Notícias


Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 26 de setembro de 2017 às 21:13
Quer ser um bilionário? Resolva o problema de um bilhão de pessoas.

A frase é marca registrada de um dos cofundadores da Singularity University, Peter Diamandis, que a repetiu para os 1.600 participantes da conferência global organizada pela universidade há um mês em São Francisco.

Vamos a alguns fatos.

* Hoje, 3 bilhões de pessoas vivem com menos de US$2,5 por dia.

* Na época de Adam Smith, o país mais rico era 4 vezes mais rico que o país mais pobre; hoje, essa relação é de 250 vezes.

* Um terço de toda a comida produzida no mundo é desperdiçada: 1,3 bilhão de toneladas por ano.

* O HIV é a maior causa de morte de mulheres em idade reprodutiva no mundo.

Empreender é resolver problemas, e os objetivos do milênio estão aí para mostrar que o mundo ainda tem muitos desafios a serem solucionados.

Pode parecer impossível resolver um problema para tanta gente, mas hoje em dia a tecnologia possibilita a criação de soluções exponenciais.Diamadis relembrou que, antigamente, apenas os reis e rainhas tinham o poder de solucionar o problema de um grande número de pessoas. Hoje, porém, cada um de nós tem o poder de influenciar mudanças.

Para os fãs dessa universidade futurística, o conceito acima já está batido. Porém, colocar de pé um negócio com tal poder de transformação não é uma tarefa trivial. Por onde começar? Como grandes organizações podem inovar para não apenas sobreviver, mas vencer em um mundo em constante mudança? Qual é a transformação de mindset dos líderes e da cultura que as empresas precisam atualmente? Nesse artigo você irá conferir os principais aprendizados do Singularity Global Summit 2017.

OS MAIORES PROBLEMAS DA HUMANIDADE SÃO TAMBÉM AS MAIORES OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO

Para quem quer empreender e não sabe por onde começar, a seguinte notícia é boa: o mundo está repleto de problemas a serem resolvidos. Paul Hawken, renomado ativista ambiental, fez um estudo apresentado em seu livro Drawdown, no qual ele analisou quais são as 100 soluções para o aquecimento global.

A primeira, segundo o autor, é a comida. O nosso sistema de produção de alimentos hoje é deficiente em várias formas, sendo insustentável no longo prazo. Entre outros problemas, hoje usamos 30% de toda a superfície não congelada da terra para alimentar animais que vão satisfazer nosso desejo por carne. Esse setor produz 15% das emissões de gases de efeito estufa. Duas empresas que estão tentando resolver esse problema se apresentaram no congresso. A ImpactVision oferece informações sobre a qualidade dos alimentos por meio da tecnologia de imagem hiperespectral, e a Memphis Meat produz carne a partir de células animais.

A sexta solução apresentada é mais inesperada pela maioria. Oferecer ensino para meninas está entre as top 6 maneiras de reduzir o aquecimento global. Isso porque, na visão de Hawken, mulheres com maior escolaridade tendem a ter menos filhos, impactando profundamente a quantidade de recursos necessários do planeta.

“O aquecimento global não é um vilão que temos que vencer. O aquecimento é um fato, ele existe, e são as nossas ações que influenciam esse fenômeno negativamente ou positivamente. Isso significa que lutar contra o aquecimento global é lutar contra nós mesmos. Nós como seres humanos precisamos das mudanças que levam à reversão do aquecimento global, então endereçar o aquecimento é endereçar as nossas necessidades.”

A mensagem passada por Hawken foi de que todo sistema morre sem feedback, e o aquecimento global é o nosso feedback. Ele não está acontecendo contra nós, mas para nós. A sociedade tem a oportunidade de rever seus valores e ações como sociedade, e uma forma de começar é pensando em soluções que possam impactar a vida de bilhões de pessoas.

Preparando sua empresa para o futuro que já bate na portaMas e as empresas já bem estabelecidas? Como elas se inserem no mundo exponencial, em constante mudança?

Para Clayton Cristensen, autor de O Dilema da Inovação, existem três formas das empresas inovarem para crescer:

1. Novos mercados: Entrar em novos mercados é uma das opções. No início é caro e complicado, requer pesquisa e desenvolvimento, e pode levar de 5 a 10 anos para trazer resultados financeiros. Um alerta é que muitas empresas caem na armadilha de focar apenas em um mercado consumidor e não enxergam o potencial em novos mercados. Quando está no início, a empresa tem produtos que são acessíveis para clientes com uma determinada faixa de renda, e consequentemente apenas coleta dados sobre essas pessoas ou empresas. Porém, quando o negócio ganha escala e a tecnologia se torna mais barata, por exemplo, o produto se torna acessível à novos consumidores, dos quais a empresa não possui dados e por isso muitas vezes os ignora. O mercado dos novos potenciais consumidores deve ser explorado.

2. Agregar valor em produtos existentes: Essa forma diz respeito a fazer os produtos existentes se tornarem ainda melhores. Para conseguir adicionar valor, a empresa precisa se conectar melhor aos consumidores e entender quais são as necessidades deles que ainda não foram atendidas. Porém, segundo Christensen, o crescimento potencial dessa vertente não é tão grande quanto do primeiro caminho.

3. Eficiência: O terceiro meio de crescer é se tornar mais eficiente, como cortando custos para acelerar o crescimento. Essa opção tem um ótimo retorno no curto prazo, mas, segundo o autor, não transformará a empresa.

Porém, para conseguir fazer com que uma estratégia disruptiva tenha sucesso, os gestores precisam saber que as empresas possuem um sistema imunológico — o maior inimigo da transformação. Pessoas são geralmente muito resistentes à mudança, estão acostumadas com as coisas como elas são e ficam reticentes quando algo desconhecido ameaça o status quo. Esse sistema defensivo, que é político e emocional, é muito forte, e você não vai querer batalhar com ele. A saída é abrir uma nova empresa, ou escalar as extremidades, segundo John Hagel, presidente do conselho da Center of the Edge, uma entidade de pesquisa sobre novas formas de crescimento da Deloitte.

Hagel aconselha que a inovação comece longe do centro de atenções da organização, e vá crescendo aos poucos. No início a empresa deve investir poucos recursos na nova atividade. Se colocar muito dinheiro de cara, o sistema imunológico irá matá-la. Líderes de outras áreas irão questionar por que a novidade ganha mais atenção, e cobrar resultados que só virão no futuro. Por isso, escale as extremidades e acompanhe os resultados operacionais. Aos poucos essa novidade pode se tornar o novo core.

Outro ponto importante sobre as organizações no futuro é que a diversidade será crítica. E não porque está na moda falar em diversidade, mas sim porque a fricção que ela causa é muito rica para a inovação.

Quando perguntado sobre o futuro das organizações, Christensen resume que é modular. O core business da empresa atual vai se transformar em uma plataforma, onde diversas soluções de terceiros podem ser acopladas. E fortalecendo a tese de Hagel, a maior transformação necessária é a cultural.

A cultura exponencial

Ao contrário de como funciona a gestão na maioria das empresas hoje, para conseguir alavancar o crescimento, os líderes das novas grandes empresas não vão mais comandar e controlar. Em seu livro Organizações Exponenciais, Salim Ismail descreve as ferramentas que uma empresa precisa empregar para conseguir crescer exponencialmente, e dar autonomia para o time é uma delas.

“A autonomia pode ser descrita como grupos multidisciplinares e autogeridos, operando com autoridade descentralizada” – Salim Ismail, Singularity University

Descentralização e autonomia são pré-requisitos para inovação, uma vez que permitem respostas rápidas através de maior adaptabilidade e flexibilidade na tomada de decisão. De primeira pode parecer confuso, mas o Google e o Spotify desenvolveram os OKRs e Squads como métodos de gestão para organizar seus times, conceitos que foram disseminados mundo a fora.

Outra empresa que cresceu tendo como premissa a autonomia dos funcionários foi a Zappos, que transformou a agilidade na tomada de decisão em seu diferencial competitivo. Essa empresa se tornou referência ao apostar em uma cultura forte, onde o time é encorajado a tomar suas próprias decisões, um ponto chave no relacionamento com consumidores cada vez mais exigentes em relação à velocidade e qualidade de atendimento.

A cultura da Zappos gira em torno de um propósito muito forte “Oferecer o melhor atendimento possível”. São sonhos grandes como esse que atraem a geração millennial, uma geração de mindset muito empreendedor e contrário à autoridade e estruturas hierárquicas rígidas, mais voltadas para eficiência e não para a adaptabilidade. Essa é a “cola” que une o time e dá o direcionamento da empresa, e a maioria das organizações exponenciais têm um propósito como esse: o que Salim chama de MTP – Massive Transformative Purpose (propósito transformador massivo). O MTP do TED, por exemplo, é “Ideas worth spreading”, e o do Google é “Organize the world’s information”. São frases aspiracionais que mostram a essência da visão da empresa, sempre um sonho grande que propõe transformações radicais.

Além de unir o time para um mesmo objetivo, o MTP tem um valor ainda maior: uma causa grande e aspiracional tem o poder de inspirar uma comunidade, uma tribo de pessoas apaixonadas que começam a operar espontaneamente em torno do mesmo movimento cultural. O engajamento com stakeholders externos à empresa – fans, parceiros, usuários, público em geral – permite que a empresa tenha consumidores mais fiéis e maior acesso à novas ideias. O MTP é o primeiro facilitador do crescimento exponencial.

SÓ UM MTP NÃO É SUFICIENTE, PARA INOVAR É PRECISO CAPACITAR O TIME

Inovação dentro da empresa é sobre ensinar seus funcionários para que eles possam se tornar mais inovadores. A dica da palestra de educação corporativa foi: cancele reuniões pouco produtivas e separe esse tempo para seus funcionários se concentrarem em aprender alguma coisa nova!

Você precisa de uma força de trabalho mais ligada, por isso o dever do time é aprender para acelerar o crescimento – essa estratégia cria uma vantagem competitiva real. Precisamos ser viciados em aprender, assim como somos viciados em Facebook. Precisamos de ferramentas para o aprendizado contínuo, algo que seja prático e fique continuamente alimentando o time (e não só as lideranças) com informação.

Então a chave é o aprendizado contínuo, e os funcionários mais qualificados para uma vaga não são aqueles com certificados bonitos, mas sim aqueles que mostram resultados de conhecimento aplicados. Educação experimental é sobre saber como aplicar o que você aprendeu, e continuar aprendendo e aplicando continuamente.

E os líderes estão lá para aprender junto com o time, não para ensinar. Isso porque a única coisa que você pode mudar é a você mesmo. Essa transformação requer uma mudança de mindset para uma cultura de coaching, na qual dar a resposta correta pode não ser o melhor caminho, mas sim, fazer as perguntas certas.

“Você não deve levar o cavalo até a água e se perguntar por que eles não querem beber. Você tem que fazer o cavalo sentir sede, aí ele encontra seu caminho até a água e bebe dela. Faça seus funcionários sentirem sede!” – Naveen Jain, empreendedor serial, ganhador de diversos prêmios como “Most admired Serial Entrepreneur” pela Silicon India.

O que levamos do eventoImagine a seguinte situação: se uma pessoa cega está andando na rua e cai em um poço e você o estava observando o tempo todo, quem é culpado por ela ter caído?

Não podemos ser apenas espectadores dos acontecimentos do mundo. Liderar é sobre mudar a você mesmo. É sobre ganhar tanto caráter que as pessoas te admiram e querem ser como você. Gerencie a partir da compaixão e você terá pessoas incansáveis trabalhando com você, compromissadas, e por um longo prazo.

Nós somos o ser exponencial. E líderes exponenciais abraçam mudanças e também abraçam o maior desafio de todos: mudar a si mesmo.

Fonte: Endeavor
Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 26 de setembro de 2017 às 21:10
A liberação dos recursos do FGTS ajudou, mas a volta do consumo das famílias veio para ficar e é o que deve sustentar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nesta fase inicial da retomada. Movimento que vai aquecer a venda de produtos e serviços, em geral de menor valor agregado, mais rápido do que era esperado no início do ano. A expectativa é de que o nível de consumo das famílias retorne ao patamar de 2014 (último ano de crescimento) até 2019. Parece distante, mas o fato é que ninguém previa a retomada a esse patamar antes de 2020.

— Achávamos que a retomada seria liderada pelos investimentos, mas isso não vai acontecer porque a ociosidade está elevada. O que vamos ver é uma recuperação gradual com os investimentos das famílias à frente. O FGTS ajudou, mas temos de fato um aumento da renda disponível das famílias devido ao recuo da inflação, queda dos juros e uma tendência de alta da confiança (o emprego parou de piorar) — explica Rodolfo Margato, economista do banco Santander.

O resultado é que as empresas dos segmentos mais beneficiados nesse processo são estimuladas a adotar estratégias mais pró-ativas: abertura de lojas, novos turnos de produção nas indústrias voltadas a bens de consumo e contratações são algumas das ações que devem ficar mais evidentes até o fim do ano e, principalmente, no ano que vem.

O Santander projeta crescimento de 0,8% no consumo das famílias neste ano, acima da previsão para a expansão do PIB, de 0,7%. Para o ano que vem, a previsão é de que o consumo cresça 3,5% — número que não repõe o tombo de 8% acumulado entre 2015 e 2016.

Para Igor Velecico, economista do Bradesco, o medo do desemprego fez o consumidor se retrair muito a partir do final de 2015.

— Isso é positivo porque o consumo voltando mostra aos empresários que as coisas não estão tão ruins e de fato estamos saindo da recessão. A dúvida é o ritmo dessa retomada — diz o economista.

Vestuário e Calçados já se recuperam

A recuperação do varejo já começou a aparecer nos segmentos que comercializam bens de menor valor. Dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no ano, até julho, as vendas do segmento de calçados e vestuário crescem 7,1% ao ano, enquanto o comércio de uma forma geral cresce apenas 1,1%.

Crescimento similar registra itens de eletrodomésticos, que avançam 7,2% no ano. Vislumbrando a disseminação desse movimento, Magazine Luiza e a Farmais, por exemplo, já anunciaram planos de abertura de novas lojas. Essa é uma das formas de conquistar parte dessa demanda de consumo reprimida.

O cenário é impulsionado pelo segmento de eletroeletrônicos, que se beneficiou da liberação das contas inativas FGTS e do desligamento do sinal analógico em algumas regiões. No entanto, já há sinais de melhora em outros segmentos, como os produtos de linha branca, que engloba geladeiras e fogões.

Fonte: O Globo