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Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 09 de fevereiro de 2021 às 13:39


Para o cofundador do Mercado Livre, o país "reúne as melhores condições para o crescimento do e-commerce".

“O e-commerce brasileiro levou cerca de 20 anos para chegar a uma penetração de 6% do varejo brasileiro, entre 1999 até 2019.

Ninguém poderia imaginar, portanto, que os quatro pontos percentuais seguintes seriam conquistados em apenas 12 meses.

Esse foi o tamanho do avanço que 2020 trouxe para o comércio eletrônico brasileiro, em um ano em que esse canal virou a salvação para muita gente.

Do lado do consumidor, muitas pessoas novas, de diferentes faixas etárias e poder aquisitivo, recorreram aos sites por necessidade, diante do fechamento de lojas e do receio do Covid-19, ou curiosidade: será que a encomenda chega rápido mesmo?

Do lado do varejo, desde pequenos e médios lojistas, até players importantes da indústria, construíram ou ampliaram sua atuação no mundo online. A necessidade de vender, pura e simples, fez o despertador digital soar para muitos.
A infraestrutura criada ao longo de mais de 20 anos nesse setor atendeu, em boa parte, as duas pontas. O consumidor teve uma boa experiência, o produto chegou. O varejo físico encontrou dezenas de empresas e ferramentas dispostas a armazenar seus produtos, fazer o atendimento online e garantir a complexa logística.

A direção do e-commerce daqui para frente é apenas uma: para cima. É verdade que o lockdown e o auxílio emergencial trouxeram um impulso extra ao setor em 2020, mas, mesmo sem esses dois fatores, não existe a menor possibilidade de o varejo online perder participação no mercado.

Um crescimento de quatro pontos não deve acontecer de novo em tão pouco tempo. Mas, com a praticidade da compra em um clique, quem já conhecia o e-commerce está usando mais, enquanto quem ainda não conhecia passou a usar com frequência. Além disso, 2021 ainda traz restrições para o varejo físico, o que impulsiona uma nova leva de novos entrantes nas compras digitais.

Entre as principais tendências do e-commerce aceleradas pela pandemia, a compra mobile, seja por meio do acesso ao site via celular ou por um aplicativo, viu seu uso crescer muito. Muitas pessoas tiveram o seu primeiro contato com o e-commerce direto no celular e isso deve continuar.

Quando se trata do consumo de novas categorias de produtos online, itens de supermercados devem continuar em expansão. É muito mais conveniente comprar tudo em poucos cliques e aguardar os produtos em casa.

Essa é uma das categorias em que apostamos no Mercado Livre, tanto para atrair novos clientes quanto para aumentar a recorrência. Hoje, o nosso usuário ativo faz, em média, uma compra por mês. Acreditamos que, ao trazer mais consumidores para itens de supermercado e também de moda, a atividade média pode aumentar para uma compra por semana.

Outra tendência interessante que veio com a pandemia e deve continuar presente é o e-commerce se tornando cada vez mais social e interagindo com as pessoas nas redes que elas usam. O live commerce, que promove produtos por meio de lives, por exemplo, une duas tendências: a do entretenimento e a da compra online. É algo que tem um grande potencial, e em mercados como a China já está muito mais desenvolvido.

Mais investimentos em logística é outra tendência do e-commerce. Em 2020, tivemos grandes anúncios e isso deve seguir em 2021. A experiência do cliente no e-commerce está intimamente ligada à sua experiência com a entrega. Enquanto a compra acontece em poucos cliques, em geral o consumidor passa dias esperando pelo produto. O frete no Brasil ainda é relativamente caro. É preciso diminuir o tempo de entrega e baixar custos. Isso se faz com escala e automação.

A integração entre mundo físico e online também é um grande desafio tecnológico para muitos lojistas. Pequenos comerciantes ainda carecem de softwares mais sofisticados para digitalizar seus estoques, algo mais evoluído em mercados como o chinês. Isso acaba elevando o tempo de entrega aqui.

Apesar do crescimento do e-commerce nacional, a má notícia é que continuamos atrasados na penetração do comércio online em nosso varejo. Os mercados mais desenvolvidos, China, Estados Unidos e Europa, viram seu percentual crescer na pandemia, e ficamos para trás. A boa notícia é que o Brasil reúne as melhores condições para o crescimento do e-commerce no futuro.

Com mais de 212 milhões de habitantes, temos um tamanho de mercado muito bom. A penetração de cerca de 30% do e-commerce no varejo na China e de 20% nos Estados Unidos mostra que ainda podemos avançar em nosso índice de 10%.

Além disso, muitas empresas estão investindo para construir uma grande infraestrutura em diferentes áreas do e-commerce, como logística, tecnologia e atendimento ao cliente. Ainda vamos crescer muito.”

Fonte: Infomoney
Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 09 de fevereiro de 2021 às 11:26


A Covid-19 nutriu vigorosamente tudo o que é virtual, impulsionando para o futuro, setores como o varejo. De acordo com o relatório de 2020 do Índice de Varejo nos Estados Unidos elaborado pela IBM, a pandemia acelerou em cerca de cinco anos a mudança para compras digitais.

Os aplicativos de Realidade Aumentada (RA) estão em alta, com experiências virtuais do tipo “faça o teste antes de comprar”. Essas experiências incluem desde a visualização de móveis e produtos na sua casa com marcas como IKEA e Home Depot, até provar virtualmente itens de alta costura, como Louis Vuitton e Gucci. Antes um recurso interessante, a RA rapidamente se tornou uma tecnologia essencial para os varejistas.

Quando a Covid-19 fechou temporariamente as lojas da marca de joias Kendra Scott, a empresa disponibilizou uma ferramenta de RA que permite aos clientes experimentar virtualmente diferentes estilos de brincos, no conforto de suas casas. Usando um iPhone e o navegador Safari (nenhum aplicativo é necessário), os clientes podiam visualizar os produtos com segurança, diretamente nas orelhas, e comprar.

 Com a reabertura agora de muitas lojas físicas, a higiene e a segurança são as principais prioridades. Em resposta à pandemia, varejistas de beleza como a Sephora e a Ulta proíbem os clientes de testar as maquiagens na pele. Como alternativa, eles estão recorrendo à RA para ajudar os clientes a testar digitalmente milhares de produtos de beleza e também facilitar as decisões de compra.

Lançada há quatro anos, a ferramenta virtual de beleza da Ulta – GLAMlab – registrou um aumento no seu uso desde o início da pandemia. O engajamento aumentou sete vezes e mais de 50 milhões de tonalidades de base foram experimentadas digitalmente com o aplicativo na era pós-Covid.

De acordo com uma pesquisa global realizada pela Nielsen de 2019, os consumidores listaram a Realidade Aumentada e a Realidade Virtual como as tecnologias mais procuradas para lhes ajudar nas tarefas do cotidiano. Na verdade, pouco mais da metade (51%) disse estar disposta a usar essa tecnologia para avaliar produtos. Eu realmente espero que o interesse tenha aumentado desde então, considerando que a RA deixou de ser algo novo e enigmático e passou a solucionar problemas reais dos clientes, especialmente durante a pandemia. A empresa de comércio eletrônico Shopify divulgou recentemente novos dados que indicam que interações com produtos que possuem conteúdo de RA apresentaram uma taxa de conversão 94% mais alta do que a de produtos sem RA.

Os varejistas também estão começando a utilizar a RA para reimaginar a experiência de compra digital, usando fachadas de lojas virtuais. Em maio, a empresa varejista Kohl’s estabeleceu uma parceria com o Snapchat para criar o Armário Virtual com RA da Kohl’s. Usando um smartphone e o aplicativo Snapchat, os consumidores podem entrar em um provador com RA, explorar e combinar itens e fazer uma compra sem nunca sair do aplicativo (ou de casa).

Os itens disponíveis para compra no Armário Virtual com RA da Kohl’s são atualizados continuamente com base nas necessidades do consumidor. A experiência foi lançada com os melhores estilos da coleção de primavera e passou a disponibilizar uma variedade de peças no estilo esportivo e casual à medida que os clientes procuravam roupas confortáveis para trabalhar de casa. A mais recente renovação apresenta itens de volta às aulas com uma variedade de produtos Levi’s. Os clientes também podem usar o novo recurso Selfie Lens para se verem com a jaqueta Levi’s Trucker.

A Levi’s é uma marca que está aperfeiçoando sua estratégia de varejo com RA, empregando ferramentas digitais como o Squad, um aplicativo de vídeo com visualização compartilhada, onde os amigos podem fazer compras juntos. O aplicativo foi lançado em abril como uma forma de recriar algumas das experiências sociais que as pessoas desejam e que fazem falta a elas, em tempos de pandemia.

A próxima fase do varejo com realidade aumentada provavelmente será uma experiência social gamificada. A Burberry recentemente fez uma parceria com o Snapchat em um jogo de RA disponível no interior da loja, e acredito que o conceito será ampliado para fachadas de lojas digitais e guarda-roupas virtuais, onde você pode jogar, explorar e fazer compras com amigos. Isso coincide com uma tendência, atualmente popular, entre marcas de moda e beleza como Estée Lauder, Gucci e Miu: jogos de fliperama para celular. O jogo de corridas para celular “B Surf” da Burberry possui até mesmo filtros faciais e personagens com RA como prêmios. As empresas de moda e beleza que utilizam essa abordagem de entretenimento digital estão se beneficiando disso, pois se conectam a novos e mais jovens consumidores. “Sabemos que eles estão vivendo em um ambiente cada vez mais gamificado, tanto on-line quanto off-line, e estamos empolgados com o fato de se unirem à comunidade Burberry, e explorarem nossa nova coleção de vestuário puffer, desta forma”, afirmou Mark Morris, vice-presidente sênior de comércio digital na Burberry.

Isso nos leva a outra área em ascensão no varejo com realidade aumentada e compras digitais: bens virtuais como sendo commodities. Marcas de luxo, como a Louis Vuitton, já realizam a venda de mercadorias virtuais e oferecem skins digitais (roupas e acessórios da marca para vestir personagens) no jogo de esportes League of Legends. Prevê-se que os gastos com caixas de recompensas e skins para jogos em todo o mundo cheguem a US$ 50 bilhões até 2022.

Experiências virtuais que envolvem experimentar e provar produtos são um excelente caso de uso para a RA no varejo: permite que os consumidores visualizem produtos em escala digital, de sua própria residência, em seu próprio corpo, e então, comprem instantaneamente o produto físico correspondente. Mas e se, além de itens físicos, você pudesse comprar objetos virtuais, como joias, roupas ou arte, para os quais possa haver ou não um correspondente físico? Veja uma  demonstração especulativa que criei no ano passado, imaginando como seria isso em RA com o Apple Pay. Além disso, é assim que imagino essa ideia funcionando com ferramentas de videoconferência como o Zoom. Os objetos virtuais são uma forma de os consumidores interagirem, experimentarem e até mesmo possuírem algo de uma marca que, de outra forma, não seria acessível.

Atualmente, o exemplo mais próximo que temos de produtos de RA no mercado são itens de arte. Em março, o artista Brian Donnelly (conhecido como KAWS) realizou  uma exposição de arte em RA chamada “Expanded Holiday” em colaboração com a Acute Art. O aplicativo apresentava esculturas em RA que podiam ser alugadas por US$ 7 por semana ou US$ 30 por mês. Também percebemos sinais desse novo modelo de varejo na área de moda digital com roupas virtuais. Contudo, em vez de vestir personagens em jogos com as chamadas “digital skins”, agora os consumidores procuram itens para uso próprio.

Acredito que haverá um aumento nas mercadorias virtuais vendáveis com um novo tipo de varejo com realidade aumentada. Com a influência da pandemia, denominei essa tendência de “efeito batom digital”. O “efeito batom” historicamente se refere a consumidores que continuam gastando em pequenos itens de luxo, mesmo durante recessões e crises econômicas. O batom, como um produto potencialmente acessível, se torna uma metáfora nos tempos de hoje, análoga ao batom digital ou qualquer bem virtual.

Conforme escrevi em “Augmented human”, a antiga cartilha que descreve a forma como entendemos e interagimos no mundo real não se aplica mais e, em muitos casos, a pandemia tem sido um catalisador dessa transformação digital. O varejo físico precisa evoluir diante desse cenário e a RA demonstrou ser capaz de agregar alto valor aos consumidores na jornada de compras. Agora é a hora de líderes de negócios e marcas não apenas repensarem o varejo, mas também impulsionarem as experiências de compra imersiva futuro adentro.

Fonte: Harvard Business Review