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Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 24 de agosto de 2021 às 11:03


Venda de produtos ou segmentos específicos têm seus desafios, mas também potenciais.

Com características diferentes de outros tipos de mercados, o e-commerce de nicho é uma prática que pode estar suscetível a diversas mudanças, mas também é visto como potencial em meio a tamanha quantidade de opções existentes na internet.

Profissionais da área afirmam: hoje, é possível vender de tudo na rede, por mais específico que um produto ou serviço seja. Para isso, é preciso especialização e saber como encontrar o cliente certo na hora certa.


A venda de nicho na internet

“Se perguntarmos o que não será vendido pela Internet a resposta será: tudo será vendido pela Internet. O que acontece é que alguns mercados ainda não foram totalmente explorados online”, afirma Paulo Schwarz, em artigo. O empresário é CEO e fundador da Parafuso Fácil, um e-commerce que vende parafusos pela internet. Mais nichado que isso, pode até existir, mas para o líder qualquer coisa pode ser vendida no mundo online.

“A grande verdade é que seja o que for que você quiser vender na Internet sempre terá alguém disposto a comprar. Basta saber como vender e principalmente descobrir como chegar até essa pessoa”.

Quando se fala em nicho, é possível falar tanto sobre produtos quanto sobre segmentos específicos. No primeiro caso, a empresa é especializada em vender opções de um mesmo elemento, enquanto no segundo, comercializa opções de um mesmo segmento, mas ainda de maneira específica. É o caso do Elo7. A empresa é um marketplace referência de vendas de nicho no Brasil. Isso porque, reúne em um só local inúmeros produtos do segmento de artesanato e trabalhos manuais.

“O Elo7 trabalha com o nicho de trabalhos manuais e no site um cliente pode encontrar os mais diversos tipos de produtos que se encaixam nesse segmento. Um dos nossos maiores potenciais é exatamente trabalhar com esse nicho, pois as pessoas ao procurarem algo feito manualmente, esperam algo único e personalizado, o que conseguimos atender. Não é sobre comprar uma almofada com foto, é sobre ser a foto dela, de seu familiar, de seu cachorro”, afirma Carlos Curioni, CEO do Elo7.

Segundo ele, as vendas de nicho pela internet têm seus desafios, mas também seus potenciais. “O mercado de nicho na internet vem ganhando cada vez mais força, até porque as pessoas também estão comprando mais no online. Muitas vezes, ao precisar de algo muito específico, era preciso sair em busca daquilo e com a internet isso mudou”.

Paulo Schwarz também afirma que o nicho no mundo online ainda tem muito a crescer, além de ter inúmeros potenciais de destaque. “Se um empresário decide estruturar um e-commerce de roupas, com quantos outros e-commerces ele irá competir? Agora, caso esse mesmo empresário estruture sua loja online para ser especializada apenas nas vendas de camisetas com estampas de animais, com quantos outros e-commerces ele irá concorrer?”.


Potencial do e-commerce de nicho

Para o CEO do Elo7, o e-commerce de nicho consegue atrair as pessoas certas. Isso porque, ao se tornar especializado naquilo, consegue entender exatamente as necessidades daquele público e construir suas estratégias e o próprio site da melhor maneira para seus consumidores.

“Outro ponto muito positivo é que quando você se torna especializado naquele produto ou segmento, as pessoas começam a reconhecer o e-commerce como referência naquela venda e para de procurar em outros lugares. Para que fazer isso, se ela consegue encontrar o que precisa naquele site que só vendo aquilo?”.

Callebe Mendes, é CEO da Zapay, uma empresa especializada em pagamento de dívidas de automóveis, um serviço bastante nichado e específico. Segundo ele, o setor de serviços também precisa observar o potencial do nicho, principalmente considerando essa especialização em algo específico. “Acredito que um dos pontos positivos de oferecer um serviço de forma segmentada, como no nosso caso, é o alto conhecimento do mercado de atuação. Você se torna referência no assunto e passa a ser um ponto de credibilidade, onde o consumidor associa sua marca ao serviço que você oferece”, diz o profissional.

Segundo ele, no setor de serviços é possível notar um consumidor cada vez mais exigente e esse conhecimento especializado em um nicho pode ser um diferencial importante. Isso porque clientes antigos lembrarão do seu serviço quando precisarem e os novos já terão um histórico para analisar de algo bastante específico, que demonstra mais conhecimento naquela questão.


Baixa nas vendas?

Quando se fala em vender um tipo de produto específico ou dentro de um segmento só, é preciso, de acordo com os profissionais, levar em consideração a suscetibilidade do negócio. Alguns nichos podem sofrer mais com as mudanças sazonais do que outros, mas, de maneira geral, todos precisam se preparar para os momentos de baixa temporada.

Encontrar formas de adaptação e criar estímulos de compra com o público já bem conhecido é um dos pontos principais. Para Callebe Mendes, momentos de baixa existem e é preciso buscar alternativas principalmente no público e oferecer produtos ou serviços cada vez mais especializados e de qualidade.

Durante a pandemia, a Zapay, decidiu expandir seu público sem abrir mão do seu nicho de atuação. “Não ficamos esperando o mercado que tínhamos contato precisar parcelar para que pudéssemos crescer, expandimos nossos canais de distribuição. Nesse período fechamos parcerias com grandes players do mercado, investimos em inovação, criamos novas maneiras de distribuição. Estamos conseguindo alcançar uma base de clientes muito grande em pouco tempo e estamos usando-a para alavancar a empresa”.

De acordo com sua experiência, Paulo Schwarz, da Parafuso Fácil, afirma que um dos pontos mais importantes para se manter relevante mesmo em momentos de poucas vendas é saber utilizar a internet a seu favor. “O primeiro passo é conhecer bem o produto que você vai vender. Faça algo dentro do mercado que já conhece. O segundo passo é a pesquisa. A Internet não possibilita apenas as vendas, mas também uma grande oportunidade para realizar pesquisas e entrar em contato com informações que antes não seriam de fácil acesso”.

O terceiro passo, para ele, é o contato com o público. “E isso não é somente na comunicação e marketing, mas também na usabilidade da plataforma. Busque criar uma plataforma simples e que possa ser encontrada. Organize o SEO do seu site. Mantenha suas redes sociais com publicações constantes. Converse com o seu público”, aconselha Paulo Schwarz.

De maneira geral, todos os profissionais concordam em um ponto importante: o e-commerce de nicho precisa utilizar a internet e suas ferramentas a seu favor para se manter sempre relevante e construir sua imagem de referência, o que trará frutos por mais tempo.

Fonte: Novarejo
Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 17 de agosto de 2021 às 11:10

Número de medalhas conquistadas em Tóquio mostra que somos uma potência olímpica; mas será que somos uma potência esportiva?

Continuamos a falar sobre Olimpíadas. Uma semana após o encerramento dos Jogos em que ficamos na 12ª posição no ranking de medalhas, nossa melhor marca na história, tivemos tempo de parar e refletir sobre essas medalhas e colocações. Parar para respirar nos permite deixar a emoção de lado e organizarmos as ideias de forma a extrair os pontos positivos e negativos dos acontecimentos.

O primeiro aspecto que quero trazer é uma referência a um artigo do Djan Madruga, nadador e medalhista olímpico de 1980. Ele comenta que, com o bom número de medalhas conquistadas pelo Brasil, talvez possamos nos considerar uma potência olímpica. Mas ele completa: estamos distantes de sermos uma potência esportiva.

Não poderia concordar mais. Como vimos na coluna da semana passada, somos um país que está se afirmando como forte competidor e conquistador de medalhas olímpicas em alguns esportes, notadamente judô, natação, atletismo (em pequena escala), futebol (o que não chega a ser animador, nem uma grande vantagem olímpica) vela e vôlei de quadra e praia.

Com altos e baixos normais, são esses os esportes que nos ajudam a garantir medalhas na maioria dos Jogos Olímpicos. Talvez seja possível sonhar com a possibilidade de a canoagem e a ginástica artística se juntarem a esse seleto grupo, mostrando uma evolução importante. Mas ficamos nisso.

Se as Olimpíadas possuem 33 modalidades, nos limitamos a seis e com potencial de mais duas, além dos novatos surfe e skate. No melhor cenário teremos dez modalidades com boas chances de performance, contando com os outsiders usuais, como já foram o tiro e o tae-kwon-do.
Isso nos possibilita, a médio prazo, chegarmos à marca de 30 medalhas, igualando ou mesmo superando países como Itália, França, Alemanha e Holanda, se conquistarmos mais de 10 medalhas de ouro.

Mas o que isso significa em termos de desenvolvimento esportivo efetivo? Talvez um estímulo logo após os Jogos, mas nada muito além disso. E o que precisamos para ir além de sermos uma potência olímpica e virarmos uma potência esportiva? Investimento.

Aqui entra a grande questão. Projetos olímpicos são projetos de Estado. Projetos olímpicos vivem do dinheiro público, direta ou indiretamente. Seja através da Bolsa Atleta, dos recursos das loterias (meio estatal, meio das pessoas) ou dos investimentos das Forças Armadas, a parcela de dinheiro aportada pelo Estado no desenvolvimento do esporte é grande.

É ela a grande responsável por conquistas olímpicas. Apoiada por dinheiro supostamente privado, mas que, em grande parte, tem origem na Lei 11.438/06. Dinheiro privado com característica pública. Segundo relatório do Ministério da Cidadania, os valores aplicados aos projetos originados pela lei foram os seguintes (corrigidos pelo IPCA):

Esses recursos são direcionados a três blocos de projetos: de educação, de participação e de rendimento (atletas efetivamente olímpicos).

Em 2020, foram apresentados 1.421 projetos, sendo 616 (43%) educacionais, 288 (20%) de participação e 517 de rendimento (37%). E, dentro dos esportes atendidos, o que mais recebe é o futebol, seguido de vôlei, atletismo, basquete, judô, natação, tênis e handebol.

Note, portanto, que o dinheiro privado de origem pública destina sua maior parcela para os esportes que já são, em sua grande maioria, os responsáveis pelo melhor desempenho olímpico. E o que mais recebe é o futebol. No mesmo relatório, há indicação que foram executados efetivamente 184 projetos, sendo apenas um na região Norte, três na região Centro-Oeste, 10 na região Nordeste, 34 na região Sul e 136 no Sudeste.

Como em 2020 foram destinados R$ 280 milhões a partir da Lei de Incentivo, podemos então comparar com os recursos vindos da Bolsa Atleta (R$ 145 milhões), os recursos da lei 13.756 (antiga Agnelo-Piva) (R$ 293 milhões) e chegamos a R$ 718 milhões no ano passado.

Onde está o problema? O problema está em considerarmos os Jogos Olímpicos como referência, especialmente em relação ao número de medalhas. Daí, o que mais importa é ser potência olímpica e não potência esportiva.

Por exemplo, precisamos medir de forma eficiente o uso dos recursos que estão sendo direcionados ao esporte. E aqui começam perguntas e provocações.
Temos um órgão centralizado com KPIs claros e medidos de tempos em tempos? Não para o alto rendimento, mas para a formação básica de atletas?
Temos metas claras e comparativas com as grandes potências esportivas e que nos permitam avaliar se os investimentos estão nos fazendo aproximar dessas potências?
Temos a clareza de que o investimento e incentivo ao esporte precisa ser uma política público-privada e cujo objetivo seria a formação de cidadãos, o desenvolvimento educacional e, apenas para aqueles que se destacarem e forem muito acima da média, atividade de alto desempenho?

Não consigo responder essas perguntas. Mas consigo dizer que o Brasil precisa de um norte para o desenvolvimento do esporte no país.

O país precisa entender que através dele e de projetos de captação são formados as Rebecas Andrades, as Bias Ferreiras, os Herberts Conceição, e que precisamos ampliar projetos que sejam capazes de encontrá-los.

Não para que sejam medalhistas, mas para que possam ganhar uma oportunidade de associar a prática esportiva ao estudo de qualidade. Dessa seleção sairão os medalhistas.

E precisamos cuidar do pós-quadra. Quando o físico não dá mais conta, os atletas estão prontos a seguirem com suas vidas? Precisamos tratar disso. Cabe à iniciativa privada ir além do uso das leis de incentivo e criar modelos de desenvolvimento esportivo cuja visão vá além dos Jogos Olímpicos.

Num país que vive um boom de startups, fintechs, sportechs, gente desenvolvendo modelos de todas as espécies, está na hora de aportar todo esse conhecimento no esporte. Não é pelas medalhas, é pelo desenvolvimento do país.

Fonte: Infomoney