ela é tão complementar que conseguimos resolver a equação financeira", diz Trajano. 

Cada um fará as entregas de suas vendas por meio de seus sistemas logísticos, mas as duas companhias consideram estender a parceria para a distribuição logística. Atualmente, a maior parte das entregas do AliExpress no país são feitas por meio dos Correios.

O anúncio animou o mercado. Às 11h, as ações do Magazine Luiza subiam 12%, para R$ 12,13.  No ano, o papel da varejista acumula queda de 43,99%.

Fonte: Exame