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Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 29 de agosto de 2023 às 10:03


Confira uma análise completa de cada uma das principais varejistas do setor de moda.

Em um trimestre ainda difícil para o varejo digital brasileiro, as reações aos resultados das principais empresas do ramo do País listadas em bolsa foram diversas e mostraram que o Mercado Livre (MELI34) segue na liderança, enquanto as brasileiras se reequilibram. Os números que mais agradaram ao mercado, mais uma vez, foram os da varejista argentina.


Já a Via (VIIA3), dona da Casas Bahia e do Ponto, por sua vez, teve resultados fracos, mas a reação do mercado foi positiva diante do plano de reestruturação apresentado.

Por outro lado, o Magazine Luiza (MGLU3) enfrentou o mau humor dos investidores com um prejuízo maior que o previsto, apesar das sinalizações de que tempos melhores estão por vir.

Por fim e sem divulgar números, a Americanas (AMER3), a varejista que entrou com pedido de recuperação judicial, contou também com o silêncio dos analistas.


Mercado Livre à frente das varejistas

O Itaú BBA comentou os resultados do Mercado Livre dizendo que, novamente, a empresa superou as estimativas, com sua rentabilidade.

"Os ganhos robustos de lucratividade foram impulsionados por uma combinação da margem bruta, ventos favoráveis da alavancagem operacional e menores provisões. A dinâmica de ganhos do Mercado Livre continua a apoiar nossa visão de que sua estratégia assertiva está no caminho certo para consolidar o mercado de e-commerce da América Latina, com a aceleração da monetização da plataforma", escreveu o analista do Itaú BBA, Thiago Macruz, em relatório.

A companhia sinalizou que deve investir em crescimento para sustentar sua agenda de consolidação à frente, o que pode trazer uma expansão de margens menor nos próximos trimestres na comparação anual. 


Do outro lado…

Enquanto isso, as brasileiras ainda reorganizam suas estruturas inchadas durante a pandemia e há uma tentativa de reposicionar seus shoppings virtuais (marketplaces).

O CEO da Via, Renato Franklin, disse a investidores que a companhia deve abandonar a venda própria de produtos com baixo valor agregado e deixá-los para lojistas em seu shopping virtual.

Sobre a concorrência, Franklin afirmou que a companhia não vê problema na chegada de novos comércios eletrônicos generalistas. "Vemos novas plataformas como oportunidades para prestar serviços", afirmou.

Já o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, afirmou que a companhia vai dedicar essa plataforma a produtos de maior valor agregado. "Definimos, no marketplace, focar em produtos de R$ 200 a R$ 1 mil", disse. Para ele, essas famílias de produtos oferecem melhor rentabilidade e não ficam sujeitas à competição de novas plataformas.

Estima-se que essa fatia de produtos represente de 45% a 50% do mercado atual online, segundo o vice-presidente de negócios do Magalu, Eduardo Galanternick.


Mercado Livre domina varejo online

Vale lembrar que o Mercado Livre é maior que as brasileiras em vendas totais, mas tem uma operação bem menos relevante de comércio de estoque próprio.

Seu negócio funciona basicamente com a venda de produtos de terceiros, sobre a qual são cobradas taxas. Via e Magalu operam das duas formas de comércio eletrônico, mas têm shoppings virtuais bem menores.

Segundo o ranking das 300 maiores varejistas em faturamento feito pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e noticiado pelo Estadão, o Mercado Livre liderou a lista dos shoppings virtuais, com faturamento no País de R$ 80,5 bilhões no ano passado.

Na sequência, estão Americanas (R$ 44,3 bilhões), Magazine Luiza (R$ 43,3 bilhões), Via (R$ 20,5 bilhões) e Amazon (R$ 14,6 bilhões).

O estudo também traz o ranking das dez maiores varejistas online, considerando apenas o faturamento obtido com estoque próprio. Essa lista é liderada pelo Magazine Luiza, com R$ 27,9 bilhões em vendas no varejo online em 2022.


Vai um friozinho aí?

Um segmento específico dentro do setor do varejo deve sofrer ainda mais com as temperaturas em alta. 

Isso porque o inverno mais quente, aliado à inadimplência elevada e à renda comprimida dos consumidores, derrubaram os resultados das varejistas de moda no segundo trimestre.

Com o clima mais ameno, as empresas tiveram de antecipar as liquidações e acabaram reduzindo suas margens (porcentagem do lucro sobre cada venda).

Normalmente, o clima tem influência direta nos ganhos dos grupos de moda. A chegada ou não do frio determina se as novas coleções serão vendidas a preço cheio ou com descontos ao longo da estação.

Dessa forma, coleções de inverno costumam chegar às lojas ainda em março e ficam nas vitrines até julho. Em invernos mais frios, as liquidações normalmente ocorrem em agosto. Do contrário, elas são antecipadas.

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Na ponta do lápis: as varejistas de moda
Veja a seguir como o inverno mais quente mexeu com os resultados das empresas:

Renner

Na Lojas Renner, essa lógica foi seguida à risca no trimestre passado: as vendas tiveram queda de 6,8% e a receita encolheu 6% em relação a igual período de 2022 (consideram as mesmas lojas).
Assim, para não fechar o trimestre com estoques altos, a rede fez promoções para liquidar as peças que encalharam e, assim, viu seu lucro por peça cair 2,2 pontos porcentuais. Esses números indicam também um outro problema: a sua coleção estava cara demais.

Daniel Martins dos Santos, diretor financeiro da Renner, disse que a empresa está buscando negociações melhores com fornecedores para reverter esse quadro. A varejista espera se beneficiar ainda de quedas nos preços de algumas commodities e do dólar para oferecer peças mais baratas e competitivas nesta segunda metade do ano.
De acordo com o executivo, neste terceiro trimestre a Renner terá cerca de 40% das peças no modelo "open to buy", que permite à companhia produzir as coleções durante a estação, de forma rápida. No início do ano, essa porcentagem era de 20%.

Riachuelo

A Guararapes, dona da rede de lojas Riachuelo, também amargou perdas e teve prejuízo líquido de R$ 17,6 milhões no segundo trimestre, revertendo lucro líquido de R$ 26,4 milhões do mesmo período de 2022. Sua receita líquida somou R$ 2,139 bilhões entre abril e junho, recuo de 0,7% na comparação anual.

Para analistas do Itaú BBA os números da dona da Riachuelo ficaram dentro do esperado. Mas destacaram alguns aspectos positivos.
"Os níveis de estoque parecem saudáveis na comparação trimestral e as vendas no varejo de junho têm mostrado, tanto na comparação anual quanto na trimestral, crescimento. Se essa tendência for mantida, as perspectivas para o braço de varejo no segundo semestre devem melhorar."

Marisa

Outra tradicional varejista de moda, a Marisa Lojas teve prejuízo líquido de R$ 63,4 milhões no segundo trimestre, perda 82% pior do que os R$ 34,8 milhões negativos de um ano antes.
A receita líquida entre abril e junho alcançou R$ 469,9 milhões, queda de 21,6% impactada também pelo fechamento de 88 lojas no primeiro semestre de 2023 — outras dez lojas haviam sido fechadas em dezembro.

Além disso, o desempenho das vendas de inverno em 2022 foram muito melhores em razão das temperaturas mais baixas que neste ano. As vendas em mesmas lojas da Marisa caíram 12,2% no trimestre, e 4,3% no semestre.

C&A

A exceção do trimestre passado foi a C&A, que fez uma coleção de inverno mais versátil e, mesmo com a demanda mais fraca, conseguiu vender as peças sem grandes descontos.
Seus preços, aliás, pareciam estar mais alinhados ao bolso do consumidor. "Nossa coleção outono/inverno claramente era mais versátil", disse o CEO da C&A, Paulo Correa.

A varejista teve lucro líquido de R$ 4,2 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 100% comparado a um ano antes. A receita líquida somou R$ 1,6 bilhão, praticamente estável, com alta de 0,8% sobre o mesmo período de 2022.
Diferentemente das concorrentes, a C&A conseguiu ainda aumentar a margem bruta (lucratividade por peça vendida) do vestuário em 0,5 ponto porcentual. Na margem bruta total, o avanço foi de 2,2 pontos porcentuais, para 53,5%.

Para os analistas Pedro Soares e Felipe Reboredo, do Citi, os resultados da C&A vieram mais fortes do que o esperado.
Segundo eles, o trimestre passado mostrou uma melhora positiva e consistente das vendas de vestuário da varejista, especialmente na margem bruta, em um ambiente em que quase todas as empresas do setor registraram um alto nível promocional.

Fonte: SeuDinheiro.com
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 29 de agosto de 2023 às 09:52


Pesquisa apresentada por IDV e IBPT mostra que carga tributária de produtos vendidos no Brasil varia de 67,95% a 142,98%.

A carga tributária efetiva incidente sobre produtos vendidos no Brasil varia de 67,95% a 142,98%, dependendo do segmento. Esses índices representam a soma dos tributos que são pagos em diversos momentos, da produção na indústria até a distribuição e a venda no varejo. Os dados constam de um estudo inédito divulgado nesta quarta-feira, 23, pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

Foram analisados, no total, dez segmentos: acessórios, alimentos, beleza, brinquedos, eletrônicos, eletrodomésticos, farmácia, material de construção, pet e vestuário/calçados. Dentre esses segmentos, o de alimentos é o que tem a menor carga e o de eletrônicos, a maior (confira na tabela abaixo).

O objetivo do estudo, que será levado ao conhecimento do Ministério da Fazenda, é mostrar o peso dos tributos para os empreendedores brasileiros e o consequente impacto da isenção do Imposto de Importação sobre compras internacionais de até US$ 50, que resulta, segundo o IDV, em desequilíbrio.

“A redução do imposto de importação a zero está causando um grande malefício à economia do País, tanto para a indústria nacional quanto para o varejo e a distribuição”, afirma o presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho. “Queremos mostrar a realidade corrente no País quanto à carga tributária. Assim, podemos dar subsídios ao governo para que seja feita uma mudança com relação à alíquota zero. Não é uma questão de proteger a indústria e o varejo nacional, mas de isonomia.”


Impacto além do vestuário

Para Gonçalves Filho, além dos itens de vestuário, muito vendidos por sites internacionais para consumidores brasileiros, as plataformas tendem a ampliar a comercialização de produtos de outras categorias, como decoração e brinquedos, por causa da vantagem da isenção. “Quando falamos de US$ 50, são cerca de R$ 250, o que é um ticket elevado para o varejo brasileiro. Cerca de 90% das vendas são, no máximo, nesse valor. ”

Ainda de acordo com ele, os pequenos e médios varejistas são os mais impactados. “Uma grande empresa até tem a condição de ter um armazém num país fronteiriço e começar a trazer produtos de fora. As pequenas, não. Alertamos para uma questão que tem a ver com o futuro, com o emprego.”

O estudo considerou todos os tributos sobre consumo (IPI/ICMS/PIS/Cofins), aqueles que compõem o custo do produto importado (Imposto de Importação, IPI, ICMS ST, Cofins – importação, AFRMM – Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante, etc.) e a tributação suportada nos elos da cadeia produtiva, de distribuição e varejo.

O presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, diz que o estudo “desnuda” uma realidade que é desconhecida por muitas pessoas. “O varejo é o elo da cadeia que faz a entrega para o consumidor. A alta tributação está impacta o consumidor, que por causa dela está pagando um preço mais alto pelos produtos”, exemplifica.

O Ministério da Fazenda tem se mostrado aberto a negociações envolvendo o tema, embora ainda não tenha definido um prazo para novas conversas. “Existe uma forte intenção do governo de resolver o assunto ainda neste ano”.

Fonte: Mercado e Varejo