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Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 30 de janeiro de 2018 às 12:40
O desempenho da indústria em dezembro de 2017 confirma o processo de recuperação da atividade econômica.  O indicador de evolução da produção ficou em 42,4 pontos e o de número de empregados foi de 47,6 pontos no mês passado. Embora tenham fechado o ano abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa o aumento da queda da produção e do emprego, os dois índices ficaram acima do registrado nos últimos anos, informa a Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).


A utilização média da capacidade instalada caiu para 64% em dezembro e ficou 4 pontos percentuais abaixo da registrada em novembro. "É comum que a utilização da capacidade instalada recue na passagem de novembro para dezembro, tendo em vista o fim das encomendas para as festas de fim de ano", diz a pesquisa.  "Mesmo com essa retração, a utilização da capacidade instalada de 2017 é a maior para o mês dos últimos três anos", observa a CNI. O nível de estoques em relação ao planejado fechou o mês em 49,5 pontos, próximo da linha divisória dos 50 pontos. Isso indica que as indústrias fecharam o ano com os estoques dentro do planejado.


EXPECTATIVAS POSITIVAS - O cenário mais favorável melhorou as perspectivas dos empresários para os próximos seis meses. Todos os indicadores de expectativas ficaram acima dos 50 pontos em janeiro. Isso mostra que os industriais esperam o aumento da demanda, das compras de matérias-primas e das exportações. "A expectativa dos empresários é que de aumento no ritmo de crescimento da atividade nos próximos meses", afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo.

Com isso, os empresários também estão mais dispostos a fazer investimentos. O índice de intenção de investimentos aumentou 0,8 ponto e ficou em 53 pontos em janeiro, o maior desde maio de 2014. O indicador de intenção de investimentos varia de zero a cem pontos. Quanto maior o índice, maior é a disposição dos empresários para investir.

A Sondagem Industrial mostra ainda que os empresários continuam insatisfeitos com a situação financeira e com a margem de lucro das empresas. O índice de satisfação com a situação financeira subiu para 47,3 pontos e o de satisfação com o lucro operacional subiu para 42,8 pontos. Ambos continuam abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa a satisfação da insatisfação. Mesmo assim, destaca a CNI, os dois índices subiram pelo sétimo trimestre consecutivo. "Na comparação com o mesmo trimestre de 2016, o índice de satisfação com a situação financeira aumentou 5 pontos, enquanto o índice de satisfação com a margem de lucro aumentou 4,9 pontos", informa a pesquisa.

PRINCIPAIS PROBLEMAS - De acordo com a pesquisa, a elevada carga tributária, com 44,3% das respostas, continua sendo o principal problema enfrentando pela indústria. Em seguida, com 34,7% das menções, aparece a demanda interna insuficiente. Em terceiro lugar, com 19,7% das respostas, os empresários citam a inadimplência dos clientes.

Na lista de principais obstáculos ao crescimento da indústria no quarto trimestre de 2017 também se destacam a competição desleal, a falta de capital de giro e as taxas de juros elevadas.

Esta edição da Sondagem Industrial foi feita entre 3 e 16 de janeiro com 2.244 empresas. Dessas, 918 são pequenas, 808 são médias e 518 são de grande porte.

Fonte: CNI
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 23 de janeiro de 2018 às 12:31
A indústria 4.0 está aí: tecnologias como Big Data e a Internet das Coisas já estão transformando o modo de produção, tornando-o extremamente inteligente. Nos próximos anos, vamos mudar radicalmente o jeito de enxergar o funcionamento de uma indústria e o processo que faz com que um produto chegue até ao consumidor.

Mas, e quanto ao aqui e ao agora? Em que pé estamos, no Brasil, em relação aos estímulos à Indústria 4.0? De que forma grandes empresas e o poder público têm lidado com as novas tecnologias trazidas por startups, com a revolução trazida por conceitos como internet das coisas, computação cognitiva, inteligência artificial etc? E, mais importante, como o empreendedor pode tornar esse negócio industrial digital em algo mais sustentável?

Esse assunto foi tema de uma mentoria coletiva do Programa Scale-Up Indústria, um programa de aceleração da Endeavor, patrocinado  por DHL, Klabin e ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e com apoio institucional da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE). Eduardo Zancul, professor da Escola Politécnica da USP; Cristiano dos Anjos e Tarcísio de Oliveira, respectivamente vice-presidente e executivo sênior da Schneider Electric, e Marcos Vinicius de Souza, Secretário de Inovação e Novos Negócios do Ministério da Indústria e do Comércio (MDIC), responderam a essas dúvidas dos empreendedores.

Para Cristiano, VP da Schneider, é preciso que quem trabalhe com a Indústria 4.0 entenda “o viés de eficiência e da sustentabilidade do negócio”. De acordo com ele, deve-se “realizar um passo a passo, já que colocar tudo digital de uma vez é quase utópico; é preciso ter um plano claro, saber quem compra seu produto, como esse consumidor compra seu produto, ou a empresa logo estará fora do mercado”.

De olho nos dados

O que significa isto? Que as ideias de antigamente já não bastam. Se antes, um bom carro era aquele que gastava pouco combustível oferecendo o máximo conforto, hoje isso já não é mais suficiente. Os automóveis de hoje precisam indicar a melhor rota em um painel multimídia, conectar-se com o celular, apitar se você não usa o cinto de segurança, e por aí vai.

“O jeito como as pessoas usam os produtos hoje indica aos empreendedores como será o design do futuro”, disse ele. Os dados gerados a cada uso — que vão do modo como você dirige, assiste à televisão, exercita-se e até dorme — devem moldar os produtos que veremos em breve nas prateleiras.

E para que esse processo de implantação seja bem-sucedido (e duradouro), um elemento-chave é a consolidação de um único conjunto de padrões técnicos de comunicação e segurança. Com ele, a troca de informações entre os diferentes tipos de sistemas e dispositivos será assegurada, eliminando-se as restrições relacionadas aos padrões proprietários vigentes. Para conhecer mais sobre estes aspectos técnicos da indústria 4.0, não perca assista a este vídeo do Sebrae.

Da barreira à oportunidade

O pensamento de Tarcísio de Oliveira, também da Schneider, vai pelo mesmo caminho. “Uma pergunta fundamental que fazemos na hora de realizar um diagnóstico para a transformação digital é: qual é a cadeia de valor em que a empresa está?” Para ele, ferramentas básicas, como o Business Canvas, são uma ótima forma de começar.

“Assim, o empreendedor saberá quem são seus fornecedores, seus clientes, seus diferenciais e, principalmente, o que é factível ou não, devido a eventuais barreiras.” Ou seja, o empreendedor conseguirá traçar, com antecedência, os passos fundamentais a serem trabalhados na digitalização da produção.

Mas é neste momento de análise, afirmou Tarcísio, que as barreiras devem ser vistas como oportunidades. Ele citou, como exemplo, a falta de conectividade no interior do país: “Hoje uma das principais empresas de automação do mundo é brasileira, baseada em Araçatuba, a Solinftec. Para conectar soluções, eles tiveram que criar redes com subestações. Ou seja, transformaram os obstáculos em oportunidades de negócio”.

Customização dos produtos em larga escala

O alto grau de personalização, em uma escala de produção, é uma das mudanças que já estão impactando a indústria nos próximos anos. “E os empreendedores devem ficar atentos a isso”, frisou o professor Eduardo Zancul

Durante um tempo, ter algumas cores disponíveis do mesmo tênis já era o suficiente; agora, queremos customizá-los do nosso jeito. Uma evolução disso é a possibilidade de o consumidor interagir com a marca e sua linha de produção por meio de plataformas digitais que personalizam os produtos, diminuem a distância entre produção e entrega e possibilitam a cocriação.

“É modinha, vai passar”

Outro ponto muito debatido foi o apoio de grandes empresas, de instituições de pesquisa e mesmo do poder público a quem está começando. Foram várias as perguntas a esse respeito, uma vez que, na visão de empreendedores presentes à mentoria, aqui no Brasil essas parcerias ainda são raras.

Para Marcos Vinicius, do MDIC, essa defasagem tem a ver com a visão geral sobre a Indústria 4.0: “Há alguns anos, quando começamos a discussão, ninguém no governo tinha ouvido falar disso. Inclusive escutei de um CEO de uma das maiores empresas brasileiras que ‘era modinha e que ia passar’”.

A partir daí, Marcos mencionou a mudança de concepção em relação ao setor, e as formas como o MDIC tem acelerado pequenas empresas. “Hoje, o melhor instrumento de fomento que temos talvez seja a EMBRAPII (Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), com recursos destinados à inovação e com centros espalhados pelo país.”

O Secretário também sugeriu que empreendedores participem do Edital de Inovação para a Indústria, do SESI-SENAI, e do qual o SEBRAE passou a participar. A iniciativa é dividida entre várias categorias, com aportes de até R$ 400 mil para cada organização.

A mentalidade da sociedade também tem que avançar

O professor Eduardo Zancul, por sua vez, mencionou iniciativas da POLI-USP, entre elas o InovaLab. “Lá, temos 24 lotes disponíveis para adoção de empresas. Por exemplo, a Samsung criou um laboratório de capacitação tecnológica, onde realizamos treinamentos de startups. Temos também núcleos de pesquisa de Inteligência Artificial que também participam desses centros de capacitação”, menciona ele.

Por outro lado, ele lembra a importância de a sociedade brasileira, como um todo, mudar a concepção a respeito da pesquisa de inovação. “A primeira empresa que adotou um espaço no InovaLab foi uma empresa de inteligência artificial baseada em São Francisco, EUA”, afirma Zancul. “Percebo que a mentalidade das próprias empresas daqui ainda tem que mudar para que de fato a indústria 4.0 se estabeleça. Mas estamos trabalhando para isso”, conclui o professor.

Fonte: Endeavor