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Economia & Atualidade Postado em segunda-feira, 25 de março de 2024 às 14:36


Executivos brasileiros e representantes do setor de Telecom apresentam análises das tendências do maior evento de tecnologia móvel do mundo.

Recentemente o MWC Barcelona 2024, aclamado encontro internacional que reúne as principais tendências mundiais em conectividade e inovação, avaliou as novas fronteiras da tecnologia.

No Brasil, o encontro Pós-MWC Barcelona 2024 by Futurecom, apresentou ao mercado nacional os principais insights, mapeamento e análises das tendências do maior evento de tecnologia móvel do mundo.

Entre os temas, a monetização de rede e integrações com tecnologias emergentes, o impacto do Open Gateway, APIs, das aplicações de Gen AI na melhoria de processos e CX, além das inúmeras possibilidades frente a nova economia baseada em dados.

Destaques MWC Barcelona 2024 by Omdia

Ari Lopes, executivo da Omdia, empresa que esteve presente no MWC Barcelona 2024 com diversos analistas, elencou alguns tópicos de destaque do evento de Barcelona. Confira:

- Metaverso e Realidade Aumentada fora do hype;

 - IA e seus desdobramentos em evidência;

 - Massificação do IoT e dos novos casos de uso de redes privativas;

- Uma nova era para Telecom. Em todas as dimensões desse setor a IA vem sendo implementada. Operações, Customer Experience, otimização de consumo energético etc. Ainda pouco se fala sobre novos negócios, por outro lado, muitas parcerias sendo feitas com a ambição de desenvolvimento de LLMs próprias e APIs para o setor.

- Parcerias em foco. A necessidade de uma nova maneira das empresas se posicionarem e entenderem como trabalhar com parceiros tecnológicos e especialistas em IA, tendo ganhos em redução de custos e inovação para CX.

- Evolução dos assistentes virtuais. Novos avatares com mais conhecimento por meio de dados impulsionando a qualidade das interações, sobretudo, em avatares para o lar.

- Automação de redes e eficiência energética. Grandes projetos em torno de redes autônomas (ainda com preocupações sobre regulação e força de trabalho capacitada).

- Sustentabilidade energética e metas de redução de emissão de gases em alta. No entanto, a indústria como um todo não está tão ambiciosa quanto alguns players de TI e operadoras em relação esses temas.
- Soluções mais sofisticadas para indústrias especificas, que alimentam e olham o setor de Telecom como um elo fundamental para o desenvolvimento dessa nova era de IA e digital/consumo (Cloud, por exemplo).

- IOT como um grande ecossistema para trabalhar com APIs e fomentar soluções e parcerias em torno da IA.

- 5G RedCap em foco (dois a três anos para desenvolver o mercado).

- Computação quântica aumentando a segurança necessária para maiores avanços em torno das novas tecnologias.


Insights para o Brasil e a visão de executivos

Hermano Pinto, diretor de Tecnologia e Infraestrutura da Informa Markets e responsável pelo Futurecom, mediou o encontro em São Paulo, no qual executivos puderam tecer análises e impressões dos temas destacados no MWC e salientar seus reflexos no mercado brasileiro.

Amanda Ferreira, Gerente da área regulatória e jurídica e institucional, Telcomp, destacou a importância de como o mercado global de Telecom está evoluindo e como isso traz a oportunidade de endereçar toda essa evolução para o debate na esfera governamental no Brasil. “Tratar esses temas e gargalos com representantes de agentes reguladores dentro do evento de Barcelona foi enriquecedor. Todos puderam observar como outros países se posicionam hoje sobre essa evolução e mostram como podemos avançar por aqui”.

Marcos Ferrari, Presidente-Executivo, TeleBrasil, destacou a reforma tributária como um desafio ainda para esse crescimento no Brasil. “Acreditamos que o Brasil pode avançar nessas questões. Já avançamos muito em Open Gateway, mas falta maturidade regulatória no país”.

Diante desse cenário, Artur Coimbra, Conselheiro, Anatel, defende que o setor de telecomunicações tem a maior taxa de investimento sobre receita em setores regulados e destaca dois temas nesse contexto. “O Open Gateway, sem dúvida, permitiu essa adesão rápida, que tem uma lei de proteção de dados (LGPD) madura e que traz maior segurança para o mercado.  Sobre IA, é importante ter diretrizes éticas e ter cuidado com uma regulação que trave seu potencial monetização por medo ou desconhecimento”.


A importância do diálogo para a evolução do setor

Estella Dantas, Diretora de Relações Institucionais, V.tal, analisou o tema de infraestrutura, destacando que cada vez mais governo e parlamentares estão dispostos a ouvir o setor para “não embarcarem num impedimento dessa evolução tecnológica no Brasil”. “Temos apenas que ter cuidado com iniciativas isoladas, que podem apresentar metodologias que podem gerar novos problemas”, diz.

Marcio Kanamaru, Sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações (TMT), KPMG, reafirmou o Open Gateway como impulsionado de oportunidades e a abertura de uma nova jornada para novos negócios – sobretudo baseados em IA. “Percebemos hoje uma transformação na diversificação de negócios tradicionais empoderado pelos dados. Temos que entender que essa economia irá crescer exponencialmente em pouco tempo e e será cada vez mais apoiada em IA. É o futuro de toda empresa. Mas não podemos esquecer do fator cyber segurança com toda essa ampliação de oportunidades”.

Por fim, Estella Dantas salientou o diálogo com o governo e parlamentares para a manutenção e avanços da conectividade no país. “O Brasil tem 138 mil escolas públicas e todo o governo quer consolidar a conectividade nas escolas. O governo atual segue com todos os projetos relevantes e está aberto ao diálogo para superar esse desafio e seguir com esse objetivo, além de muitos outros”, diz. “Realmente não vemos descontinuidade do governo nesses projetos para o setor”, complementou Artur Coimbra, Conselheiro, Anatel.


Inteligência Artificial como elemento central

Como vimos, o Brasil vive um momento efervescente sobre novas possibilidades com o advento de novas tecnologias – sobretudo da IA para setores importantes como o de telecomunicações. Seus desdobramentos e avanço em diversas outras áreas, sociedade e consumo, por exemplo, tem nessa infraestrutura a base para melhorias significativas e mais amplas.

“São evidentes os impactos e os desdobramentos dos avanços do 5G, das aplicações da Inteligência Artificial Generativa, da massificação do IoT e dos novos casos de uso de redes privativas, que abrem amplas oportunidades de potencialização de soluções para as verticais econômicas”, salientou Hermano Pinto.

Com a Inteligência Artificial como elemento e vetor central desse crescimento, podemos concluir que o mercado brasileiro tem grandes chances de se destacar globalmente no uso e aplicação da Inteligência Artificial. Como bem pontuou Hermano Pinto: “Tenho a certeza de que estamos, cada vez mais, no caminho da evolução para uma sociedade mais inclusiva impulsionada pela digitalização. Esse movimento não tem volta”.

Fonte: Consumidor Moderno
Tecnologia & Inovação Postado em segunda-feira, 18 de março de 2024 às 11:11
 
À medida que modelos de linguagem como ChatGPT e Gemini inauguraram uma nova era de IA no Vale do Silício, as maiores empresas de tecnologia do mundo estão olhando para o futuro da biologia digital.
Desde 2021, US$ 7.7 bilhões foram investidos em startups de descoberta de medicamentos a partir de IA, segundo a Pitchbook.

Enquanto o CEO da Nvidia, Jensen Huang, observava a plateia na conferência de saúde do JPMorgan, o maior evento de tecnologia em saúde do ano, ele reconheceu que estava em um território desconhecido. “Vocês não são meu público normal”, disse durante um bate-papo com a Recursion, empresa de descoberta de medicamentos que recebeu US$ 50 milhões da Nvidia em 2023.

A audiência pode não ter sido parte de seu público-alvo principal, mas ele espera que isso mude. Repetidas vezes, Huang promoveu a biologia digital como a “próxima revolução incrível” da tecnologia.

Enquanto o boom da IA varreu o Vale do Silício, a Nvidia construiu um negócio de mais de US$ 60 bilhões por ano e, no verão passado, se tornou uma das poucas empresas com o valor de mercado na casa do trilhão. Na saúde e biotecnologia, ela vê mais oportunidades para impulsionar seu crescimento.

“Foi declarado que seremos o próximo negócio bilionário da Nvidia”, disse Kimberly Powell, vice-presidente de saúde da companhia, à Forbes. Ela afirmou que a empresa visa fornecer chips, infraestrutura em nuvem e outras ferramentas para mais empresas de biotecnologia.

Agora que modelos de linguagem como o ChatGPT, da OpenAI, e o Gemini, do Google, tornaram a IA generativa mais comum, várias das maiores empresas de tecnologia do mundo estão voltando sua atenção para a biotecnologia como a próxima fronteira em inteligência artificial.

Na Nvidia, a maior parte dos investimentos na divisão de Venture Capital foram em descoberta de medicamentos. Na DeepMind (laboratório de IA do Google), o modelo AlphaFold, ferramenta para prever estruturas de proteínas, tem sido usado por pesquisadores acadêmicos ao longo do último ano para desenvolver uma “seringa molecular” para injetar medicamentos diretamente nas células.

O interesse em biotecnologia é abrangente na indústria: Microsoft, Amazon e até Salesforce têm projetos de design de proteínas também.

Embora o uso da IA na descoberta de medicamentos não seja exatamente uma novidade — a DeepMind apresentou o AlphaFold pela primeira vez em 2018 — executivos da DeepMind e da Nvidia disseram à Forbes que este é um momento de avanço, graças à confluência de três coisas: a massa de dados em treinamento disponíveis, a explosão de recursos computacionais e avanços nos algoritmos. “Os três ingredientes estão aqui pela primeira vez”, disse Powell. “Isso não era possível há cinco anos.”


A importância da biotecnologia

A IA tem muito potencial na biotecnologia por causa de sua grande complexidade — basta ver o problema que o AlphaFold visa. As proteínas são a máquina básica do seu corpo, gerenciando uma ampla variedade de funções. Toda proteína é composta por uma sequência de aminoácidos, e as interações entre esses aminoácidos e o ambiente externo determinam como a proteína “dobra” — o que dita sua forma final. Ser capaz de prever a forma de uma proteína com base em suas sequências de aminoácidos é de suma importância para empresas de biotecnologia, que podem usar essas informações para projetar desde novos medicamentos até plásticos biodegradáveis.

Aqui é onde a aprendizagem profunda entra em jogo: treinar modelos de IA em centenas de milhões de sequências de proteínas diferentes e suas estruturas subjacentes ajuda esses modelos a descobrir padrões na biologia sem necessariamente precisar fazer os cálculos caros que eram necessários.

Simular proteínas requer recursos computacionais tão intensos que instituições projetaram e construíram supercomputadores especificamente para lidar com isso, como é o caso do Anton 2, feito pelo Pittsburgh Supercomputing Center.


O boom das startups de medicamentos a partir de IA

O boom da tecnologia para descoberta de medicamentos não está vindo apenas das gigantes do setor. Desde 2021, US$ 7.7 bilhões foram investidos em startups de descoberta de medicamentos a partir de IA, segundo a Pitchbook.

Em um relatório publicado no início deste mês, a empresa de análise de dados observou que ainda há um forte nível de entusiasmo “por empresas iniciantes que integram IA na descoberta e desenvolvimento de medicamentos”. O surgimento da IA generativa também despertou esse interesse crescente, disse David Baker, diretor do Instituto de Design de Proteínas da Universidade de Washington.

“Isso sempre foi uma espécie de coisa lunática, fora do mainstream”, disse Baker. Agora, ele disse, “todo mundo está falando sobre isso”. Desde a fundação do Instituto de Design de Proteínas em 2012, mais de 20 startups foram criadas a partir do programa, disse Baker. Dez delas, incluindo a Archon Biosciences, que desenvolve nanomateriais para medicina regenerativa e câncer, surgiram nos últimos anos.

Na DeepMind, a pandemia de Covid-19 fez com que os pesquisadores realmente entendessem as consequências de suas pesquisas. Eles trabalharam por quase 5 anos para desenvolver o AlphaFold, e enquanto estavam retratando o modelo para sua segunda geração, o mundo inteiro começou a se abrigar por causa de um vírus misterioso. “Isso trouxe para casa a importância do problema”, disse Pushmeet Kohli, vice-presidente de ciência da DeepMind, à Forbes.

Várias outras gigantes da tecnologia têm seus próprios esforços no campo de dobramento de proteínas.O resultado da pesquisa da DeepMind foi o AlphaFold 2, um modelo inovador que podia prever com tanta precisão as estruturas de proteínas que os organizadores do CASP, uma competição de pesquisa mundial para dobramento de proteínas, enviaram um e-mail perguntando se a empresa de alguma forma trapaceou, recordou Kohli, rindo.

O esforço foi tão promissor que Demis Hassabis, cofundador, criou uma empresa separada na Alphabet com base nos avanços do AlphaFold. Chamada Isomorphic Labs, a startup foca na descoberta de medicamentos e é liderada pelo próprio Hassabis. Apenas este ano, por exemplo, a Isomorphic Labs fechou acordos de pesquisa com a Lilly e a Novartis, coletivamente valendo quase US$ 3 bilhões se todos os marcos forem alcançados — e isso não inclui royalties de vendas de medicamentos potenciais.

Em 2022, a Nvidia lançou o BioNeMo, uma plataforma de IA generativa que ajuda os desenvolvedores a acelerar o treinamento, a implantação e a escalabilidade de grandes modelos de linguagem para descoberta de medicamentos. Na Nventures, a divisão de capital de risco da fabricante de chips, 7 dos 19 negócios da unidade são de startups de descoberta de medicamentos a partir de IA, incluindo Genesis Therapeutics, Terray e Generate Biosciences.

“A indústria de design assistido por computador criou a primeira empresa de chips de US$ 2 trilhões”, disse Powell, referindo-se à Nvidia e sua ascensão estratosférica ao longo do último ano. “A indústria de descoberta de medicamentos assistida por computador também pode construir a próxima empresa farmacêutica de trilhões de dólares. É por isso que estamos investindo da maneira que estamos”, acrescentou.

Várias outras gigantes da tecnologia têm seus próprios esforços no campo de dobramento de proteínas. No ano passado, a Salesforce estreou o ProGen, um modelo de IA para geração de proteínas, e a Microsoft lançou o EvoDiff, um modelo semelhante, mas de código aberto. A Amazon também lançou ferramentas de dobramento de proteínas para o SageMaker, sua plataforma de aprendizado de máquina da Amazon Web Service (AWS). Até mesmo a ByteDance, empresa-mãe do TikTok, parece estar recrutando equipes de ciência e design de medicamentos, relatou a Forbes em janeiro.


Os desafios no caminho

Apesar da promissora promessa de descoberta de medicamentos com a ajuda de inteligência artificial, existem contratempos. São necessários anos de pesquisa para que eles cheguem ao mercado.

Em alguns casos, as dificuldades associadas à descoberta de remédios fizeram com que grandes empresas de tecnologia abandonassem essa pesquisa. Em agosto passado, a Meta, empresa-mãe do Facebook, fechou sua equipe de dobramento de proteínas.

Um gargalo importante no qual as empresas de tecnologia precisarão se concentrar é ter dados de treinamento suficientes. Modelos fundamentais mais novos, como o GPT, dependem de aprendizado por reforço, um método em que os algoritmos podem processar informações não rotuladas por tentativa e erro. Isso os torna ainda mais dependentes de dados de alta qualidade, disse Anna Marie Wagner, chefe de IA da empresa de biologia sintética Ginkgo Bioworks à Forbes.

No verão passado, sua empresa entrou em uma parceria estratégica de cinco anos com o Google Cloud para combinar sua expertise em IA com a capacidade do Ginkgo de gerar rapidamente dados biológicos em seus laboratórios automatizados.

Fonte: Forbes