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Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 13 de fevereiro de 2018 às 19:41
O varejo brasileiro começa a apertar o passo no processo de transformação digital do setor, com a implementação de novas tecnologias nas lojas físicas. O pagamento móvel, a realidade virtual, a personalização de ofertas e o uso de sensores de calor e faciais são algumas das soluções que grandes redes nacionais vêm testando nos pontos de venda.

Ainda que o movimento esteja em patamar muito mais avançado no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na China, percebe-se uma preocupação crescente de empresários brasileiros do comércio com a transformação do negócio para um modelo mais pautado no digital e nas inovações.

No Brasil, o processo acelerou nos últimos anos principalmente pelo barateamento das novas tecnologias – com a consolidação da nuvem e da venda de softwares como serviços (SaaS) –, e pela integração cada vez maior do canal físico com o on-line. “O cloud e o SaaS tornaram as tecnologias viáveis até mesmo para o pequeno varejista”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra.

Recentemente, uma das empresas que começou a testar modificações significativas nas lojas é a Via Varejo (dona da Casas Bahia e do Pontofrio). No final de janeiro, a rede abriu a primeira unidade de um modelo de ponto de venda digital, onde todo o funcionamento é pautado no uso de soluções tecnológicas e na personalização da experiência de compra pela análise de dados.

Na loja recém aberta, sensores de expressão facial medem a satisfação do cliente ao sair, enquanto um mapa de calor analisa toda a trajetória feita durante o tempo que o consumidor permaneceu no ponto de venda. A empresa começou a testar também a aplicação da realidade virtual e aumentada.

“Usamos a realidade virtual para o cliente experimentar produtos que não estão no mostruário da loja, o que ajuda na venda de móveis; e a realidade aumentada para levar    o produto a casa do consumidor, através de um aplicativo”, afirma o diretor de unidades on-line da Via Varejo, Flavio Dias.

A empresa iniciou ainda um projeto batizado de “Via Unica”. O sistema consiste em um grande banco de dados, que concentra informações dos clientes, coletadas com as transações internas, e também informações externas. “O big data estará ‘plugado’ em uma espécie de motor de personalização, que vai disparar campanhas customizadas”, explica.

Na prática, a medida vai permitir uma maior assertividade das campanhas de marketing, melhorando, em tese, o relacionamento com o consumidor. O uso de dados para aprimorar a oferta de promoções já vem sendo utilizado de forma ampla no varejo alimentar. Grandes redes, como o Grupo Pão de Açúcar (GPA), Carrefour e o mineiro Super Nosso, lançaram recentemente aplicativos com ofertas que variam de acordo com o histórico de compra de cada usuário.

“Lançamos há três meses o aplicativo e já temos 100 mil usuários”, afirma o presidente do Grupo Super Nosso, Euler Fuad. Segundo o empresário a solução gerou um incremento de 10% nas vendas, e foi muito bem recebida pelas indústrias.

“Ao invés de investir um volume grande para ofertar os produtos de forma massiva, os fornecedores investem para atingir menos consumidores, mas de forma mais assertiva.”

No processo de avanço digital do varejo, umas das empresas que mais tem se destacado, na visão de analistas, é o Magazine Luiza. À frente do setor, a companhia começou há alguns anos a investir na transformação do modelo de negócios, com a integração dos canais e a aplicação de tecnologias nos pontos de venda.

A rede foi uma das primeiras do comércio nacional, por exemplo, a adotar o pagamento móvel. Nas lojas da varejista de eletrodomésticos, vendedores podem realizar as vendas através de smartphones e tabletes, o que elimina a necessidade da presença dos caixas.

O investimento das varejistas vem um momento, na visão do fundador da consultoria Varese Retail, Alberto Serrentino, em que a transformação digital já passou de um diferencial para uma agenda inevitável do setor. “As empresas precisar estar preparadas para isso.”

Fonte: DCI
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 13 de fevereiro de 2018 às 19:32
Parte do mercado acordou confusa no dia de 19 de junho do ano passado. Isso porque foi naquela data em que houve o anúncio da compra da operação brasileira da Fnac, uma das maiores varejistas da Europa, pela Livraria Cultura, uma das principais empresas do setor, mas que passava por momento financeiro complicado.

O negócio, que teve formas de pagamento bem pouco convencionais no mercado, foi fechado. A missão, desde então, está com Sérgio Herz, CEO da empresa e filho do fundador da Livraria Cultura, Pedro Herz.

Em entrevista à NOVAREJO, o executivo fala sobre os desafios de tocar uma empresa que está em processo de junção, líderes que inspiram ele e até mesmo a respeito de sua maneira dura de tocar os negócios. Para ele, um líder precisa ser objetivo, transparente e sem frescura.

“Posso também parecer uma liderança mais dura, mas garanto que isso tem a ver com a minha personalidade e a educação alemã que recebi”, diz Herz.

Confira, abaixo, a sua entrevista:

NOVAREJO – Na sua opinião, qual é o perfil do executivo de hoje? Mudou algo em comparação a outros tempos?
Sérgio Herz – O perfil de qualquer executivo hoje deve combinar dinamismo e resiliência, porque ele precisa estar preparado para mudanças muito rápidas, num cenário cheio de incógnitas. Basta olhar o que está acontecendo à nossa volta. Essa formidável revolução digital cria, também, um ambiente mais instável.
A meu ver, deve-se procurar um equilíbrio entre conversa e ordem. Ou seja, a conversa é importante, sim, mas há momentos para dar ordens. Até porque, se tudo se resolvesse pela conversa, seria o paraíso, só que não vivemos nele.

NOVAREJO – Como o sr. se enxerga como líder? E como é o seu trato com os seus funcionários?
SH – Eu me defino como uma liderança objetiva, transparente e sem frescura. Não gosto da enrolação. Também não curto ficar discutindo o passado, porque é um tempo que já foi e não se pode mudar. Prefiro pensar e discutir o futuro. Posso também parecer uma liderança mais dura, mas garanto que isso tem a ver com a minha personalidade e a educação alemã que recebi.

NOVAREJO – Em quais líderes o senhor se inspira?
SH – Me inspiro em Bill Gates, fundador da Microsoft, e em Elon Musk, da Tesla Motors. Também coloco, entre os líderes preferidos, Winston Churchill (ex-primeiro-ministro inglês), Golda Meir (ex-primeira-ministra de Israel) e Margaret Thatcher (ex-primeira-ministra britânica). Por quê? Pela inteligência de cada um deles e pelo que realizaram.

NOVAREJO – O perfil do líder mudou. Na sua opinião, quais foram as alterações mais perceptíveis e importantes?
SH – Mudou e isso tem a ver justamente com a velocidade das transformações que se apresentam no nosso tempo. O líder agora tem que responder de forma mais efetiva e rápida aos desafios. No que diz respeito às pessoas, de modo geral, talvez não tenha ocorrido grandes mudanças. Por exemplo, existem características dos “millennials” que ainda são desconhecidas das lideranças de hoje.

NOVAREJO – Em sua opinião, quais são as principais características e desafios para o CEO de hoje?
SH –  Tem que ter coragem, resiliência, perseverança. E não ter medo de errar. Mas, quando errar, reconhecer rápido. Não posso ter compromisso com o erro! Sobre os desafios, como já disse, um que me parece essencial é a capacidade de reagir e mudar, num ambiente de instabilidade. E não posso me esquecer de que todo CEO deve encarar o desafio de como não ficar para trás.

NOVAREJO – Você está liderando uma junção de companhias, já que a Livraria Cultura comprou a Fnac. Como é o desafio de unir as duas culturas?
SH – Não vamos trabalhar com duas culturas. Trabalharemos com a cultura da Livraria Cultura, a única que temos e que é o nosso modo de operar. Claro, investiremos muito em treinamentos, para que todos se adaptem à nossa cultura.


NOVAREJO – Mas e como lidar com o receio e até medo de alguns funcionários, que sentem que podem ser demitidos em meio ao processo?
SH – O risco de uma demissão não está relacionado com o processo de aquisição e todo um processo de engajamento que está em curso, mas, sim, com a capacidade de entrega de cada indivíduo. Bons profissionais terão emprego em qualquer lugar do Brasil e, claro, também na Livraria Cultura. Sempre.

NOVAREJO – Qual a sua visão sobre o conflito de gerações? Ele existe?
SH – O conflito de gerações é positivo. Eu diria mesmo que é altamente salutar. Se não tiver conflito, é sinal de que existe algo errado. Por isso, todo líder deveria gostar desse tipo de conflito, o geracional, porque ao longo dele estará sendo provocado e desafiado. Se não gostar disso, não é um líder.

NOVAREJO – Existe alguma preparação para assumir a cadeira de CEO?
SH – Estou me preparando, sempre. Tornar-se presidente é uma conquista, mas também uma evolução, um processo. A verdade é que, quando se assume a presidência, é que se descobre não estar preparado para ela. E os desafios logo começam a aparecer, entre eles, entregar mais do que se espera, ver como se tornar relevante no meio e mesmo como começar a abrir o caminho para quem possa nos suceder um dia. Como sempre digo, sucesso é coisa do passado. Prefiro olhar para a frente.

NOVAREJO – Como será o líder do amanhã?
SH – Basicamente, são as mesmas características do líder de hoje. Porém, com mais abertura para as novas gerações, que virão e certamente serão muito diferentes da nossa.

Fonte: Novarejo