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Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 26 de abril de 2022 às 11:04


“Não quero ser o cavaleiro do apocalipse, mas a sociedade vai mudar, assim como mudou com a web 2”, alerta especialista em inovação digital e redes sociais, Juliano Kimura, CEO da Trianons.

Você já parou para pensar em quanta coisa mudou com os empreendedores de aplicativos? E no quanto as redes sociais transformaram as nossas vidas? “Essas mesmas mudanças vão acontecer de novo com a web 3”, prenuncia Juliano Kimura, CEO da Trianons, especialista em inovação digital e redes sociais e autor de “O livro secreto das redes sociais”.

Mais conhecida como a Terceira Onda da Internet, a Web 3.0 é construída sobre os conceitos centrais de descentralização, abertura e maior atuação do usuário e é uma evolução da versão atual, web 2.0. Confira o bate-papo com o especialista em redes sociais, em que falamos sobre blockchain, web 3.0 e o uso saudável das redes.

Como deixar as redes sociais menos tóxicas e aproveitá-las melhor?
Juliano Kimura – As redes sociais são uma espécie de espelho do que as pessoas consomem e usam. Todos os algoritmos notam o que você viu e gostou, e começam a mostrar cada vez mais daquilo. Se as redes sociais, de forma geral, mostram muita violência, provavelmente é porque você viu uma notícia violenta e ele começa a te bombardear com informações parecidas. Se você quiser mudar isso, tem que sair da bolha, procurar páginas em que, por iniciativa própria, você começa a seguir ou interagir. Aí você vai perceber que as redes sociais vão ficar menos tóxicas e mais saudáveis porque será o reflexo de cada uma das escolhas que você está tendo. Essa educação – netiqueta – ainda é algo embrionário. As pessoas precisam ter um pouco mais de educação e fazer um uso consciente da tecnologia. Vilanizar a tecnologia não é a melhor forma. Ela traz coisas tão legais que precisamos aprender a usá-la da melhor forma possível.

Quais dicas você dá para usar as redes sociais de forma saudável de forma pessoal e para o negócio?
JK – São cinco:
1. Existe um botão que quase ninguém usa que é “não quero mais ver coisas sobre isso”. As pessoas usam muito os botões de curtir e os comentários, mas esquecem do não quero ver mais.

2. Se você tem assuntos de mais interesse, comece a frequentar grupos e a se conectar com pessoas que falam sobre o tema para você cultivar essas conexões.

3. Perfeccionismo: se você está na rede, está para se molhar, ou seja, se você publicar algo, esteja preparado para ter pessoas que discordam. Respeitar essa pluralidade de ideias é a coisa mais importante e bonita da internet. Trate as pessoas como você gostaria de ser tratado.

4.  Se você for compartilhar algo, verifique antes os fatos.

5. Não leia só o título. Vá a fundo para tirar as suas próprias conclusões. Não falar bobagem é mais importante do que popularidade.


Qual rede você mais acha interessante?
JK – A rede social de live stream Twitch tem despontado muito. O TikTok ainda está tomando forma. As pessoas que estão lá são aquelas que não encontraram seus lugares nas próprias redes. A rede que mais gosto é a Discord, um aplicativo de bate-papo. As virtudes são o controle, a inteligência por trás, a colaboração e por ser algo realmente criado para a comunidade. Entre as redes populares – LinkedIn, Instagram e Facebook, prefiro o LinkedIn, além do Medium, que é uma rede de conteúdo com altas qualidades, em que as pessoas escrevem artigos. É gostoso ler o que está lá, faz bem.

Em termos de tendências, o que temos? Você já viu uma rede social em blockchain?

JK – Em termos de tendências, está em voga a cultura de descentralização total, que envolve blockchain e web 3. Esse é o fantasminha que está assombrando o que acontece agora. Já vi uma rede social e um site em blockchain. O fantasma consiste em tudo o que está na blockchain virar uma tecnologia que torna sites invioláveis ou incensuráveis.

O que é a tecnologia descentralizada?
JK – É uma base de dados distribuída, ou seja, não existe um banco de dados único. Você pode hospedar algo na blockchain, que é impossível de ser retirado. Uma vez colocado lá, não pode ser retirado. Essa tecnologia emergente tem sido a base do metaverso e da web 3. É uma tecnologia que torna possível um site ser incensurável porque a base de dados existe em milhares de lugares simultaneamente.

É possível editar?
JK – A única pessoa que consegue editar é o proprietário daquela chave. É como se fosse um cofre, em que a pessoa entra lá e edita as informações. As informações são públicas na rede e dá para ver o que foi editado.

Em quanto tempo isso tende a chegar no Brasil?
JK – Isso deve pegar no Brasil em dois anos, pois a mudança está em ritmo acelerado e atingirá o ápice entre sete a dez anos.

Em que isso implica para quem está na rede?
JK – Tendo poder sobre a rede em si, muita coisa vai mudar: sistema financeiro, sistema jurídico, contratos, organizações. Hoje temos um estudo sobre as organizações automatizadas descentralizadas conhecidas como DAO.

Pode dar um exemplo?
JK – Imagine um sistema público que é gerido através de votações e regras, onde os votos são arquivados na blockchain. Por exemplo, essas regras podem ser programadas, ou seja, posso criar uma regra de que uma licitação pública vai passar por votação e, se tiver mais de 60% dos votos, é aprovada e o dinheiro é disparado automaticamente por sistema. E a operação não pode ser revertida. Apertou o botão, já era. Não quero ser o cavaleiro do apocalipse, mas a sociedade vai mudar, assim como mudou com a web 2.

E qual é o nosso desafio?

JK – A tecnologia não pode ser freada. O maior desafio é a educação, a capacitação e a compreensão para tudo isso chegar na massa e ela entender que isso beneficia toda a sociedade. Tudo sem medo. Em um primeiro momento parece um negócio apocalíptico, mas os benefícios da tecnologia para a sociedade são maiores do que os danos.

Fonte: Consumidor Moderno
Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 19 de abril de 2022 às 10:59


Inovações e mudanças de comportamento que já estão guiando a forma como produzimos e consumimos.

Rohit Bhargava é um publicitário famoso por antecipar e apontar as principais tendências do mundo dos negócios. Conhecido como guru das “megatendências”, aquelas que vêm para causar mudanças expressivas no comportamento, e não só surgir e desaparecer logo em seguida, o especialista é fundador da agência Non-Obvious, cujo objetivo é ajudar líderes, organizações e mentes curiosas a conquistarem o futuro. Rohit Bhargava é também autor de oito livros, palestrante sobre disrupção e marketing e professor adjunto na Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos.

Se você é líder, empreendedor ou apenas uma mente curiosa, vale ter atenção ao que o especialista diz. As palestras dele podem render insights sobre novos hábitos de consumo e sobre como as organizações em geral podem agir já e também se preparar para um futuro breve.

No festival de inovação South by Southwest (SXSW), realizado em março de 2022, o publicitário apresentou as “10 tendências não-óbvias” que podem guiar a forma de lidar com negócios. Apesar de a tecnologia se destacar nessas tendências, o ensinamento do palestrante é manter o foco nas pessoas, refletindo sobre como usar as ferramentas da melhor forma. Confira, a seguir, as 10 tendências não-óbvias de Rohit Bhargava.

1. Amplified identity


“À medida que o individualismo aumenta globalmente, as pessoas estão cultivando cuidadosamente como são percebidas online e offline, perseguindo o estrelato e tornando-se vulneráveis a críticas no processo”, explica Rohit Barghava em seu livro Non-Obvious Mega Trends.

Fazendo uma retrospectiva, em 2019 o publicitário mencionava a tendência “Side Quirks”, ou “Particularidades Laterais”, em que explicava a busca de pessoas de todas as idades por algo que as tornasse únicas. O objetivo era ser autêntico, seguir uma paixão e apreciar as diferenças peculiares de cada um.

Assim, pelo lado positivo, o foco maior em si mesmo pode fazer com que pessoas que não tinham voz ganhem mais espaço, seja no ambiente online ou offline. Do lado negativo está o narcisismo ou a mudança na forma como as pessoas nos veem — da maneira como criamos nossas personalidades, especialmente nas diferentes redes sociais.

2. Ungendering

Estamos no tempo de pôr fim aos preconceitos: “os rótulos tradicionais de gênero estão sendo substituídos por uma compreensão mais fluida da identidade de gênero”, diz o publicitário. A ampliação do debate sobre diversidade promove uma reavaliação sobre como vemos os funcionários, clientes e uns aos outros.

Coisas sem gênero passam a não ter gênero na prática, como marcas. Já em relação aos hábitos de consumo, já é possível encontrar roupas, sapatos, acessórios, brinquedos e outros objetos sem gênero.

3. Instant knowledge

Conhecimento instantâneo é a tendência de consumirmos pílulas de conhecimento em vídeos, tutoriais e sites de textos dos mais diversos autores: de pesquisadores renomados a amadores sem embasamento. “Mas corremos o risco de esquecer o valor da maestria e da sabedoria”, alerta Rohit Bhargava. Assim, é fundamental atentar-se à qualidade do conteúdo, sem deixar de ser rápido, divertido e inovador.

4. Revivalism

O avanço da tecnologia trouxe muitos benefícios, mas também vem provocando a busca por experiências mais simples. Este é o “Revivalismo”: as pessoas estão sendo oprimidas pela tecnologia e com a sensação de que a vida, hoje, é superficial e complexa e com saudade de um tempo em que tudo era mais confiável. Produtos que despertem essa sensação são uma boa aposta.

5. Human mode

Mais uma vez, é o excesso de tecnologia que ativa o “Modo Humano” e faz com que as pessoas “busquem e valorizem mais experiências físicas, autênticas e ‘imperfeitas’, projetadas com empatia e entregues por humanos”, destaca Rohit Bhargava.

É papel das marcas criar sempre pensando na experiência do consumidor. Já em 2019, o publicitário apontava a empatia como tendência. “Ela se torna um motor de inovação e receita e um ponto de diferenciação de produtos, serviços, contratações e experiências”, afirma o palestrante.

6. Attention wealth

“Na economia da informação, nossa atenção é nosso recurso mais valioso, levando-nos a ser mais céticos em relação àqueles que nos manipulam para obtê-la e, em vez disso, buscar e confiar naqueles que se comunicam de maneira mais autêntica”, escreve o publicitário em seu livro.

Como consumidores, a saída é consumir conteúdo e serviços que realmente agreguem algum benefício. Já para as marcas, o jeito é fazer valer a atenção do público. Não é possível ignorar, no entanto, que a espetacularização atrai mais olhares.

7. Purposeful profit

Nada de evitar se posicionar para não entrar em polêmicas. Consumidores e funcionários querem e exigem práticas mais sustentáveis e éticas das empresas: esse é o “Propósito Lucrativo”. “As empresas respondem adaptando produtos, assumindo posições sobre questões e colocando o propósito em primeiro lugar”, pontua Rohit Bhargava. As empresas precisam mostrar seus valores — e praticá-los.

8. Data abundance

A coleta de informações hoje é tão intensa que acaba gerando uma poluição de dados. É possível obter inúmeros deles de diversas maneiras, mas o mais importante é saber o que fazer com essas informações. As questões levantadas pelo publicitário são: quem possui os dados, como torná-los realmente úteis e quem deve lucrar com eles?

O rumo é: separar o que é proveitoso daquilo que é simplesmente ruído. E, para isso, é preciso fazer as perguntas certas na hora de coletar esses dados, para assim obter os melhores insights.

9. Protective tech

Tecnologia de proteção é aquela que prevê situações e protege as pessoas, tornando a vida mais conveniente. As pessoas contam com isso para se sentirem mais seguras no mundo, mas precisam ceder um pouco da privacidade para isso. Exemplos de uso da tecnologia protetiva são os avisos de limite excedido do cartão de crédito, possíveis fraudes, prevenção de acidentes, rastreamento de bens etc.

10. Flux commerce

A décima tendência apresentada por Rohit Barghava é o comércio de fluxo. Nela, a linha que separa os setores se desgasta, levando à mudança dos modelos de negócios, canais de distribuição, expectativas dos consumidores e até mesmo da própria inovação. As empresas estão expandindo seus negócios e explorando novos mercados, em que não costumavam atuar, e obtendo novas receitas.

Fonte: Consumidor Moderno