Tecnologia & Inovação
Postado em terça-feira, 06 de maio de 2025 às 15:21
Da TED ao Pix e ao Drex, a digitalização financeira impulsionou a inclusão, modernizou a economia e redefiniu a relação dos brasileiros com o dinheiro.
A digitalização bancária no Brasil tem sido um dos principais motores da inclusão financeira e da modernização da economia. Desde a implementação do Plano Real, em 1994, que estabilizou a economia e fortaleceu o sistema financeiro, o setor Bancário passou por inúmeras transformações tecnológicas.
Hoje, o País é conhecido por ter uma das tecnologias bancárias mais avançadas do mundo. E assim como há 30 anos o Plano Real fez nascer um novo consumidor, mais consciente e com poder de decisão, as inovações impulsionadas pela digitalização incentivam o consumo com uma jornada financeira mais segura, fluida, acessível e personalizada.
Em 2020, o Banco Central deu um passo fundamental nesse sentido com o lançamento do Pix, um sistema de pagamentos instantâneos que permitiu transferências e pagamentos em tempo real, 24 horas por dia e sem custos para pessoas físicas. O serviço não apenas aumentou a conveniência para os usuários, mas também ampliou a bancarização no País, integrando milhões de brasileiros ao sistema financeiro formal.
Paralelamente, a implementação do Open Banking aumentou a concorrência entre as instituições financeiras ao permitir o compartilhamento de dados bancários entre as instituições. Isso abriu caminho para serviços mais personalizados e melhores condições de crédito, estimulando a inovação no setor.
Agora, o Brasil prepara-se para mais um salto tecnológico com o Drex, a moeda digital do Banco Central baseada em tecnologia blockchain. O sistema promete aumentar a segurança, a transparência e a eficiência das transações financeiras, impulsionando ainda mais a digitalização da economia e facilitando novos modelos de negócios, como contratos inteligentes e tokenização de ativos.
Ivo Mósca, diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), destaca que esse avanço tem raízes históricas. “Nosso setor Bancário sempre esteve à frente de outros mercados mundiais. Isso começou há bastante tempo, quando trouxemos a TED – o grande ponto de inovação – porque permitiu a transmissão de recursos interbancários em até 2 horas”, explica. No entanto, o grande salto ocorreu com a chegada do Pix.
“Sem TED, o Pix não existiria. Essa experiência foi sendo aperfeiçoada até chegarmos ao modelo atual”, pontua Ricardo Humberto Rocha, professor de Finanças do Insper. “E o mais interessante é que o Pix foi criado pelo Banco Central. Ele não apenas promoveu um avanço tecnológico e uma transformação digital, mas também ajudou a eliminar o risco de compensação nos pagamentos”, acrescenta.
Quem começa a receber e a pagar por Pix precisa ter, no mínimo, uma conta de poupança, o que significa que passa a existir para o sistema financeiro formal. “Isso é um avanço extraordinário. O que vem pela frente? Uma digitalização ainda maior”, destaca Rocha.
A jornada financeira do consumidor
Tantas inovações beneficiam a parte mais importante da equação: o consumidor. As tecnologias implementadas no segmento Financeiro resultaram em novos produtos e soluções, oferecendo mais variedade e, principalmente, liberdade de escolha.
“O número médio de contas por cliente aumentou significativamente, passando de aproximadamente 1,2 para cerca de 4 ou 5 contas. No fim, ele centraliza suas transações em uma instituição que oferece mais confiança e uma melhor experiência”, destaca o diretor da Febraban.
“Antes, havia uma grande resistência à troca de banco. No passado, manter uma conta por muitos anos era visto como um sinal de estabilidade financeira. Isso mudou. Hoje, as pessoas migram com muito mais facilidade em busca de melhores condições e serviços”.
Outro impacto importante foi a redução dos custos repassados ao consumidor. Na economia digital, as taxas de transações e de gerenciamento de contas foram anuladas. Além disso, como destaca Ivo Mósca, os canais de autoatendimento reduziram o custo operacional das instituições.
Todo o potencial trazido pela economia digital é, ainda, arrefecido pela carência de educação financeira. No último estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que avalia o letramento financeiro dos estudantes, o Brasil registrou 416 pontos – 82 abaixo da média da instituição.
Economia democratizada
Tudo isso impacta diretamente a forma como os brasileiros gerenciam o dinheiro. Muito além do acesso ao crédito e da digitalização bancária, um dos maiores avanços proporcionados pela tecnologia é a democratização da informação financeira.
“Curiosamente, os bancos tradicionais estão ‘desbancarizando’ – diminuindo o número de agências e de bancários –, enquanto os clientes estão se ‘bancarizando’, ou seja, pessoas que antes não tinham acesso ao sistema financeiro agora têm”.
Hoje, os aplicativos de bancos e instituições permitem que os consumidores acompanhem a própria situação financeira em tempo real. Isso dá ao usuário um maior controle sobre as finanças, ajudando-o a tomar decisões mais conscientes, como explica Lia Bandeira, Data Science & Analytics manager da Serasa.
“A digitalização veio para ajudar os clientes a se organizar melhor e a ter a informação na palma da mão”, destaca. “A tecnologia, quando bem utilizada, é uma grande aliada para a educação e o planejamento financeiro.”
O consumo e o segmento Varejista também agradecem. Como afirma Carlos Penteado Braga, professor associado da Fundação Dom Cabral: “A tecnologia sempre foi essencial no mercado financeiro, que está em constante evolução, especialmente no que diz respeito aos meios de pagamento, que facilitam a circulação do dinheiro. Esse avanço favorece tanto as fintechs quanto os varejistas mais digitalizados.”
O outro lado da moeda
Até aqui, tudo parece estar na mais perfeita harmonia. Contudo, do outro lado da moeda, está um País com 73,5 mil consumidores inadimplentes, com dívidas que somam mais de R$ 400 bilhões – segundo dados da Serasa. Ao mesmo tempo, o baixo volume de crédito disponível “dá um nó” na economia.
Todo o potencial trazido pela economia digital é, ainda, arrefecido pela carência de educação financeira. No último estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que avalia o letramento financeiro dos estudantes, o Brasil registrou 416 pontos – 82 abaixo da média da instituição.
As apostas na educação financeira
Nesse cenário, a educação financeira tem-se tornado um dos pilares centrais da estratégia de relacionamento das instituições, a exemplo do Itaú Unibanco. O banco busca promover a inclusão financeira e fortalecer a segurança econômica dos brasileiros com iniciativas que abrangem desde conteúdos educativos até soluções digitais personalizadas.
Para Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco, a educação financeira faz parte de uma agenda mais ampla de cidadania financeira, que também envolve inclusão e proteção ao consumidor.
“Nosso objetivo é promover a inclusão financeira dos nossos clientes, auxiliá-los na transição segura para o digital e protegê-los de golpes e fraudes”, pontua. “Queremos, cada vez mais, integrar o tema nas jornadas de nossos clientes e a sociedade em geral, usando diferentes formatos e canais para alcançar o máximo possível de pessoas, por meio de parcerias com outras entidades do setor Financeiro para fortalecer ainda mais nossos esforços. Além disso, pretendemos integrar ainda mais a educação financeira em nossos negócios, para ajudar a melhorar o bem-estar financeiro de nossos clientes”.
Entre as iniciativas oferecidas pelo banco estão um blog com dicas financeiras, o curso Trilha Viver Mais e um curso via WhatsApp voltado para idosos, com informações sobre planejamento financeiro e prevenção a golpes. O aplicativo do banco também conta com funcionalidades para categorização de gastos e gestão financeira. Além disso, o Itaú promove palestras sobre saúde financeira e investimentos para empresas-clientes.
O reflexo dessas iniciativas pode ser visto na evolução dos indicadores de saúde financeira. Segundo Nicola, “o Brasil observou uma melhora na pontuação geral de saúde financeira em 2024, passando de 56 em 2022 para 56,7 em 2024, de acordo com o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB)”. A melhora está associada a uma sensação reduzida de aperto financeiro e a um maior controle sobre pagamentos e despesas.
Mesmo assim, a inadimplência segue sendo um desafio no Brasil, e o Itaú tem apostado em soluções que ajudam os clientes a reorganizar as finanças. Luciano André Ribeiro, superintendente de Recuperação do Varejo do Itaú Unibanco, destaca a importância de um monitoramento contínuo.
“Acompanhamos o momento de cada um dos nossos clientes e como estão utilizando o seu crédito, por meio de dados, modelos, contextos e jornadas. Desta forma, quando os clientes começam a dar os primeiros sinais de inadimplência, atuamos com soluções preventivas e orientativas”.
Entre as ferramentas desenvolvidas pelo banco está o Perfil de Crédito, lançado em 2023. Disponível no aplicativo, a solução permite que os clientes acompanhem a situação de crédito em diferentes instituições financeiras, recebam orientação sobre dívidas e ajustem informações para melhorar a avaliação de crédito.
“O serviço possibilita consultar, em um único lugar e na palma da mão, eventuais pendências no Itaú e em outras instituições financeiras, além de permitir acessar dados em organizações responsáveis por positivar o nome do cliente, como o Banco Central, a Serasa, a Boa Vista e a Quod”. Em 2024, 32,8% dos brasileiros afirmaram que os gastos superaram a renda.
Tecnologia a serviço da educação
A digitalização tem permitido ao Itaú oferecer uma experiência personalizada de educação financeira. “Hoje, a maioria dos nossos clientes acessa o aplicativo várias vezes ao dia. Cada uma dessas interações é uma oportunidade para fornecer orientação financeira, alertas ou conteúdo educativo”, afirma João Araújo, diretor de Negócios, Plataformas e Experiências Digitais do Itaú Unibanco.
Uma das soluções desenvolvidas para incentivar o planejamento financeiro é a ferramenta Cofrinhos, que permite aos clientes organizarem suas economias de forma simples. “Além de facilitar a gestão financeira, o dinheiro rende diariamente 100% do CDI e o cliente pode resgatar quando quiser”.
Fonte: Consumidor Moderno