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Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 07 de dezembro de 2021 às 10:11


Startup de e-commerce social teve como inspiração o aplicativo chinês WeChat. Salto de crescimento veio depois da maior digitalização dos brasileiros.

A filosofia do move fast and break things (“mova-se rápido e quebre as coisas”) foi criada por Mark Zuckerberg, cofundador da gigante de tecnologia Facebook. Hoje, um ex-funcionário brasileiro da rede social está aplicando esse caminho para a inovação na sua própria startup.

O Facily começou há mais de três anos como um marketplace social: as pessoas se unem para fazer pedidos maiores pela internet e assim obter descontos. Essa proposta cresceu junto com a aceleração do e-commerce no Brasil. O Facily mediou 7 milhões de pedidos apenas em outubro. Está avaliado em US$ 850 milhões pelos investidores – um valor de mercado que se aproxima ao US$ 1 bilhão, que transforma as startups em unicórnios.

O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, conversou com Diego Dzodan, cofundador do Facily. Dzodan falou sobre o modelo de negócios da empresa; o crescimento do marketplace social durante a pandemia; e as dores do crescimento — incluindo uma escalada de reclamações que levou a uma ameaça de suspensão pelo Procon.


De inspiração chinesa a quase unicórnio

O Facily começou em abril de 2018. Os fundadores são Diego Dzodan, que trabalhou como vice-presidente do Facebook no Brasil; Luciano Freitas, ex-Airbnb e ex-Uber; e Vitor Zaninotto, ex-SAP. Dzodan diz que a inspiração surgiu em uma viagem à China.

“Nossos modelos de comércio eletrônico são inspirados nos americanos ou europeus. Mas os chineses descobriram modelos baseados em inteligência artificial e mensageria. Vimos como o WeChat permitia usar as mensagens entre amigos para fazer pedidos em grupo diretamente com fabricantes. Cortando os estabelecimentos como intermediários, o preço fica muito menor”, disse o cofundador do Facily. “Praticamente todo mundo tem acesso a um smartphone e a um aplicativo de mensagens no Brasil. Nosso mercado também é muito sensível a preço. Quanto mais testávamos, mais víamos que a ideia tinha a ver com a realidade brasileira.”


Modelo de negócio

O Facily tem seu modelo de negócio baseado em três teses. A primeira tese é focar em consumidores na base da pirâmide econômica brasileira, que estão mais de olho nos preços e são excluídos do comércio eletrônico tradicional por não terem cartão de crédito ou por acharem o custo de frete proibitivo.

A segunda tese é usar tecnologia para tirar intermediários e conectar fabricantes de alimentos, bebidas, beleza e eletrônicos aos seus consumidores finais (marketplace).

A última tese é a de agregação de demanda. Pessoas unidas em grupos fazem pedidos maiores, permitindo economia de escala aos fabricantes. O chamariz do negócio são justamente os descontos de até 70% em relação aos preços vistos nos supermercados.

O negócio lembra as compras coletivas online por cupons, que foram uma febre na primeira metade da década de 2010. Mas os cupons não sobreviveram. O Peixe Urbano, um dos ícones do modelo, está fora do ar faz meses. Para Dzodan, a grande diferença entre cupons e Facily está nos custos aos fabricantes.

“Os cupons agregavam demanda para um fornecedor, mas não mudavam sua estrutura de custos. O restaurante ofereceria um desconto para que um grupo grande viesse, mas o custo de atender todas essas pessoas continuava praticamente o mesmo. Já o nosso modelo muda a cadeia. Uma banana tinha que sair da roça para um agregador, para um Ceasa e só então para a prateleira do supermercado. Existe custo de frete, de desperdício e de margem para cada intermediário. Tiramos elos e esse custo cai não só por agregação de volume, mas também porque a conexão é mais eficiente”. Segundo Dzodan, os vendedores recebem mais pelo Facily mesmo que os preços sejam menores ao consumidor e que a startup cobre uma comissão média de 15% por venda.

O Facily cresceu suas vendas em 46 vezes entre janeiro e outubro deste ano. Apenas em outubro, foram mais de 7 milhões de pedidos realizados. Essa expansão atraiu o interesse de investidores. A startup captou US$ 366 milhões com fundos como Canary, Monashees e Tiger Global Management. A última rodada, uma série D fechada em novembro deste ano, avaliou o negócio em US$ 850 milhões. “Fechamos uma rodada atrás da outra porque os fundos estão interessados em acompanhar esse negócio de levar preços baixos e incluir uma parcela relevante da população brasileira no comércio eletrônico”, contou Dzodan.

Fontes de mercado afirmam que a Facilt está negociando uma nova rodada para avaliar o negócio em US$ 1 bilhão. “Sempre estamos em conversas, mas não temos nada para confirmar no momento”, completa o cofundador do Facily.


Obstáculos: logística, digitalização e atendimento

Porém, não basta copiar e colar um modelo chinês para dar certo no Brasil. Existem grandes diferenças entre os países. Duas delas são infraestrutura e penetração do e-commerce. “Nossa logística não está bem desenvolvida e temos uma participação bem menor das compras online por aqui”, diz Dzodan.

Para resolver o gargalo logístico, o Facily opera com 12 mil pontos de retirada em nove cidades brasileiras. Cada caminhão da startup roda com diversas compras e faz apenas o trajeto até o ponto de retirada, e não até cada casa de consumidor. Dzodan afirma que o custo do transporte aos pontos consegue ser absorvido pela startup. Já os consumidores veem o frete grátis como benefício ante outras lojas virtuais.

Já a penetração do e-commerce tem aumentado com o tempo, e foi acelerada com a pandemia do novo coronavírus. Antes da crise sanitária que obrigou o fechamento das lojas físicas, o e-commerce representava, em média, 9,2% da receita das varejistas. Mas, em julho do ano passado, com apenas quatro meses de pandemia, essa marca mais do que dobrou e foi para 19,8%. E, em junho de 2021, já estava em 21,2%.

Segundo Dzodan, o dinheiro dos investidores está sendo usado tanto no conhecido gargalo de logística quanto na melhoria de atendimento. As duas frentes se relacionam no aumento de reclamações. O Procon registrou 151 mil reclamações sobre a Facily até o dia 11 de novembro, que mencionavam problemas de falta de contato, entrega lenta e produtos chegando fora da validade. Em janeiro deste ano, havia apenas 21 reclamações.

“Um número de pedidos não chegou da forma que deveria chegar. Pedimos desculpas aos consumidores e conversamos há meses com o Procon para estruturar o atendimento dessas necessidades mais importantes”, diz Dzodan. A entidade de defesa dos direitos do consumidor ameaçou suspender o marketplace.

O Facily fechou um acordo com o Procon: reembolsou todos os 151 mil clientes e firmou o compromisso de reduzir as reclamações em 80% e de investir R$ 250 milhões em melhorias de atendimento e logística. “Essa redução de reclamações está sendo executada e nossa meta agora é zerar as reclamações nos próximos meses, por meio desses R$ 250 milhões, que vieram de parte das nossas últimas rodadas de investimento.”

Fonte: Infomoney
Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 07 de dezembro de 2021 às 10:07


NFTs e Web 3.0 são a base dessa nova organização digital que todos nós estamos já testando.

Metaverso é a palavra da moda em tudo que é conversa que envolva tecnologia nos últimos meses. mas poucos sabem o que é e para que ele serve. Neste artigo, trago minha explicação do que acredito serem os pilares que envolverão o metaverso, seja ele o que venha a ser, nos próximos anos.

O metaverso para mim é uma conjunção de várias tecnologias (realidade virtual, blockchain, inteligência artificial etc.) para a criação de um ambiente digital em que conseguiremos ter a propriedade de itens no espaço digital de forma totalmente descentralizada.

Sua base é um modelo econômico baseado em Blockchain e non fungible tokens (NFTs). Estes últimos estão permitindo testes com modelos de negócios que não eram possíveis antes e isso será a base de sustentação econômica do que chamamos de metaverso.

Por meio de NFTs já estão sendo testados modelos de negócio nos quais o proprietário de um NFT de quadro, por exemplo, ganha um percentual de todas as transações futuras que envolvam aquela obra de arte. O artista, em vez de ganhar somente com a primeira venda do seu quadro, fica com um fluxo de caixa futuro.

Agora imagine se estendermos isso para a música? Um grupo lança sua música via NFT e automaticamente ganha um pouco sobre toda vez que essa música for tocada/usada? Isso tudo de forma descentralizada. Qual será o papel do Ecad nesse cenário? Será que ele vai ter algum? No caso de música, ainda não tenho conhecimento de nenhuma plataforma usando isso, mas se você que está lendo já sabe algo nesse sentido, adoraria saber.

Citei esses dois exemplos de uso de NFTs, mas há inúmeros. Desde o campo de games, como os Axies do jogo Axie Infinity, até as propriedades de terras virtuais do Decentraland ou ativos virtuais do Sandbox.

Os NFTs serão um pilar muito importante do que chamamos de metaverso. Eles permitem essa propriedade de ativos ou, em outras palavras, criam escassez em um mundo digital em que a regra é a abundância. Só com eles conseguimos reproduzir no campo virtual e de maneira descentralizada muito do que estamos acostumados a ter no mundo real.

Outro pilar importante do metaverso é a descentralização. Podemos ir para um metaverso centralizado, que parece ser a intenção do Facebook ao mudar seu nome para Meta? Sim, podemos. Mas a tecnologia de hoje e o que chamam de Web 3.0 nos permite ir para estruturas similares de maneira descentralizada.

E aqui cabe outra explicação. O que vem a ser Web 3.0?

Vejo isso como uma forma evolutiva da internet. Começamos com a Web 1.0, em que a grande evolução foi nos colocar todos online, vendo notícias do outro lado do mundo em websites, comprar algo de outra cidade ou país para ser entregue em casa e por aí vai.

Seguiu-se a isso a Web 2.0, em que criamos comunidades digitais online. E aqui não há como separar isso do fenômeno do Facebook, Instagram, WhatsApp, LinkedIn, Discord, etc. Ficamos online com nossos amigos que, inicialmente, eram os mesmos do mundo físico. Hoje já temos amigos nos dois mundos, alguns dos quais nunca demos propriamente um aperto de mão ou um beijo no rosto.

A próxima evolução, e que já está acontecendo, é a Web 3.0. Nela estaremos todos conectados em um ambiente virtual gerenciado por nós, via comunidades, onde teremos os nossos avatares, com a roupa que quisermos, morando onde quisermos, trabalhando, fazendo dinheiro e por aí vai.

Parece um mundo distante e uma ficção que aterroriza muitos de nós. Mas não vejo assim, de forma alguma. Se vermos as gerações mais novas, elas já estão muito acostumadas com esse mundo. E a pandemia fez com que todos nós migrássemos para ele também.

Quem aqui, nos últimos meses, não passou algum dia mais tempo na frente da tela do celular ou do computador do que na frente de pessoas?

Grandes desafios se colocam à frente dessas mudanças que estão acontecendo. Aqui cito alguns para pensarmos juntos:

Qual será o papel do Estado (centralizado) nessa mudança? Haverá um de/para das propriedades digitais para o mundo real? Como serão tributadas as vendas de propriedades no metaverso? Como saber qual avatar é de quem? Haverá uma corrida no mundo real para países com melhor qualidade de vida, internet mais rápida? Como ficam as atuais empresas de tecnologia? Elas vão tentar fazer seus metaversos centralizados ou aderir aos ambientes descentralizados?

O que não falta na minha cabeça são perguntas e dúvidas sobre esse novo mundo que está se formando, e isso é o que é mais fascinante.
Usando uma citação que encontrei no livro sobre a atuação dos Bancos Centrais no entreguerras que estou terminando de ler (e recomendo fortemente para quem tem interesse no assunto):

“Quem começa com certezas, deve terminar com dúvidas; mas quem se contentar em começar com dúvidas pode terminar com certezas” (Francis Bacon)

Fonte: Infomoney