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Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 24 de agosto de 2021 às 11:25


Em um papo enriquecedor, Vélez conta sobre a cultura do Nubank, pilar fundamental para que a empresa, fundada em 2013, já tenha sido avaliada em US$ 30 bilhões.

E a 2ª Temporada do nosso podcast Papo de Gestão chegou mesmo com tudo! No primeiro episódio dessa temporada, Tallis Gomes recebeu David Vélez, CEO e Fundador do Nubank, em um papo sobre como o Nubank se tornou uma das 10 maiores startups do mundo, avaliado em US$ 30 bilhões. Segundo Vélez, a grande responsável por esse resultado foi a cultura empresarial.

Por isso, revelamos 5 valiosas lições sobre cultura que David falou no podcast e você pode aplicar no seu negócio!


Lição 1 – Não venda produto, venda cultura

Quando a sua empresa tem uma cultura forte, este se torna o seu maior diferencial competitivo.

Provavelmente você tem concorrentes que vendem a mesma coisa ou algo muito parecido que seu produto ou serviço. Ainda que você esteja em um “oceano azul”, se sua empresa começar a dar certo, mais cedo ou mais tarde alguém vai copiar você.

Mas a cultura empresarial é uma coisa única, impossível de ser 100% copiada.

No caso do Nubank, por exemplo, vimos dezenas de outros bancos digitais surgindo, com todo o tipo de feature possível.

Ainda assim, nenhum deles conseguiu reproduzir o “efeito Nubank”, porque os clientes do roxinho são completamente apaixonados pela cultura da marca.


Lição 2 – A cultura é criada pelas 10 primeiras pessoas da empresa

Segundo Vélez, a cultura de uma empresa é criada logo no seu início, nos primeiros 6 meses e pelos 10 primeiros colaboradores.

Essas pessoas serão o exemplo dos próximos que virão. Elas serão responsáveis por passar, direta ou indiretamente, os valores da empresa para os novatos, quando estiverem contratando gente nova toda semana.

Lembre-se: a palavra convence, mas só o exemplo arrasta.

A grande prova disso é que Vélez comentou que, mesmo sendo o CEO de uma empresa gigante, responde individualmente todos os e-mails de reclamações que chegam na sua caixa de entrada.

Por mais que isso não seja escalável, é um grande exemplo do maior valor do Nubank: o foco fanático na satisfação de seus clientes.


Lição 3 – Faça um documento com a sua cultura

Lá no início do Nubank, quando eles ainda eram aquela pequena empresa de 10 pessoas, Vélez, seus sócios e colaboradores dedicaram um dia inteiro para a construção da cultura empresarial.

Para isso, eles fizeram um offsite, isso é, saíram do ambiente de trabalho, e foram conversar de forma descontraída, enquanto tomavam uma caipirinha ou uma cerveja, para debater com calma como seria a cultura da empresa.

Desde então, esse documento é apresentado para todos que ingressam na empresa e serve de guia para a forma como as coisas devem ser feitas. Dá uma olhada no que eles escreveram como os pilares de valor do Nubank:

* We want customers to love us fanatically: queremos que os clientes nos amem fanaticamente;

* We are hungry and challenge the status quo: somos famintos e desafiamos o “sistema”, o status quo;

* We think and act like owners: temos mentalidade de dono;

* We build strong diverse teams: construímos times fortes e diversos;

* We pursue smart efficiency: buscamos a eficiência inteligente.


Lição 4 – Capriche no Onboarding

Há 8 anos, todos os meses, David apresenta a cultura Nubank para todos os novos colaboradores que entram na companhia.

Por mais corrida que seja a agenda de um CEO de uma empresa bilionária, Vélez vê a sua presença nesse processo de onboarding como indispensável. É uma oportunidade para todos que entram de ouvir diretamente do fundador da empresa quais os valores e o que se espera deles por lá.

Mas não para por aí, o onboarding do Nubank pode durar até 4 semanas.

Na primeira semana, a ideia é entregar para os novos colaboradores uma visão geral da empresa, onde, além de Vélez, os gestores de cada área também apresentam um pouco do que eles fazem e de como veem a empresa.

Depois de finalizado esse onboarding geral, as semanas seguintes são de um onboarding mais específico na área do colaborador, onde são apresentadas suas funções, as ferramentas e como eles trabalham.

Nessa segunda etapa, que dura em média 3 semanas, o novo membro do time já está trabalhando normalmente, mas parte do seu tempo é dedicada para que ele aprenda com calma tudo o que precisa para se tornar um profissional de excelência.


Lição 5 – Só a cultura sobrevive ao longo prazo

No podcast, Vélez conta que um dos grandes motivos de ele valorizar tanto a cultura é porque antes de trabalhar no Nubank, ele esteve na Sequoia Capital, um grande fundo de venture capital que tem uma cultura muito forte.

Lá, ele percebeu que a Sequoia tinha uma grande diferença em relação a outros fundos: eles já estão na 3ª geração e só crescem.

Segundo David, isso é raríssimo no mundo de investimentos de risco e só foi possível graças a uma boa cultura empresarial.

É exatamente por isso que David garante que a cultura é o grande pilar do crescimento do Nubank até aqui, e por mais que a empresa já esteja avaliada em 30 bilhões de dólares, ainda é o começo.

A expectativa é que a cultura do Nubank leve a empresa muito além nos próximos anos.

Fonte: Gestão 4.0
Estratégia & Marketing Postado em terça-feira, 24 de agosto de 2021 às 11:16


Apostando na diversificação geográfica como estratégia, grupo de academias se prepara para retomada que será completada apenas em 2022.

A Smart Fit (SMFT3) fez pesquisas internas que mostraram uma intenção de volta às academias. Mesmo assim, a maior rede de estabelecimentos do tipo no país está de olho em riscos como variantes do novo coronavírus, alto nível de desemprego e queda na renda do brasileiro.

Apostando na diversificação geográfica como estratégia, o grupo se prepara para uma retomada às academias na América Latina, que deve ser concretizada apenas em 2022.

O InfoMoney conversou com Edgard Corona, fundador e CEO do negócio, sobre o caminho até a oferta pública inicial de ações; o impacto da pandemia nos negócios; e planos após o IPO.


O caminho até o IPO

Ao todo, o grupo de academias acumula 2,8 milhões de clientes ativos em frentes presenciais e digitais. A primeira academia da Smart Fit foi aberta em 2009. Hoje, a marca acumula 981 unidades em 13 países da América Latina. O grupo é mais conhecido pelas academias de baixo custo, mas também conta com outras bandeiras. A primeira delas foi a rede de academias premium Bio Ritmo, fundada em 1996. Outro exemplo é a plataforma de streaming de atividades físicas Queima Diária, fundada em 2016.

O grupo de academias estreou no mercado acionário há pouco mais de um mês: as ações começaram a ser negociadas na B3 no dia 14 de julho. A oferta pública inicial de ações movimentou R$ 2,3 bilhões e os papéis tiveram valorização de quase 35% no primeiro dia, indo dos R$ 23 por ação definidos no prospecto para R$ 31. A ação encerrou em R$ 28 nesta sexta-feira (20).

Os planos de levar o grupo ao mercado acionário pública são de longa data, porém. Segundo Corona, as conversas com investidores começaram em 2012. A Smart Fit já tinha uma captação privada com o Pátria Investimentos. “Não era o momento de fazer um IPO. Mas tivemos reuniões e os investidores tomaram notas”, diz o CEO.

Em 2018, a ideia de um IPO voltou para a mesa. “Nossos investidores procuram uma saída, e sempre avaliamos qual era o momento de fazê-la. Mas naquele momento havia uma incerteza sobre qual preço iríamos alcançar, e a avaliação não atendia os fundos”, diz Corona. A Smart Fit voltou para as captações privadas: recebeu no ano seguinte aportes dos fundos Canada Pension Plan Investment Board e Dynamo.

“Recompomos nossa base de investimentos, com alguns saindo e outros entrando. Apresentamos também uma base sólida com nossos resultados entregues em 2018 e 2019. Provamos principalmente que as novas lojas apresentavam uma boa performance”, diz Corona.

Porém, 2020 foi marcado pela pandemia do novo coronavírus. A Smart Fit foi bastante impactada pelas restrições às atividades sociais. Na primeira onda da pandemia, a partir de abril de 2020, o grupo teve de suspender a operação das academias em nível nacional e por um longo período. Em 2021, a segunda onda provou um novo fechamento, mas desta vez em algumas regiões e por menos tempo.

Durante o período, a Smart Fit diminui o ritmo de expansão de novas academias e fortaleceu seu caixa, com aumento de capital social no valor de R$ 500 milhões em dezembro de 2020. Por fim, investiu em canais de fitness digital, como o Queima Diária.

O IPO veio junto da expectativa de retomada do negócio após a pandemia. “Vimos como lugares com vacinação bem sucedida tiveram volta consistente e crescente das academias. Não sabíamos quando a vacinação ia acontecer por aqui, mas sabíamos que tínhamos unidades com boas estruturas e bons resultados. Em algum momento, a história vista no exterior iria se repetir no Brasil e na América Latina. Queríamos encher o tanque de combustível e preparar nossa expansão”, diz Corona.

O número de clientes estava em queda até junho deste ano, que teve alta de 4% no número de consumidores ante o mês anterior. Em julho de 2021, quando 100% das academias do grupo ficaram de portas abertas, houve nova alta de 4%. A ocupação atual das unidades está entre 60% a 70%, dependendo das condições de reabertura em cada cidade onde está a Smart Fit. Corona estima que a ocupação voltará a 82% em algum ponto de 2022. O número se baseia em uma pesquisa que a Smart Fit fez com ex-clientes neste mês: 82,3% dos consumidores respondeu que voltaria a treinar após ser vacinado, e colocou academia entre suas opções de local de treino.

“A despeito dos impactos negativos de curto prazo, acreditamos que, a longo prazo, a pandemia terá um impacto positivo no aumento da prática de exercícios físicos em busca de um estilo de vida mais saudável (…). De acordo com tendências de mercado, 71% dos brasileiros buscará fazer exercícios físicos após a pandemia, além de saúde, exercício e academias serem prioridades para os brasileiros em 2021”, escreveu a Smart Fit em seu prospecto. “Os players high value low price [serviço de alto valor agregado com preço acessível] têm recuperado sua base de clientes após a melhora da pandemia em países europeus, além de as projeções da Fitch Ratings indicarem que apenas esse segmento será capaz de retornar a níveis ‘pré-Covid’ em 2022.”

Recentemente, a concorrente Blue Fit também protocolou um pedido de IPO na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Criada em 2015 sob a marca Health Place, a Bluefit conta hoje com unidades próprias e franquias em 15 estados brasileiros, além do Distrito Federal. Perguntado sobre diferenciais da Smart Fit, Corona ressaltou o grande número de clientes por loja, consistência do modelo de negócios e foco em musculação, exercícios cardiovasculares e ginásticas.

“Devemos ter 30% a 35% mais clientes por loja, além de um processo estruturado de formatação de unidades. Unificamos processos de atendimento, layout e aplicativo em quase mil lojas, e medimos métricas como recorrência e NPS. Também sou contra a grande diversidade de exercícios. Quando você coloca jiu jitsu e as pessoas não querem fazer, por exemplo, você ocupa muito espaço e gasta com treinamento do professor e indumentária específica. E nosso negócio é de faturamento por metro quadrado”, diz Corona.


Desemprego, pouca renda e variantes x internacionalização

Mesmo com o avanço da vacinação contra Covid-19, diversos países estão preocupados com o avanço das variantes do novo coronavírus, como a Delta. A Smart Fit está monitorando o avanço das mutações. “O maior impacto das variantes aparecem em grupos de pessoas que não tomaram nenhuma vacina. Sim, é uma preocupação.”

No Brasil, soma-se um contexto de alto desemprego e perda de renda. “Algumas regiões se beneficiaram da alta das commodities e não foram tão afetadas, como o Centro-Oeste. Em geral, porém, a renda do brasileiro não aumenta no mesmo passo da inflação e o desemprego de fato impacta na operação. Em 2009, cobrávamos R$ 69,90 por mês num plano Black. Hoje, cobramos R$ 109,90. Sabíamos que não dava para aumentar acompanhando a inflação, e que captaríamos mais gente dessa forma”, diz Corona. O CEO também enxerga um movimento de migração de consumidores de academias mais premium, assim como uma redução na oferta geral de academias por conta do fechamento de operações pequenas durante a pandemia.

Uma forma de mitigar tais efeitos é diversificar a operação geograficamente. Hoje, mais de 40% da receita da Smart Fit está fora do Brasil. Corona estima que essa divisão fique meio a meio nos próximos anos. “A América Latina tem a característica de que uma hora um país está bem enquanto outro não está. Temos 13 alternativas, que permitem rebalanceamento de investimentos diante de um estoque disponível de imóveis.”


Planos de expansão

A Smart Fit considera que o mercado latino-americanos de academias tem baixa penetração e é fragmentado. Segundo seu prospecto, o mercado de fitness latino-americano cresceu a uma taxa anual média de 7,1% em número de clientes entre 2010 e 2019, chegando a 20,8 milhões de clientes. Naquele ano, a penetração do mercado de centros de exercícios no Brasil, no México e na Colômbia era de 4,9%, 3,3% e 2,1% respectivamente. Nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Alemanha essa mesma penetração era de 21,2%, 15,6% e 14,0%.

Segundo Corona, a Smart Fit detém hoje cerca de 15% do mercado brasileiro de academias, e 13% do mercado latino-americano. Essa participação deve crescer entre 2% e 3% ao ano com a abertura de novas lojas. Foram 53 unidades entregues no segundo trimestre de 2020, número que superou o total de academias abertas em 2020 (74).

“O plano apresentado é de abrir 200 unidades por ano. Mas estamos calmos no momento, não queremos ser taxativos. Temos capacidade de execução em condições normais de temperatura e pressão, mas imagina que vem uma terceira onda da pandemia”, reflete Corona.

Em receita líquida, a diferença entre os segundos trimestres de 2020 e de 2021 foi de 410%, indo de R$ 67 milhões para R$ 343 milhões. Vale lembrar que, no segundo trimestre de 2020, alunos da Smart Fit foram isentados do pagamento das mensalidades enquanto as academias estavam fechadas. Mesmo assim, os R$ 343 milhões ficaram abaixo dos R$ 372 milhões vistos no primeiro trimestre deste ano e dos R$ 386 milhões vistos no último trimestre de 2020. O terceiro trimestre deste ano deverá ter apenas períodos em que as academias ficaram de portas abertas.

O prejuízo no segundo trimestre ficou em R$ 175,2 milhões, ante R$ 272,2 milhões no mesmo período de 2020. No primeiro trimestre deste ano o prejuízo foi menor, ficando em R$ 144,7 milhões. Corona credita o prejuízo ao foco da Smart Fit em continuar expandindo seu número de academias.

A Smart Fit está usando a maioria dos recursos captados em sua estreia na bolsa, cerca de 70%, para expandir sua base de clientes na América Latina. Serão três frentes de investimento: amadurecer academias já inauguradas; aumentar o número de academias por crescimento orgânico; e aumentar o número de academias por aquisições.

Em termos de expansão orgânica, o grupo deve focar em abrir unidades nos 13 países em que já opera, como Brasil e México. Esses países representam 96,4% do mercado latino-americano, segundo o prospecto da Smart Fit. As unidades devem ser abertas em praças ainda não alcançadas pela companhia, ou próximas a unidades que tenham demanda suficiente para justificar outras academias.

“O foco maior de crescimento continua em cidades de grande porte, com população acima de 1 milhão, e de médio porte, com população entre 300 mil e 1 milhão de habitantes. Um foco de crescimento para o futuro seriam cidades de pequeno porte, entre 100 e 300 mil habitantes, em que também há espaço para crescimento. A Smart Fit já está presente em 79% e 61% das cidades acima de 1 milhão de habitantes e entre 300 mil e 1 milhão de habitantes respectivamente”, disse o grupo em seu prospecto.

A companhia também disse que poderia se valer de aquisições pontuais, “caso identifique oportunidades interessantes para complementação de sua base atual de academias, mantendo a disciplina na seleção das empresas alvo e buscando principalmente a conquista de pontos comerciais atrativos, de maneira consistente e complementar ao vetor principal de crescimento orgânico”. A pandemia teria facilitado os termos de aquisições com outras academias, que depois têm seus imóveis convertidos para o padrão da Smart Fit. Corona negou rumores de mercado de que a Smart Fit estaria negociando a aquisição da Bodytech.

Outra frente de expansão é o investimento em fitness digital. A Smart Fit está focando especialmente na Queima Diária. O grupo vai inaugurar produtos e serviços em categorias como luta, dança e spinning; investir em melhoria das plataformas digitais; ampliar a estratégia de marketing digital; e expandir a operação da plataforma para o restante da América Latina.

O grupo Smart Fit fechou o segundo trimestre deste ano com 2,381 milhões de alunos nas academias e 435 mil alunos exclusivamente digitais. A frente virtual apresentou expansão de 15% sobre os números vistos no final de 2020.

Fonte: Infomoney