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Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 12 de dezembro de 2017 às 20:51
Devido aos diferentes estágios de desenvolvimento da indústria brasileira, precisamos encontrar formas de eliminar etapas para estimular a indústria 4.0 no país, diz o professor David Kupfer, coordenador do grupo de indústria e competitividade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Não faz sentido deixar uma parte importante da produção industrial brasileira à margem desse novo paradigma digital. Temos que conseguir definir uma trajetória relativamente rápida de modernização do sistema produtivo para que ele esteja preparado para incorporar essas novas tecnologias”, defende o pesquisador que falou sobre o tema para a Revista da Indústria Brasileira. Confira a entrevista:

O que é indústria 4.0? 
DAVID KUPPER- É um sistema de produção altamente digitalizado que vem sendo desenvolvido ao longo dos últimos anos para propiciar ganhos de produtividade e de flexibilidade da produção. Não é mais do que isso. É uma convergência de tecnologias que conjugam, fundamentalmente, aspectos de integração entre o real e o virtual, comunicação entre máquinas e soluções digitais e integração de processos decisórios e sistemas de gestão.

Para a indústria brasileira, qual o principal desafio na incorporação dessas tecnologias?

DAVID KUPPER-No plano geral das tecnologias de informação, a indústria brasileira tem um quadro muito heterogêneo, em que algumas empresas estão próximas do estado da arte e outras empresas mantêm uma certa distância. Outras estão ainda numa fase inicial de introdução de tecnologias de informação e comunicação. Os desafios têm de ser considerados em perspectivas conforme o estágio evolutivo do sistema industrial de cada grupo de empresas. Há um conjunto importante de desafios que dizem respeito ao paradigma digital em si e que afetam qualquer formação industrial nesse momento, pelo grau de novidade e o grau de extensão que a integração digital proporciona.

O senhor tem algum exemplo específico?

DAVID KUPPER - Vamos pegar o exemplo da Internet da Coisas e da geração de um tráfego de informações absolutamente denso, que vão exigir regulações específicas a respeito, por exemplo, de segurança da informação e privacidade. São desafios regulatórios, inclusive de natureza ética, que preocupam os formuladores de política mundo afora e devem nos preocupar. A rapidez com que o paradigma digital está se difundindo vem trazendo desafios específicos à incorporação dessas inovações. No caso de formações industriais emergentes, há desafios adicionais ligados a esse estágio de desenvolvimento que a indústria apresenta. E o caso brasileiro é ainda mais complexo.

Nós temos uma indústria grande, já consolidada, antiga, tradicional, em que existe o desafio adicional de fazer o emparelhamento dessa parte da indústria que ainda está numa fase de pouco desenvolvimento relacionado à tecnologia da informação e comunicação. A gente tem uma soma de questões a resolver que dizem respeito tanto à incorporação e à construção dos fatores requeridos para difusão das novas tecnologias como também a modernização, emparelhamento e redução da heterogeneidade da indústria brasileira.

Teremos de queimar etapas para resolver isso?
DAVID KUPPER - Precisamos, de fato, encontrar formas de queimar etapas porque não faz sentido deixar uma parte importante da produção industrial brasileira à margem desse novo paradigma digital. Temos que conseguir definir uma trajetória relativamente rápida de modernização do sistema produtivo para que ele esteja preparado para incorporar essas tecnologias. É necessário muita coordenação não só entre as políticas públicas que precisarão ser adotadas pelo governo, mas também muita coordenação entre a iniciativa privada e o governo na construção de planos e programas de investimento e de fomento à incorporação e substituição de máquinas, à modernização do parque industrial brasileiro e à construção da infraestrutura requerida para a difusão dessas novas tecnologias, particularmente no plano das redes de comunicação e banda larga.

É um esforço muito grande, que tem caráter nacional e que não pode ser realizado sem um planejamento estratégico, de alocação maciça de recursos públicos e privados, em função do montante envolvido. Vai ser necessário um esforço de mobilização nacional. As empresas precisam se preparar para essa nova fase, que inclui Internet das Coisas, big data e uso de inteligência artificial.

Que tipos de oportunidades essas mudanças criam?
DAVID KUPPER - É importante essa dimensão porque, ao se tratar de uma transformação nos meios de produzir, certamente muito do que existe hoje vai se tornar obsoleto e terá de ser substituído por novas soluções. Portanto, essa mudança trará oportunidade em diversos planos, desde novos mercados que vão ser criados a modelos de negócios. Esse ambiente de fervilhamento de inovações, de novidade, abre oportunidades se você estiver preparado. É importante a gente ter claro que essas tecnologias envolvidas no chamado paradigma digital afetam praticamente todos os ramos de atividade, todos os mercados de uma economia. Portanto, essa transversalidade significa um potencial de oportunidades muito grande, mas ele não vai cair do céu. Não é uma mina de ouro que se descobriu e basta ir lá extrair. Você precisa ter capacidade em vários planos para poder usufruir dessas oportunidades.

Como incorporar essas tecnologias e aumentar a competitividade?
DAVID KUPPER - A produtividade vai decorrer do fato de que você vai conseguir aumentar a intensidade do uso dos recursos produtivos. A partir da incorporação dessas tecnologias chamadas inteligentes, haverá maior capacidade de intensificar o uso desses equipamentos e, com isso, aumentar a produtividade e competitividade. As mudanças em processo, por sua vez, vão permitir maior rapidez de ajustamento de parâmetros. Vamos ganhar também na capacidade de conectar produtos, insumos, peças e parte dos fornecedores. São mudanças tecnológicas que vão levar a esse resultado.

Fonte: CNI
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 12 de dezembro de 2017 às 20:47
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) realizou um levantamento onde aponta a marca de 99,9 milhões de pares de calçados exportados para mais de 150 países. O dado indica um aumento de 3,5% em relação ao mesmo período de de 2016. As vendas representam US$ 890 milhões em vendas. Somente em outubro foram embarcados 11,6 milhões de pares, o melhor resultado de 2017 e também 20,6% superior ao registro do mesmo mês de 2016. O valor gerado no mês dez foi de US$ 93,56 milhões, 12,3% maior do que no seu correspondente do ano passado.

O principal exportador do Brasil entre janeiro e outubro foi o Rio Grande do Sul. No período, os gaúchos embarcaram 23,5 milhões de pares que geraram US$ 376,53 milhões, altas de 1,5% em volume e de 7,7% em receita no comparativo com igual interim de 2016. A receita gerada com os embarques do Estado responderam por 42,3% do total gerado no ano.

Fonte: Jornal do Comércio