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Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 10 de agosto de 2021 às 10:15


Embora não seja um movimento novo, a transformação digital foi acelerada durante a pandemia do novo coronavírus. A leitura é que trata-se de um movimento sem volta. Pesquisa da consultoria BCG com 200 empresas globais aponta que 61% das respondentes admitem ter acelerado o processo de transformação digital ao longo do ano passado, enquanto 96% dessas esperam acelerar a execução de projetos relacionados à área nos próximos 24 meses. No setor calçadista, a realidade não é diferente. Mais tímidos nos anos pré-pandemia, os processos de transformação digital ganharam força ao longo do ano passado e chegaram para ficar. 

O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, avalia que o movimento vem ganhando força na atividade. “Anos atrás, a produção de calçados era muito mais artesanal do que é hoje. Empresas estão investindo, cada vez mais, não somente em ações de comunicação nas redes sociais, mas também na digitalização do processo produtivo, visando melhores condições de competitividade”, ressalta. 

Não são poucos os cases de diferentes empresas do setor calçadista que corroboram o movimento de transformação digital. Confira alguns deles:


Kidy: inovação no DNA

A Kidy, fabricante de calçados infantis de Birigui/SP, sempre esteve na vanguarda quando o assunto é inovação, especialmente quando o assunto é ludicidade para as crianças. Não faltam tênis com games interativos e calçados que viram brinquedos nas mãos das crianças. Mas a pandemia impulsionou uma nova modalidade de inovação, visando também relacionamento e vendas diretas.

Como forma de encarar as dificuldades impostas pela Covid-19, a empresa criou uma ferramenta digital com o objetivo de ajudar na comercialização dos produtos na ponta do varejo e também estreitar o relacionamento com os mais de 10,5 mil pontos de venda onde está presente. O produto, criado em julho de 2020, é o Kidy de Vantagens, aplicativo que é baixado pelo vendedor da loja e gera créditos a cada venda do calçado Kidy, crédito que pode ser trocado por ingressos em cinema  e produtos variados. “É uma espécie de Km de Vantagens, só que do calçado”, compara a gerente de Marketing da empresa, Luciana Girotto. O aplicativo foi desenvolvido por uma empresa criada pelo próprio grupo Kidy há quatro anos, para desenvolver games interativos que funcionam com os tênis. Hoje já são mais de 4,5 mil balconistas cadastrados em todo o Brasil, sendo que a meta é chegar a 40 mil até o próximo ano. Além dos créditos, os vendedores participam de sorteios de prêmios. 

O aplicativo da Kidy, segundo Luciana, vem chamando a atenção de outras empresas, que buscam a tecnologia. “Como fizemos para as marcas do grupo, não pensamos nisso, por enquanto”, diz. Além de motivar as vendas — em um ano foram mais de 150 mil pares vendidos pelo app — a ferramenta permite o acompanhamento do sell out em tempo real  e orienta campanhas de mídia, pois permite que a empresa saiba os produtos que vendem em cada região do Brasil. 


Vinci Shoes, “uma empresa de tecnologia que vende calçado”

Nascida em berço digital em 2013, a Vinci Shoes trouxe uma proposta inovadora para o mercado de calçados no Brasil. Especializada em flats, a empresa tem 70% do seu faturamento proveniente do seu e-commerce e trabalha quatro lojas físicas próprias, uma em Porto Alegre, duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro, como um “apoio” da operação. 

Como desenvolve produtos sob demanda, a empresa não trabalha com estoques e não tem necessidade de liquidações, o que favorece a saúde financeira do negócio. “Nascemos com o espírito digital first, costumamos dizer que somos uma empresa de tecnologia que faz calçado”, resume um dos diretores da Vinci Shoes, Rodrigo Morsch. No modelo da venda digital, o calçado é escolhido no site e produzido em apenas três dias por um parceiro exclusivo de Estância Velha/RS para depois ser enviado para qualquer parte do Brasil. 

Morsch conta que a primeira loja física foi criada quatro anos após a fundação da empresa, em 2017. “Nas lojas temos 400, 500 pares de calçados. Não tendo o calçado desejado, a loja faz a encomenda no e-commerce e o cliente recebe o produto em casa, em poucos dias”, explica Morsch, ressaltando que também não existe quebra de grade, qualquer produto estará disponível para a venda. 

O modelo digital, conta o empresário, ajudou a empresa a passar pelos impactos da pandemia do novo coronavírus. Mesmo com as lojas físicas fechadas em boa parte do ano passado, a Vinci Shoes conseguiu manter o mesmo faturamento de 2019, ao passo que o setor calçadista, em geral, sofreu uma queda de mais de 18%. “Em 2021, já crescemos 80% sobre a base do ano passado e de 2019”, comemora Morsch.



Grendene foca em tecnologia

A inovação sempre acompanhou a Grendene, tanto que a primeira loja virtual de calçados do Brasil foi da marca Melissa, em 2001. Com 50 anos completos em 2021, a calçadista gaúcha, de Farroupilha/RS, tem a transformação digital como um dos focos do negócio. Movimento que está estruturado no tripé negócios, tecnologia e cultura. O diretor da Operação Melissa e de Negócios Digitais na Grendene S/A, Paulo Antonio Pedó, conta que todas as operações de e-commerce da empresa foram internalizadas. “Concluímos esse processo em fevereiro deste ano. A ideia inicial era concluir em dois anos, mas aceleramos e fizemos em dez meses”, conta, ao dizer que as vendas aumentaram muito no digital.

O grande destaque no processo de transformação digital da Grendene está no pilar de tecnologia, no qual a empresa mantém um projeto voltado à inovação: o Bergamotta Labs.  Lançado em fevereiro de 2020, o projeto é um sistema com três laboratórios que aproxima a Grendene do ecossistema de startups e de inovação aberta. “Temos um processo de inovação interno com pessoas alocadas exclusivamente para esse projeto”, conta Pedó, ao dizer que dos três laboratórios, um é voltado para novas formas de acessar o consumidor; outro para a produção; e um terceiro para o desenvolvimento de soluções e produtos. Alguns desses projetos que nasceram no Bergamotta Labs já estão no ar, como a Nuar, que vai além da sandália vegana, 100% reciclável, com 38% de materiais reciclados pré-consumo e 10% de fontes renováveis, como óleos vegetais e casca de arroz. A Nuar é uma marca e uma plataforma digital em busca do melhor impacto para as pessoas, planeta e animais.

Considerado por Pedó o principal do tripé, o pilar da cultura é multiplicado internamente por meio da Universidade Grendene. Atualmente, a empresa tem mais de 200 colaboradores das mais variadas áreas como facilitadores digitais. Eles passaram por um processo de capacitação e, agora, disseminam a cultura digital na Grendene. E toda essa transformação digital que vem sendo desenvolvida pela calçadista está aliada ao processo produtivo que há mais de seis anos trabalha com robôs e automação industrial.


Jorge Bischoff acelerou o processo de transformação digital

Desde 2017 em processo de transformação digital, o Bischoff Group, de Igrejinha/RS, vê a aceleração desse movimento como uma herança da pandemia. “A transformação digital é trabalhada na cultura da empresa, com o engajamento dos nossos funcionários”, ressalta Adriane Lopes dos Santos, diretora de Gestão de Franquias e líder do Programa de Transformação Digital do Bischoff Group. Segundo ela, nesse último ano, a empresa não somente aumentou os investimentos no seu e-commerce como também dinamizou o relacionamento com lojistas de todo o Brasil, em especial com as 83 lojas Jorge Bischoff franqueadas. “Estivemos longe, mas muito mais presentes no dia a dia das lojas. Para o consumidor, em março do ano passado criamos a Prateleira Infinita, permitindo que ele compre on-line e receba na loja física, onde pode ter uma experiência diferenciada”, conta Adriane. Além da Prateleira Infinita, que teve papel fundamental na manutenção das vendas durante as restrições sanitárias, a empresa criou formas de ajudar os vendedores durante o fechamento do comércio. A “Minha Jorge Bischoff” permitiu que, com um código, os vendedores cadastrados pudessem comercializar produtos Jorge Bischoff, via e-commerce, recebendo comissão. 

A área de Desenvolvimento de Produto do Grupo também contou com transformações importantes. Adriane lembra que, em agosto de 2020, o Bischoff Group adotou uma nova plataforma de trabalho que visa a integração total entre a sua rede de negócios: empresa, seus parceiros industriais, lojas e Centro de Distribuição. “Desde a criação dos produtos (incluindo seu detalhamento técnico) até a logística e a venda, a utilização de um único sistema compartilha dados fundamentais entre os elos da cadeia produtiva-varejista. O objetivo é agilizar e otimizar o fluxo de processos, minimizando o conflito de informações e trazendo ganho de tempo e maior controle”, avalia a gestora, ressaltando que o processo está em andamento.


Luz da Lua buscou consultoria especializada

Há cerca de um ano, o movimento da transformação digital faz parte do dia a dia da Luz da Lua, de Novo Hamburgo/RS. A calçadista, que conta com cerca de mil funcionários, criou em junho de 2020 um comitê para discutir a digitalização da empresa. E desde então, vem avançando a passos consistentes e seguros neste processo. O diretor comercial da marca, Eduardo Smaniotto, conta que várias iniciativas em diversas frentes foram criadas. “Contratamos uma consultoria externa para mapear todos os nossos processos. Em tempos de margens e resultados escassos, o resultado vem do aumento de eficiência e otimização de processos. Então, embora não seja digital, o primeiro passo foi a análise dos parceiros”, destaca, ao contar que a consultoria segue sendo realizada. 

Atualmente, a consultoria está na fase de levantamento de requisitos da área industrial. Smaniotto frisa que a empresa utiliza o que há de mais tecnológico, mas o que ainda precisa de ajustes será feito após a entrega desta etapa. “Estamos em fase de conclusão de mais ajustes na unidade produtiva e queremos ter em breve mais notícias.”

Outro ponto importante do processo de transformação digital da Luz da Lua está relacionado à comunicação digital. No final de 2019, a calçadista mudou sua plataforma de e-commerce e implementou uma série de melhorias que possibilitaram uma conexão maior das lojas físicas com a plataforma. “Dessa forma, as vendedoras podiam fazer vendas por meio do site e serem remuneradas. Algumas lojas físicas, inclusive, conseguiram bater suas metas a partir dessa novidade que possibilitou a realização de vendas on-line para as lojas físicas”, salienta Smaniotto. Outro movimento forte tem sido a realização de lives de lançamento das coleções. “Temos feito nossas convenções totalmente digitais e divididas entre os nossos canais de atuação. Agora, por exemplo, conseguimos chegar aos clientes multimarcas de forma mais próxima e passar as informações que desejamos”, afirma Smaniotto, ao frisar que a venda continua sendo presencial.


Suzana Santos aumentou investimentos em marketing digital

Dando sequência a um projeto de digitalização que caminhava com passos mais tímidos e se dava basicamente na questão de geração de dados e mídias sociais, a Suzana Santos, fabricante de calçados femininos de São João Batista/SC, aumentou os investimentos em marketing digital no último ano. A diretora da marca, Suzana Santos, conta que a empresa adiantou a criação de um e-commerce para o consumidor final e também estreitou o relacionamento com os lojistas, por meio de treinamentos, convenções e showrooms regionais, todos on-line. “A estratégia ajudou a fábrica, mesmo com dificuldades, a atravessar o período todo da pandemia em plena produção, fechando apenas em função do decreto do Governo de Santa Catarina, por 15 dias”, conta a empresária. Além disso, a maior aproximação com o lojista, ajudou a empresa a entender uma mudança importante no comportamento da consumidora. “Os consumidores passaram a buscar produtos mais confortáveis, para home office. Neste sentido, criamos uma linha de calçados injetados, a Prisma, que tem tido uma boa receptividade no mercado”, conta Suzana. 

No mercado externo, Suzana ressalta que, ao invés das feiras presenciais, o ano foi de muitos eventos digitais, nos quais a empresa vem amadurecendo sua participação. “A digitalização veio para ficar”, conclui, ressaltando que a empresa seguirá aumentando investimentos na área nos próximos anos. 


Marina Mello mudou estratégia de comunicação

Fabricante de calçados femininos de Nova Serrana/MG, a Marina Mello sempre esteve atenta às transformações e mudanças de comportamento do consumidor. “Durante muito tempo estivemos presentes em grandes e renomadas revistas, logo após em comerciais de televisão e hoje percebemos que o impacto do digital é cada vez maior. Por isso passamos a investir mais em conteúdos digitais, trabalhando com influenciadoras de peso no mercado”, conta a diretora de Marketing, Rafaela Amaral Martins. 

Segundo ela, além do maior investimento em mídias sociais, a empresa passou a apostar na transformação digital no processo produtivo, mais especificamente na área de criação e desenvolvimento de produtos. “Os investimentos em transformação digital são constantes”, diz, ressaltando que a empresa está trabalhando em projetos para digitalização ainda maior tanto na área B2C quanto B2B. “Em breve teremos mais boas notícias”, conclui.

Fonte: Abicalçados
Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 10 de agosto de 2021 às 09:40


Futuro deve reforçar mudanças como conceito de lojas, trabalhos de marca e ESG, aponta estudo.

No intuito de ajudar empresas e pessoas de negócios a se preparar hoje para o consumo de amanhã, a PwC elaborou um aprofundado estudo sobre as principais macrotendências de consumo no pós-Covid 19. Ainda estamos em uma pandemia e a variante Delta mantém o desafio global de superar o vírus, o que mantém os negócios sob pressões particulares, mas o cenário atual é de tendências pautadas por saúde e segurança já em curso tendo sua absorções confirmadas. As curvas de transformação digital dos negócios e inclusão digital e financeira das populações não estão no mesmo ponto.

Meses depois dos consumidores terem absorvido novos comportamentos, o futuro do mercado de consumo começa a clarear seus horizontes. Por isso, em seu último estudo, a PwC descreve as cinco tendências que já estão dando corpo ao amanhã e se adianta com sugestões de planos para superar incertezas e desafios de quem quer capitalizar oportunidades. Por mais difícil que seja, as disrupções ou puxam ou empurram para um estado de futuro.


Consolidação da loja do futuro

A loja do futuro será omnicanal e rica em experiência, e fundirá os mundos físico e digital. A loja como a conhecemos continuará a evoluir. Segundo a PwC, uma migração contínua em direção a todas as coisas digitais, e a influência de gigantes do varejo, como a Amazon e Alibaba, continuará a forçar a inovação em espaços de varejo físicos e digitais.

Mesmo os avanços feitos por empresas de outros setores, como o modelo pioneiro de facilidade de pagamento do Uber, têm ramificações para a experiência da loja porque instilam nos clientes uma expectativa por soluções digitais em todos os aspectos de consumo.

“Você terá que encontrar os consumidores onde eles estão, seja por meio de um site, em um smartphone, em uma loja tradicional, no Instagram ou TikTok, ou por meio de parceiros terceirizados, como caixas de assinatura de produtos e serviços de entrega”, ressalta o estudo.

Sendo assim, as empresas que não conseguirem reimaginar seus produtos e serviços na loja no reino digital ficarão para trás.

A PwC observa que, à medida que essas mudanças se aceleram, a linha de demarcação entre varejistas e fabricantes está ficando mais fraca, e o caminho direto ao consumidor (D2C) está se tornando mais congestionado. Partes da cadeia de valor dos mercados de consumo estão cada vez mais interligadas e mais de um participante está cortejando o consumidor.

“Os fabricantes há muito desejam ultrapassar seus parceiros de varejo. Com a ajuda de ferramentas digitais onipresentes, eles terão mais oportunidades do que nunca para atrair diretamente os consumidores – pulando as lojas físicas e digitais. Grandes empresas como PepsiCo e Procter & Gamble estão fazendo exatamente isso”, aponta o estudo.

1) Informações ao alcance: uma gama de tecnologias emergentes e maduras, incluindo a internet das coisas, chips magnéticos, recursos de geolocalização e QR code agora permitem que os consumidores usem seus telefones celulares ou outras ferramentas digitais para acessar informações de produtos sob demanda, incluindo especificações, avaliações de consumidores e status de estoque, reproduzindo a experiência de compra online.

2) Ofertas de marketing hiperpersonalizadas: marketing de geolocalização, algoritmos baseados em inteligência artificial e outras ferramentas de tecnologia emergentes estão dando aos varejistas mais alavancas para influenciar o comportamento do consumidor. Por exemplo, quando os consumidores chegam ao supermercado local, o aplicativo da loja pode registrar sua chegada e enviar notificações sobre as ofertas do dia, de acordo com seus hábitos de compra.

3) Facilidade de pagamento: se os consumidores conseguirem o que querem, ficar na fila para pagar uma compra se tornará uma coisa do passado. Os varejistas estão implementando uma variedade de métodos de pagamento sem fricção e sem caixa.

4) Varejo experiencial: os varejistas tradicionais bem-sucedidos do futuro precisarão dar aos consumidores uma razão voltada para o propósito para atravessar as portas e terão que encontrar maneiras de enriquecer a experiência do cliente usando a tecnologia.

5) Automação de próximo nível: a automação continuará a remodelar a experiência de varejo à medida que robôs de verificação de estoque, carrinhos de compras inteligentes e entrega com drones mudam do conceitual para o comum.


Relevância de marca ainda maior

O consumo consciente continuará a crescer à medida que os consumidores procuram marcas em que confiem e que se alinham com seus valores.

Os consumidores continuam redefinindo, e aumentando, suas expectativas para as marcas que escolhem adotar. Eles buscam marcas voltadas para um propósito que espelhem seus valores e crenças e querem que as empresas demonstrem sua consciência social de maneiras práticas e tangíveis. A pandemia ampliou o mundo das preocupações dos consumidores.

“Questões como pagar os fornecedores em dia, honrar as obrigações de pensão e dar aos funcionários licença médica relacionada à pandemia repentinamente ganharam influência sobre as decisões de compra das pessoas. “Esperamos que o consumo consciente continue crescendo, apresentando uma oportunidade para você reforçar ou esclarecer a proposta da sua marca e sua relevância”, aponta o estudo.

Está claro que tanto os consumidores quanto os funcionários valorizam as empresas que colocam as pessoas acima dos lucros e demonstram que são bons cidadãos corporativos. O estudo da PwC cita uma pesquisa da empresa de comunicação Edelman sobre confiança na marca que aponta que 71% das pessoas que perceberem que uma marca está lucrando sobre as pessoas perde a confiança. “Essa descoberta está de acordo com a pesquisa da PwC, que mostra que 70% dos consumidores pesquisados viram a confiança como o fator mais importante ao comprar de uma marca. Na verdade, a confiança da marca está cada vez mais no mesmo nível de outras considerações importantes de compra, como qualidade, valor e conveniência”, alerta o estudo.


Cadeia de fornecimento digitalizada

A cadeia de suprimentos do futuro operará com quase autonomia, tomando decisões inteligentes para se autorregular.

As cadeias de suprimentos estão sob pressão à medida que os comportamentos e expectativas dos consumidores mudam drasticamente e tendências como compras omnicanal e vários pontos de atendimento tornam mais difícil prever e moldar a demanda. Além disso, outros fatores também estão afetando as cadeias de abastecimento, incluindo a pandemia, condições climáticas extremas, escassez de mão de obra e o aumento do nacionalismo econômico, como visto com o Brexit e o aumento das tensões comerciais com a China, como lembra o estudo. “Mesmo após o fim da pandemia e das crises relacionadas, questões complexas continuarão a desafiar as cadeias de abastecimento”, alerta a PwC.

Contra esse pano de fundo de incerteza, a visibilidade de ponta a ponta será o requisito número um para o gerenciamento eficaz da cadeia de suprimentos. “Você terá que ter uma compreensão clara da localização e do status do estoque e da movimentação do estoque, e uma visão precisa da demanda do cliente. Você também precisará garantir que sua cadeia de suprimentos seja ágil e flexível“, recomenda o estudo.

Inteligência artificial e outras ferramentas analíticas fornecerão a base para uma cadeia de suprimentos digital de alto funcionamento. Inovadores como o gigante do comércio eletrônico da China JD.com e a varejista de moda Zara têm mostrado, conforme o estudo, que “investir em tecnologia pode dar a uma empresa uma vantagem competitiva poderosa em um mundo onde ter os produtos certos disponíveis no momento certo e o atendimento rápido dos produtos são essenciais”.


Mais buscas por alimentos saudáveis

A demanda do consumidor por produtos mais saudáveis, juntamente com as expectativas de maior transparência e sustentabilidade na cadeia de valor alimentar, vai aumentar.

Muitas das tendências que moldam o futuro dos mercados de consumo, em geral, terão um efeito maior sobre o futuro dos alimentos. Mesmo antes da pandemia, os consumidores exigiam bem-estar e produtos alimentares mais saudáveis e sustentáveis, restringindo certos grupos alimentares e tomando suplementos. Uma pesquisa da PwC de março de 2021 já revelava que metade dos consumidores está incluindo mais alimentos vegetais em sua dieta, em um esforço para comer de forma mais sustentável. Para a PwC, essa tendência vai se acelerar e intensificar.

“Os consumidores estão exigindo responsabilidade e transparência em uma série de questões ESG na indústria de alimentos, incluindo a redução do desperdício de embalagens, transparência na cadeia de suprimentos e práticas trabalhistas justas. Todos os participantes da cadeia de valor alimentar, incluindo empresas do agro, empresas de bens de consumo embalados e varejistas – terão que atender a essas expectativas implacáveis se quiserem permanecer no jogo”, aponta o estudo.


Mais cobranças para agendas ESG

A pressão de governos e diretorias para se concentrar em ESG também vai se intensificar.

Não são apenas os consumidores que priorizam cada vez mais o ESG. Executivos de alto escalão, acionistas e governos também estão deixando claro que as iniciativas ESG não são negociáveis versus “agradáveis para ter”. Assim como líderes em outros setores, pequenos e médios comerciantes terão que aprender a revigorar suas estratégias de criação de valor de acordo. “Você precisará reconhecer que a criação de valor agora depende da resiliência e da contribuição da sua empresa para o bem-estar da sociedade, tanto quanto depende da produtividade financeira”, recomenda a PwC.

Tal conjuntura descrita pela PwC no estudo também é enfatizada em uma declaração da associação não-governamental de CEO’s norte-americana Business Roundtable, que reforça que as empresas têm um compromisso mais amplo – não apenas com os acionistas, mas com um amplo círculo de partes interessadas, incluindo funcionários, clientes, fornecedores e as comunidades onde fazem negócios.

“Os governos também estão liderando o caminho em questões ambientais. O Reino Unido anunciou um programa de 'recuperação verde’ para ajudar as empresas a emergir da pandemia com práticas mais sustentáveis em vigor. E a recente decisão da nova administração dos Estados Unidos de voltar a aderir ao Acordo de Paris também deve reacender o foco global na mudança climática”, entende a PwC.

Fonte: Consumidor Moderno