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Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 25 de abril de 2023 às 15:17


“É verdade que capacita um novo entrante com poder de fogo, mas também nivela o jogo no mercado interno”, aponta o Itaú BBA em análise.

No final da semana passada, a Shein anunciou seus planos de acelerar suas operações no Brasil nos próximos anos, com um investimento inicial de R$ 750 milhões, de forma a aumentar a quantidade de produtos de origem local. O anúncio ocorre no contexto de uma discussão sobre uma maior tributação (e fiscalização) pelas autoridades brasileiras sobre remessas internacionais de empresas estrangeiras de comércio eletrônico para consumidores locais.

O investimento será usado para estabelecer um moderno centro de produção têxtil no país, gerando até 100 mil novos empregos nos próximos três anos, segundo a companhia.

Como comparação, o Itaú BBA observa que a Lojas Renner (LREN3) investiu R$ 1 bilhão em capex em 2022, enquanto a Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo,  investiu R$ 600 milhões.

A Shein também assinou um Memorando de Investimentos (MoU) com a têxtil Coteminas (CTNM4), descrevendo um esforço conjunto para cerca de 2 mil de seus clientes fabricantes de roupas para se tornarem fornecedores da Shein para os mercados doméstico e latino-americano. Inclui também financiamento para capital de giro e contrato para exportação de produtos domésticos. Além disso, a Shein reiterou sua ambição de ter 85% de suas vendas locais, 1P (estoque próprio) ou 3P (marketplace), até o final de 2026.

Para o BBA, este tópico traz diversas interpretações dado a sua complexidade. “É verdade que capacita um novo entrante com poder de fogo, mas também nivela o jogo no mercado interno”.

Isso pode ser um pouco negativo para os players domésticos de vestuário, no sentido de que o ambiente competitivo se torna mais desafiador. No entanto, o jogo agora será nivelado internamente; a Shein estará sujeita às mesmas leis brasileiras e estrutura regulatória.

“Acreditamos que os players domésticos de vestuário estarão mais bem posicionados para competir localmente com a Shein”, avalia o BBA.

O banco também observa que o mercado brasileiro de vestuário também é altamente fragmentado (os analistas da casa estimam que os três principais players tenham aproximadamente 20% de participação de mercado, com o líder de mercado apresentando uma participação de um dígito alto até o final de 2021) e pode haver espaço para grandes players coexistirem daqui para frente.

Na mesma linha, o Goldman Sachs ressalta que, embora os planos de investimento da Shein possam significar maior concorrência direta para empresas locais como a Lojas Renner, dada uma certa sobreposição de públicos-alvo (e possivelmente também fornecedores), a construção de cadeias de suprimentos locais robustas, confiáveis e rápidas é um processo de vários anos.

O varejo de vestuário do mercado de massa é dominado por players locais no Brasil, com fornecimento predominantemente local, ilustrando os desafios dos concorrentes estrangeiros para integrar o mercado em suas cadeias de suprimentos globais existentes ou construir cadeias de suprimentos locais com sucesso.

Ainda não está claro quanta vantagem de preço a Shein poderia reter se o fornecimento fosse transferido predominantemente para fornecedores locais. Para contextualizar,  hoje a Renner conta com cerca de 75% dos fornecedores do Brasil e o restante do exterior (principalmente da Ásia; com tributação total).

“Acreditamos que desenvolver uma rede forte e confiável de fornecedores locais (como a que a Lojas Renner possui) levará tempo e esforço. O mercado de varejo de vestuário do Brasil é dominado por empresas locais, com exceção notável da C&A (CEAB3), que entrou no Brasil há quase cinquenta anos”.

Os analistas também apontam que outras empresas como a Inditex, dona da rede de lojas Zara, construíram algum fornecimento local, mas enfrentaram desafios no processo e nunca escalaram totalmente a operação (o Goldman entende que a Inditex vende predominantemente produtos importados no Brasil).

Dito isso, embora tenham informações limitadas sobre o modelo de negócios da Shein, reconhecem que a empresa oferece uma abordagem diferenciada para fast fashion, aproveitando intensamente a tecnologia para identificar novas tendências de produtos, com estoques disponíveis limitados e prazos de entrega menores que a média. Os investimentos que a Shein está planejando no Brasil visam transformar a cadeia de suprimentos local para digitalizar mais processos e treinar a força de trabalho.

Já para a Genial Investimentos, com a maior concorrência, empresas de varejo como Marisa (AMAR3), C&A e Renner podem precisar comprometer margens para lidar com a nacionalização da Shein.

Fonte: Infomoney
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 11 de abril de 2023 às 11:17


Projeções para 2023 são positivas, mas taxas de juros elevadas devem impedir um crescimento mais substancial do consumo das famílias.

O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) indica que a movimentação financeira real das pequenas e médias empresas (PMEs) do comércio registrou um avanço de 5,5% em 2022, quando comparado com 2021. O IODE funciona como um termômetro econômico das companhias com faturamento de até R$50 milhões anuais.

Segundo Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, as PMEs foram favorecidas em 2022 pelo controle da pandemia de Covid-19 e os consequentes efeitos moderados na economia, em comparação ao biênio 2020-2021. “Além disso, incentivos fiscais como a manutenção e ampliação do Auxílio Brasil foram determinantes na sustentação do consumo, em meio a um mercado de trabalho em recuperação e à trajetória de alta da taxa de juros para conter a inflação”.

No comércio, o crescimento foi puxado pelo avanço do setor varejista (+7,6%), enquanto o atacadista cresceu de forma mais modesta (+5,9%). Por outro lado, o segmento de ‘comércio e reparação de veículos’ encerrou o ano com retração (-6,7%).

No setor varejista, as categorias que tiveram melhor desempenho em 2022 foram:
Brinquedos e artigos recreativos
Tabacaria
Mercadorias em lojas de conveniência
Calçados
Produtos farmacêuticos (manipulação de fórmulas)
Mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios
Hortifrutigranjeiros
Artigos de cama, mesa e banho
Produtos farmacêuticos (sem manipulação de fórmulas)
Material elétrico

Para 2023, o IODE-PMEs prevê um cenário positivo para as pequenas e médias empresas do comércio - diante do avanço da massa de renda - mas considera que as taxas de juros elevadas devem impedir um crescimento no poder de compra das famílias, encarecendo a tomada de crédito, penalizando o consumo e os investimentos, com reflexos diretos sobre os negócios das PMEs.“É importante que a atual equipe econômica sinalize rapidamente ao mercado as novas regras para equilíbrio das contas públicas, evitando novos choques inflacionários e quedas da confiança dos consumidores e do empresariado na economia brasileira. Movimentos que teriam reflexos diretos sobre o consumo e, consequentemente, impactam negativamente a evolução das vendas no comércio.”


Sobre o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs)

Compreendendo a relevância das PMEs no desempenho econômico do nosso país, a Omie desenvolveu o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que acompanha as atividades econômicas das pequenas e médias empresas brasileiras. A pesquisa da scale-up Omie é um tipo de apuração inédita entre as empresas do segmento, atuando como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, além de oferecer uma análise segmentada setorialmente do mercado de PMEs no Brasil. Para elaborar os índices, a Omie analisa dados agregados e anonimizados de movimentações financeiras de contas a receber de mais de 115 mil clientes, cobrindo 692 CNAEs (de 1.332 subclasses existentes) – considerando filtros de representatividade estatística.

Os dados são deflacionados com base nas aberturas do IGP-M (FGV), tendo como base o índice vigente no último mês de análise, com o objetivo de expurgar o efeito meramente inflacionário na série temporal, permitindo que se observe a evolução das movimentações financeiras em termos reais.

Fonte: Couro Moda