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Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 26 de janeiro de 2021 às 10:14


Muitos hábitos de consumo mudaram em 2020. Com a pandemia do coronavírus, adaptação foi a palavra-chave que moldou os hábitos da população que, diante de um cenário de angústia e ansiedade, procurou por meios confortáveis e seguros de viver. Para as empresas, é essencial acompanhar os desejos do consumidor, para que juntos, ambos consolidem um futuro positivo. A Euromonitor realizou sua pesquisa anual em mais de cem países, e listou as dez tendências globais de consumo para este ano. A pesquisa trouxe resultados desde a digitalização das empresas, aos hábitos de bem-estar dos consumidores.


1. Reconstruir melhor
Além dos lucros, os consumidores acreditam que as empresas devem olhar para a saúde da sociedade e do meio ambiente, não apenas utilizando menos plástico, como era a prioridade para os consumidores antes da pandemia. Os consumidores vêem com bons olhos como as empresas se posicionam com a saúde e o bem-estar dos funcionários, assim como o auxílio que dão às comunidades locais. O ativismo de marcas se voltou para o social e as empresas que se dedicarem em uma produção mais verde e apoiarem seus funcionários, terão um retorno positivo da população, e logo, financeiramente.


2. Desejo por conveniência
O planejamento de saídas para compras aumentou. Afinal, sair de casa se tornou um risco de contaminação. Assim, o agendamento de atividades cresceu, não só para reservas em restaurantes, mas também em lojas, academias e eventos sociais. As compras e agendamentos online unem conveniência e segurança aos consumidores. Mas, dependendo da faixa etária, a aceitação tecnológica varia. Assim, empresas devem se adaptar ao perfil de seus consumidores, que sentem falta das conveniências das lojas físicas, e da liberdade de visitar as lojas a qualquer momento.

Para manter uma experiência “normal” ao visitar restaurantes e lojas, como antes da pandemia, tais locais dispõem de códigos QR para um atendimento mais rápido e sem interação física, mas ainda assim dentro do ambiente. Locais que prezam por segurança, e que proporcionem uma experiência de compra agradável ao consumidor, terão prioridade na escolha dos clientes.


3. Oásis ao ar livre
Aos que puderam trabalhar de casa e desembolsar um aluguel a mais, consideraram sair das áreas populosas para morarem nas zonas rurais. Os “oásis ao ar livre” vieram não só como uma solução diante dos riscos sanitários, mas também com fins recreativos, com foco na saúde física e mental. “Este cenário vem sendo aceito cada vez mais, e pode se consolidar com a maior abrangência do trabalho remoto”, segundo a pesquisa. Dados da Euromonitor revelam que 64% dos profissionais acreditam que o home office será permanente, já que mais da metade (52%) dos consumidores se deslocavam para o local de trabalho por pelo menos 5 dias da semana no início de 2020.

Empresas saíram das salas de reuniões para promoverem atividades ao ar livre. Assim como restaurantes, cinemas e academias, buscam espaços abertos ou verdes para atenderem seus clientes, que atraem não só pela segurança, como também pela estética.


4. Realidade Figital
O modelo híbrido da união do mundo físico com o digital foi incorporado por diversos segmentos, como a moda com seus desfiles online, no trabalho com reuniões remotas, e o entretenimento, com realidade aumentada e realidade virtual em shows e jogos. Com smartphones, é possível realizar diversas interações sociais como as que aconteciam na realidade física. O comércio digital por meio de smartphones vem crescendo e tomando lugar, aos poucos, das compras feitas por PCs. Crescimento de marketplaces e entregas rápidas, geram uma experiência positiva ao consumidor, que acaba aderindo às compras online.


5. Otimizando o tempo
Segundo a Euromonitor, os consumidores precisam pôr na balança quais atividades são mais importantes para serem realizadas. Assim, cabe às empresas proporem soluções para atender os desejos do consumidor e otimizar o tempo. Algumas dessas propostas são: flexibilidade no atendimento e serviços próximos às casas dos clientes. Em comparação à 2017, dentre as três principais prioridades dos consumidores, ter “tempo para atividades pessoais” saltou de 22% para 51% em 2020. Com isso, as jornadas de trabalho tendem a ser mais flexíveis, e empresas terão que se adaptar aos serviços com 24 horas de disponibilidade.


6. Inquietos e rebeldes
A má comunicação, junto à desinformação são fatores que desgastam os consumidores. Aliado a isto, está a desconfiança aos líderes políticos, que cresceu, e governos vêm sendo atacados cada vez mais. Nos Estados Unidos, 17% dos entrevistados afirmam confiar no governo, já no Chile, este número é de apenas 5%. Para os próximos cinco anos, os entrevistados vêem as mudanças climáticas, os perigos do mundo, e conflitos políticos como fatores que afetarão suas projeções pessoais. 

Enquanto as redes sociais são um meio de divulgação de informações verdadeiras e falsas, as empresas precisam focar em propagandas em seus sites, que não façam parte de redes negativas, para que não percam a confiança e credibilidade dos consumidores. Segundo a Euromonitor, em 2020, 37% dos consumidores compartilharam seus dados com empresas para receberem ofertas personalizadas.


7. Obsessão por segurança
Álcool em gel e máscara de proteção se tornaram itens essenciais em 2020. Na América Latina, quase 40% da população higieniza as mãos pelo menos cinco vezes ao dia. Assim, consumidores esperam que não somente eles estejam precavidos e seguros, mas que as empresas garantam que os receberão com segurança. Além disso, pagamentos sem contato se tornaram essenciais nos últimos tempos. Segundo a Euromonitor, pelo menos 20% dos consumidores pagam suas compras através do celular diariamente, e 44% dos consumidores aceitariam receber suas compras em casa por um drone ou robô.


8. Abalados e reflexivos
O bem-estar se tornou uma prioridade na vida das pessoas. Segundo a pesquisa, para os consumidores, ter uma “boa saúde” significa o bem-estar psicológico (65%), seguido por uma boa disposição (61%), uma boa noite de sono e ausência de doenças (60%), e um peso saudável (59%). Para eles, a depressão e a saúde mental possuem um impacto moderado ou grave em suas vidas. Assim, as pessoas estão buscando cada vez mais especialistas para identificarem suas dificuldades psicológicas. A demanda por produtos que desenvolvam habilidades manuais também cresceu, assim artesanatos, cursos onlines, instrumentos musicais e até brinquedos e games vêm sendo grandes alvos de compras.


9. A ordem é pechinchar
Os gastos com supérfluos diminuíram devido às incertezas na economia. Segundo a pesquisa, 49% dos consumidores pretendiam, no início do ano passado, economizar mais durante o ano. Assim, as empresas precisam se adaptar em oferecer produtos de qualidade com um valor acessível. Comprar agora e pagar depois vêm sendo um modelo útil às marcas, já que menos pessoas saem de casa e podem testar os produtos. Além disso, as marcas estão oferecendo descontos em produtos considerados supérfluos, para que atraiam os compradores moderados, e aumentem seus lucros no curto prazo.


10. Novos espaços de trabalho
Não foram só os escritórios que mudaram em 2020, além do ambiente, o vestuário, os gastos com tecnologia e os hábitos alimentares foram influenciados pelo home office. Para controlarem o tempo de início e fim da jornada de trabalho dentro de casa, as empresas precisam apoiar os funcionários, atendendo as necessidades de produtividade e comunicação, assim como incentivar melhores práticas no home office.

A ida a um restaurante durante a pausa para o almoço, uma reunião em um café perto do escritório, pendências a serem resolvidas no horário do almoço foram eliminadas durante a pandemia. Consumidores estão gastando mais para simularem estas experiências dentro de suas casas, e cabe às empresas se adaptarem em modelos que funcionem nesta rotina.

A mudança dos escritórios para casa trouxeram diversas mudanças nos hábitos de consumo.

Repensando o futuro

Os consumidores se tornaram exigentes, ansiosos e criativos. Para 2021, as empresas precisam se adaptar para oferecer soluções acessíveis, com uma remodelação dos espaços físicos, focando áreas externas e verdes, e em sistemas online de pedidos, que garantam a segurança dos clientes.

Experiências virtuais facilitam a vida dos consumidores, assim, as tecnologias como códigos QR para a leitura de cardápios em restaurantes, pagamentos sem contato, e serviços de click and collect geram segurança e conveniência que os consumidores desejam. Porém, nem só o distanciamento social é exigido, é necessário manter uma comunicação empática e apoio ao bem-estar psicológico das pessoas através dos meios digitais. Refletir os anseios dos consumidores em produtos e serviços, é uma forma de garantir a fidelização destes.

Fonte: Exame
Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 19 de janeiro de 2021 às 09:26
Fragilidade, ansiedade, não-linearidade, incompreensão: os atributos-chave do mundo onde você vive hoje.

Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…


MUNDO BANI

O que é: Mundo BANI, acrônimo em inglês de Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible, e aportuguesado para FANI (Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível), é a evolução do Mundo VUCA (“volátil, incerto, complexo e ambíguo”, na tradução para o português).

O conceito passou a ser usado com força em 2020 para descrever o panorama mundial com base nas mudanças trazidas pela pandemia, o “antigo” Mundo VUCA acabou ficando datado em meio a tantas transformações.

“Esse cenário de incertezas trazido pela Covid, somado a todas as limitações do mundo físico, forçou um crescimento exponencial do mundo digital como caminho para encontrarmos soluções”, diz Paula Costa, responsável pela área de Marketing e Pessoas da Vimer e professora de Inteligência de Mercado aplicada ao Varejo Ominichanel no MBA da ESPM. “Com o mundo cada vez mais conectado, o VUCA começou a ficar obsoleto, a não ser mais suficiente para descrever toda essa aceleração de cenário e transformações que estamos vivendo a cada segundo.”


Características:

B, de frágil (brittle):
Enquanto no Mundo VUCA impera a volatilidade, no Mundo BANI essa característica atingiu tal extremo que todas as nossas construções passam a ser frágeis, ou seja, suscetíveis a falhas.
“A fragilidade geralmente surge de esforços para maximizar a eficiência, para extrair até a última gota de valor, dinheiro, energia, comida, trabalho, de um sistema”, afirma Jamais Cascio, criador do termo BANI (saiba mais no item “quem inventou”). Para o futurologista baseado na Califórnia, o fato de vivermos num mundo conectado faz com que fragilidades que antes eram limitadas regionalmente repercutam em efeito cascata por todo o planeta — vide o coronavírus.
No dia a dia, esse risco se reflete na segurança alimentar, em empregos que podem ser perdidos do dia para a noite, em empresas que podem ruir a qualquer momento e em mudanças na lógica de mercado.

A, de Ansioso:
Como consequência, as incertezas, típicas do VUCA, aumentaram a tal ponto que se transformam em uma ansiedade sem fim, uma sensação constante de impotência.
Todo mundo passou a viver um pouco na pele a “doença do século 21”, com medo do que vai acontecer e de que as coisas vão dar errado independentemente do que façamos.
“Um mundo ansioso é aquele […] onde todo dia apertamos F5 para atualizar as notícias e descobrir o próximo fato chocante”.

N, de Não-linear:
O que era complexo, por sua vez, se tornou não-linear. “O sistema de causas e consequências passaram a ser desconectados ou desproporcionais”, diz Paula Costa, da ESPM. “Quando imaginaríamos que um acontecimento na China poderia paralisar todo o mundo , o que a gente faz e a forma como a gente vive?”
Conforme destaca Cascio em seu artigo, o “conceito de ‘achatar a curva’ é inerentemente uma guerra contra a não linearidade. A questão climática é outro problema não-linear. Vemos ao nosso redor, com intensidade e frequência crescentes, exemplos do impactos das mudanças climáticas induzidas pelo aquecimento global… E mal subimos um grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais”.

I, de Incompreensível:
A ideia de ambiguidade do Mundo VUCA deu lugar, no Mundo BANI, à noção de incompreensível. Segundo a professora da ESPM, antes não sabíamos distinguir se uma coisa era A ou B; agora, com o excesso de informações, não sabemos mais nada — estamos constantemente sem respostas.
Quantas vezes nesse período pandêmico não recebemos uma sobrecarga de informações diferentes, com frequência contraditórias, e ficamos perdidos, sem saber como agir? “Nunca tivemos tanto acesso a dados e informações, mas estamos em crise com nossa capacidade de analisar esses dados e transformar tudo isso em conhecimento e ações”, afirma Paula.

A incompreensibilidade, diz Jamais Cascio, parece ser “intrínseca ao tipo de sistema de aprendizado de inteligência artificial que estamos começando a construir. À medida que nossas AIs se tornam mais complicadas, aprendemos mais e fazemos mais, mais difícil se torna entender precisamente como elas tomam suas decisões.”

Quem inventou e quando: O termo BANI foi apresentado pelo antropólogo e futurologista norte-americano Jamais Cascio, em 2018, durante um evento no Institute For The Future (IFTF). Em abril de 2020, ele publicou um artigo no Medium intitulado Facing the age of Chaos (acesse o texto abaixo, no item “Para saber mais”) em que destaca que vivemos uma era que rejeita a estrutura de forma intensa, quase violenta.

“Não é uma simples instabilidade, é uma realidade que parece resistir aos esforços para entender o que diabos está acontecendo”, escreveu Cascio. “Este momento atual de caos político, desastres climáticos e pandemia global demonstra vividamente a necessidade de uma forma de dar sentido ao mundo, a necessidade de um novo método ou ferramenta para entender as formas que essa era de caos vai tomar. Os métodos que desenvolvemos ao longo dos anos para reconhecer e responder às interrupções comuns são cada vez mais inadequados quando o mundo parece estar desmoronando.”


Para que serve: Para empresas e pessoas entenderem e conseguirem reagir rapidamente a mudanças cada vez mais dinâmicas e voláteis.

De acordo com Jamais Cascio, o conceito BANI oferece uma lente para entender o que está acontecendo no mundo e trazer respostas sobre como agir. Ele destaca:

“A fragilidade pode ser enfrentada por capacidade e resiliência; a ansiedade pode ser aliviada por empatia e atenção plena; a não linearidade necessitaria de contexto e flexibilidade; a incompreensibilidade pede transparência e intuição. Essas podem muito bem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de que respostas possam ser encontradas”

Além de resiliência, empatia, atenção plena e flexibilidade, mencionadas por Jamais Cascio como características necessárias para enfrentar os desafios trazidos pelo Mundo BANI, Paula Costa destaca o propósito e a humanização:

“Entre hoje e amanhã, podemos precisar mudar tudo completamente… Mas nossa essência, aquele famoso motivo para acordarmos todos os dias, precisa estar muito clara. Também precisamos nos apegar às características que nos tornam humanos, como o autoconhecimento, a sensibilidade, o poder de conexão – até como um contraponto a essa acelerada digitalização.”


Efeitos colaterais: A professora diz ter uma visão otimista. Ela acredita que a ansiedade trazida pelo Mundo BANI pode ser um estímulo para a ação e a queda de modelos que já não fazem mais sentido. “Com toda a desestruturação que o BANI causa, ele abre a oportunidade de a sociedade revisar suas estruturas que estão falidas e criar um mundo novo.”

Para ela, o Mundo BANI também traz um princípio de maior igualdade:
“Ninguém está em vantagem em um cenário de mudanças constantes, em que todo mundo precisa aprender a reagir e a viver [de forma] diferente todos os dias”, afirma. “Não necessariamente o mais forte ou o mais poderoso vai ter a resposta, mas aquele que estiver mais antenado em todos esses movimentos do BANI.”

Qual será a próxima terminologia para classificar o mundo? O termo VUCA foi criado na década de 1980, mas só ganhou repercussão nos anos 2000. O BANI, por sua vez, surgiu em 2018 e foi disseminado em 2020. Assim, seria lógico questionar se já não existe um outro conceito em construção para o que está por vir. É o que afirma a professora Paula, da ESPM:

“Não temos ainda um novo termo, mas a mudança não vai parar por aqui. Tem muita gente vivendo a pandemia como se fosse uma fenda no tempo, como se todo esse cenário fosse terminar da noite para o dia junto com a vacina… É muito importante entender que esses movimentos que a pandemia acelerou não têm mais volta”.

Ela acredita que vamos continuar adotando novas tecnologias para a evolução de nossos processos — sem deixar de ressignificar e dar mais espaço a tudo que nos faz mais humanos.

“As empresa vão passar a enxergar mais seus consumidores e seus funcionários. Já estamos vendo isso com o surgimento de novos profissionais especializados em garantir a diversidade e a saúde mental dos times”, diz Paula. “Como pessoas, acho que vamos resgatar e buscar mais da nossa essência para entender nossos valores e propósitos e, principalmente, como eles se relacionam com nossa força de trabalho, direcionamento de consumo e impacto social.”

Fonte: Projeto Draft