Notícias


Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 24 de outubro de 2023 às 10:02


Com a multiplicação das redes sociais, a tradicional "venda porta a porta" se transformou na "venda clique a clique".

Fernanda Bittencourt, de 33 anos, era advogada num escritório de advocacia no Rio de Janeiro quando começou a pandemia. Na hora do almoço, sempre aproveitava o tempo livre para percorrer grandes magazines em busca de pechinchas para compor os looks da moda. Depois postava as dicas de compras para os seguidores do seu Instagram, o “achadinhos na hora do almoço”.

Quando veio a pandemia e o trabalho remoto, ela teve mais tempo para se dedicar a esse hobby. Na época, uma seguidora lhe deu a dica que havia um programa da Renner e que ela poderia ganhar dinheiro com isso. “A primeira vez que coloquei um link parametrizado na plataforma tomei um susto”, conta Fernanda. Ela não tinha ideia da sua influência sobre os seguidores na venda dos itens.

Daí em diante sua vida mudou, largou o escritório de advocacia e passou a se dedicar ao garimpo remunerado de itens de moda, cosméticos e artigos para casa. “Vendo mais de R$ 1 milhão para marcas parceiras em um mês por meio de programas de afiliados e as comissões (recebidas das varejistas) variam de 0,6% a 13%”, diz advogada, que atua para dez varejistas e tem 349 mil seguidores nas redes sociais Instagram, TikTok, WhatsApp.

O sucesso de Fernanda com as redes sociais faz parte de um movimento que não para de crescer no Brasil, com o avanço da internet e a popularização dos smartphones. Do outro lado, a disparada do custo de aquisição de novos clientes para o e-commerce tem levado redes de varejo a apostar nas vendas por meio de influenciadores digitais.


Venda ‘clique a clique’

Batizado de marketing de afiliados, essa estratégia começou no final dos anos 1990. Ela remete ao antigo modelo do vendedor ambulante ou representante comercial, que ganhava uma comissão sobre cada negócio fechado.

Com a multiplicação das redes sociais, a tradicional “venda porta a porta” se transformou na “venda clique a clique”. E o isolamento social imposto pela pandemia turbinou esse canal de vendas, que só tem aumentado desde então.

De acordo com a plataforma Glassdoor, a renda média de um profissional que atua somente com marketing de afiliados no Brasil é de R$ 8.731, mas pode variar entre R$ 195 e R$ 17.267 ao mês.

A investida das redes varejistas nos influenciadores cresceu nos últimos cinco anos por causa do aumentos do custo de marketing para conquistar novos clientes via mídias digitais. “Nos últimos anos, o Custo de Aquisição de Clientes (CAC) só aumentou e tem inviabilizado muitas operações de e-commerce e marketplace”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra. Ele calcula que o CAC chega a representar, em alguns casos, de 15% a 20% do faturamento do e-commerce.

Por isso, as varejistas têm buscado outras alternativas, como aumentar a frequência de compras dos clientes já conquistados ou adquirir novos por meio do marketing de afiliados. Neste caso, a comissão paga é inferior às despesas com as mídias tradicionais.

Bruno Peres, professor de marketing digital da ESPM, frisa que o marketing de afiliados não é algo novo. Surgiu nos anos 1990 nos Estados Unidos com a Amazon, e no Brasil com o Submarino. E está crescendo de forma mais acelerada porque hoje há um número maior de brasileiros em contato com o mundo digital.


Varejo

No Brasil, o Magazine Luiza, por exemplo, atua nesse nicho há 12 anos. O Parceiro Magalu Divulgador tem hoje mais 280 mil pessoas que vendem anualmente na plataforma e recebem uma comissão que varia entre 2% e 12% pelos negócios fechados, dependendo do tipo de produto. “A gente abrange desde a pessoa analógica até o público de afiliados tradicionais, como publisher, site comparador de preços, players mais digitalizados e mais recentemente o mercado de vendas diretas de influenciadores”, diz Kaio Caldas, gerente do Parceiro Magalu Divulgador.

A Renner tem um programa de marketing de afiliados desde 2020. A ideia é “se conectar com os clientes de maneira próxima e autêntica’, diz Maria Cristina Merçon, diretora de Marketing Corporativo da companhia.

Fonte: Mercado & Consumo
Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 24 de outubro de 2023 às 09:47


Crescimento do varejo de segunda mão está na moda, com expectativas de faturar US$ 300 bilhões, com impacto da compra e venda de produtos usados no mercado fashion.

A forma de lidar com as roupas tem passado por uma reformulação, e as vendas de segunda mão têm se tornado cada vez mais comuns entre os consumidores do varejo. A compra e venda de produtos usados têm impactos na indústria da moda, e a tendência é que haja um avanço no varejo de segunda mão. Os fatores que levam os clientes a optarem por esse formato de compras vão desde um melhor custo-benefício à repaginação com itens seminovos.

A tendência é que o varejo de segunda mão avance junto com essas novas preferências do público. Segundo o Relatório de Revenda da ThredUp, o mercado global de segunda mão deve quase dobrar até 2027 e chegar aos US$ 350 bilhões. A expectativa é que haja um crescimento três vezes mais rápido que a média do mercado global de vestuário em geral. Vale lembrar que, em 2022, o segmento cresceu 28%, com um faturamento de US$ 177 bilhões.

Nos Estados Unidos, expectativas são de crescimento para o varejo de segunda mão

Em 2022, 52% dos consumidores compraram roupas de segunda mão nos Estados Unidos.  Além disso, por lá a revenda cresceu cinco vezes mais que o setor varejista de roupas em geral no ano passado e alcançou US$ 39 bilhões. O estudo mostra que um a cada três itens adquiridos nos últimos 12 meses foi de segunda mão. O esperado é que, em 2023, a compra e venda de produtos usados no varejo tenha evolução acelerada em 2023, crescendo 26%, e continue impulsionando em 2024, crescendo 33%.

Só nos Estados Unidos, segundo o relatório da ThredUp, a expectativa é que o mercado de segunda mão alcance US$ 70 bilhões até 2027, diante da forte trajetória de crescimento que mantém. Para 2027, estima-se que esse crescimento seja de nove vezes maior que o varejo mais amplo do setor de vestuário.

A revenda online é o setor de crescimento mais rápido, e espera-se que nos EUA ela aumente 21% ao ano até 2027, atingindo US$ 38 bilhões e crescendo duas vezes mais rápido do que de segunda mão em geral.


Os motivos que levam os consumidores às compras de segunda mão

A inflação é um dos motivos que levam o consumidor a optar por comprar roupas de segunda mão. 94% deles se dizem preocupados com o impacto do aumento dos preços em suas finanças no dia a dia, e 38% estão extremamente preocupados. 37% dos consumidores gastaram uma proporção maior de seu orçamento de vestuário em produtos de segunda mão do que no ano passado, e 63% aumentaram seus gastos na compra e venda de produtos usados como forma de driblar a inflação. Outros 42% dizem que os usados se tornaram mais acessíveis.


Geração Z e o aumento e o aumento nas revendas

Outro ponto mostrado pelo relatório é que alguns consumidores optam por comprar de segunda mão para pagar mais barato em marcas mais sofisticadas, e 30% são da geração Z. Além disso, os Zoomers foram 58% dos consumidores que compraram vestuário de segunda mão nos últimos 12 meses, mais do que qualquer outra geração.

Mais da metade da geração Z tem maior probabilidade de comprar de uma marca que oferece itens de segunda mão. 82% da geração Z considerou o valor de revenda do vestuário antes de comprar. Vale lembrar também que 64% dos jovens ainda buscam se um item que eles viram novo está disponível em segunda mão antes de comprá-lo. Mas se o produto não tiver um bom valor de revenda, 42% da geração Z tem menos probabilidade de finalizar a compra.


A revenda tem potencial para reduzir a produção de novas roupas

A superprodução da moda chega a 100 bilhões de peças produzidas todos os anos para uma população global de 8 bilhões de pessoas. Só os consumidores norte-americanos compraram 1,4 bilhão de itens de vestuário de segunda mão em 2022. Normalmente teriam comprado novos. Isso representa um aumento de 40% na compra e venda de produtos usados em relação a 2021.

Ainda de acordo com o relatório, mais de um terço dos retalhistas afirmam que se a revenda provar que terá sucesso, eles cortariam a produção de novos produtos. Se os retalhistas diminuíssem um item a cada nova peça que os consumidores comprassem de segunda mão no lugar de uma nova, a redução da produção seria de 8% até 2027.


E no Brasil, como está o varejo de segunda mão?

No Brasil, o mercado de itens de moda usados pode crescer de 15 a 20%, ultrapassando o valor do mercado de fast fashion até 2030. Por aqui, 56% dos brasileiros afirmam já terem feito ao menos uma compra ou venda de artigos usados. É o que mostra um estudo da consultoria Boston Consulting Group (BCG) junto com a Enjoei, comunidade brasileira de compra e venda de produtos usados, especialmente peças de vestuário de segunda mão seminovas.

Entre os itens mais procurados estão as roupas, que lideram o ranking com 50% de adesão entre compradores de seminovos. Em seguida aparecem calçados e acessórios, com 34% e 33% de penetração, respectivamente entre os consumidores.

Os motivos para a venda de itens de segunda mão são: passar para frente roupas paradas (38%); liberar espaço no guarda-roupas (34%); ser sustentável ao passar roupas a frente (29%); ganhar dinheiro para novas roupas (27%); disposição de tempo para organizar e vender (26); situação financeira apertada (19%); quando conhecidos estão se desfazendo de roupas (12%); e experiência divertida (12%).

O estudo mostra ainda que a variedade no guarda-roupa é outro ponto importante para os consumidores brasileiros, que valorizam a qualidade das marcas durante as compras. A Enjoei explica que, uma vez que as roupas passam por curadoria, é possível ter acesso a itens premium por um valor mais baixo que o vendido em primeira mão, e esse é o principal motivo da compra para 46% dos respondentes do estudo.

Ainda de acordo com a pesquisa, entre os compradores e vendedores de usados, há uma média de 12% do guarda-roupa sendo ocupada por peças de segunda mão, muito similar ao encontrado nos mercados maduros. Os consumidores declaram ainda a intenção de aumentar este percentual, alcançando 20% já em 2025, representando um mercado potencial de R$ 24 bilhões.

O relatório da BCG com a Enjoeimostra ainda os dois principais desafios a serem superados para garantir que o potencial de crescimento seja aproveitado no Brasil. Um deles é construir a confiança, uma vez que, em tempos em que cada vez mais transações são feitas de forma digital, ter processos que tornem os serviços mais eficientes e seguros alimenta a confiança para os consumidores.

O segundo desafio é a mudança cultural sobre o consumo de segunda mão. A pesquisa mostra que 60% das pessoas não vendem suas roupas usadas por falta de hábito. Já outros 43% preferem doar as peças que não utilizam mais. Além disso, há quem tenha medo de adquirir peças usadas pela “energia” que elas carregam.

Fonte:
Consumidor Moderno