Notícias


Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 19 de setembro de 2017 às 21:30
Projetar o futuro é encarar o passado. Daniela Klaiman é especialista nisso. Futurista e consultora de Consumer Behavior and Trends Research, ela é formada em tecnologia, futurismo e empreendedorismo pelo TIP (Transdiciplinary Innovation Program) pela Universidade de Jerusalém e tem tantos outros créditos que a tornam uma futurista. No CONAREC 2017, ela contou quatro principais mudanças de comportamento e mindset que pessoas e empresas precisam fazer para acompanhar o que vem por aí.

1. Parar de pensar no individual e pensar no coletivo
A era do individualismo está no fim. “A gente sempre buscou a satisfação pessoal sem nos preocupar com o resto, mas esse tipo de comportamento não está mais funcionando e a gente realmente precisa mudar a forma de nos relacionarmos com o mundo”, afirmou a especialista. “O bem coletivo emerge e é o fim do protagonismo”, disse.

Esse comportamento já se vê em uma parcela dos Millennials, que buscam cada vez mais fazer algo de valor, com propósito e impacto no mundo. Se antes existiam donos de iniciativas e ideias, essa nova geração joga a ideia no ar para fazer acontecer coletivamente. “As startups são exatamente isso e o interessante. É menos importante quem teve a ideia e muito mais a equipe que faz acontecer. Não importa mais quem é o CEO”, disse.

2. O racional cede lugar ao emocional
Antes, afirma, o mercado era de quem o dominava. Agora, entramos em uma era do monopólio social: domina o mercado as empresas que conquistam o coração das pessoas; domina o mercado quem tiver mais pessoas unidas em torno dele. Daniela explica que o que vai acontecer é um crescimento do que já está acontecendo: as empresas de maior valor são aqueles que construíram comunidades gigantes em torno delas. É o caso do Uber, Facebook, Airbnb.

E, veja, elas são únicas.

A nova economia global, pautada na confiança, reforça a tendência do emocional liderar. “A economia da confiança é importante porque ela conecta as pessoas e, assim, descentralizo toda a produção de tudo. As pessoas passam a ser produtoras. A tecnologia trouxe de volta essa confiança entre as pessoas e ajudou a mudar a forma de valorar as empresas. Elas não valem mais o lucro que têm, mas o valor que elas entregam”, disse.

O feminismo crescente é outra característica desse novo mindset. Segundo a especialista estamos na era do feminino. “Não porque somos melhores que os homens ou por algum tipo de vingança, mas porque os valores perseguidos hoje e no futuro são femininos”, afirmou. “Agora estamos vendo uma inversão. Os valores emocionais e femininos vão assumir mudando a energia dos lugares, por isso estamos ouvindo tanto falar em empatia e de se colocar no lugar do outro”, explicou.

3. O pensamento exponencial ganha espaço do linear
A dinâmica “uma coisa de cada vez” perde espaço agora e no futuro. O que era repetitivo, totalmente previsível e que tinha um crescimento sustentável, porém lento, está dando espaço ao exponencial. A culpa por esse novo ritmo – de vida e de negócios – é das startups. “Elas começam devagar e, de repente, explodem. A velocidade de tudo está maior. Grandes mercados desapareceram e a grande tendência da exponencialidade é melhorar a tecnologia e cair o preço. E essa é a grande virada: com ela, a capacidade de transformar produtos e serviços cada vez mais acessíveis e a custo zero é maior”, afirmou. Isso representa um desafio e tanto para as companhias.

4. Sai a mentalidade de escassez e entra a mentalidade da abundância
“Na mentalidade de escassez, temos poucas indústrias produzindo pouca quantidade, com poucas pessoas com acesso. Com a nova economia, a gente consegue inverter tudo isso: a oferta aumenta muito, o preço cai bastante e a economia gira muito melhor”, considerou Daniela. “A escassez é gerada por medo. Notícias boas geram abundancia. Já estão sendo desenvolvidas tecnologias que resolvem os grandes problemas da humanidade”, afirmou.

Na mentalidade da abundância, atuam “5 D’s exponenciais”: digitalização; disrupção para transformar mercados inteiros; desmaterialização, para quebrar a lógica dos espaços físicos; desmonetização, para vender a mesma coisa cobrando de uma maneira diferente; e democratização, para ampliar o acesso.

Fonte: Novarejo
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 19 de setembro de 2017 às 21:26
A experiência empreendedora israelense é fértil em aprendizados que valem para países, empresas e pessoas. Afinal, tudo começa com a descoberta de um propósito, de uma razão para existir.

Com pouco mais de 7 milhões de habitantes, Israel impressiona quando se vê in loco como o país, do tamanho de Sergipe e envolto em conflitos, conseguiu atrair para o seu território as 300 empresas mais importantes do mundo. Repleta de centros de Inovação e de Tecnologia dessas empresas, só perde para o Vale do Silício.

O primeiro site de pesquisa da Apple fora de Cupertino, por exemplo, foi aberto no país. Microsoft, Mercedes Bens, Coca-Cola e tantas outras têm “postos avançados” em Israel. Mas não são apenas as grandes que estão por lá. Mais surpreendente é o universo de jovens empresas formando um ecossistema, de enorme vitalidade, baseado em Tecnologia e Inovação, que atrai cada vez mais investidores e gera como resultados negócios inovadores em escala mundial.

Estive em Israel em agosto, com um grupo de empreendedores brasileiros coordenado pela Endeavor, para visitar esses clusters de inovação e constatei que a conversão do país em segunda potência tecnológica do mundo tem a ver com decisões anteriores aos anos 1990, quando realmente começaram os investimentos no setor.

Pude comprovar o poder de transformação decorrente da união de diferentes agentes sociais em torno de um objetivo comum. No caso israelense, existe um profundo alinhamento a partir de um propósito — o direito de todo o judeu viver livre e de forma independente — relacionado a questões que remontam à criação do Estado de Israel, em 1948, e a tensões e conflitos na região desde então.

Muito cedo, os israelenses perceberam que sempre seriam um país pequeno, com recursos finitos e inimigos em volta, e concluíram que, para sobreviver, teriam de cultivar uma sociedade unida, com clareza quanto ao seu propósito, sustentada por uma alta capacidade de defesa.

Uma das decisões foi a de que todos os cidadãos deveriam servir à “Defesa” do país, e essa medida, somada às adversidades enfrentadas no princípio da criação do Estado, formaram um povo com forte disposição de empreender. Essa trajetória é contada por Dan Senor e Saul Singer no livro Start-up Nation (Nação Empreendedora, em português), que recomendo a leitura.

Todos os cidadãos fazem treinamento no exército (três anos, para os homens, e dois anos, para as mulheres) logo ao sair da escola. Depois, ao longo da vida, até os 45 anos de idade, dedicam um mês por ano para uma espécie de atualização junto com os companheiros do grupo original.

A lógica é que aprendem desde muito jovens a tomar decisões, por mais difíceis que sejam, a serem flexíveis, a questionar a hierarquia e a colaborarem uns com os outros porque, em última instância, o que está em jogo é a vida de cada um e a soberania da nação. Além disso, muitos prestam serviço em unidades onde têm contato com tecnologias que podem, posteriormente, serem empregadas com fins civis, em soluções do cotidiano. E os de melhor desempenho escolar são direcionados para unidades estratégicas do Exército, onde têm uma formação de elite. Entre esses jovens estão boa parte dos empreendedores responsáveis pelo boom das startups israelenses.

Apaixone-se pelo problema e atue em escala global

Conversei com Uri Levine, cofundador do Waze, aplicativo que já revolucionou a maneira de nos deslocarmos nas cidades do mundo. Levine é um dos que serviu às forças armadas em uma unidade estratégica que cuida da inteligência e da cibersegurança. Depois de ter vendido o Waze, Levine não parou. Está envolvido em novas startups, que têm a pretensão de resolver outros complexos desafios da vida cotidiana em escala global. Parece um gênio das startups. Mas ele mesmo desfaz essa imagem. Ele próprio fracassou inúmeras vezes antes de o Waze deslanchar. E, para fazer nascer negócios inovadores, diz: “Apaixone-se pelo problema, não pela solução que você encontrou”.

O ecossistema que faz de Israel o nascedouro de novos negócios inclui uma parceria muito afinada entre governo, universidades, centros de pesquisa e potenciais empreendedores. Uma enorme abertura para receber estrangeiros é também uma forma de fomentar esta nação empreendedora. O Instituto Weizmann, por exemplo, convida e financia os melhores pesquisadores internacionais em todas as áreas para desenvolverem seus projetos e empreenderem livremente no país. A contrapartida do sucesso é transformada em royalties para a instituição, realimentando o ciclo de forma muito relevante.

A experiência israelense é fértil em aprendizados que valem para países, empresas e pessoas. Afinal, tudo começa com a descoberta de um propósito, de uma razão para existir. Além disso, Israel mostra como transformar adversidades em vantagens, reconhecendo limitações, agindo sobre elas, investindo nas pessoas, criando um ambiente de colaboração, aprendendo com os erros e incentivando a tomada decisões, a avaliação de risco e, principalmente, a nunca desistir.

Fonte: Endeavor