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Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 20 de fevereiro de 2018 às 12:34
O Brasil subiu do 11º para o quarto lugar no quesito disponibilidade e custo da mão de obra em 2017. O país também avançou uma posição - passou do 16º para o 15º lugar - no quesito peso dos tributos. Mesmo assim, continua em penúltimo lugar no ranking Competitividade Brasil 2017-2018, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No primeiro lugar da lista está o Canadá, seguido por Coreia do Sul, Austrália, China, Espanha e Chile. No último lugar, está a Argentina.




Mas o Brasil corre o risco de ser superado pelo país vizinho e cair para o último lugar do ranking. O estudo mostra que, em 2017, a Argentina passou à frente do Brasil nos fatores ambiente macroeconômico e ambiente de negócios. Em outros três fatores - disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística e educação, a Argentina está na frente do Brasil. "No ranking geral, o Brasil só não perdeu a posição para a Argentina, pois, nos fatores em que possui vantagens, o desempenho brasileiro ainda é muito superior ao argentino", constata a CNI.

"A Argentina vem melhorando seu ambiente de negócios e reduzindo o desequilíbrio das contas públicas", afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. Ele lembra que o Brasil fez mudanças importantes em 2017, mas os demais países também estão avançando e conseguem se manter à frente na corrida da competitividade. "Para enfrentar os competidores, o Brasil precisa atacar problemas antigos e fazer as reformas que melhorem o ambiente de negócios e o ambiente macroeconômico", completa Fonseca.

PAÍSES E FATORES - O ranking  anual compara o Brasil com 17 países de economias similares: África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Índia, Indonésia, México, Peru, Polônia, Rússia, Tailândia e Turquia, em nove fatores decisivos para a competitividade. Os países são avaliados em nove fatores e 20 subfatores que afetam a eficiência e o desempenho das empresas na conquista de mercados.

Os nove fatores que têm impacto na competitividade considerados pela CNI são: disponibilidade e custo de mão de obra, disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambiente macroeconômico, competição e escala do mercado doméstico, ambiente de negócios, educação e tecnologia e inovação. Os fatores foram desdobrados em 20 subfatores, aos quais foram associadas 56 variáveis.

Conforme o estudo, o Brasil só fica entre os cinco primeiros colocados no fator disponibilidade e custo da mão de obra. O primeiro lugar neste fator é da Indonésia, seguida pelo Peru e a China. "Na comparação com o ranking de 2016, o Brasil avançou sete posições no fator disponibilidade e custo da mão de obra, o maior avanço registrado entre os 16 países considerados e voltou a ocupar o terço superior do ranking", informa a CNI. Isso é resultado da melhora da posição do país nos subfatores custo  e disponibilidade de mão de obra.

"No subfator custo da mão de obra o Brasil subiu da 12ª para a 4ª posição devido à maior produtividade no trabalho na indústria", diz o estudo.  No subfator disponibilidade da mão de obra, o país avançou  seis posições e subiu do 10º para o 4º lugar, por que, depois de um longo período de crise e de desalento com o desemprego, a população economicamente ativa voltou a crescer.

O PESO DOS IMPOSTOS - O Brasil também avançou uma posição no fator peso dos tributos e assumiu a 15ª posição que, no ranking de 2016, era ocupada pela Polônia. Nesse fator, a Tailândia ocupa o primeiro lugar e a Indonésia, o segundo. Em 2017, o Brasil ficou à frente de Argentina (18º lugar), Espanha (17 º lugar) e Polônia (16º). Mesmo assim, o país se mantém em uma posição desfavorável, especialmente porque o total de impostos recolhidos pelas empresas equivalia, em 2017, a 68,4% do lucro. No Canadá, que está no 3º lugar do ranking do pesos dos tributos, esse valor equivale a 20,9% do lucro das empresas.

Mas entre 2016 e 2017, o Brasil caiu da 15ª para a 17ª  posição no fator infraestrutura e logística, como  resultado da baixa competitividade nos subfatores infraestrutura de transportes, de energia e logística internacional. Exemplo da baixa competitividade do Brasil no quesito infraestrutura é o elevado custo da energia elétrica para a indústria. Aqui, o kWh custava 0,15 em 2016. No Chile, país com a segunda maior tarifa, o custo do kWh era de US$ 0,12.

NA ÚLTIMA POSIÇÃO - O Brasil está em último lugar do ranking nos fatores ambiente macroeconômico, ambiente de negócios e disponibilidade e custo de capital. No fator ambiente de negócios, a Argentina passou à frente do Brasil, onde a eficiência do estado, a segurança jurídica, a burocracia e as relações do trabalho têm a pior avaliação entre os países que integram o ranking. A avaliação dos argentinos melhorou nos subfatores eficiência do estado e em segurança jurídica, burocracia e relações do trabalho.

O Brasil também é o último do ranking no fator ambiente macroeconômico. "Taxa de inflação, dívida bruta e carga de juros elevadas e baixa taxa de investimento contribuem para a falta de competitividade do país", diz o estudo.  Nesse fator, a China está em primeiro lugar. Em segundo, vem a Indonésia e, em terceiro, a Turquia.

Atuando no pior ambiente macroeconômico e em um ambiente de negócios desfavorável, a indústria brasileira terá dificuldades de se recuperar da crise. "Se não avançarmos na agenda de competitividade, a reação será de curta duração", observa Renato da Fonseca. Por isso, destaca ele, é importante que o Brasil faça as reformas estruturais, como a da Previdência e a tributária, para  garantir o equilíbrio das contas públicas no longo prazo e estimular os investimentos.

Fonte: CNI
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 13 de fevereiro de 2018 às 19:32
Parte do mercado acordou confusa no dia de 19 de junho do ano passado. Isso porque foi naquela data em que houve o anúncio da compra da operação brasileira da Fnac, uma das maiores varejistas da Europa, pela Livraria Cultura, uma das principais empresas do setor, mas que passava por momento financeiro complicado.

O negócio, que teve formas de pagamento bem pouco convencionais no mercado, foi fechado. A missão, desde então, está com Sérgio Herz, CEO da empresa e filho do fundador da Livraria Cultura, Pedro Herz.

Em entrevista à NOVAREJO, o executivo fala sobre os desafios de tocar uma empresa que está em processo de junção, líderes que inspiram ele e até mesmo a respeito de sua maneira dura de tocar os negócios. Para ele, um líder precisa ser objetivo, transparente e sem frescura.

“Posso também parecer uma liderança mais dura, mas garanto que isso tem a ver com a minha personalidade e a educação alemã que recebi”, diz Herz.

Confira, abaixo, a sua entrevista:

NOVAREJO – Na sua opinião, qual é o perfil do executivo de hoje? Mudou algo em comparação a outros tempos?
Sérgio Herz – O perfil de qualquer executivo hoje deve combinar dinamismo e resiliência, porque ele precisa estar preparado para mudanças muito rápidas, num cenário cheio de incógnitas. Basta olhar o que está acontecendo à nossa volta. Essa formidável revolução digital cria, também, um ambiente mais instável.
A meu ver, deve-se procurar um equilíbrio entre conversa e ordem. Ou seja, a conversa é importante, sim, mas há momentos para dar ordens. Até porque, se tudo se resolvesse pela conversa, seria o paraíso, só que não vivemos nele.

NOVAREJO – Como o sr. se enxerga como líder? E como é o seu trato com os seus funcionários?
SH – Eu me defino como uma liderança objetiva, transparente e sem frescura. Não gosto da enrolação. Também não curto ficar discutindo o passado, porque é um tempo que já foi e não se pode mudar. Prefiro pensar e discutir o futuro. Posso também parecer uma liderança mais dura, mas garanto que isso tem a ver com a minha personalidade e a educação alemã que recebi.

NOVAREJO – Em quais líderes o senhor se inspira?
SH – Me inspiro em Bill Gates, fundador da Microsoft, e em Elon Musk, da Tesla Motors. Também coloco, entre os líderes preferidos, Winston Churchill (ex-primeiro-ministro inglês), Golda Meir (ex-primeira-ministra de Israel) e Margaret Thatcher (ex-primeira-ministra britânica). Por quê? Pela inteligência de cada um deles e pelo que realizaram.

NOVAREJO – O perfil do líder mudou. Na sua opinião, quais foram as alterações mais perceptíveis e importantes?
SH – Mudou e isso tem a ver justamente com a velocidade das transformações que se apresentam no nosso tempo. O líder agora tem que responder de forma mais efetiva e rápida aos desafios. No que diz respeito às pessoas, de modo geral, talvez não tenha ocorrido grandes mudanças. Por exemplo, existem características dos “millennials” que ainda são desconhecidas das lideranças de hoje.

NOVAREJO – Em sua opinião, quais são as principais características e desafios para o CEO de hoje?
SH –  Tem que ter coragem, resiliência, perseverança. E não ter medo de errar. Mas, quando errar, reconhecer rápido. Não posso ter compromisso com o erro! Sobre os desafios, como já disse, um que me parece essencial é a capacidade de reagir e mudar, num ambiente de instabilidade. E não posso me esquecer de que todo CEO deve encarar o desafio de como não ficar para trás.

NOVAREJO – Você está liderando uma junção de companhias, já que a Livraria Cultura comprou a Fnac. Como é o desafio de unir as duas culturas?
SH – Não vamos trabalhar com duas culturas. Trabalharemos com a cultura da Livraria Cultura, a única que temos e que é o nosso modo de operar. Claro, investiremos muito em treinamentos, para que todos se adaptem à nossa cultura.


NOVAREJO – Mas e como lidar com o receio e até medo de alguns funcionários, que sentem que podem ser demitidos em meio ao processo?
SH – O risco de uma demissão não está relacionado com o processo de aquisição e todo um processo de engajamento que está em curso, mas, sim, com a capacidade de entrega de cada indivíduo. Bons profissionais terão emprego em qualquer lugar do Brasil e, claro, também na Livraria Cultura. Sempre.

NOVAREJO – Qual a sua visão sobre o conflito de gerações? Ele existe?
SH – O conflito de gerações é positivo. Eu diria mesmo que é altamente salutar. Se não tiver conflito, é sinal de que existe algo errado. Por isso, todo líder deveria gostar desse tipo de conflito, o geracional, porque ao longo dele estará sendo provocado e desafiado. Se não gostar disso, não é um líder.

NOVAREJO – Existe alguma preparação para assumir a cadeira de CEO?
SH – Estou me preparando, sempre. Tornar-se presidente é uma conquista, mas também uma evolução, um processo. A verdade é que, quando se assume a presidência, é que se descobre não estar preparado para ela. E os desafios logo começam a aparecer, entre eles, entregar mais do que se espera, ver como se tornar relevante no meio e mesmo como começar a abrir o caminho para quem possa nos suceder um dia. Como sempre digo, sucesso é coisa do passado. Prefiro olhar para a frente.

NOVAREJO – Como será o líder do amanhã?
SH – Basicamente, são as mesmas características do líder de hoje. Porém, com mais abertura para as novas gerações, que virão e certamente serão muito diferentes da nossa.

Fonte: Novarejo