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Economia & Atualidade Postado em segunda-feira, 23 de junho de 2025 às 14:38


A escalada do conflito entre Irã e Israel, com ataques diretos entre os dois países, representa mais do que uma crise regional: trata-se de um possível gatilho geoeconômico global. As consequências já estão sendo sentidas nos mercados internacionais e podem provocar reflexos profundos em cadeias produtivas, inflação, investimentos e estratégias de política monetária ao redor do mundo, incluindo no Brasil.

Israel e Irã possuem uma rivalidade histórica com raízes religiosas, políticas e territoriais. O Irã apoia grupos como Hezbollah e Hamas, considerados inimigos diretos de Israel. Nos últimos meses, o conflito saiu da guerra por procuração e passou a envolver ataques diretos entre os dois países, inclusive com uso de drones e mísseis de longo alcance.

A escalada de tensões gera um temor central para a economia global: a instabilidade no Oriente Médio, especialmente no Golfo Pérsico, por onde transita cerca de 20% do petróleo consumido no mundo. Os principais impactos seriam um choque nos preços do petróleo e dos combustíveis. Com o aumento do risco na região, tanto o Brent quanto o WTI tendem a registrar altas bruscas. Uma eventual interrupção no estreito de Ormuz, rota estratégica para o escoamento de petróleo, pode causar um choque de oferta, pressionando os preços e alimentando a inflação global. Um exemplo recente: em abril de 2024, após as primeiras ofensivas entre Israel e Irã, o barril do Brent saltou de US$ 82 para US$ 96 em poucos dias.

Com o petróleo mais caro, o custo de transporte e produção aumenta em diversos setores, ampliando o risco de inflação importada, especialmente em países que dependem da compra de energia e alimentos. Esse cenário pressiona bancos centrais a adiarem cortes de juros ou até a retomarem altas para conter a escalada de preços.

Ao mesmo tempo, a insegurança global estimula uma fuga para ativos considerados mais seguros: o dólar tende a se valorizar, o ouro sobe e as moedas de países emergentes sofrem desvalorização.

Nos mercados de ações, o aumento do risco provoca quedas generalizadas, especialmente fora dos Estados Unidos. Além disso, o Oriente Médio, além de sua importância na produção de petróleo, é um ponto logístico estratégico. Um conflito prolongado pode gerar efeitos em cadeia nas cadeias produtivas globais, afetando o transporte internacional e setores como agropecuária, fertilizantes, energia e tecnologia.

Na economia brasileira os impactos prováveis são pressão nos combustíveis e inflação. O Brasil, embora tenha produção interna de petróleo, ainda importa derivados e é sensível à cotação internacional do barril. O aumento do petróleo pressiona o preço da gasolina, diesel e gás de cozinha, afetando diretamente o custo do frete e da logística, o preço de alimentos e bens de consumo e a inflação geral (IPCA).

A alta da inflação e o aumento dos juros no cenário global podem pressionar diretamente a taxa Selic no Brasil. Isso encarece o financiamento e o crédito para empresas, freia o consumo das famílias e reduz o ritmo dos investimentos no setor produtivo, já que o custo de captação de recursos sobe. Enquanto isso, no câmbio, a volatilidade tende a aumentar. Com a possibilidade de valorização global do dólar, o real pode se desvalorizar, o que encarece as importações, amplia as pressões inflacionárias e afasta parte dos investimentos externos.

Os reflexos também podem ser significativos no agronegócio. Caso o conflito afete a oferta de fertilizantes, especialmente de países aliados ao Irã, como Rússia e Belarus, o Brasil, grande importador desses insumos, pode enfrentar um aumento expressivo nos custos de produção agrícola, com impacto direto no preço dos alimentos.
 Fonte: Monitor Mercantil
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 06 de maio de 2025 às 15:16


Em um cenário geopolítico volátil e tecnologicamente acelerado, entender as tendências da importação da China para 2025 é essencial para quem opera no e-commerce com foco em eficiência, margem e escalabilidade. Mais do que identificar os “produtos da moda”, é preciso compreender os vetores estruturais que estão transformando a forma como compramos, distribuímos e vendemos produtos chineses para o consumidor final.

Executivos de e-commerce que atuam com private label, revenda B2C, abastecimento B2B ou operações D2C precisam ir além das táticas. O momento exige uma leitura macro das mudanças logísticas, tecnológicas e regulatórias que impactam cada etapa do ciclo de importação e venda digital.

1. A nova China industrial: da quantidade à sofisticação tecnológica

O modelo “fábrica do mundo” foi reformulado. Hoje, a China não apenas produz em escala, mas lidera a corrida por eletrônicos inteligentes, dispositivos conectados, wearables, gadgets para casa e itens voltados para a automação do cotidiano. O importador que ignora essa tendência corre o risco de ficar com estoques datados.

Em 2025, produtos com integração com IA, assistentes virtuais, sensores ou atualizações de software se tornarão o novo normal no cross-border.

2. Sustentabilidade e exigência regulatória: da opção ao requisito

Com a meta chinesa de neutralidade de carbono até 2060 e os avanços regulatórios no Ocidente, cresce a pressão sobre importadores para escolher fornecedores com rastreabilidade ambiental, materiais recicláveis e processos ecoeficientes.

Linhas como utilidades domésticas sustentáveis, moda circular e cosméticos veganos ganham espaço, especialmente quando combinam apelo ambiental com design e preço competitivo. O seller que domina certificações como CE, RoHS ou ISO ambiental consegue diferenciação imediata em marketplaces.

3. Produtos personalizados: a nova fronteira do private label

Se antes a personalização era sinônimo de alto custo, hoje ela se torna viável e escalável via OEM chinês. Brindes corporativos, itens de papelaria, gadgets de uso pessoal e cosméticos têm acesso a linhas de produção customizadas para lotes pequenos e médios.

Em um e-commerce cada vez mais saturado por produtos genéricos, o diferencial competitivo está em oferecer algo exclusivo – seja com sua marca, embalagem premium, fragrância ou função específica. A China, em 2025, entrega isso com preço e velocidade.

4. Logística internacional e desembaraço: eficiência como vantagem competitiva

Com o avanço da digitalização aduaneira e uso de tecnologias como blockchain, rastreamento RFID e integração entre plataformas, o fluxo logístico se torna mais previsível. Mas isso só beneficia quem está estruturado.

Importadores que dominam o planejamento logístico – desde simulação de custos até compliance fiscal, uso de entrepostos e canais verdes – conseguem importar com margem, sem surpresas, e manter prazos que o consumidor exige.

5. Tensões comerciais e novas oportunidades bilaterais

A instabilidade entre China e EUA redireciona parte das exportações chinesas para países emergentes. O Brasil, com acordos como o BRICS Pay, regimes especiais e forte demanda interna, desponta como destino estratégico para fornecedores chineses.

Isso significa melhor negociação de contratos, possibilidade de exclusividade e maior abertura para importadores que apresentem capacidade de distribuição. Quem se posiciona bem agora pode se tornar parceiro preferencial de fábricas-chave.

6. O importador sênior: perfil de quem vai prosperar

O novo perfil de importador vencedor não é apenas o que compra barato e vende rápido. É aquele que:
– Entende profundamente seu mercado consumidor.
– Trabalha com produtos que se encaixam em um funil de vendas estruturado.
– Opera com estoque inteligente e previsão de demanda.
– Negocia prazos, moedas e termos de pagamento com segurança.
– Investe em marca própria ou diferenciação.
– Em resumo: importa com visão de produto, opera com mentalidade de CEO.

Consideração final

As tendências de importação da China para 2025 exigem mais do que atenção a produtos da moda. Exigem visão estratégica, capacidade analítica e operação estruturada. O importador de sucesso no e-commerce não será o que encontra o fornecedor mais barato, mas aquele que constrói uma relação inteligente com a cadeia chinesa, transformando eficiência e previsibilidade em margem e reputação. O futuro das importações não está em “achar produtos”. Está em construir ativos digitais com base em escolhas logísticas, comerciais e regulatórias inteligentes.

Fonte: Ecommerce Brasil