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Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 06 de fevereiro de 2018 às 21:11
De 24 setores da indústria brasileira, 14 precisam adotar com urgência estratégias de digitalização para se tornarem internacionalmente competitivos, mostra o estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Oportunidades para Indústria 4.0: aspectos da demanda e oferta no Brasil. O documento cruzou dados de produtividade, exportação e taxa de inovação de diversos setores industriais brasileiros e os comparou ao desempenho dos mesmos segmentos nas 30 maiores economias do mundo, que, juntas, representam 86% do PIB mundial.

O objetivo é identificar quais atividades poderiam ser mais beneficiadas pela adoção de tecnologias digitais voltadas ao aumento da eficiência, quais correm o maior risco diante do avanço da nova onda tecnológica em países que concorrem com o Brasil e qual a capacidade de absorção e desenvolvimento de tecnologias pela indústria nacional. 

Os 14 setores em situação mais vulnerável são impressão e reprodução; farmoquímicos e farmacêuticos; químicos; minerais não-metálicos; couro e calçados; vestuário e assessórios; têxteis; máquinas e aparelhos elétricos; outros equipamentos de transporte; produtos de metal; máquinas e equipamentos; móveis; artigos de borracha e plástico; e produtos diversos. A nomenclatura segue a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).

Em geral, os segmentos apresentam produtividade inferior à média internacional e baixa inserção no comércio exterior. O grau de inovação, por sua vez, é bastante heterogêneo. "A migração para a Indústria 4.0 exigirá um esforço maior principalmente para empresas menos inovadoras, menos familiarizadas com a adoção de novas tecnologias, o que demonstra a necessidade de estabelecer iniciativas direcionadas. Além disso, dado o gap de produtividade, os setores sofrerão cada vez mais com a concorrência internacional, tornando a urgência muito elevada", avalia o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves. 

No gráfico abaixo, é possível visualizar a posição dos setores, considerando os três indicadores. Valores acima de 1 representam que, nos respectivos indicadores, os setores estão acima da média da amostra dos países:


Nota: 1. Valores da Produtividade do Trabalho Relativa à Média da Amostra ao lado da nomenclatura dos setores. 2. Os valores da Taxa de Inovação são os anos de 2012 a 2014.

Fonte: Elaborado com base em estatísticas do IBGE/Pintec, Eurostat/CIS, UNIDO, WIOD e OCDE.

*Média internacional elaborada a partir de dados dos seguintes países: EUA, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Brasil, Itália, Índia, Rússia, Canadá, Austrália, Coreia do Sul, Espanha, México, Indonésia, Holanda, Turquia, Arábia Saudita, Suíça, Nigéria, Suécia, Polônia, Argentina, Bélgica, Taiwan, Noruega, Áustria, Irã e Tailândia. 

Azul: setores industriais com maior potencial para serem os líderes na adoção das tecnologias, com maior proporção relativa de maior produtividade e alto coeficiente de exportação. Esses setores tendem a ter maior capacidade para adoção e precisarão migrar para a Indústria 4.0 para se manterem competitivos.

Verde: setores com elevado potencial de digitalização, com alta taxa de produtividade, mas com baixos coeficientes de exportação. Sustentam a posição no mercado interno devido à alta produtividade, mas isso não se reflete em competitividade no mercado internacional. 

Amarelo: setores com baixa produtividade relativa e alto coeficiente de exportação. A competitividade nas exportações é dada por outras vantagens competitivas, como a disponibilidade de recursos naturais. É possível traçar estratégias graduais, com menor urgência relativa aos outros grupos em função das vantagens compartivas naturais do país.

Vermelho: setores mais vulneráveis em função da produtividade e do coeficiente de exportação relativamente baixos. São setores que têm na adoção urgente das tecnologias da Indústria 4.0 uma oportunidade para recuperarem sua competitividade. São, por outro lado, os setores mais vulneráveis caso a migração para a indústria 4.0 ocorra de forma mais lenta no Brasil do que nos nossos principais concorrentes.

Os dados se referem à media dos setores e é preciso ter em conta que o nível de agregação pode mascarar a existência de segmentos bastante heterogêneos e empresas com níveis muito distintos de produtividade e até mesmo de inserção internacional. 

OPORTUNIDADES - João Emílio Gonçalves vê a grande concentração de setores no grupo vermelho como uma grande oportunidade, pois, se o país conseguir criar políticas adequadas para promover o desenvolvimento e acelerar a adoção de tecnologias digitais, será possível dar um salto de competitividade significativo. "Temos de ver a Indústria 4.0 como uma chance de recuperarmos rapidamente o tempo que perdemos nas últimas duas décadas, quando a nossa produtividade cresceu muito lentamente”, afirma o gerente-executivo de Política Industrial da Confederação. 

Para a CNI, a Indústria 4.0 vai se impor como uma necessidade para todos os setores. Mesmo em áreas onde hoje o Brasil se encontra em situação relativamente confortável em função das suas vantagens comparativas, o avanço tecnológico em outros países poderá provocar pressões competitivas no futuro.

"Temos de ver a Indústria 4.0 como uma chance de recuperarmos rapidamente o tempo que perdemos nas últimas duas décadas, quando a nossa produtividade cresceu muito lentamente” - João Emílio Gonçalves

O que é Indústria 4.0

A Indústria 4.0 é a nova fronteira da produção industrial e tornará a forma como se produz hoje obsoleta. Neste modelo, tecnologias ganham maior integração e há uma fusão entre os mundos físico e virtual, criando sistemas chamados ciberfísicos. A principal diferença em relação às demais revoluções industriais está na velocidade das transformações produzidas pela digitalização.

As principais tecnologias envolvidas são: internet das coisas, robótica avançada, impressão 3D, manufatura híbrida, big data, computação em nuvem, inteligência artificial e sistemas de simulação virtual. A combinação entre as tecnologias abre um leque inédito de possibilidades, novos negócios e solução de antigos problemas, como acesso remoto à saúde, cidades inteligentes, mobilidade urbana, geração de energia a partir de novas fontes, entre outros.

Fonte: CNI
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 06 de fevereiro de 2018 às 12:41
O faturamento da indústria aumentou 0,2%, as horas trabalhadas na produção cresceram 0,8% e o emprego teve expansão de 0,3% em dezembro na comparação com novembro, na série livre de influências sazonais.


De acordo com a pesquisa, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em 78%. A massa real de salários caiu 0,6% e o rendimento médio real dos trabalhadores diminuiu 0,4% em dezembro frente a janeiro na série dessazonalizada.
Mesmo com indicadores negativos, os dados de dezembro confirmam a recuperação da atividade industrial. "O aumento de 0,3% no emprego parece pequeno, mas é o maior desde 2014", observa o economista da CNI Marcelo Azevedo. Em dezembro, o emprego teve o terceiro aumento consecutivo. "Durante o segundo semestre, somente em agosto foi registrada queda no emprego", informa a pesquisa.
Azevedo  destaca que a reação da economia só se consolidou no segundo semestre. Com as fortes quedas registradas no primeiro semestre, a indústria fechou 2017 com resultados negativos. O faturamento caiu 0,2%, as horas trabalhadas na produção recuaram 2,2%, o emprego diminuiu 2,7% e a massa real de salários encolheu 1,9%. O rendimento médio real dos trabalhadores aumentou 0,8% . "A utilização da capacidade instalada média de 2017 é 0,4 ponto percentual superior à registrada em 2016", diz a pesquisa.
A aceleração do crescimento em 2018 depende do crescimento da demanda e do investimento, diz Azevedo. "Isso trará o aumento da produção e reativará as máquinas paradas, ampliando o uso da capacidade instalada. Isso possibilitará o aumento do investimento, que trará mais e mais empregos, o que sustentará o processo virtuoso de recuperação da economia", afirma o economista da CNI.
Fonte: CNI