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Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 29 de agosto de 2017 às 21:16
"Pensar apenas no dinheiro é uma das maiores pobrezas que um ser pode ter.”  - Miguel Krigsner, fundador do Grupo Boticário

Afirmações como essa não deixam dúvida: quem consegue olhar só para o próprio umbigo nunca será, de fato, um grande empreendedor. Pode tornar-se o dono de uma grande empresa e construir um patrimônio milionário, mas nunca será percebido como um líder que as pessoas seguem e admiram incondicionalmente, a definição de empreendedor por excelência. O requisito fundamental do grande empreendedor é a visão holística e altruís-ta.

Essa foi a característica que me saltou aos olhos nos três anos de pesquisas que realizei para traçar o perfil empreendedor brasileiro, que geraram  o livro Startup Brasil, escrito com a jornalista Marina Vidigal.

Se tal aspecto se repetiu entre os pesquisados –de Mauricio de Sousa, empresário da indústria editorial e cinematográfica, dos licenciamentos e entretenimento– a Miguel Krigsner, fundador da fabricante (e varejista) de cosméticos O Boticário, outros variaram bastante, em especial, o estilo de empreender.

Descobri, para minha surpresa, a existência de nove estilos de erguer e gerenciar um negócio. É possível encontrar na mesma pessoa mais de uma dessas posturas, mas uma sempre tende a predominar. Não há uma melhor do que outra; o fator crítico de sucesso, nesse caso, é o autoconhecimento.

VOCÊ JÁ SE OLHOU NO ESPELHO?
Identificar prematuramente as próprias características empreendedoras pode ser grande vantagem numa trajetória empreendedora.

1. Empreender com a cara e a coragem

A coragem é uma das características mais predominantes nesse estilo empreendedor. Pessoas que empreendem pela coragem são ótimas para abrir novos caminhos e têm a independência como seu maior objetivo. Muito determinados, empreendedores com essa postura estão sempre dispostos a arregaçar as mangas e colocar a mão na massa no que for preciso para que o negócio decole. Destemidos, deixam de lado estratégias mais complexas e planejamento para se atirar de cabeça em suas ideias.

Empreendedores do estilo 1 dificilmente se sentam para preparar um plano de negócios, algo que talvez possa vir a fazer parte de seu cotidiano quando o negócio emplacar, mas mesmo assim sem garantias de que os planos realmente serão elaborados ou seguidos. Se optarem por planejar mais do que executar, é possível que percebam o volume de energia que poderia ter sido poupado caso tivessem um pouco mais de prudência e direcionamento.

É comum encontrar empreendedores desse estilo com a mão na massa, trabalhando com seus funcionários como parte da força bruta necessária para seu funcionamento. Teimosos por natureza, normalmente aprendem a duras penas quanto é importante ser flexível e ouvir os outros. Quando deixam o orgulho e a vaidade de lado, tornam-se ótimos líderes.

Os empreendedores com esse perfil devem atentar para a continuidade de seus projetos. Senão, facilmente se tornarão empreendedores de grande iniciativa e pouquíssima “acabativa”. Começam novos projetos com a mesma impulsividade com que os abandonam quando um negócio mais atraente e desafiador surge em sua mente.

2. Empreender em parceria

A cordialidade é uma das características mais predominantes nesse estilo de empreender. Empreendedores desse tipo são flexíveis e cordiais e desenvolvem muito bem o papel de colocar panos quentes quando as relações estão prestes a ser rompidas. Além disso, sua habilidade única de conectar pessoas gera relacionamentos profissionais sólidos e duradouros.

O empreendedor do estilo 2 não é o tipo mais comum, por ser um perfil mais focado nas relações humanas, sejam elas com clientes, fornecedores ou público interno. Naturalmente, esse empreendedor prefere os bastidores aos holofotes, por isso acaba empreendendo em algo em que sua habilidade aguçada de entender a mente humana é valorizada.

É comum encontrar empreendedores desse estilo passando horas a fio conversando com clientes, colaboradores, parceiros de negócios e fornecedores. Na maior parte das vezes, o foco de seus diálogos é direcionado à busca do entendimento e felicidade entre todos os participantes do grupo.

Se souberem dosar sua flexibilidade, encontrando equilíbrio nas concessões e segurança na expressão de suas crenças, podem se tornar ótimos conectores de pessoas e relações profissionais. São ótimos parceiros de perfis mais ousados de empreendedores, como os perfis 1, 5 e 8.

3. Empreender com base na comunicação

A facilidade de comunicação, a criatividade e a capacidade de alegrar os outros são algumas das características mais predominantes nesse estilo empreendedor. Ele é o típico comerciante que usa sua facilidade de se relacionar para vender seus produtos, serviços e ideias.

O estilo 3 é mais comum em negócios ligados ao comércio ou serviços voltados para a criação e comunicação. Sua grande capacidade criativa pode transformar ambientes profissionais tediosos em lugares descontraídos e alegres. Normalmente são pessoas divertidas que têm a habilidade de tirar o tom cinza dos ambientes tradicionais para deixá-los mais coloridos e animados.

Precisam, porém, ter o cuidado de não deixar essa criatividade se descontrolar –de tal maneira que cheguem a perder o foco e a capacidade de organização. Também devem prestar atenção para não deixar algumas áreas importantes da empresa “tediosas” soltas demais, como operações, administração, contabilidade e finanças.

Sabendo encontrar um equilíbrio na comunicação, falando apenas o necessário quando requisitado e calando-se quando o momento não é propício, o empreendedor desse pode levar o negócio ao crescimento contínuo.

4. Empreender com o exemplo da estabilidade

A capacidade incansável de trabalhar, a austeridade na gestão financeira do negócio e a lealdade são algumas das características mais predominantes nesse perfil empreendedor. São pessoas com ótima capacidade de organização, cumpridoras de normas e processos. Sua visão prática e ponderada diante do trabalho ajuda na criação de ambientes sólidos e disciplinados.

O estilo 4 não é um tipo de empreendedor comum de ser encontrado, por preferir as atividades mais ligadas aos bastidores da empresa, como finanças e administração. Por isso pode se tornar ótimo sócio de empreendedores mais audaciosos, como os dos estilos 1, 3 e 5.

Quem empreende pela estabilidade deve atentar para não levar sua equipe inteira a longas horas de trabalho contínuo –e, pior, fazendo-o por períodos muito extensos. Apesar de o volume de trabalho não gerar qualquer tipo de fadiga aparente para empreendedores desse perfil, sua equipe certamente se tornará estressada e incapaz de utilizar o intelecto no lugar da força braçal de trabalho.

Quando empreendedores do estilo 4 estiverem associados a pessoas de perfil mais expansivo, devem tomar cuidado para não se tornar uma âncora para o negócio, pecando pelo excesso de cautela e segurança.

5. Empreender inovando

A quebra de paradigmas e o rompimento do status quo são algumas das características mais predominantes nesse perfil de empreendedor. São líderes carismáticos e sedutores, que conseguem levar toda a equipe à crença de que estão no caminho certo para o sucesso, mesmo que os sinais evidenciem o contrário.

O estilo 5 é o de um ótimo resolvedor de problemas, capaz de encontrar diversas opções de solução para determinado problema em um tempo no qual a maior parte das pessoas teria, quando muito, encontrado apenas uma. Sua mente rápida e perspicaz poderia ser comparada à de um jogador de xadrez que exercita diversas possibilidades e suas respectivas consequências para um único movimento.

Apesar de terem mente privilegiada e serem extremamente otimistas, empreendedores desse estilo devem cuidar principalmente do foco do negócio, pois podem ser facilmente tentados a tocar uma dezena de projetos simultaneamente e nenhum deles com a devida profundidade e atenção.

A busca da renovação dentro do próprio negócio é um modo inteligente de manter empreendedores com esse perfil interessados e motivados. Dessa maneira, ficam mais distantes de aspectos rotineiros do negócio, algo que certamente significaria a morte para eles.

6. Empreender com idealismo

A passionalidade e a busca de um ideal de vida para si e as pessoas a sua volta são algumas das características mais predominantes nesse perfil de empreendedor. São pessoas que têm algum tipo de descontentamento com aspectos relacionados à sociedade em que estão inseridas e resolvem empreender para mudar essa situação. Líderes carismáticos por sua passionalidade, facilmente se veem cercados de familiares, amigos e simpatizantes de suas causas.

O estilo 6 corresponde a um grande agregador de pessoas desde a infância. Sempre cercado de amigos, esse empreendedor é o ponto de encontro de todos, naturalmente responsável por dizer onde e quando as pessoas se reunirão. Suas causas são construídas na crença de que pode promover uma sociedade mais justa para todos, beirando uma visão utópica de um mundo perfeito.

Os empreendedores desse estilo devem evitar transformar em realidade o impossível. Também precisam ter em mente que a construção de empresas baseadas apenas em trabalho de amigos e familiares pode levá-los a uma gestão pouco profissionalizada.

Se conseguirem agregar uma capacidade pragmática e realista de implantação a uma dose bem administrada de sonhos e ideais, podem criar negócios passíveis de se tornarem exemplos de transformação social.

7. Empreender com conhecimento

A pesquisa e a forte inclinação aos estudos são algumas das características mais predominantes nesse estilo empreendedor. São pessoas mais introspectivas quando estão nos próprios mundos, aqueles em que prevalece a busca pelo entendimento profundo de como as coisas funcionam.

O estilo 7 não é comum de ser encontrado em negócios que poderíamos considerar “normais”. Quem empreende pelo conhecimento normalmente é a força motriz de algum novo negócio no qual a ciência, a pesquisa e o estudo são absolutamente necessários. Estes três aspectos equivalem a sua essência e razão de ser. Por se nortear por conceitos mais profundos e únicos, esse empreendedor é mais dificilmente copiado por seus competidores.

No entanto, deve atentar para que essa busca quase obsessiva do conhecimento não se torne uma busca insustentável da perfeição. Isso pode deixá-lo fora do mercado caso entre na briga fatal entre o bom e o ótimo, entre a tentativa de controle absoluto do jogo e a capacidade de aceitar algumas variáveis inesperadas.

Esse é um empreendedor que, associado a estilos mais pragmáticos e visionários, como o 5 e o 8, é capaz de fazer com que seus negócios tragam grandes avanços para o mundo. Porém, para isso, precisa se desapegar parcialmente de sua intelectualidade, já que muitas vezes ela pode deixá-lo cego para pontos de vista importantes.

8. Empreender com o senso de poder

A capacidade visionária e o senso de justiça são algumas das características mais predominantes nesse estilo empreendedor. São líderes natos, pragmáticos, organizados e disciplinados. Por serem muito determinados, podem passar uma imagem fria e calculista para seus funcionários, deixando-os muitas vezes distantes e isolados da força de trabalho que move o negócio.

O estilo 8 é o do típico empreendedor empresário, que consegue misturar certa dose de iniciativa e arrojo para iniciar novos negócios com a capacidade gerencial necessária para administrá-los. Por ter uma visão prática, sabe que enfrentará riscos e se prepara para superá-los. Talvez por esse motivo as empresas construídas por esse perfil de empreendedor tenham mais chances de prosperar e de se consolidar como companhias de sucesso.

Apesar da combinação propícia de características para montar um negócio próprio, empreendedores desse estilo podem até sofrer problemas de saúde, por serem excessivamente controladores, beirando o autoritarismo.

Eles devem atentar para que sua postura pragmática demais não os afaste de sua equipe, algo que pode gerar até uma forma de sabotagem, mesmo que ela seja inconsciente. É importante lembrar que grandes empresários podem chamar atenção demais e, consequentemente, inveja.

Por esse motivo, associações com estilos mais humanistas e preocupados com as relações humanas, como o 2, o 6 e o 9, são aconselháveis.

9. Empreender com a intuição

A intuição e a capacidade de percepção do mundo são algumas das características mais predominantes nesse empreendedor. Por utilizar sua intuição e ter uma visão mais holística do mundo, além da média descoberta na pesquisa, pode ser mais assertivo em seus negócios do que outros tipos de empreendedores, poupando tempo e energia que poderiam ser facilmente desperdiçados em atividades desnecessárias.

Em doses exacerbadas, contudo, A visão holística e o altruísmo podem torná-lo refém da preocupação com o mundo em detrimento das próprias necessidades ou de seu negócio. Ou, em outro extremo, o não uso desses dons para a busca do bem-estar do próximo pode levá-lo a se tornar emocionalmente instável, ranzinza e neurótico.

O estilo 9 é típico de quem sente as necessidades do meio em que vive e, a partir delas, constrói a base de seus negócios. Por serem sensatos, bons ouvintes e capazes de ensinar as pessoas e inspirá-las em propósitos de vida mais profundos e elevados, esses empreendedores conseguem desenvolver um time coeso e equilibrado.

ESFORÇO E RECOMPENSA

O caminho para o sucesso é descobrir seu perfil empreendedor e este passa pelo autoconhecimento. Mas aviso: conhecer-se tem um preço, que não é baixo, pois demanda tempo, desprendimento de sentimentos e de vontades, e uma grande batalha contra o ego.

Fonte: Revista HSM
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 29 de agosto de 2017 às 21:06
Empreendedor serial e autor do bestseller A Startup Enxuta (em inglês, The Lean Startup), que foi traduzido para mais de trinta idiomas, Eric Ries disseminou pelo mundo a filosofia “enxuta” de começar novos negócios. Hoje, sua metodologia é aplicada por grande parte das novas startups e empreendimentos.

De maneira bastante resumida, uma startup enxuta é aquela que mantém sua visão consistente enquanto seu produto passa por vários testes de validação e está em constante processo de transformação. Em outras palavras, o empreendedor erra – muito e rápido – e aprende ainda cedo com esses erros, evitando desperdícios.

Abaixo, Ries conta compartilha uma história que o ajudou a elaborar a metodologia enxuta e publicada no LinkedIn.

Meu conselho para empreendedores: vocês vão errar

Gosto de pensar em mim mesmo como alguém que lida bem com estar errado. Na verdade, quando comecei uma empresa em 2004, meus cofundadores e eu brincamos que, nessa nova empreitada, tentaríamos bastante cometer novos erros.

Uma das primeiras coisas que fizemos foi uma reunião para organizar nossa estratégia. Usamos um quadro branco para explicitamente modelar nossa visão, nossos valores e nosso plano de negócios, sentamos ali e argumentamos ponto a ponto.

Foi uma época muito formativa para mim e para a empresa, tanto em termos de articular nossa estratégia quanto valores, então me lembro bastante bem das ideias e argumentos.

Lembro de defender coisas que acabaram sendo criticamente importantes e lembro dos cofundadores defendendo coisas que eram parte do plano inicial mas acabaram sendo eliminadas porque eram totalmente erradas.

Depois daquelas reuniões, começamos a executar a estratégia que tínhamos estabelecido, com todos os erros envolvidos. Ao longo dos próximos meses, mudamos de direção várias vezes e tivemos alguns sucessos iniciais que nos ajudaram a descobrir que ideias ruins eliminar.

Cada guinada era muito dolorosa. Mas, pelo menos segundo minha memória, cada guinada também era uma vitória tardia minha porque as ideias que eu achava que eram criticamente importantes estavam se provando certas e aquelas que eu tinha combatido estavam se provando erradas.

Parece bom, certo?

Dezoito meses depois daquelas reuniões iniciais, mudamos de escritório. Alguém destravou um espaço de armazenamento que não era aberto há tempos e encontramos o quadro branco, que tinha se perdido e sido substituído logo no começo.

Ali, claramente preservado, estava o registro daquela reunião inicial. Lembro de pensar: “Que arquivo histórico legal.”

Quando olhei mais de perto, percebi algo horrível.

Eu realmente achei que alguém estava me enganando! Ali mesmo, com minha letra no quadro branco, estava todo tipo de ideia ruim relacionada à estratégia da empresa.

Do jeito que eu lembrava, a maior parte das boas ideias era minha! Mas a evidência me mostrou que eu tive uma mistura de boas e más ideias. Muitas das ideias que precisaram ser eliminadas eram, na verdade, minhas – e aqui estava a prova.

Você já notou como tantos empreendedores famosos contam suas histórias como se sempre estivessem certos?

Vejo empreendedores cometendo esse erro o tempo todo. É muito comum. Se você não escreve sua crença antes da hora, assim que descobre o que está certo e o que está errado, você vai retroativamente acreditar que sempre esteve certo.

O que isso tem a ver com o perfil empreendedor

Essa é a razão por trás da ideia tão popular de que ótimos empreendedores nunca precisam mudar de direção.

As histórias que escutamos sobre as grandes empresas se tornam menos e menos honestas ao longo do tempo, conforme os erros e julgamentos equivocados dos grandes empreendedores são diminuídos.

Os empreendedores não estão mentindo ou enganando os outros. Eles literalmente se lembram das coisas de outro jeito. Eles lembram de si mesmos como pessoas mais inteligentes e com uma maior habilidade de prever o futuro do que de fato tinham.

Acho que é por isso que, após terem vivido um fracasso devido a planejamentos, as pessoas acreditam que, se tivessem se planejado mais e sido mais diligentes, teria tido sucesso.

A memória lhes diz que eles sempre souberam o que aconteceria e eles esquecem tudo que não sabiam naquele primeiro momento. Eles nunca souberam, realmente, o que ia acontecer – mas é o que lembram depois do fato.

O psicólogo Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel, escreveu sobre a tendencia humana de supervalorizar nossa habilidade de prever o futuro em seu prestigiado livro Rápido e Devagar: Duas Maneiras de Pensar.

É um comportamento que incentiva a autoconfiança em excesso e um viés voltado para o otimismo, atributos que podem ser “uma benção e um risco” e são compartilhados por muitos empreendedores.

“Indivíduos otimistas têm um papel desproporcional em moldar nossas vidas. Suas decisões fazem a diferença. Eles são os inventores, os empreendedores, os líderes políticos e militares – não as pessoas comuns”, escreve.

“São provavelmente otimistas por temperamento. Um estudo sobre fundadores de pequenos negócios concluiu que empreendedores são mais otimistas que gerentes de nível intermediário em relação à vida em geral. Suas experiências com o sucesso confirmam a fé em seus próprios julgamentos e suas habilidades de controlar os eventos.”

E aqui está aí porque esse foi um momento tão crítico para minha vida como empreendedor.

Mesmo que eu saiba que o fenômeno da autoconfiança excessiva combinada com uma memória falha existe, mesmo que eu saiba que é importante mudar de ideia intelectualmente – mesmo que eu tenha visto o quadro branco com a prova de que estive errado –, ainda me lembro de estar certo.

Apesar de ver todas as provas de que estava errado, nem minha memória nem minha experiência subjetiva de estar certo mudaram.

Muitas pessoas me tratam como um expert nesse assunto – e mesmo eu não escapo da memória falha de achar que eu estava certo.

Como testar suas suposições

Não só muitos empreendedores não estão dispostos a escrever suas suposições antes de grandes reuniões com equipes ou clientes, mas as pessoas em geral também quase nunca o fazem.

Todos pensam: vou conseguir lembrar do que aconteceu, então por que escrever minhas suposições?

Às vezes, eu ainda cometo o erro de esquecer de escrever minhas suposições. É algo muito humano.

A boa notícia é que testar nossas suposições pode ser muito simples. Não precisa envolver um processo.

Só precisa de um momento: escreva o que você acha que vai acontecer e então compare com o que de fato acontecer.

Eu de fato acredito em blocos para anotações nessas situações. Frequentemente, as pessoas querem experimentar um software de gestão de processos ou um rastreador de hipóteses nesse caso.

Muitas dessas ferramentas são excelentes, mas muitos times não precisam dessas coisas sofisticada: apenas escreva num bloco de notas pequeno o que você acha que vai acontecer com um cliente ou com uma equipe.

Aprenda com o fracasso, mesmo que doa

O ponto da minha história não é apenas a importância de anotar suas suposições. É um lembrete: suas suposições vão estar erradas. Você vai cometer erros.

A IMVU é uma empresa que é lucrativa hoje e está indo bem.

Mas, como escrevi em meu livro A Startup Enxuta, só tivemos sucesso ao darmos uma guinada importante.

Cometemos muitos erros críticos nos primeiros dias, como toda empresa comete. É que você geralmente não sabe sobre eles.

Há todo um complexo industrial mitológico que tem como missão contar essas histórias com um glamour que envolve aquelas pessoas. Mas essas histórias deixam de lado diversos obstáculos importantes.

O que estou tentando fazer é explicar aos empreendedores que estão na trincheira agora mesmo que, quando as coisas estão indo mal e eles estão envergonhados de seus erros, tudo isso faz parte do processo.

Sei que há uma tendência de se comparar com as lendas e dizer algo como: “Bem, acho que não tenho o que é necessário porque isso não teria acontecido com Steve Jobs.”

Isso não é verdade. Mesmo as lendas já estiveram onde você está hoje e tiveram a coragem e determinação de seguir em frente.

Também tiveram a força de vontade de admitir que erraram e mudar. Criaram equipes compostas por pessoas com tipos diferentes de personalidade e habilidades para manter o otimismo, a autoconfiança e outros viéses cognitivos sob controle.

Fracassar é doloroso – não importa o que os outros digam. Mas é fundamental aprender com o fracasso e aplicar a lição na próxima coisa que você fizer.

Se for um praticante do método enxuto, espero que isso seja em sua próxima guinada e não sua próxima empresa.

Seja o que for, é a determinação de conquistar sua visão, mesmo que você tenha que mudar de estratégia para chegar lá, que faz um ótimo empreendedor.

Fonte: Época Negócios