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Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 31 de maio de 2022 às 11:29


Mobocity conecta empresas a microinfluenciadores e gere seus vídeos curtos e transmissões ao vivo. Startup atende empresas como Amazon, Tencent e Kwai.

Em seus 20 anos no Brasil, Yan Di construiu e administrou a presença de diversas empresas chinesas no país – desde a fabricante de celulares Huawei e o buscador Baidu até o grupo de serviços financeiros Ant Group e o comércio eletrônico AliExpress. Essa última experiência fez Yan Di perceber a oportunidade para um novo negócio: o live commerce. Essas são transmissões ao vivo, nas quais influenciadores apresentam produtos e serviços e interagem com potenciais consumidores.

O executivo de tecnologia cofundou da Mobocity no mês passado. A empresa de gestão de vídeos curtos e live commerce surgiu a partir da reestruturação da Influu, uma agência de marketing por influenciadores criada pelo conterrâneo Zhang Zhen em 2018. Zhen agora é cofundador da Mobocity, junto de Di.

“Quando um executivo dá esse salto para o empreendedorismo, é porque enxerga uma grande tendência. As empresas consideravam vídeos curtos e lives uma fonte secundária de tráfego e que serve apenas para marketing. Mas esses formatos já estão virando os principais no mundo digital, e sendo usados inclusive para conversão”, afirma Di em coletiva sobre a transformação da Influu em Mobocity.

Segundo dados coletados pela startup, 3,5 bilhões de usuários verão vídeos curtos em 2023, cerca de metade da população mundial. Já o mercado global de live commerce deverá faturar US$ 247,3 bilhões em 2027, ante um faturamento estimado de US$ 71,7 bilhões em 2022.

A primeira transmissão ao vivo para venda de produtos e serviços aconteceu em 2016, por meio do comércio eletrônico Taobao, do Alibaba (BABA34). Na China, o mercado de live commerce deverá representar 20,3% das vendas totais do comércio eletrônico neste ano. Por aqui, marcas como Americanas (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3) já experimentaram o formato.

Com a reestruturação, a Influu, antes uma agência de marketing, se transformou em uma empresa de tecnologia. A Mobocity atua primeiro com um marketplace para conectar as empresas atendidas com microinfluenciadores em temas que vão de jogos até moda.

Cada marca estabelece seu orçamento, quantos microinfluenciadores quer contratar, qual perfil busca e quantas visualizações busca com vídeos curtos e transmissões ao vivo. A startup procura e seleciona profissionais adequados, inclusive por meio um sistema próprio de avaliação com base no histórico de projetos bem sucedidos (rating).

As marcas pagam à startup, que libera o pagamento aos microinfluenciadores apenas depois de o trabalho ser entregue. A Mobocity não cobra por cada transmissão, mas por um preço fixo com base no número de visualizações desejadas.

Di cita um estudo do fundo de venture capital Atlantico de agosto de 2021, que mostrou como 68% dos influenciadores brasileiros faturam menos de um salário mínimo com esse trabalho. “O live commerce pode servir como uma renda extra para influenciadores brasileiros. Eles vivem principalmente de conteúdos patrocinados bastante limitados, enquanto os influenciadores chineses já faturam muito com o live commerce. A maior influenciadora chinesa vendeu 288 apartamentos em sete minutos de transmissão".

Além do marketplace, a startup fornece às empresas uma tecnologia para transmitir lives com a marca de cada empresa. Essas transmissões ao vivo também são feitas de forma concentrada. Cada companhia faz uma única live pela plataforma e tanto essa transmissão quanto as ações feitas nela, como o envio de cupons promocionais, são refletidas em tempo real nas diversas redes sociais usadas pela companhia.

Dessa forma, os apresentadores não precisam ter vários celulares e os profissionais de redes sociais não precisam interagir com cada uma separadamente. Por fim, a Mobocity também oferece análise em tempo real para otimizar a performance das lives.

A Influu faturou US$ 1 milhão em 2019, seu primeiro ano completo de operação como agência de marketing por influenciadores. O faturamento cresceu para US$ 3,7 milhões em 2020, e para US$ 6 milhões em 2021. Como Mobocity, o objetivo deste ano é faturar pelo menos US$ 15 milhões. A empresa tem Ebitda positivo (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), segundo Di.

A startup já atende clientes como as gigantes de tecnologia AliExpress, Amazon, Bytedance, Tencent e Kwai e as startups Alice e ClickBus. A Mobocity realiza mais de 500 transmissões ao vivo por mês, e tem como recorde de venda US$ 500 mil em menos de uma hora de transmissão ao vivo, feita para a marca Xiaomi dentro do AliExpress.

A Mobocity tem 100 funcionários, distribuídos por regiões como América Latina, Estados Unidos, Europa e China. “Apesar da origem brasileira, já aceleramos a expansão na Europa e a entrada nos Estados Unidos. Queremos levar nossa expertise para mais mercados, com o objetivo de transformar essa atual tendência em realidade”, escreve Zhen Zhang em um comunicado sobre a Mobocity.

A startup planeja captar uma rodada série A neste ano. A Influu não havia feito captações com investidores antes de sua reestruturação. “Quando entrei na operação, defendi que tínhamos de começar a fazer fundraising [captação de recursos]. Isso será necessário inclusive para atrair talentos”, afirma Di.

A Mobocity está brigando em um mercado que já tem concorrentes nacionais em operação, como Alive Commerce e Mimo Live Sales, ambas fundadas em 2020. Para Di e Zhen, a experiência no mercado que criou o live commerce como o conhecemos hoje fará a diferença.

Fonte: Infomoney
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 31 de maio de 2022 às 11:26


A transformação de mindset é penosa, pois envolve questões físicas e emocionais.


Já se vão quatro meses de 2022 e aquela promessa de fim de ano ainda está na gaveta, não é mesmo? De pequenas às grandes coisas, qualquer mudança exige energia e esforço do cérebro e entender isso é fundamental para compreender porque é tão difícil mudar um comportamento.

O que é mais fácil: começar um exercício físico agora ou acreditar seriamente que irá começar na semana que vem? A neurocientista do Supera, Livia Ciacci, explica que o comportamento estável, também chamado de hábito, só pode ser modificado ou eliminado com muito esforço, pois não se trata somente de ações involuntárias. Além disso, os hábitos de consumo indicam características de cunho individual, visto que se formam na memória de cada pessoa.

“A necessidade de memorizar comportamentos sempre foi primordial para nossa sobrevivência: ter o hábito de evitar locais escuros e preferir alimentos mais calóricos foram extremamente relevantes em ambientes selvagens. Há uma importante relação entre os conceitos de hábito e de memória".

Entretanto, mesmo memorizando e executando quase automaticamente uma série de comportamentos, o ser humano é um excelente aprendiz e tem a possibilidade de escolher como agir e desenvolver o equilíbrio entre instintos e a razão. Mas como esse comportamento escolhido é novo e não tem referências anteriores, é necessário aprendê-lo e praticá-lo até que faça sentido e se torne um hábito retido na memória.


A transformação do comportamento

Se o cérebro memoriza condutas para garantir sobrevivência e economizar energia, mudar qualquer uma delas vai gerar desconforto e exigir autocontrole.

Alguns autores já tentaram criar uma receita de como mudar um comportamento ou descobrir quanto tempo leva para criar um hábito, mas não funciona bem assim. O autocontrole necessário no processo de mudança de comportamento ou de criação de um novo hábito é um recurso finito.

“Todos os dias recarregamos nossa capacidade de autocontrole, desde que tenhamos entre sete e oito horas de sono de qualidade, sem consumir drogas ou álcool, com nutrição adequada e atividade física em dia. Então, para usar o autocontrole na mudança de comportamento, é preciso estar com essa capacidade carregada ao máximo e não gastar totalmente com outras demandas que exigem esse esforço. O processo não será igual para todas as pessoas e, por isso, também devemos buscar dar um passo de cada vez”, alerta a especialista.


O tempo do cérebro

A verdade é que o cérebro precisa de tempo para que o intelecto desenvolva novas formas de pensar e agir para constituir novas memórias, e com elas, novos comportamentos. Mais importante que contar os dias, é manter a constância. Hábitos são construídos por comportamento, recompensa e gatilho.

“O maior erro das pessoas é esperar dar vontade de mudar para começar a mudança. O cérebro é preguiçoso, todo novo comportamento exigirá uma luta interna contra as vontades imediatas”, detalha.

A boa notícia é que quanto mais se repete o novo comportamento, menor vai ficando o esforço e menor a percepção de dor. E ao conseguir cumprir a mudança, mesmo que seja só o primeiro passo, estar aberto para perceber e valorizar o benefício que essa mudança trouxe vai dar significado e facilitar que o cérebro memorize aquilo como um comportamento padrão.Como transformar algo doloroso em prazeroso?

Não basta marcar uma data ou implantar uma mudança na força do ódio, pois o processo precisa de significado. Se seguir uma dieta é doloroso demais e a pessoa não internalizou o benefício que isso vai gerar, sua manutenção não será sustentável.

Nesse caso, seria mais eficiente apenas trocar alguns ingredientes da rotina por outros e seguir fazendo pequenas mudanças. O maior obstáculo no início da mudança é a disposição para insistir. A insistência é o segredo para encontrar o prazer.

“Quando divido uma meta em etapas menores e mais fáceis, tenho mais chances de conseguir atingir as metas e sentir a sensação de que “eu posso”, o que alimenta a autoconfiança e manterá meu cérebro”, conta Livia Ciacci.


Como mudar um comportamento ainda neste ano!

A ação repetida é que forma o hábito. Sendo assim, a profissional do Supera elenca três dicas baseadas em neurociência para tornar os objetivos mais fáceis de serem atingidos:

1. Cultive mini hábitos: um mini hábito é uma conduta pequena e simples que a pessoa vai se obrigar a cumprir todos os dias. O caráter “fácil demais para dar errado” vai garantir a leveza necessária para evitar a procrastinação e terá muita força para manter a constância desse comportamento.

2. Aceite que terá que repetir e repetir: o cérebro valoriza a eficiência e gosta da rotina: é um processo gradativo e constante.

3. Invista em autoconhecimento: cada comportamento está ligado a uma necessidade emocional. Conhecer quais emoções estão ligadas a hábitos que quer mudar é um passo importante para criar hábitos que sejam tão eficientes quanto os antigos para que o cérebro faça a substituição.

O comportamento e as marcas

Em consonância com tudo isso, Arthur Igreja, especialista em tecnologia, inovação e tendências, pontua que o comportamento também é instigado por marcas e movimentos sociais. E são diversos fenômenos que impactam na sua criação.

“O comportamento do consumidor precisa ser algo em massa e representativo. Na verdade, isso é decorrente de mudanças nas interações sociais e tecnológicas, de momentos econômicos e de transformações culturais. É muito mais fruto desses movimentos maiores do que qualquer coisa. E claro, ele tanto é criado ou pode ser mudado por meio de ações, da criação de produtos, do desenvolvimento de canais diferentes, de novas formas de atendimento e personalização”.

Já em relação à marca, quanto mais ela aprender com os elementos que interferem na criação ou modificação de comportamento, mais pode usar dessas estratégias para vender mais, ter engajamento e gerar proximidade com os consumidores.

“É fundamental que a empresa esteja muito atenta a isso, participando de um ciclo constante de aprendizado. O engajamento com o público funciona como uma retroalimentação, onde são feitos testes, modificações e coleta de resultados”.

Fonte: Consumidor Moderno