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Estratégia & Marketing Postado em terça-feira, 10 de outubro de 2017 às 19:07
A introdução da tecnologia na indústria da moda tem sido muito rápida num curto período de tempo. Hoje, ninguém nega que a linha entre o mundo da moda e da tecnologia está ficando mais tênue. Tendências como realidade virtual e aumentada, impressão 3D, inteligência artificial, Internet das coisas e blockchain já fazem parte do cotidiano da indústria.

Quando falamos em blockchain, falamos principalmente de segurança e transparência. Mas a tecnologia blockchain pode revolucionar completamente a indústria da moda e esse é o objetivo do artigo de hoje. Embora o conceito seja complexo para explicar, eu vou tentar apresentar de uma maneira mais simples o que a tecnologia pode fazer para o varejo de moda.

A inteligência artificial, realidade aumentada, blockchain, drones, internet das coisas, robôs, realidade virtual e impressão 3D são as oito tecnologias emergentes que as empresas precisam se familiarizar por causa da Industria 4.0. Das oito, é o blockchain que tem o potencial para tornar a moda mais transparente e sustentável.

O que é Blockchain?

O blockchain (também conhecido como “o protocolo da confiança”) é uma tecnologia que visa a descentralização como medida de segurança. São bases de registros e dados distribuídos e compartilhados que possuem a função de criar um índice global para todas as transações que ocorrem em um determinado mercado. Funciona como um livro-razão, só que de forma pública, compartilhada e universal, que cria consenso e confiança na comunicação direta entre duas partes, ou seja, sem o intermédio de terceiros.

Está constantemente crescendo à medida que novos blocos completos são adicionados a ela por um novo conjunto de registros. Os blocos são adicionados à blockchain de modo linear e cronológico. Cada nó – qualquer computador que conectado à essa rede tem a tarefa de validar e repassar transações – obtém uma cópia da blockchain após o ingresso na rede. A blockchain possui informação completa sobre endereços e saldos diretamente do bloco gênese até o bloco mais recentemente concluído.

A blockchain é vista como a principal inovação tecnológica do bitcoin visto que é a prova de todas as transações na rede. Seu projeto original tem servido de inspiração para o surgimento de novas criptomoedas e de bancos de dados distribuídos. Veja o vídeo.

Quais as implicações da tecnologia blockchain e RFID?

Com o aumento das transações digitais, a preocupação com segurança se torna cada vez mais importante. E como o mercado exige mais e mais informações sobre as operações de negócios, a transparência torna-se um imperativo. O que torna o blockchain relevante é o fato de que a informação pode ser transmitida através de grandes redes, como as cadeias de fornecimento e ser usada e acrescenta pelos usuários dessas redes, sem comprometer a segurança da informação.

A circulação de produtos falsificados na indústria da moda custa bilhões a cada ano e diminui o valor dos produtos para clientes de varejo. A combinação das tecnologias Blockchain e RFID (identificação por radiofrequência) será útil não só em falsificações de identificação, mas também na produção e controle de estoque, armazenagem, distribuição, logística e rastreamento automática de objetos.

A identificação dos produtos originais poderia ser realizada independentemente do tempo e lugar com a ajuda de um chip RFID. Se um produto não contém um chip RFID, ou continha um chip RFID que não foi registrado no Blockchain, ele seria tratado como uma falsificação.

O controle também pode ser realizado com base na localização. O mesmo produto que circula simultaneamente em lados opostos da Terra indicaria uma falsificação. A história de rastreamento de um produto seria o equivalente a um certificado de autenticidade, aumentando assim o valor para os clientes de varejo.

Propriedade intelectual

Blockchain é uma tecnologia essencial na luta contra a pirataria que custa as empresas e consumidores ao redor do mundo cerca de US$ 660 bilhões por ano. Microchips na roupa pode assegurar ao consumidor a certeza de que o item que está comprando é genuíno pois através de um aplicativo no celular pode obter informações sobre a história da peça.

O sistema facilita a transparência na cadeia de valor

O Fashion Revolution começou como um movimento social exigindo transparência e ética na fabricação de nossas roupas. Hoje na cadeia de produção da indústria da moda, a transparência é crucial. As informações armazenadas no chip do vestuário é praticamente infinita.  Por isso as empresas podem armazenar e divulgar informações sobre onde a peça foi feita, onde e como a matéria-prima foi cultivada, o que fizeram com que a peça de vestuário, em que condições, quanto foi pago para a sua produção, etc.

O Blockchain permite não só garantir a transmissão de grandes quantidades de informação, mas também garante que esta informação não pode ser alterada e, portanto, as marcas têm uma ferramenta para comunicar as características de seus processos de produção. Isso vai significar um grande diferencial para as marcas perante seus clientes com a divulgação da transparência de sua cadeia de fornecimento. O Blockchain muda completamente a forma como tem sido feita a certificação e a descoberta da origem dos produtos.

A experiência do cliente é melhorada

As gerações Y e Z interagem com suas roupas de uma maneira muito diferente de outras gerações. Isso é porque as roupas significam mais do que um elemento de identidade ou imagem, a honestidade é um elemento chave que qualquer marca deve considerar. O Blockchain oferece oportunidades para disseminar informações adicionais, como vídeos, fotos e informações pessoais e pode ser facilmente integrado com redes sociais.

O blockchain dá poder ao consumidor

Ao exibir informações sobre o processo de fabricação de produtos de moda, a empresa pode oferecer aos consumidores uma noção da complexidade em trazer um produto ao mercado. Blockchain pode ajudar a eliminar a mentalidade do “descartável” ao mostrar aos consumidores todo o trabalho que está em cada um deles. Não podemos prever todas as inovações baseadas em tecnologia blockchain mas definitivamente vai significar uma revolução na indústria da moda.

Estima-se que até 2025, 70% dos mercados globais dependerão direta ou indiretamente do blockchain pois a tecnologia facilita a transparência na cadeia de valor e será crucial na luta contra a pirataria, melhorando a experiência do cliente e introduzindo valores como honestidade e transparência real na indústria da moda. Só os falsificadores e empresas de má índole que não aprovam a tecnologia.

Fonte: Stylo Urbano
Estratégia & Marketing Postado em terça-feira, 03 de outubro de 2017 às 21:02
Daniel nunca pensou em ser empreendedor. Mas, de certa forma, sempre acreditou no poder das ideias doidas. Aos 11 anos, quando ainda morava em Los Angeles, recebeu a tarefa de entrevistar alguém que respeitasse muito, para contar a história dessa pessoa em um trabalho de escola. A maioria dos seus colegas entrevistou o pai, o avô ou um tio próximo. Mas Daniel tinha alguém diferente em mente: Don Drysdale, o maior jogador de basebol dos Dodgers na época.

Seria como tentar entrevistar o Neymar, quando você pode simplesmente conversar com um vizinho e entregar o trabalho. Para isso, ele escreveu uma carta contando do projeto da escola, e oferecendo a mesada de um ano inteiro — o que daria 12 dólares — para que Don aceitasse o convite. Colocou a carta no Correio e ficou na torcida.

Um belo dia, o telefone toca. “O Daniel está em casa?” Era Don Drysdale na linha. Ele tinha topado fazer a entrevista no dia seguinte no Estádio dos Dodgers — e nem pediu a mesada em troca.

“Foram momentos como esses que me inspiraram a acreditar que vale a pena tentar fazer coisas extraordinárias”, conta Daniel.

“Meus pais sempre me ajudaram a ver que, na pior das hipóteses, você pode não conseguir. Mas existe uma pequena chance de acabar fazendo algo grandioso.”

Descobrindo o BrasilSua formação e suas decisões profissionais levaram Daniel a se tornar um investidor de Private Equity no famoso fundo de investimentos Warburg Pincus. Em um dado momento, o fundo estava analisando as oportunidades de abrir uma filial no Brasil e deixou Daniel encarregado de estudar o mercado. A pergunta que ele deveria responder é:

“Se você tivesse alguns bilhões de dólares, onde investiria no Brasil?”

Daniel analisava estudos, olhava as projeções e, cada dia mais, tinha uma certeza: não faltavam oportunidades. O ano era 2010 e o Brasil tinha acabado de sair na capa da The Economist como uma promessa para o mundo.

“Ficou muito claro que, daqui 50 anos, o Brasil vai ganhar um protagonismo muito maior na economia por diversos fatores. O primeiro é a demografia e o envelhecimento da população, um dos principais elementos de evolução de uma economia. Existe também uma tendência de crescimento na renda dos brasileiros, com a emergência de uma nova classe média. Sem contar os recursos naturais que não exploramos e que são extremamente valiosos.”

Com esse cenário positivo, Daniel se encheu de entusiasmo. Decidiu bater na porta do escritório do líder responsável por essa expansão internacional, com a intenção de se candidatar a ser o “country manager” da operação no Brasil. Ele, ouvindo o relato de Daniel, foi direto ao ponto:

– Daniel, você não fala português. Não entende nada da cultura. Não dá, gringos não conseguem fazer negócio no Brasil. Infelizmente, minha resposta é não.

“Saí de lá bravo. E falei: ‘Agora tenho que mostrar que ele está errado. Pedi demissão, arrumei as malas e desembarquei no Brasil.”

Rumo ao Novo Mundo“Uma semana depois de pedir demissão, eu pensei: ‘Caraca, o que foi que eu fiz?” Não tinha volta. Então o único caminho era seguir em frente. Daniel decidiu passar um tempo em Florianópolis para aprender português. Mas teve que aprender tudo, literalmente, sozinho. Até para tirar o visto de permanência no Brasil, ninguém sabia como ajudá-lo.

“Eu fazia o que a maioria das pessoas não tinha feito ainda. Conseguir um visto brasileiro para empreender no país… E não existiam pessoas que eu poderia acessar pra entender quais eram os caminhos.”

O que restava a Daniel era estudar. Ele não sabia muito de marketing, então começou a ler vários livros. Não sabia como programar, e aprendeu algumas linguagens para criar o site do seu novo negócio. Ia conhecendo a cultura e aprendendo português, em paralelo. E tudo isso foi fortalecendo a crença de que ele seria capaz de fazer qualquer coisa por aprender.

Enxergando de longe as oportunidades

Viajando por dentro de lugares diversos do Brasil, Daniel ia descobrindo algumas coisas que, para quem via de fora, eram bastante chocantes. A primeira era a relação entre marcas e consumidores.

“A qualidade de muito serviço oferecido no Brasil gerencia a expectativa de forma errada. Por algum motivo, tem muita surpresa negativa e quase nunca surpreende positivamente. O Marketing fala muito e raramente entrega. Nos EUA, se você faz uma promessa e não cumpre, sua marca se queima. Mas aqui os consumidores já se acostumaram com isso.”

Em meio às suas pesquisas, Daniel conheceu algo que nunca tinha visto em nenhum outro lugar, um site em que consumidores poderiam reclamar abertamente do serviço e atendimento das empresas: o Reclame Aqui. Foi aí que ele percebeu como grande parte das empresas era odiada por aqui. Em especial, dois setores figuravam na lista de maior insatisfação: o de telefonia e o de seguros.

Opa, ali tinha uma oportunidade!

Somado a isso, ele notou como os celulares no Brasil são muito mais caros que no resto do mundo, chegando a custar três ou quatro vezes mais do que nos EUA. Mas a ironia era que, mesmo custando mais, quase ninguém fazia o seguro contra acidentes, roubos ou defeitos, já que os preços são praticamente proibitivos. Se a tela do seu celular já quebrou, você sabe bem o que acontece: a única solução parece ser deixar na assistência técnica durante 30 ou 60 dias até ter seu aparelho de volta.

Ser amada em uma indústria com tanta insatisfação
Foi para solucionar esse problema que nasceu a Pitzi, uma empresa centrada no consumidor que oferece aos clientes um plano de proteção contra acidentes, garantindo o envio do seu telefone perfeito em até 5 dias úteis.

No começo, era simples: ele recebia o telefone, e se fosse impossível consertar, ia à loja da frente, comprava um novo, entregava ao cliente e depois tentava descobrir como consertá-lo para revender como usado. Com o tempo, foi desenvolvendo a logística reversa, verticalizando a operação e construindo uma fábrica própria que melhorasse a eficiência da sua cadeia. Hoje, além de assegurar contra acidentes, a Pitzi também está ampliando sua proteção contra roubos e furtos em parceria com seguradoras.

Na prática, a Pitzi é um serviço de assinatura com uma mensalidade que varia de acordo com o modelo do aparelho que repara seu celular em caso de queda, dano ou defeito. O suporte para smartphones é feito sem que os assinantes precisem sair de casa, usando um serviço online para fazer o chamado.

Fazer uma mudança ou inventar a lâmpada?De todos os desafios e dificuldades que Daniel já enfrentou no Brasil, alguns aprendizados ficaram mais fortes.

“No começo, eu imaginava que criar um novo negócio era como fazer uma mudança de um apartamento para o outro. Muito trabalho a ser feito, mas com esforço você consegue aos poucos e ver o progresso. Você tem que empacotar suas coisas sozinho, colocar tudo no carro, fazer uma viagem, voltar e colocar mais coisas… Até que um dia tudo já foi trocado de um lado para o outro. Um trabalho constante que não pode ser feito por mais ninguém, além de você.”

“Mas, na prática, é muito mais como a descoberta de uma invenção. Para criar uma lâmpada que funcionasse, foi preciso testar milhares de lâmpadas que deram errado. Na história da Pitzi, nós descobrimos três ou quatro lâmpadas, mas, para isso, tivemos que testar milhares de coisas.”

“O segredo é fazer muitos experimentos, ser muito bom em executá-los e ganhar tempo e velocidade, sem perder a qualidade desses testes. Até encontrar uma lâmpada que funcione.”

Mas como você sabe que chegou em algo que realmente tem potencial e indica o caminho certo?

“É bastante óbvio, como uma explosão. A nossa primeira, por exemplo, foi quando estávamos testando diferentes canais de distribuição. Testamos sites online, assistências técnicas, tudo parecia muito difícil. Até que conseguimos entrar em uma loja física e a Pitzi praticamente se vendeu sozinha. Ali descobrimos nossa primeira lâmpada.”

Ciclo virtuoso

Para Daniel, empreendedorismo é uma força poderosa para o bem. A maioria das pessoas acredita que empreender é uma forma de ganhar dinheiro e acaba criando um ciclo vicioso em que ganham dinheiro prometendo algo que não podem cumprir. Mas Daniel quer mostrar o poder do ciclo virtuoso — a criação de uma marca com credibilidade que entregue ao consumidor aquilo que ele espera. Essa reputação ao longo do tempo fortalece também os aspectos financeiros, o que ajuda a inovar mais rápido, vender mais e fazer mais pessoas felizes.

“Esse é um ciclo muito poderoso, e a Pitzi tem sido exemplo disso. Entramos em um setor comoditizado e estamos, aos poucos, fazendo um bom trabalho, que possa ser reconhecido e crescer. Minha intenção é levar esse ciclo virtuoso também para outros produtos, setores e lugares. Queremos criar uma nova barra de atendimento, qualidade e serviço no Brasil. Se o cliente começa a perceber que dá para ser mais rápido e melhor, não vai aceitar alguém que entregue menos do que isso.”

O tamanho do sonho, a capacidade de realizar algo grandioso e a vontade de transformar a relação entre marcas e empresas no Brasil fizeram de Daniel Hatkoff o mais novo Empreendedor Endeavor, aprovado no 74° Painel Internacional, que aconteceu no último dia 13/9, em Nova York.

“Se sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho, nós decidimos sonhar grande. Bora fazer algo doido.”

Fonte: Endeavor