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Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 08 de dezembro de 2020 às 10:07

Se você ocupa um cargo de liderança, provavelmente nem todos que trabalham com você concordam com as decisões que toma, e isso não é um problema. A liderança envolve tomar decisões impopulares ao transitar por relações complexas com colegas, parceiros e clientes. Porém, muitas vezes, você precisa do comprometimento dessas pessoas e consequentemente, terá de convencê-las a mudar de ideia.

Sempre há alguma animosidade quando se trata de convencer seus apoiadores. Mas tentar mudar a opinião de um dissidente ou detrator já é outra história. O que fazer para convencer alguém que, por alguma razão, não concorda com você? Alguém que lhe diz “não’’ sem hesitar?

Em um pesquisa recente que acabamos de fazer para o livro da Laura, “Edge: turning adversity into advantage”, observamos e, em seguida, entrevistamos mais de 60 líderes que estavam tentando convencer seus colegas de trabalho e demais parceiros de negócios a mudar de ideia sobre uma linha de atuação com a qual inicialmente discordaram. Os líderes que tiveram mais êxito em superar o ceticismo alheio foram os que diagnosticaram a origem da discordância, antes de iniciarem a tentativa de convencimento. Em primeiro lugar se perguntaram: “O que está causando a resistência de meus detratores?”. Muitas vezes, eles identificaram quais elementos em seus argumentos geravam mais resistência e reações mais emocionais. Então, dependendo da resposta, abordaram a situação usando uma das três estratégias relacionadas a seguir.


COMUNICAÇÃO COGNITIVA

Quando usá-la: o detrator pode ter uma justificativa racional para se opor ao seu argumento. Caso tenha enumerado uma série de objeções lógicas e não pareça estar escondendo ou dissimulando algum motivo, aborde-o usando uma estratégia de comunicação cognitiva. Isto é especialmente útil quando o detrator é conhecido por suas atitudes objetivas e consegue, com facilidade, deixar as emoções de lado no processo de tomada de decisão.

Como funciona: duas coisas são necessárias para que a comunicação cognitiva seja bem-sucedida: argumentos sólidos e uma boa apresentação. Considere, por exemplo, uma situação em que você está fazendo pressão para a troca de fornecedor e descobre um que oferece materiais e produtos melhores do que os do fornecedor atual, os quais têm causado diversos problemas subsequentes. Seu colega, porém, prefere ficar com o atual, com quem mantém um relacionamento de longa data. Ele manifesta resistência à sua proposta, chamando a atenção para o fato de o novo fornecedor cobrar preços mais altos. Você precisa reunir argumentos sólidos para refutar as objeções de seu detrator. Neste caso, mostre que o preço do novo fornecedor é, na verdade, mais baixo em longo prazo, ao se levar em consideração os custos adicionais de produção gerados pelo fornecedor atual. Você também pode usar uma linha de raciocínio lógica e uma narrativa objetiva para fazer com que ele reavalie seu ponto de vista. Por exemplo, você pode enfatizar que a decisão será baseada em custo, qualidade e serviço, mas acima de tudo, custo e qualidade.

Tenha cuidado para não deixar que emoções façam parte da conversa, pois poderiam dar a impressão de que você e seu detrator não têm os mesmos objetivos. Exemplificando, você não quer dar a impressão de que acha que o relacionamento de seu colega com o fornecedor atual seja irrelevante. O objetivo é mostrar para o detrator que, com base em fatos objetivos e reais, a postura inicial dele, não é tão razoável quanto o seu argumento. Tenha em mente que os detratores não são facilmente influenciados por generalizações. Esteja preparado para confrontá-los mentalmente e para isso, reúna fatos que corroborem cada um dos pontos de seu argumento.

A contrapartida: não suponha que receber um “sim’’ desde tipo de detrator significa sua conversão em eterno apoiador. Você pode ter conseguido persuadi-lo nesse assunto específico, mas ele poderá discordar de você novamente no futuro. Se isso acontecer, prepare-se para uma nova abordagem cognitiva neste novo tópico.


A CONVERSÃO DO DEFENSOR

Quando usá-la: quando o detrator não pode ser facilmente dissuadido com argumentos cognitivos ou nutre mágoa de você, envolver-se em discussões pode ser improdutivo. Considere por exemplo, uma decisão administrativa em que você gostaria de promover uma pessoa que obteve um desempenho fenomenal sob a sua supervisão, e sua colega diz que seus subordinados sempre são promovidos e os dela, não. Mesmo que seu candidato à promoção seja objetivamente mais merecedor, as pessoas podem ficar ressentidas e se recusarem a apoiá-lo.

Como funciona: não se apresse na tentativa de convencer a pessoa. Em vez disso, invista tempo para aprender mais sobre ela e assim, construir um relacionamento. Aqui, não estamos falando de argumentos ou apresentação, pelo menos não inicialmente, e sim, sobre entender o ponto de vista alheio e por que se sente pessoalmente afrontada. Se for o caso, você pode questioná-la sobre sua equipe e quais dos seus integrantes ela acredita terem mais potencial. Aos poucos, converta esta detratora em partidária ou defensora, talvez enfatizando mais as qualidades que valoriza nos integrantes de sua equipe e também na de sua colega, ou demonstrando o quanto aprecia seu estilo de liderança. Na hora em que a decisão tiver de ser tomada, certifique-se de que vocês dois pensam da mesma forma com relação às qualidades que são importantes para definir a promoção e que você deixou claro que seu candidato possui tais qualidades.

A contrapartida: independentemente de a pessoa ter se tornado sua defensora, não espere que concorde com uma decisão que não seja essencialmente racional. Você não pode confiar apenas no relacionamento; seu ponto de vista deve ser fundamentado em uma lógica irrefutável. Além disso, estes tipos de detratores podem facilmente perceber que você está tentando manipular a situação para que fiquem a seu favor. A autenticidade é crucial, pois permite que o outro perceba quem você é e então, entenda o seu ponto de vista.


A ABORDAGEM DO COLEGA COM CREDIBILIDADE

Quando usá-la: há momentos em que as crenças profundamente arraigadas do detrator fazem com que ele seja substancialmente contrário à sua proposta. Vamos tomar como exemplo um colega que pode discordar de você sobre a necessidade de um teste clínico para um novo produto. Por acreditar que o teste clínico possa, de alguma forma, ser prejudicial ou ir contra seus valores, ele se opõe à ideia, mesmo que as evidências mostrem que os benefícios vão além dos danos. Muitas vezes é difícil localizar de onde vêm essas crenças pessoais, mas alguma combinação entre a formação, a história da pessoa e preconceitos velados, por vezes, faz com que para ele, seja praticamente impossível acatar uma decisão, não importando se o argumento apresentado é lógico ou emocional. Nestas situações, não há muito a dizer ou fazer para que ele mude de ideia.

Como funciona: em vez de tentar argumentar com alguém que parece resistir às suas ideias, traga um colega com credibilidade para o debate. Um defensor de seus pontos de vista, de outro departamento da empresa, seja ele um colega ou um superior, que possa ser mais adequado para convencer o detrator. Isto o força a separar quem você é de seu argumento e a avaliar a ideia, considerando seus méritos mais objetivos. Se você e o opositor estão em um impasse, o colega com credibilidade pode pender a balança a seu favor.

A contrapartida: chamar um defensor externo pode ser uma faca de dois gumes. Embora possa ajudá-lo a alcançar o resultado desejado, pode também exacerbar a oposição de seu detrator, principalmente se ele acredita que este colega o forçou a ficar do seu lado. É fundamental encontrar o colega certo que possa defender sua posição com muito tato e, ao mesmo tempo, manter um relacionamento cordial.

Não é fácil ter detratores, e é mais difícil ainda fazê-los mudar de ideia. É imprescindível entender a fonte de suas resistências e usar uma estratégia específica que funcione melhor com o seu detrator em especial. Você terá uma chance muito maior de ouvir um “sim”.

Fonte: Harvard Business Review
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 01 de dezembro de 2020 às 09:56


Razões para se educar financeiramente foram discutidas por Eduardo Lyra, Guilherme Benchimol e Kondzilla na Semana de Educação Financeira Xpeed.

Empreendedorismo pede criatividade, enquanto a educação financeira pede razão. Mas construir um negócio de sucesso passa pela união dessas duas competências. Saber ganhar, poupar, investir e pensar sobre dinheiro é fundamental para construir um empreendimento competitivo, mas sustentável.

A reflexão fez parte do painel “Educação Financeira: Por que é importante?”, promovido pela Semana de Educação Financeira Xpeed. Discutiram o tema Eduardo Lyra (fundador e CEO do Gerando Falcões), Guilherme Benchimol (fundador e CEO da XP Inc.) e Kondzilla (produtor da Kondzilla Records, com o sétimo maior canal de música do mundo).

A Semana de Educação Financeira XPEED faz parte da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), iniciativa pública que reconhece a educação financeira e previdenciária como ferramenta de inclusão social, de melhoria da vida do cidadão e de promoção da estabilidade, concorrência e eficiência do sistema financeiro do país. A última ENEF teve mais de 14.000 ações, impactando 70 milhões de pessoas.


Primeiros passos: ganhar, poupar, investir e aprender

Lyra diz que um dos ensinamentos de sua mãe é poupar mesmo sem ganhar muito dinheiro. “Eu vivia numa situação vulnerável, mas já comecei a poupar com meu primeiro salário. Eu comia no Bom Prato de Ferraz de Vasconcelos [restaurante popular em cidade da Grande São Paulo] para poder guardar R$ 6 que iriam para a faculdade, para garantir meu futuro. Decidi com minha esposa depois que nunca teríamos problema com o dinheiro. Tudo que conseguíamos produzir, guardávamos ao menos 50%”.

Depois de ganhar e separar dinheiro, o próximo passo é escolher investimentos. “Obtive algumas conquistas, como uma casa, não necessariamente ganhando muito dinheiro. Tive uma boa gestão, o que permitiu autonomia financeira”, diz Lyra. “Começar a guardar dinheiro, buscar conhecimento e então fazer bons investimentos é o primeiro passo para criar um fluxo de prosperidade e uma vida melhor para a sua família.”

Aprender, inclusive sobre educação financeira, é uma constante no mundo do empreendedorismo e dos investimentos. “Empreender é simples, na teoria. Fazer mais receitas do que despesas, entregando cada vez mais qualidade. Mas você não saberá otimizar essas variáveis sem educação financeira. Você empreenderá com amadorismo, e assim não chegará lugar algum”.

“No começo, eu investia tudo. Mas eu sabia que tinha de ter um custo menor do que os ganhos, o que me permitiria formar um patrimônio para investir em estudos e equipamentos. Isso era essencial para competir em um mercado tão agressivo quanto o de produção audiovisual e de música. Tínhamos de construir um produto que eu tivesse coragem de consumir”.

A importância do conhecimento sobre finanças ficou ainda mais evidente nos últimos meses, marcados pela pandemia. “Vimos como o Brasil é vulnerável economicamente. Não ter uma reserva para fazer compras por dois ou três meses colocou as pessoas em uma situação delicada. Quanto mais levarmos a educação financeira, mais elas terão segurança em dias ruins”, diz Lyra. “A educação financeira a transforma pessoas. Elas vão além de consumidoras, viram cidadãs que exercem seus direitos.”


Receita do sucesso: começar pequeno, olhando o longo prazo

Na toada sobre consumismo, Benchimol diz que um dos maiores aprendizados financeiros é abrir mão de vontades de curto prazo e usar esse dinheiro para fazer renda. Depois de um tempo, o patrimônio cresce por conta própria como fruto do esforço dedicado à educação, aos investimentos e negócios.


“Além de ajudar a ter um conforto mínimo, o que o dinheiro traz é liberdade. Você consegue fazer escolhas melhores, como entrar em uma empresa ou projeto em que acredita. Sua felicidade parece menor em curto prazo, mas será maior em longo prazo”.

Na hora de tocar os primeiros empreendimentos, é inclusive melhor começar pequeno. “Muita gente acha que sonhar grande é começar grande, mas todos nós começamos pequenos. Quando você não conhece bem as variáveis, é importante começar enxuto. Você muda de opinião algumas vezes até encontrar o caminho certo”, diz. “Não conheço quem alcançou o sucesso no curto prazo. Tem muita gente que sempre começa algo novo. É importante você ter uma direção, e ela só se consolida no longo prazo.”

Por fim, o fundador e CEO do grupo XP Inc. deu conselhos que vão além do universo dos negócios e investimentos. “Seja uma pessoa obstinada. Você vai tomar vários tombos ao longo da vida, e vai precisar aprender com esses erros do passado para seguir em frente”, diz Benchimol. “Também aprenda a assumir riscos. Temos uma cultura latino-americana de cuidar uns dos outros, e em casa eu sempre ouvi que teria de ter uma carreira tradicional. Empreender porque algo faz sentido, mas sabendo a administrar os riscos envolvidos, é importante.”

Fonte: Infomoney