Economia & Atualidade
Postado em terça-feira, 05 de abril de 2022 às 13:41
Estamos passando por transformações comportamentais nunca antes vistas no padrão de consumo dos veículos no Brasil.
Findado o primeiro trimestre do ano no sofrido mercado automotivo, eis que – apesar de não termos muito para celebrar – aconteceram mudanças comportamentais nunca vistas!
Como foi o resultado do setor neste trimestre?
Com ridículos 371,6 mil carros vendidos, o segmento registrou retração de 25,4% sobre o primeiro trimestre do ano passado, quando tivemos quase meio milhão de veículos comercializados.
Só estamos vivenciando o pior resultado dos últimos 17 anos.
Mas “o mais melhor de bom” de tudo isso é que estamos passando por transformações comportamentais no padrão de consumo dos veículos.
O primeiro passo deu-se no final do ano passado, quando o subsegmento de carro mais comercializado no Brasil passou a ser SUVs, em detrimento dos hatches pequenos.
Outro ponto era que, quando víamos as “marcas preferidas” do consumidor brasileiro dos últimos 60-70 anos (ou seja, desde sempre), tínhamos aquele mantra das “quatro grandes” (Fiat-Ford-GM-VW) que detinham, na média, mais de 70% do mercado.
Ao longo dos últimos anos, a participação das “quatro grandes” vinha constantemente caindo – mas as mudanças se aceleraram no último ano.
Tivemos a Ford, que praticamente “abandonou o barco” e saiu dos seus quase cativos 10% de share para chorados 1%.
E a última – por enquanto – foi a Volkswagen, que também saiu dos seus quase cativos 20% para também chorados 10% neste ano.
E o que tivemos neste primeiro trimestre?
O nosso novo Top 4 é formado por Fiat, com 21% de Share; GM, com 13%; e Toyota e Hyundai com 11% – sendo que a marca ficou na terceira colocação por singelos 78 carros vendidos a mais!
Lógico que, com um mercado em retração, todas as marcas apresentam sofrimento. Por exemplo, neste nosso Top 4, a Fiat registra retração de 23,2% em relação a 2021; a GM, queda forte de 33,5%; Hyundai, queda de 14,7%. A Toyota é a única que registra crescimento, com 21,5%.
É aquilo que a gente sempre fala: é a Toyota fazendo as suas “toyotices” para bagunçar o status quo do mercado! A montadora está no seleto grupo de marcas de volume que registram crescimento nas vendas.
Pelo segundo ano consecutivo, a marca que mais cresce é a Peugeot, com evolução de 111%. No caso da marca francesa, esse é o melhor resultado nos últimos oito anos (lembrando que o mercado registra o seu pior volume dos últimos 17 anos).
Na segunda posição, temos a Citroen, com crescimento de 78%, mostrando que o surgimento do grupo Stellantis foi excelente para as marcas da ex-PSA. Em seguida, vem a Caoa-Chery com alta de 49%, a Toyota, com quase 22% de crescimento e, fechando o nosso Top 5, temos a Mitsubishi, com alta de 5%.
Somente o grupo Stellantis (Citroen-Fiat-Jeep-Peugeot) possui mais de 1/3 do mercado automotivo, com 33,4% de share.
Se antes o pessoal brincava com a Fiat, a marca conseguiu se reinventar por completo, tornando-se referência no segmento de picapes (antes a Ford fazia bonito, com o seu slogan de “Picape raça forte”) ao colocar a Strada como o carro mais vendido no Brasil e a Toro na nona colocação do ranking.
Num Top 10 dos modelos mais vendidos, ainda teríamos o Fiat Mobi na quinta posição e os Jeep Compass e Renegade na sexta e décima posição, respectivamente. Ou seja, cinco dos 10 carros mais vendidos são do grupo Stellantis.
Ainda vale ressaltar que a “novinha” Hyundai colocou dois carros no nosso Top 10, com o seu HB20 na segunda posição e o SUV Creta na sétima colocação.
E os japoneses da Toyota?
Nenhum modelo deles entrou no nosso Top 10. Mas não tem problema, os japoneses da Toyota curtem fazer tipo um “preço médio”: não lidero, mas estou sempre pontuando/crescendo… é aquela visão de longo prazo.
E fechar esse primeiro trimestre como a terceira marca mais desejada no mercado brasileiro, acho que nem nos melhores sonhos do pessoal.
Fonte: Infomoney