Tecnologia & Inovação
Postado em terça-feira, 31 de janeiro de 2023 às 10:31
Arautos da história cantam perspectivas de que a mudança do Século XIX para o Século XX não aconteceu no ano de 1901. 1914 é o marco de registro, com a Primeira Guerra Mundial, um evento sem precedentes que propusera uma nova magnitude de fronteiras ao mundo.
2020 também talvez marque a mudança definitiva para o Século XXI: uma crise de desenvolvimento humanitário, outro evento sem precedentes, que novamente amplia a magnitude das fronteiras do mundo.
A ONU, pouco menos de dois anos atrás, proferia palavras de ordem como “responsabilidade compartilhada, solidariedade global, fortalecimento de comunidades locais, percorrendo um caminho mais sustentável, com maior igualdade de gênero e classes”.
Em meio a toda vastidão de calamidade sanitária, os valores disfuncionais do mercado – ao menos – foram colocados frente à parede e discutidos.
Da inovação nos sistemas bancários, à cybersecurity, desenvolvimento de produtos na era digital, tecnologias emergentes, novos comportamentos de consumo e diferentes dinâmicas de trabalho, os anos que seguiram o catastrófico 2020 mostraram pré-disposição a flertar com ideias que pareciam do futuro.
Um exemplo é a cultura híbrida. O report Work Trend Index, desenvolvido anualmente pela Microsoft, começa direto e reto: o trabalho híbrido está aqui para ficar. Embora possa parecer categórico, o insight é resultado de uma série de indícios consistentes que revelam acima de tudo, a mudança de um paradigma.
Por outro lado, ainda em estado febril, causa efeito da pandemia da COVID-19, o mercado mostra instabilidade econômica e apresenta um cenário desafiador para as marcas. Há de se mostrar resiliência e certa austeridade, mas ventos mais amenos começam a soprar do horizonte.
Segundo o Statista, em 2020 tivemos uma queda de -3,88% no PIB nacional se relacionado a 2019. 2021 o cenário já muda: um aumento de 4,62% em relação a 2020; 2022 segue a tendência de crescimento, na casa dos 2,79 pontos percentuais se comparado ao ano anterior; e para 2023, a tendência, mesmo diante da efervescência política, é que mantenhamos um crescimento de 1,03%, assim como uma projeção otimista de desenvolvimento até 2027.
Imagem: Projeção de crescimento para o PIB brasileiro até 2027. (Crédito: Statista)
Fato é que 2023 bate em nossa porta e a questão que fica é: estamos mais próximos da ressaca do fatídico 2020 ou mais próximos do futuro proposto a partir da crise sem precedentes?
O LinkedIn Notícias Brasil consultou alguns de seus maiores Top Voices para desenvolver o artigo “Big Ideas 2023: as 20 grandes tendências que definirão o próximo ano”. Todo mês de dezembro, os editores do LinkedIn pedem à comunidade de criadores que compartilhem as grandes tendências que eles acreditam que definirão o próximo ano.
LinkedIn Big Ideas 2023: o que deve estar em alta no próximo ano?
2022 é marcado pelo estado febril da humanidade, ainda grogue pós-pandemia, e ainda com algumas pitadas de tempero, para dar aquela emoção ritual: inflação global recorde, a invasão russa em solo ucraniano e os papéis invertidos: um longo verão europeu versus um longo inverno sul americano. Mudanças climáticas batendo em nossa porta! É tanta coisa.
Todavia e entretanto, 2022 também deixou claro como a comunidade global pode se unir, ressalta o LinkedIn Notícias, “com novos compromissos e pactos para proteger o meio ambiente, esforços para ajudar os deslocados pela guerra na Ucrânia e a entrega de bilhões de doses de vacina contra a Covid-19 para áreas necessitadas em todo o mundo”.
2022 mostrou uma face assustadora, mas mostrou poder de enfrentamento. Nosso PIB cresceu. Acima de tudo, mostrou a humanidade e sua capacidade de se adaptar. O que, então, podemos esperar para 2023?
#1 – Brasil abre as portas para o conceito de Open Finance
Com o Open Finance, o grande objetivo do Banco Central é que a organização seja uma base regulatória para um sistema financeiro aberto e competitivo. Um ambiente que circule dados, produtos e serviços entre instituições financeiras, pessoas físicas e jurídicas.
A ideia começou a ser moldada desde fevereiro de 2021, mas 2023 é o ano em que esse novo conjunto de regras e tecnologias será implementado de vez. Open Finance é a evolução do conceito de Open Banking, entrincheirado na otimização burocrática e digitalizada, para aumentar a eficiência de diferentes mercados, como o de crédito e de pagamentos, investimentos e seguros.
O Open Finance deve ser visto como a infraestrutura que permitirá que diversas empresas possam se conectar para aproveitar um ecossistema mais eficiente para a economia.
O BC, que cedeu ao modelo com objetivo de fomentar a inovação e estimular a competição no setor financeiro, projeta que 2023 será o ano em que mais produtos serão ofertados para mais clientes, a preços e taxas mais baixos.
#2 – Ataques digitais poderão escalar em proporções campais
Os ataques digitais de ransomware até agora participavam do jogo do sequestro de arquivos, para extorquir dinheiro. Em 2023, a guerra digital é passível de dimensões campais, ainda mais ameaçadoras.
Ao desembarcar em solo ucraniano, gangues de ransomware russas, como Conti, anunciaram “apoio total ao governo russo” e prometeram colocar toda a sua capacidade “em medidas para retaliar” o “Ocidente belicista”.
Enquanto o contingente armado enfrenta resistência do povo da Ucrânia, é esperado que a Rússia utilize estratégias de ransomware em uma ciberguerra contra os Estados Unidos e outros países aliados da União Europeia.
Esse tipo de ataque tem como alvo usinas de energia, gasodutos e oleodutos, hospitais, órgãos de governo e eleições. Os objetivos são sabotagem política e de recursos, o que poderia levar à interrupção do fornecimento de energia, comprometer inteligência militar, minar negócios e atividades do governo e elevar os custos de apólices de seguro contra ataques cibernéticos.
#3 – Inteligência Artificial será imperativo de adaptação para profissionais criativos
Em 2022, chegamos ao presente das ferramentas de Inteligência Artificial generativas e da personalização de conteúdo.
Com apenas algumas semanas nos separando de 2023, mais de 1 bilhão de postagens de blog foram publicadas em todo o mundo, segundo o Internet Live Stats. E pense nos bilhões de outros conteúdos que estão sendo criados paralelamente, incluindo e-mails, newsletters, cartas de vendas, redes sociais e assim por diante.
Acontece que gerar conteúdo relevante e personalizado exige um alto investimento, de capacitação profissional e infraestrutura.
Para suprir esse gap e entregar aplicações factíveis, existem os geradores de conteúdo e imagens feitos por Inteligência Artificial. Usam processamento de linguagem natural para escrever da maneira que os humanos escrevem, assim como as redes neurais artificiais para interpretarem dados em camadas visuais. A tecnologia já pode ser usada para criar imagens, áudio, vídeo e texto.
Gigantes como Microsoft, Meta, Google e OpenAI, mas também startups como Stability AI e laboratórios independentes como Midjourney e Craiyon, estamparam manchetes com seus algoritmos capazes de gerar qualquer imagem a partir de simples inputs em texto.
Em 2023, a tendência é que ferramentas do gênero continuem causando alvoroço em profissionais criativos. “Afinal, como ficam fotógrafos, designers, ilustradores e redatores quando qualquer imagem ou texto pode ser gerado de graça por uma inteligência artificial”, levanta o LinkedIn Notícias?
#4 – Microgerenciamento e vigilância não farão parte do acordo de trabalho do futuro
Reflexo do isolamento social provocado pela pandemia da COVID-19 e as novas dinâmicas de trabalho impostas pela distância, empregadores adotaram tecnologias que permitiam vigiar o desempenho de seus funcionários.
Softwares que monitoram toques no teclado, contagem de e-mails e, em casos extremos, até solicitar que funcionários trabalhem com suas webcam ligadas.
Em 2023, a ficha vai cair. Trabalhadores sob monitoramento são “substancialmente mais suscetíveis a fazer pausas não autorizadas, desobedecer instruções, danificar ou roubar equipamentos do trabalho e diminuir o ritmo propositadamente”, afirmam materiais publicados na Harvard Business Review.
#5 – eVTOLS: os táxis que passarão a voar
Um grande drone elétrico e autônomo, que faz decolagem e pouso vertical, grande o suficiente para carregar pessoas de um lugar para o outro. Em linhas gerais, essa é a ideia dos eVTOLS (Electric Vertical Take-off and Landing), os táxis voadores do não tão futuro.
Reguladores ainda não bateram o martelo em qual será o modelo padrão, mas a Joby Aviation, empresa que atua no segmento, já conseguiu uma das três certificações que precisa junto às autoridades dos EUA para dar início à operação comercial do modelo, que deve começar em 2025.
A França também testa os táxis voadores para oferecer o serviço já durante as Olimpíadas de 2024, em Paris. No Brasil, a Eve Air Mobility, uma subsidiária da Embraer, pretende testar eVTOLs para conectar a Barra da Tijuca ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
#6 – Um dos principais critérios de consumo para 2023 será a hiperconveniência
De acordo com dados do relatório “Webshoppers 46”, elaborado pela NielsenIQ|Ebit, em parceria com a Bexs Pay, 49,8 milhões de brasileiros já fazem compras online.
Informações extraídas de um artigo veiculado na Exame, entretanto, mostram que grandes redes de varejo físico reagiram fortemente à crise da COVID-19, expandindo o número de lojas.
O motivo deste movimento está em uma tendência que deve ficar evidente em 2023: o canal de consumo será escolhido pelo consumidor de acordo com a conveniência.
* Se a compra é emergencial, o mercado do bairro resolve o problema;
* Se a necessidade do pedido é de algumas horas, há os aplicativos de delivery;
* Se tiver tempo para pesquisar, o consumidor pode passar em uma loja física, testar os modelos disponíveis e fechar a compra por lá ou acionar diferentes sites em uma busca do melhor preço e entrega.
Nesse cenário, o varejo precisa não apenas estar em todos os lugares, mas também oferecer canais integrados, sem grandes fricções, premissas básicas de uma estratégia bem formulada de comunicação e logística omnichannel.
#7 – Novos valores em relação ao significado do trabalho irão dinamizar o mercado
A pesquisa “Edelman Trust Barometer 2021” revelou que “74% dos brasileiros esperam poder gerar impacto social e afirmam que fatores como o negócio refletir seus valores pessoais são decisivos para avaliar ou considerar um emprego”.
Chegou 2022 e o movimento conhecido como Quiet Quitting, com milhares de profissionais abrindo mão de empregos estáveis em busca de um trabalho que preenchesse seu senso de propósito.
No entanto, também tivemos outro movimento conhecido como a “Grande Demissão”. Passaralhos, que vem incluindo até mesmo os altamente demandados profissionais de tecnologia, deverão alterar as expectativas em relação ao trabalho, para uma visão menos lúdica e mais realista.
Pessoas que pediram demissão nessa grande onda e que ainda não conseguiram recolocação no mercado, já estão começando a repensar a estratégia. Muita gente está começando a se perguntar se simplesmente pagar as contas e permitir uma rotina equilibrada já não seria bom o bastante, pelo menos temporariamente.
#8 – O turismo precisará se reinventar
A França anunciou, em abril de 2022, que proibiria voos domésticos entre destinos que estivessem a menos de duas horas e meia de trem. Foi uma declaração direcionando significativamente um caminho para reduzir as emissões de carbono em 40% até 2030.
Tais restrições no setor de turismo ganharam amplo apoio na Europa, como mostra o European Investment Bank.
E com a ONU estimando que as emissões de CO2 relacionadas ao turismo aumentem 25% na próxima década, vários governos podem seguir o exemplo da França, o que provocaria toda uma reinvenção na cadeia produtiva do segmento.
#9 – Grande Demissão coloca figura idílica dos CEOs da tecnologia em cheque
Falemos a verdade: em algum momento das últimas décadas, fundadores do Vale do Silício foram colocados em um pedestal que não deveriam.
Claro que Mark Zuckerberg reinventou o conceito de comunidade digital e Elon Musk é um ousado em tudo aquilo que coloca o dedo. Travis Kalanick reinventou o modelo de negócios de transporte urbano e Adam Neumann introduziu o conceito de espaço de trabalho compartilhado, como WeWork.
Tudo isso é verdade. Mas à medida que a confiança em governos e na mídia começou a definhar com a ascensão da internet, esses caras se tornaram símbolos de ideais liberais e da democracia, que promoviam o progresso. Existe essa faceta, mas no fundo, no fundo, eles estavam tocando seus negócios.
Agora, com a economia em turbulência, a ilusão de que as empresas de tecnologia vão nos salvar parece ter virado um sopro no horizonte. Zuckerberg pode prometer a Deus e ao mundo sobre o que fará com o Metaverso, mas demitiu 11 mil funcionários da Meta na primeira grande demissão da empresa. “Sem estrelas para idolatrar, muitos de nós podemos aceitar que os problemas do futuro podem ser resolvidos por pessoas comuns”, pontua com precisão o artigo do LinkedIn Notícias.
#10 – A oportunidade que o conceito de low code trará para o déficit de profissionais da tecnologia
Dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostram que o Brasil precisará de quase 800 mil pessoas no setor de TI até 2025.
Em 2022, ao passo que estamos, só são formados 53 mil profissionais com essa especialização por ano.
Para combater o déficit, a tendência é que mais empresas apostem no conceito de low code: uma abordagem de desenvolvimento de software que requer pouca ou nenhuma codificação para construir aplicativos e processos.
É o caso de serviços como Microsoft Power Apps, Google App Maker, AWS Honeycode, Oracle Apex e Totvs Fluig.
#11 – 2023 estreia o Real Digital, a moeda digital brasileira, que promete facilitar e baratear a vida de empreendedores
O CBDC (Central Bank Digital Currency), projeto piloto do Real Digital, a moeda digital do Banco Central, estreia em 2023.
Sob o novo regimento, bancos serão os responsáveis pela emissão das stable coins brasileiras, ou seja, o valor dessas criptomoedas é atrelado a outro ativo, no caso, o real, e não flutua, como os bitcoins.
A cripto tem o objetivo de facilitar as transações financeiras, em um ambiente seguro e regulado. Segundo o BC, a moeda irá facilitar e baratear a criação de contratos de empréstimos personalizados e favorecer a integração com sistemas de pagamentos internacionais, permitindo compras em outro país, com conversão imediata e sem riscos.
Terá o mesmo valor que a moeda física, poderá ser livremente convertida em depósitos bancários, papel-moeda ou ser usada para compras e transferências pessoais. A ideia é fazer, de fato, a transição da cédula para os meios de pagamentos digitais.
#12 – Jornadas de trabalho flexíveis despontam como tendência para 2023
Em 2023, segundo a McKinsey, a tendência é uma continuidade por mais flexibilidade no ambiente corporativo, finalmente nos libertando das amarras da jornada de trabalho das 9h às 18h.
Expedientes não lineares, uma tendência acelerada pelo trabalho remoto, darão aos profissionais mais liberdade para escolher seus próprios horários – e o momento mais propício para render e entregar os resultados. O foco é no resultado, na responsabilidade e na autonomia.
Embora o modelo exige abrir mão do microgerenciamento, premissa totalmente alinhada ao tema discutido na seção número 4, seus benefícios são promissores: jornadas flexíveis podem aumentar a produtividade dos funcionários em quase 30%, segundo pesquisa publicada pelo Future Forum. A construção de um modelo de sucesso exigirá, sobretudo, uma mudança de cultura organizacional.
#13 – A cultura híbrida veio para ficar
Assim como na seção anterior, mais uma big idea que rechaça mais flexibilidade nas dinâmicas de trabalho.
Segundo um estudo divulgado pelo LinkedIn, houve uma queda em anúncios por vagas remotas em novembro de 2022. Nos Estados Unidos, apenas um em cada sete anúncios feitos na plataforma oferecia o trabalho remoto como uma opção.
Mesmo com a queda da ideia do trabalho totalmente remoto, a cultura híbrida desponta como forte tendência para 2023, por alinhar valores de ressignificação do trabalho, jornadas mais flexíveis e uma relação de maior confiança entre liderança e liderados – outras grandes big ideas.
#14 – Private labels serão escape das maiores varejistas frente aos desafios macroeconômicos
A pandemia da COVID-19, a guerra na Ucrânia, a alta inflação e os problemas na cadeia de suprimentos estão levando varejistas de todo o mundo a investir em produtos de marca própria, as chamadas private labels.
A margem de lucro desses produtos é maior – e é por isso que Pão de Açúcar, Carrefour, Raia Drogasil e Panvel estão entre as companhias que anunciaram investimentos para ampliar a oferta de produtos próprios.
Segundo dados da NielsenIQ, cerca de 5% do que é vendido no varejo alimentar do Brasil vem de private labels; nos Estados Unidos, esse percentual sobe para 20%; e, na Europa, chega na casa dos 30%.
#15 – Uma liderança mais humilde deve pintar a cena de 2023
Pesquisas do LinkedIn têm mostrado que funcionários “esperam ser comandados por líderes humanos e humildes, capazes de expor suas próprias limitações”.
Um estudo global de 2021, elaborado pela Catalyst, respalda com dados que revelam que, quanto mais os gestores demonstram vulnerabilidade, mais as pessoas estão dispostas a se dedicar ao cargo.
A tendência é que cada vez mais líderes percebam o valor da troca e o seu poder para nutrir laços mais verdadeiros e saudáveis com suas equipes.
Os times mais fortes de que eu tive a oportunidade de participar ou construir foram aqueles em que tínhamos abertura para compartilhar nossas vulnerabilidades. Isso aproxima as pessoas e humaniza as relações, promovendo mais confiança e transparência”
#16 – Carne feita em laboratório? Não é mais ficção científica
Há muito debate em torno das carnes geradas em laboratório e do potencial que elas podem ter para lidar com os desafios éticos e ambientais da pecuária. Em 2023, a carne feita em laboratório deve ganhar mais espaço ao redor do mundo.
“Nós veremos algumas empresas vendendo diferentes produtos a base de células em mercados regulados. Vamos continuar a ver um fluxo de novas empresas nascendo nessa indústria, bem como a aquisição de alguns players mais conhecidos. Estamos vendo uma atividade fenomenal com novas fábricas sendo construídas para aumentar a carne cultivada em laboratório, mas ainda nenhuma em escala grande o bastante para garantir a demanda e distribuição nacionais em supermercados”.
#17 – O mundo passará a ver o esporte feminino com outros olhos
Segundo dados da Reuters, a Eurocopa de Futebol Feminino 2022 foi assistida por cerca de 365 milhões de pessoas em todo o mundo, mais que o dobro da audiência de 2017. Poucos meses depois, quase 77 mil torcedores lotaram o Estádio de Wembley, em Londres, para um confronto amistoso entre Estados Unidos e Inglaterra.
No Brasil, segundo informações divulgadas pela CBF, a final do Brasileirão feminino, entre Corinthians e Internacional, bateu o recorde de público da categoria: 41 mil presentes no estádio. O recorde de audiência na TV aberta também foi quebrado, em um amistoso entre Brasil e Suécia.
Onde há público, há interesse de marcas. Os acordos de patrocínio para mulheres nos principais esportes dos Estados Unidos aumentaram 20% em 2022 – número que deverá crescer ainda mais em 2023.
O patrocínio pode ajudar a iniciar um “ciclo virtuoso de crescimento”. O investimento permite que as atletas treinem e joguem em tempo integral, o que eleva a qualidade do esporte. O produto melhora como resultado e, com o investimento e o público crescendo, o processo se retroalimenta.
#18 – VCs reajustarão suas expectativas para o mercado
A distinção do termo unicórnio para o hall daquelas que atingiriam o valuation de 1 bi fazia alusão à raridade da própria criatura mítica. Acontece que o mundo foi populado por unicórnios.
Venture Capitalists despejaram grandes quantias de dinheiro para fundadores e empresas que nem sempre mereciam a postura que impunham. WeWork, Theranos e FTX são exemplos de unicórnios que, simplesmente, implodiram.
Investidores do Vale do Silício agora relutam em fazer essas apostas de promessas fantásticas, míticas.
O LinkedIn Notícias destaca que “a mensagem que os VCs estão transmitindo às startups sobre o próximo ano é clara: a era do excesso acabou e os fundadores devem deixar de lado seus sonhos de unicórnio e, em vez disso, aspirar a criar cavalos de trabalho robustos que possam sobreviver a tempos difíceis”.
#19 – Uma recessão global talvez seja iminente, mas não tão perigosa
As três maiores economias — Estados Unidos, China e Zona do Euro — estão freando bruscamente, de acordo com o Banco Mundial.
Em respaldo: “A previsão para 2023 se tornou mais sombria”, diz a OMC (Organização Mundial do Comércio); para o FMI (Fundo Monetário Internacional), “o pior está por vir”.
Líderes de negócios concordam: em uma pesquisa na própria plataforma do LinkedIn, 86% dos CEOs preveem uma recessão no horizonte de 12 meses. Entretanto, o mesmo relatório aponta que 58% da amostragem de pesquisa estima que a recessão terá vida curta.
Talvez pelo otimismo de que os bancos centrais irão aliviar o ajuste monetário que vêm fazendo nas taxas de juros, a baixa não deve ser tão perigosa a longo prazo.
#20 – O social commerce veio para ficar
Extremamente popular na China, a compra por meio de redes sociais, ou simplesmente social commerce, começa a expandir suas fronteiras em 2023.
No Brasil, redes sociais como TikTok, YouTube e WhatsApp estão investindo em ferramentas focadas no comércio do país. O objetivo é permitir que o brasileiro realize toda a sua jornada de compra, da busca, ao pagamento, sem sair de seus domínios.
Uma pesquisa da empresa de dados All In revela que 75% dos brasileiros já usam as redes sociais para buscar produtos.
O social commerce muda a forma como o consumidor se relaciona com as marcas. Negligenciar esse movimento parece uma sentença para quem está disposto a olhar de perto as tendências de 2023.
Fonte: G1