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Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 03 de agosto de 2021 às 10:22


Com o menor índice de restrições desde o início da pandemia, o varejo está com altas expectativas de vendas para a data.

Enquanto em 2020 o varejo amargava uma retração de 8,8% das vendas na semana do Dia dos Pais, segundo dados divulgados pela Cielo, a expectativa para a data em 2021 é bem mais otimista.

Um levantamento realizado pela Shopee, plataforma de comércio eletrônico, revelou que os brasileiros pretendem gastar em média R$ 245 com o presente dos pais, um valor de intenção de consumo superior ao apontado no estudo feito para o Dia dos Namorados, que foi de R$ 240, e para o Dia das Mães, de R$ 210.

O estudo também apontou os principais fatores que fazem os consumidores irem às compras online, onde 66% responderam que são motivados por cupons de frete grátis; 57,1% afirmaram que são os preços baixos, 56,6% as promoções, e 54% a variedade de produtos disponíveis.

Quando questionados sobre os produtos que estão na intenção de compra para o Dia dos Pais, os entrevistados revelaram uma lista de itens preferidos: calçados (sapatos, tênis), seguidos de acessórios (relógio, carteira, óculos, boné), joias, esportes, câmeras, eletrodomésticos, saúde e beleza, acessórios para veículo, informática, comida e bebida.


Varejo físico e online estão otimistas

O Dia dos Pais deste ano será a primeira data comercial em que o varejo estará praticamente todo aberto, com pouquíssimas restrições, desde o começo de 2020.

Para o gerente executivo de marketing da Centauro, Gustavo Milo Marasco, com o aumento da vacinação e, portanto, a redução no número de casos e óbitos por covid-19, a expectativa é que as pessoas possam voltar a frequentar o varejo físico com segurança, o que reforçará as vendas no canal.

Já para o e-commerce, a preparação da loja é diferente: “no canal digital, por exigir uma ‘preparação’ do consumidor dado a logística e a disponibilidade de produtos, vamos trabalhar com uma comunicação que suporte o cliente nesta jornada de escolha ideal de presente”, planeja o gerente executivo.

E essa atenção aos canais digitais tem razão de existir: com o fechamento de lojas, o consumidor experimentou os canais online de forma mais intensa e, em muitos casos, pela primeira vez. “Mas as lojas continuam tendo um papel super relevante na construção da relação com os consumidores, seja por meio da experiência, seja pelo serviço e ainda o atendimento omnichannel”.

Christiano Reis, gerente de marketing da New Era no Brasil acredita, ainda, que existe uma demanda reprimida daqueles que não tiveram oportunidade de consumir durante a época de restrições, e, por isso, as expectativas para o segundo semestre são ainda mais expressivas.

“A pandemia de Covid-19 afetou enormemente a New Era, tanto em 2020 quanto em 2021, não só no Brasil, mas em todo mundo. Afinal, a marca depende dos fãs dos esportes, como beisebol, futebol, basquetebol e futebol americano, todos eles com campeonatos interrompidos ou sem a presença de público, bem como de uma rede de lojas físicas que vendem nossos produtos em mais de 150 países, também 99% delas com suas operações paradas em algum momento. E é nessas horas que, ter uma marca resiliente e com canais de distribuição diversificados, faz toda diferença”, explica o gerente de marketing.

“Assim, a New Era conseguiu passar a pior fase da pandemia, mesmo com vendas muito reduzidas, e obteve, conforme foi se dando a reabertura, uma recuperação de suas vendas em ‘V’. Tivemos um primeiro semestre extremamente forte e as expectativas para o segundo semestre são maiores ainda”, projeta.


De olho no comportamento do consumidor

Por estar mais tempo em casa, o cliente passou a priorizar itens de moda que geram mais conforto, o chamado loungewear. Ainda, os consumidores passaram a se importar cada vez mais com preservação do meio ambiente, higiene e propósito.

Segundo pesquisas realizadas pela agência Porter Novelli, marcas com propósito claro e definido têm resultado financeiro até 17% maior do que aquelas que não possuem um direcionador estratégico voltado à sociedade, por exemplo.

“O fast fashion perdeu um pouco de espaço e agora busca-se peças que durem mais. Outro aspecto ligado ao consumidor na pandemia, é que o consumo online vem crescendo 2 dígitos a cada ano, e com o isolamento social decorrente da pandemia, essa tendência aumentou ainda mais. O fechamento parcial das lojas físicas fez muita gente que não consumia pela internet descobrir o e-commerce em 2020 e 2021, e quem já conhecia, passou a utilizá-lo com muito mais frequência. Esse cenário tende a se expandir nos próximos anos, e cabe às empresas se adaptarem e criarem ferramentas que possam diferenciá-las em um mercado tão competitivo”, diz Christiano Reis.

Marasco também destaca que é preciso que o varejista esteja atento à disponibilidade financeira dos consumidores, uma vez que a pandemia impactou economicamente muitos deles.

De fato, uma pesquisa do Centro de Estudos em Finanças da FGV, realizada no segundo semestre de 2020, indicou que 63,93% dos entrevistados indicaram perdas na renda em função da crise.

“Porém, ao mesmo tempo, sabemos que nossos clientes não querem deixar de demonstrar o afeto aos seus pais. Oferecer produtos viáveis e suportar o cliente na jornada de escolha será fundamental para o sucesso nesta sazonalidade”, salienta o gerente executivo da Centauro.


Fortalecimento dos canais de venda

Com o aumento do tráfego nas lojas online, houve a necessidade de intensificar a comunicação destinada a esse canal de vendas. A New Era, por exemplo, passou a utilizar ferramentas de big data para que os anúncios impactem quem realmente está interessado em consumir os produtos.

“Também criamos ferramentas para melhorar a experiência em nosso site, já que o atendimento online, real time ao cliente, será cada vez mais importante para a fidelização dos consumidores. Uma das evoluções que lançamos em nosso site foi o provador virtual, que ajuda o consumidor a escolher o produto que tenha o melhor caimento possível”, destaca Christiano Reis.

Já nas lojas físicas, a marca quer melhorar a experiência do consumidor durante o período das compras. “Sabemos que nada é mais frustrante para o consumidor, do que entrar em uma loja e não encontrar o produto que está procurando. Por esse motivo, implementamos o drop shipping, que proporciona ao consumidor acesso a todo estoque de produtos da New Era, mesmo que a peça não esteja fisicamente na loja”.


O impacto do consumo entre as gerações

Em termos de escolha de produtos não há muita diferença com relação ao consumo de diferentes gerações na New Era, diz o gerente de marketing. “Mas é nítido que a faixa etária que consome no e-commerce é mais baixa do que aquelas que compram nas lojas físicas, apesar dessa diferença ter diminuído drasticamente durante a pandemia”.

Outro fator interessante destacado por Reis é o ticket médio. “Os mais velhos costumam gastar mais em uma única compra, quanto que os mais novos compram com mais frequência, porém, com valores menores por transação”.

Já para o gerente executivo da Centauro, a marca também não sente uma grande discrepância entre gerações na escolha dos produtos, mas percebe que os mais velhos experimentaram o e-commerce na pandemia e tiveram boas experiências, logo agora detêm confiança no canal.

Fonte: Novarejo
Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 20 de julho de 2021 às 10:00


Chamadas fashiontechs têm papel protagonista nas dez maiores tendências da moda para os próximos anos.

Dada as condições do presente, o futuro da moda foi reescrito. Se ontem grandes marcas de roupa farejavam a euforia de uma juventude para direcionar o que e como a indústria produziria, hoje a economia digital e do conhecimento vê o papel de geração de cultura da moda dividido entre grandes varejistas que superaram a economia baseada em manufatura, Big Techs e startups.

Como mostra o relatório do Distrito “O Futuro do Mundo Fashion”, obtido com exclusividade pela Consumidor Moderno, o presente e os próximos anos têm sua fábrica de tendências nas sedes e sucursais de empresas como Nike, Adidas, Gucci e Walmart, que participam de inovações tecnológicas elaboradas por Google, Amazon e IBM ao lado de um oceano de startups de soluções ao varejo de moda, as tais fashiontechs.

Ainda que tidas como empresas nascentes ao lado de deuses da modernidade, as fashiontechs têm papel protagonista na nova elite da moda. São elas que tornam possíveis boa parte das inéditas formas de design de produtos, personalização peças e criação de provadores e estilistas virtuais. São as fashiontechs que possibilitam também a introdução de materiais alternativos, tecnologias vestíveis, fabricação em impressora 3D e automações.

No Brasil, ainda que maturidade digital da indústria como um todo ainda esteja ao alcance de poucas, os avanços são claros e as realizações relevantes, com fashiontechs compondo uma estrutura digital a altura dos mercados mais avançados. Conforme o estudo do Distrito, tanto aqui quanto lá fora, estas empresas de soluções ao varejo de moda trabalham nas tendências a seguir.

Inteligência Artificial no design de produtos

Diversos projetos no mundo já tentam entender melhor a estrutura de uma estética atraente para então criar uma peça de roupa com o uso de Inteligência Artificial (IA). O deep learning é usado para entender inputs, como imagens e palavras, e então desenhar peças. Empresas como a chinesa Shenlan, o Google com o Projeto Muze e a alemã Zalano já treinam redes neurais com o apoio de startups para entender padrões e preferências estéticas.

Inteligência Artificial na personalização e previsão de tendências

As grandes marcas da moda poderão entender cada vez melhor os consumidores a partir de dados. Esse entendimento deve ser catalisado pela IA com dados sobre as preferências dos consumidores, incluindo os motivos de gostarem ou não gostarem de algo, em um esquema conhecido como feedback driven em negócios por assinatura, como é o caso da fashiontech norte-americana Stitch Fix. “Assim, o palco de construção das tendências são as redes sociais, e o papel que os influenciadores digitais exercem nesse processo só cresce”, diz o estudo.

É por isso que a Tommy Hilfiger se juntou à IMB. Elas vão rastrear tendências em tempo real, sentimento dos consumidores sobre a marca e os produtos, incluindo percepções sobre silhuetas, cores, padrões e estilos. “Assim como a Tommy, grandes marcas estão melhorando seus modelos e, com a massiva coleta de dados, teremos, no futuro, um poder muito forte de entendimento e previsão de tendências”, ressalta o Distrito.

Provadores virtuais

Se provar roupas ainda é um problema nas compras pela internet, sistemas 3D que funcionam como scanners se preparam para medir corpos com algoritmos inteligentes. Apesar da existência desse recurso não ser novidade, a boa nova é que ela se torna cada vez mais uma regra, a exemplo da fashiontech Virtusize.

O reflexo dessas previsões é o apetite de grandes varejistas e empresas de tecnologia na aquisição de startups com soluções de IA na moda. Walmart, Nike, Snap e VTEX são alguns exemplos de grandes adquirentes ligados ao varejo com presença nas rodadas de investimentos desse tipo de empresa nascente.

Os Estados Unidos têm bons exemplos de AI-as-a-service de sucesso, como a plataforma de personalização para varejistas de sapatos e roupas True Fit, que possui o conjunto de dados tido como o mais abrangente da indústria global de moda. O Brasil também tem suas vanguardistas, como a Sizebay, de Joinville (SC), que cruza dados de modelagem das marcas fabricantes, produtos do e-commerce e as medidas do comprador para recomendar o melhor tamanho e modelo ao consumidor.

Matérias-primas e automações para mais eficiência

Inovações em matérias-primas e automações vão aumentar a eficiência da manufatura. Novos materiais plant-based que se assemelham ao couro devem ganhar escala. Segundo o Distrito, as biotechs devem trazer cada vez mais tipos de levedura para cultivar colágeno, um dos principais componentes do couro convencional, e criar material livre do gado.

Empresas como Stella McCartney já trabalham com este tipo de startup, mas grandes empresas também chegam a se envolver diretamente com o desenvolvimento de materiais sustentáveis, como a Gucci, que criou um laboratório para teste de produtos.

O relatório do Distrito aponta também que as tecnologias vestíveis também devem crescer o mundo da moda. Jaquetas e calças capazes de realizar ações, gerar dados e interagir com o consumidor também estão no portfólio das fashiontechs.

Além disso, as marcas também estão explorando impressoras 3D para produção sob demanda e customização de produtos. A Adidas é uma das gigantes com parceria com startups que oferece produção in-store para tênis.

A automatização robótica também faz suas promessas de eficiência. Presente nos armazéns e processos de corte, a tecnologia hoje é desafiada pela costura por conta da alta complexidade dos tecidos, como elasticidade e flexibilidade. Atualmente, startups com linhas de robôs que automatizam processos tomam tarefas antes guiadas por humanos. Empresas como a Nike já têm parcerias para este nicho. No Brasil, a Audaces é a solução que traz softwares de confecção e modelagem de tecidos, com máquinas de corte, 3D para manequins virtuais, em parcerias com empresas como Latam, Globo e Farm.


Sustentabilidade e consumo consciente

O comportamento do consumidor tem forte disposição de mudar guiado pela sustentabilidade. Pesquisas têm mostrado Geração Z e millennials concordam em pagar mais por itens menos nocivos ao meio ambiente e de impacto social mais positivo, abrindo uma tendência de compartilhamento e reutilização. O Distrito aponta que as marcas mais tradicionais estão se adaptando aos desejos do consumidor com novos modelos de negócios, com gigantes como H&M, por exemplo, prometendo usar apenas materiais recicláveis ou de fontes sustentáveis até 2030.

De acordo com o relatório da Distrito, o Clothing-as- a-aservice, com suas assinaturas de roupas e acessórios, deve impulsionar ainda mais os marketplaces de segunda mão e brechós.


Social commerce e IA na comunicação

O mercado de moda terá cada vez mais conteúdo de qualidade em escala e com custo mais baixo. A partir da coleta de dados por vozes, vídeos e fotos, algoritmos inteligentes para a produção de conteúdo digital se disseminarão cada vez mais, com as fashiontechs gerando economia em campanhas de marketing.

O social commerce também terá papel crescente, com varejistas e marketplaces investindo cada vez mais na ideia do live commerce. O Distrito ressalta que grandes marcas trabalham atualmente com diversas startups que viabilizam o social e o live commerce, como Mimo Live Sales, Alive App e Buy Show.

Na fronteira com o live commerce, no qual proliferam e proliferarão os influenciadores, os estilistas virtuais aparecem como mais uma ferramenta para auxiliar a jornada de compra. Criados a partir da IA e integrados a um sistema de chatbot, os estilistas virtuais podem dar feedback sobre a escolha de compras e sugerir alternativas. Google, Amazon e Prada já trabalham essa tendência.

Blockchain, cripto e mais

Outras tendências também aparecem no radar do Distrito. O relatório aponta o blockchain como auxílio no rastreamento e histórico dos produtos, registrando transações precisas com base na localização, conteúdo, data e hora. As criptomoedas devem aparecer cada vez mais nos pagamentos e programas de fidelidade no modelo cashback. Em paralelo, a comercialização de roupas digitais em jogos online tende a popularizar com as NFTs, enquanto a logística terá uma crescente no uso de etiquetas RFID.

Salto das fashiontechs no Brasil

Ainda que essas tendências certamente ganhem força no Brasil, a maturidade digital é tema recorrente no varejo brasileiro e aparece como variável na equação da modernização da moda. Ainda que aspectos como uso de ferramentas de inteligência, presença digital e ferramentas de comunicação possam eventualmente frustrar sobre a indústria, o diretor executivo de transformação digital da Arezzo, Maurício Bastos, coloca o status dessa maturidade em perspectiva.

“O movimento de digitalização no mercado de moda no Brasil é relativamente recente. Em 2011, a categoria sequer aparecia entre as cinco principais em volume de vendas online. Em 2013, ela atingiu a liderança, onde permanece até hoje. Ainda assim, estamos muito longe da maturidade quando olhamos sob uma perspectiva internacional. Na China, por exemplo, 30% do varejo de Moda e Beleza acontece no ambiente online. Um movimento relevante que podemos ver em âmbito nacional na última década é a proliferação de marcas nativas digitais. O mercado de moda está diretamente conectado à criação de marcas fortes, emblemáticas, e o digital assumiu um papel importante nesse sentido. Hoje, você não consegue construir ou sustentar uma marca líder sem uma presença digital.” Em contrapartida, Bastos menciona a penetração da internet e estrutura logística como fatores que colocam os mercados internacionais à frente do brasileiro.

A elite e o governante

Por mais banal que seja categorizar um grupo de desempenho melhor como “elite”, como é o caso da deste artigo em referência às grandes empresas geradoras de cultura na moda, vale confrontar a ideia de soberania dos negócios na governança do consumo. Catalisado pela pandemia, o culto à experiência do cliente mostra que tanto na moda quanto em outros setores do varejo e prestação de serviços as elites são, em certa perspectiva, servas.

Sendo a experiência do cliente a forma pela qual a empresa corresponde ao comportamento e expectativa dos consumidores, as empresas estão atrás de entendimentos, frameworks, formas de facilitação, domínio da temporalidade e certezas sobre preços e valores desejados para se calibrarem. Assim, talvez essa elite da moda seja regente apenas fora do reino do pós-consumidor.

Fonte: Novarejo