Com o crescimento da inflação e a alta dos preços nas prateleiras, cashback promete aumentar a competitividade e atrair público qualificado.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que fornece uma prévia da inflação do Brasil, não têm sido animador nos últimos meses. Em maio, ele ficou em 0,59%, após ter registrado 1,73% em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É uma queda, certo, mas ainda assim preocupa porque é o maior índice para meses de maio desde 2016 (0,86%).
Ou seja, a inflação ainda é altíssima. De acordo com o último IPCA consolidado, o índice de difusão foi de 78,3%, o que significa na prática que 8 a cada 10 produtos analisados tiveram seus preços aumentados.
Para fugir da crise econômica e driblar a alta dos valores, muitos consumidores têm dado preferência à empresas que adotam o chamado cashback. Mas, afinal, esta estratégia é mesmo vantajosa para as empresas e seus clientes?
Antes de mais nada, é interessante se atentar para a definição do termo em questão, que traduzido do inglês significa “dinheiro de volta”. Na prática, esta ação consiste em devolver uma porcentagem do valor do produto ou serviço ao próprio cliente, o que aumenta a atração de possíveis consumidores, fideliza os mais antigos e diferencia a marca das demais, fato primordial para a consolidação da empresa no segmento em que atua e para a melhora do relacionamento e da experiência do consumidor.
Criado nos Estados Unidos na década de 1990 e popularizado no Brasil a partir de 2007, o cashback é elaborado por meio de diferentes plataformas, que determinam as regras e estabelecem a intermediação entre as marcas e os clientes.
Com auxílio de plataformas externas, cashback segue procedimento padrãoApesar das particularidades de cada programa, o cashback segue um procedimento padrão, onde o público realiza o cadastro nos sites destes programas, procura as ofertas dos e-commerces que possuem parceria com tais plataformas e realiza a compra que deseja. Feito isso, o programa contratado pela marca recebe uma parcela do valor pago pelo produto e, logo em seguida, separa a porcentagem referente ao cashback, que é armazenada na conta do consumidor. Após uma série de compras, o cliente em questão atinge o limite mínimo do retorno e recebe o dinheiro referente ao bônus em sua conta ou, se preferir, adquire um saldo para comprar outros produtos dentro da plataforma.
Gigantes aumentam o faturamento com estratégia de marketingEmpresas do varejo como a Marisa, a Casas Bahia e a Magazine Luiza, por exemplo, já adotaram o cashback como estratégia de marketing e obtiveram muito sucesso. Para se ter ideia, no início de 2022 a Casas Bahia deu início a campanha “Tudo que a vida pede. Pede Casas Bahia”, onde passou a oferecer 50% de cashback em alguns produtos e, em parceria com a Banqi, a conta digital da Via, teve um aumento de mais de 20% no consumo de produtos de higiene, alimentos e bebidas.
Segundo a especialista da Rede Unishop, rede de varejo de limpeza da StartQuímica, Laura Rossi Fiorentino de Oliveira, tanto o setor varejista quanto os marketplaces dominam a oferta de cupons de “dinheiro de volta” e assim o fazem por meio de plataformas externas, como o Méliuz, o Mooba e o Ame Digital, ou através de seus próprios aplicativos de pagamento. “Além dos setores de varejo online, outro segmento que adotou fortemente esse modelo foi o de postos de gasolina. Várias bandeiras, como Ipiranga e Shell, disponibilizam essa modalidade. Como falado, elas trabalham a percepção de preço ao consumidor, mostrando o quanto sairia o preço por litro considerando o cashback. Isso torna o posto muito mais atrativo”, pontua Laura Rossi.
Cashback gera um retorno bilionário para as marcas, segundo pesquisaA popularização deste recurso têm trazido bons resultados para as empresas, conforme aponta o levantamento realizado pelo portal de descontos, Cuponomia, que indica que só em 2021 os cupons movimentaram mais de 7 bilhões de reais, com ênfase para os produtos para animais, que tiveram um aumento de 200% se comparado ao primeiro semestre de 2020, e para os itens de beleza, que cresceram 150% neste mesmo período.
Para a representante da rede Start Química, as marcas que desejam investir nesta estratégia de vendas devem se atentar para os modelos mais atrativos para o consumidor, ou seja, para aqueles que podem ser reaproveitados em diferentes lojas e não apenas no próprio site da marca.
Na mesma linha de raciocínio está a consultora do GSPP, empresa especializada em formatação e comercialização de franquias e consultoria para shopping centers, Mércia Machado Vergili, que afirma que além da possibilidade de comprar em outras empresas, “os modelos de reembolsos devem ter regras fáceis, já que a complexidade do processo pode desestimular a adesão”, salienta a especialista, que complementa: “é importante ainda contar com um CRM ou sistema para gerenciar todas as movimentações e oferecer o reembolso de maneira simples e clara para o consumidor. Não pode haver a menor dúvida sobre a transação”.
Fonte: Consumidor Moderno