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Varejo & Franquias Postado em quarta-feira, 23 de agosto de 2023 às 15:22


Empresa paulista com 40 anos de atuação e sede em São José dos Campos, o Grupo Oscar comprou o braço de varejo da calçadista gaúcha Paquetá. O negócio de Sapiranga, a 60 quilômetros de Porto Alegre, está em recuperação judicial e separou suas 63 lojas em uma unidade produtiva isolada (UPI). Com isso, conseguiu colocar as operações à venda para levantar recursos para a companhia. 

A compra aconteceu por leilão. O Grupo Oscar ofereceu 90 milhões de reais em uma modalidade chamada de stalking horse, quando já há um comprador de referência. Inclusive, a empresa já tinha financiado parte deste valor à Paquetá e estabelecido em contrato que, caso a compra não se realizasse, poderia reaver a parcela emprestada com um acréscimo. 

A aquisição deve somar entre 20% e 25% do faturamento do grupo paulista, que passa a ter 2.800 funcionários e 178 unidades. 


Quem é o Grupo Oscar

O Grupo Oscar completou 40 anos em 2022 e possui uma rede com mais de 110 lojas. São quase 2.000 funcionários. Atualmente, as lojas do Grupo Oscar estão espalhadas pelo interior de São Paulo, Vale do Paraíba, Triângulo Mineiro, Joinville (SC), Alagoas e Paraíba.
Entre as marcas de lojas do Grupo Oscar estão Oscar Calçados, Constantino e Diadora.

Com a aquisição da rede da varejo do Grupo Paquetá, ganhará novos mercados, principalmente no Sul do país, onde a Paquetá tem forte presença. Além da marca Paquetá, há também outras duas redes que também entraram na venda: Paquetá Esportes e Gaston.

“O Grupo Paquetá é muito forte no Sul e faz parte da memória afetiva do consumidor, os clientes reconhecem todas as marcas do grupo, além da ampla linha de produtos”, diz Bruno Constantino, CEO do Grupo Oscar Calçados. “O nosso objetivo agora é garantir a eficiência da operação e executar o plano de integração da marca”.

Além da expansão via aquisição, o Grupo Oscar também está apostando em tecnologia e startups. Conforme a EXAME noticiou, um grupo liderado pela Oscar Calçados vai investir R$ 20 milhões em startups que curam dores do varejo.


Como foi a compra

A compra aconteceu por leilão, mas em uma modalidade diferenciada. Como a Paquetá está em recuperação judicial, ela precisou separar a operação de varejo em uma unidade produtiva isolada (UPI), um mecanismo que permite a venda de ativos durante a reestruturação da empresa.
Além disso, o leilão já aconteceu com o Grupo Oscar como comprador de preferência. Isso porque a calçadista paulista financiou parte dos 90 milhões de reais antecipadamente para a Paquetá manter suas operações, e garantiu a preferência na hora de fazer a aquisição. Não houve outros lances.
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Grupo Oscar foca no Sul

A ação faz parte da estratégia de expansão e fortalecimento da varejista no Sul do Brasil. “A região, em termos mercadológicos, é muito importante para o setor calçadista e a Paquetá é um dos principais players locais", comenta Constantino. "O nosso objetivo é seguir com a expansão nas regiões Sul e Sudeste e nos tornarmos um dos maiores varejistas de calçados do Brasil”.


Como está a recuperação judicial da Paquetá

A Paquetá entrou em recuperação judicial em 2019. À época, declarou dívidas de 638,5 milhões de reais. Na petição inicial, disse que enfrentou aumento nos custos de produção, o que afetou o volume de seu lucro bruto e determinou que a empresa operasse em nível inferior àquele necessário para cobrir a totalidade de seus custos. Também disse que não conseguia repassar todos os custos para consumidores pelo cenário de recessão do país.

Nos últimos meses, a empresa também apresentou dificuldades para pagar salários em dia, situação que começou a contornar com o início do processo de venda do braço de varejo. Com isso, a companhia focará na indústria. Hoje, tem fábricas no Sul e no Nordeste do país.

Fonte: Exame
Varejo & Franquias Postado em quarta-feira, 23 de agosto de 2023 às 15:16


O varejo brasileiro conta com um seleto grupo de 10 empresas bilionárias, que faturam entre R$ 18 e R$ 108 bilhões apenas com o próprio estoque, sem contar a venda de terceiros ("sellers") nos respectivos marketplaces. Foi o que mostrou levantamento da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), divulgado nesta terça-feira.

De acordo com a pesquisa, pela primeira vez desde que o estudo começou a ser feito, há nove anos, o grupo das 300 maiores varejistas nacionais alcançou a marca de R$ 1 trilhão em faturamento. Em 2022, as 300 empresas listadas no ranking somaram R$ 1,046 trilhão em vendas, 17% mais que os R$ 892,4 bilhões registrados em 2021, em valores nominais.

No entanto, o topo do ranking amargou um segundo trimestre ruim este ano. Entre as 10 maiores varejistas, sete tiveram prejuízo, aumento das perdas ou queda no lucro no segundo trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado.

Duas empresas (Americanas e Grupo Boticário) não informaram os resultados do período –o Boticário por ser uma empresa de capital fechado e a Americanas por estar no centro de uma fraude contábil, que veio à tona em 11 de janeiro.

O único varejista a apresentar bons resultados foi o Grupo Mateus, do Maranhão, forte em atacarejo, que registrou lucro de R$ 294 milhões no segundo trimestre, alta de 13% na comparação anual. Foi a primeira vez que o Grupo Mateus passou a integrar a seleção dos 10 maiores varejistas, ocupando a nova posição.

Em junho, reportagem da Folha já apontava que as redes varejistas esperavam um 2023 ruim, com base nos resultados do primeiro trimestre. A situação macroeconômica ruim (com a dificuldade de geração de emprego e renda), a taxa básica de juros Selic em dois dígitos (tornando mais cara a tomada de crédito por parte do consumidor e maior o volume da dívida das companhias), além do alto endividamento das famílias eram fatores apontados pelas empresas para a restrição nas vendas do segundo trimestre.

"Os resultados foram muito duros por conta dos juros, que impõem um nível de despesas para as empresas que devora o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização]", diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail e vice-presidente da SBVC.

As varejistas estão fazendo um esforço grande para melhorar indicadores como "vendas mesmas lojas" (abertas há mais de 12 meses), diz ele. "Mas o lucro líquido é muito impactado pelas despesas financeiras", afirma. "Além disso, os juros altos sufocam a demanda: as regras de crédito ficam mais rigorosas", diz Serrentino, lembrando que, durante todo o primeiro semestre, o varejo foi muito impactado pelo escândalo da Americanas.

"As empresas sofreram uma restrição brutal de crédito e tiveram que fazer ajustes duros, como o fechamento de lojas e demissões", afirmou.

Na opinião do consultor, porém, à medida que os juros caírem, o mercado deve reagir. "Existe uma perspectiva de melhora gradual, com um panorama mais otimista para 2024."


Grupo O Boticário passa à frente da Natura&Co.

As cinco maiores empresas do ranking 2023 –Carrefour, Assaí, Magazine Luiza, Via e Americanas– mantiveram as mesmas posições do levantamento de 2022.

Mas entre a sexta e a décima posição foram observadas muitas mudanças: a Raia Drogasil saiu do sexto para o sétimo lugar, enquanto o Boticário partiu da 10ª posição para a sexta, passando à frente da Natura, que subiu do nono para o oitavo lugar. Já o GPA (Grupo Pão de Açúcar) caiu quatro posições, do sexto para o 10º lugar em vendas.

O Big, que aparecia no oitavo lugar no ranking de 2022, foi comprado pelo Carrefour.
O Grupo Boticário também foi destaque em número de lojas: é a empresa com mais pontos de venda no Brasil (3.828), incluindo franquias.
Das 300 varejistas listadas, 42 são de capital aberto, a maior parte delas (13) nos setores de moda, calçados e artigos esportivos.

Serrentino chama a atenção para a digitalização das vendas. "Entre as 300 empresas, 74% vendem online. Quando se trata de empresas não-alimentares, este índice sobe para 91%", diz. Segundo ele, 85 das 300 empresas promovem vendas por WhatsApp e 27 operam marketplaces próprios.
O estudo foi feito pela SBVC com apoio da BTR Educação e Consultoria, Varese Retail, Centro de Estudo e Pesquisa do Varejo (CEPEV–USP) e Käfer Content Studio.

Fonte: Folha de São Paulo