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Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 24 de novembro de 2020 às 09:39
Como se desfazer do excesso de responsabilidades Era um daqueles tipos de relacionamento. O evento para participar das reuniões recorrentes desse grupo constava na minha agenda. Ao longo do primeiro e do segundo ano de envolvimento, eu adorava participar. Logo depois, meu interesse diminuiu, e eu só comparecia porque achava que devia. Em dado momento, eu simplesmente deixei de priorizar aquilo… porque eu ficava cansada depois de viajar, porque eu queria encontrar uma amiga, ou porque eu sempre tinha algo para fazer.

Uma parte de mim continuava achando que eu apareceria depois de um tempo. No entanto, depois de meses agindo assim, estava muito claro que eu não iria mais comparecer. Sendo assim, decidi parar de “assombrar” o grupo – deixar de comparecer, mas sem admitir que eu realmente tinha saído.

Achei que eu tinha acatado bem essa decisão. Em seguida, a sugestão de um amigo me inspirou a ser decisiva e direta. Fiquei surpresa ao ver que, uma vez rompido esse compromisso, imediatamente me senti mais leve e mais livre à medida que nuvens de indecisão e fuga desapareceram.  Então, não carregava nenhuma culpa.


Esse dilema lhe parece familiar?

Com todos os transtornos do primeiro semestre, é provável que você não tenha participado de muitas atividades e grupos. Sei que senti muito por estar longe dos grupos pelos quais tenho grande apreço; no entanto, pode ser que você tenha descoberto que não participar de outros não causou problema algum.   

Talvez seja uma atividade voluntária que não condiz mais com você, um grupo de desenvolvimento profissional que deixou de ser gratificante, ou um comitê onde o trabalho não é mais uma prioridade neste momento. Para algumas atividades – como uma reunião semanal da empresa – você precisa estar presente, mesmo que não tenha disposição para isso. No entanto, no que se refere às atividades opcionais que você pode escolher e das quais você se distanciou, pode ser a hora certa de fazer uma ruptura clara.

Você consegue pensar em algo que esteja nessa categoria? Se sua resposta for “sim”, já comunicou sua intenção? Se ainda não o fez, recomendo-lhe arrumar um tempo para romper com esses compromissos da maneira correta. Eis quatro etapas para você se sentir livre:


1. Faça a comunicação de forma direta

Em vez de fugir da questão e deixar de comparecer, comunique-se com os líderes certos e com os setores com os quais você tem responsabilidades. No meu caso, eis aqui o e-mail que enviei, para mostrar como pode ser a sua comunicação:

Olá, (nome do líder),
Espero que você esteja bem. Gostaria de comunicar algumas coisas.
Ao avaliar as minhas prioridades, percebi que o (nome do grupo) não é uma área onde me vejo investindo meu tempo.
Achei que poderia estar mais presente no ano passado do que realmente estive, e não me vejo participando nos próximos meses. Gostaria de fazer esse comunicado de forma direta a fim de que você não conte com minha presença para alcançar as metas do grupo.
Obrigada pela oportunidade de participar do clube. Foi uma ótima experiência de aprendizado para mim. Tenho muito orgulho de todos pelo progresso que tiveram. Estarei de volta no futuro quando e se o grupo estiver alinhado com o lugar onde eu sinta que deva estar.
Tenha um ótimo dia!

O e-mail pode ser a maneira mais apropriada para comunicar suas intenções. Ou, caso você esteja deixando um cargo de maior responsabilidade ou onde tenha um relacionamento mais próximo, pense em fazer uma ligação, uma videoconferência ou uma reunião presencial para discutir o assunto. Decida o modo de comunicação que mais se enquadra no relacionamento que você tem com as pessoas envolvidas. Em seguida, não se esqueça de pensar em tudo o que quer dizer para demonstrar clareza e simpatia.


2. Termine seus compromissos

Com este grupo em especial, eu havia me comprometido a postar suas reuniões no MeetUp.com – um site com todos os tipos de eventos em grupo – o que eu não havia feito ainda. Saber que a minha comunicação foi direta me deu o impulso de que precisava para priorizar o término daquela tarefa. Assim, quando informei que não mais faria parte do grupo, eu já havia resolvido todos os compromissos principais; isso me proporcionou uma ruptura clara e me tirou a sensação de obrigatoriedade.

Reflita sobre todas as suas principais responsabilidades para com essa situação em especial. Decida se irá terminá-las e, em caso positivo, quando. Ou, se você somente avisará que não mais será responsável por um tópico em especial, informe ao comunicar sua saída. Por exemplo, eu havia me comprometido a ser mentora de um novo integrante do grupo, mas ainda não havia avançado muito. Eu o informei da etapa onde estávamos no processo de mentoria e que ele deveria procurar um novo mentor.


3. Limpe a agenda

Uma vez que eu havia comunicado que estava me desligando do processo, senti-me livre para apagar tudo o que havia em excesso preenchendo minha agenda, a lista de pendências e a caixa de entrada do meu e-mail. Apaguei a reunião recorrente do meu Google Calendar, todos os lembretes das coisas a fazer para o grupo e me desfiz do material que não mais iria precisar. Essa atitude me libertou daquela pontada de culpa a cada vez que eu via um lembrete desse grupo no ponto em que eu havia saído, e fez com que eu deixasse de lado suas ações. Pergunte-se: o que posso apagar ou me desfazer para que eu não tenha excesso de informações digitais ou físicas?

Você também pode se desfazer dos lembretes, como por exemplo, cancelar a assinatura de listas de e-mails, cancelar lembretes de mensagens, sair de grupos do Facebook, ou outros itens que enviavam lembretes de reuniões ou comunicações.


4. Desfrute do alívio

Adotar a maneira mais fácil de se desfazer dos compromissos ao ignorá-los ou evitá-los é a forma mais penosa ao final. Quando você diz a si mesmo e aos outros que está de saída, você realmente fica livre. Posso falar por experiência própria que o alívio é palpável. Descobri, também, que as pessoas dão valor a esse encerramento, ainda que leve meses para que você finalmente comunique. Não é mais preciso que eles perguntem por que você não compareceu a certos eventos,  pedir que você se voluntarie para compromissos, quando eles não sabem ao certo se você irá ou não, ou se frustrarem com a falta de retorno de sua parte.

Agora é a sua vez: Quais compromissos não condizem mais com seus valores e prioridades? Quando você irá fazer a comunicação para que essa etapa se encerre e você possa se livrar do peso da fuga? Você não precisa manter a si mesmo ou outras pessoas na corda bamba. Comunique de forma direta que não irá mais dar andamento às atividades, para que você tenha a tranquilidade mental e emocional de seguir em frente.

Fonte: Harvard Business Review
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 28 de maio de 2019 às 16:09
 Independência. Essa é a sensação que Jéssica Souto, de 18 anos, tem sentido. Após trabalhar de maneira informal como vendedora de loja, ela conseguiu seu primeiro trabalho com carteira assinada. Hoje ela é assistente de Recursos Humanos da Credz, bandeira e administradora de cartões de crédito utilizados por redes varejistas.

Se antes do emprego comprar roupas ou ir a um restaurante era o evento do mês, agora ela consegue consumir por conta própria. E não pense que a pouca idade faz com que Jéssica gaste seu salário de forma supérflua.

Ela costuma poupar cerca de 30% da remuneração. Seu Vale-Alimentação, um dos benefícios que recebe na Credz, é utilizado para comprar mantimentos para a família. O restante do dinheiro é usado para custear seu curso de graduação em Relações Públicas, passear com os amigos e fazer pequenas viagens – além de comprar roupas legais, claro.

PRIMEIRO EMPREGO FORMAL

Moradora do Jardim Pirituba, na zona norte da capital paulista, ela leva uma hora e quarenta minutos no trajeto de casa para o trabalho utilizando transporte público. Mas isso deve mudar em breve.

“Estou juntando dinheiro para comprar um carro”, diz ela.

Jéssica é um dos cerca de 16 mil jovens em programas de aprendiz na região metropolitana de São Paulo.

Estabelecida no ano 2000, a Lei do Aprendiz (10.097/2000) determina que empresas com a partir de sete funcionários tenham em seu quadro uma cota de 5% a 15% de jovens entre 14 e 24 anos, que estejam cursando do ensino fundamental ao superior.

“O objetivo é capacitar o jovem por meio de atividades teóricas e práticas”, afirma Marcelo Gallo, superintendente Nacional de Operações do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), associação que intermedeia contratos de trabalho entre jovens, escolas e empresas.

As atividades teóricas dos jovens são realizadas em intuições autorizadas pelo Ministério da Economia, como escolas técnicas e instituições do Sistema S.

Já a prática acontece dentro das empresas – e há benefícios para o empregador. O aprendiz tem menor alíquota de FGTS (2% em vez do tradicional 8%) e não há obrigação de aviso prévio em casos de demissão. Já a remuneração precisa respeitar o salário mínimo por hora – em São Paulo é de R$ 4,54.

De acordo com Gallo, mais do que estar em conformidade com a lei, contratar um aprendiz pode ser uma vantagem porque a empresa irá formar um jovem profissional de acordo com a sua cultura interna.

Além disso, numa época em que o desemprego entre pessoas de 16 e 24 anos é de 40% no Estado de São Paulo, de acordo com a Fundação Seade, o jovem costuma valorizar a oportunidade.

“Quando a seleção é bem-feita e a empresa cumpre a sua parte, há uma grande gratidão do aprendiz”, diz Gallo. “Isso fortalece a relação entre funcionário e empresa.”

FORJANDO PROFISSIONAIS

Fundada em 2012, a Credz é uma empresa jovem, mas que já fatura alto. No final do ano passado, a empresa atingiu a marca de 1 milhão de clientes ativos. Em 2019, a meta é chegar a 1,9 milhão. O faturamento estimado até o fim do ano é de R$ 1 bilhão.

A Credz atende cerca de 50 redes de varejo, entre elas Casa das Alianças, Vestcasa e Mundial Calçados. São 220 funcionários. Desses, 10 são aprendizes.

“Não temos aprendizes para cumprir a lei”, afirma Fernando Guiselini, diretor de planejamento da Credz. “Queremos formar bons profissionais para o futuro da empresa.”

O programa de aprendiz da Credz é algo sério. Por semestre, são contratados seis jovens. Cada chamada recebe cerca de 200 currículos.

A seleção consiste em dinâmicas de grupo; teste para analisar competências e aptidões, que ajuda na hora de alocar a melhor pessoa para cada área de negócio; entrevista presencial com gestor da área e conversa com o CEO da empresa. O contrato de trabalho dura entre 12 e 18 meses.

PARA FORMAR PROFISSIONAIS 

Após contratado, o jovem ganha uma função específica com responsabilidades e metas pré-estabelecidas. Há job rotation para apresentar a ele os departamentos e processos-chave do negócio.

Mensalmente, o aprendiz assiste a palestras e tira dúvidas com gestores experientes da empresa, que contam sua trajetória profissional e dão orientações sobre a profissão.

Há também acompanhamento frequente do RH e mentoria.

Ao término do programa, o jovem apresenta um projeto de melhoria de processo ou produto para uma banca de diretores.

Caso o projeto seja aprovado, ele será responsável por implementar a proposta junto com um diretor, que se torna seu padrinho.

De acordo com o desempenho durante todo o programa, ele pode ser efetivado e direcionado para a área onde demonstrou mais habilidade. A taxa de efetivação é de 95%.

E quais são os pontos de atenção ao fazer a gestão desses jovens profissionais?

É preciso equilibrar a ansiedade deles. Como são nativos digitais da era do smartphone, eles tendem a esperar respostas e soluções na velocidade da internet.

Inteligência emocional e relacionamento humano são outros pontos – uma vez que adolescentes estão acostumados a resolver discussões nas redes sociais excluindo os desafetos na sua lista de amigos.

“Orientamos os aprendizes a defenderem suas posições com argumentos e prezar pelo bom convívio dentro da empresa”, diz Guiselini.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

De acordo com uma pesquisa do CIEE, alcançar o ensino superior e consolidar uma carreira profissional são as principais expectativas dos egressos do programa de aprendizagem. E muitos deles conseguem. 25% permanecem nas empresas em que foram aprendizes. Outros 58% são empregados na sequência em outras empresas.

Além de ser uma importante ferramenta no combate à evasão escolar, a aprendizagem oferece perspectivas de futuro ao jovem, uma vez que, geralmente, eles são de famílias de baixa renda e estão em camadas sociais mais vulneráveis.

Desde 1992, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mantém o Camp Centro, instituição que presta serviços e desenvolve ações sócio assistenciais de forma gratuita para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade ou risco social.

Uma das ações do Camp é promover a aprendizagem e melhoramento profissional. A instituição possui parceria com 16 empresas, entre elas a Elevadores Otis e o Grupo Sompo Holdings (formado a partir da integração da Marítima Seguros e Yasuda Seguros).

Desde sua fundação, a entidade já atendeu a mais de nove mil jovens.

Fonte: Diário do Comércio