Notícias


Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 23 de fevereiro de 2021 às 10:18


Grandes empresas varejistas estão investindo em seus próprios centros de inovação para desenvolver soluções.
Além das perdas humanas, o coronavírus também deixou um rastro de falências. De acordo com a Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, realizada pelo IBGE, mais de 700 mil negócios fecharam as portas até julho de 2020. A situação também não foi favorável nos Estados Unidos. Segundo relatório da consultoria CB Insights, mais de 110 grandes varejistas fecharam as portas. Mas, para aqueles que não foram forçados a encerrar as operações, esse foi um ano de reinvenção. Afinal, a inovação, que já era uma exigência do mercado, se tornou questão de sobrevivência.

De acordo com a CB Insights, os varejistas estão buscando por laboratórios ou aceleradoras de negócios para fornecerem novas ideias, parcerias e colaborações em alguns dos desafios mais urgentes do setor. De melhorias na cadeia de suprimentos e estoque a novas opções de pagamento, essas marcas estão apostando tudo no digital ao mesmo tempo que tentam manter os custos sob controle.

Esse é um movimento que começou muito antes da crise mundial. E agora a tendência é que ele continue crescendo. Ao apostar em modelos de inovação aberta (onde o processo de desenvolvimento de soluções não é centralizado na empresa, mas realizado em conjunto com parceiros), diferentes centros de inovação estão conseguindo alcançar resultados incríveis. Veja quais são os centros de inovação de algumas das principais: empresas do mercado, e o que elas conseguiram com isso até agora.


Coca-Cola: KOlab Collaboration Center
Em outubro de 2019, a  Coca-Cola lançou o KOlab Collaboration Center, um centro de pesquisa colaborativa cujo objetivo é criar novas soluções junto com varejistas e restaurantes parceiros. Por exemplo, os parceiros podem usar uma “sala de imersão digital” para demonstrar experiências de compra do cliente usando realidade virtual.

A empresa já contava com uma linha de bebidas energéticas, a Monster. Mas em janeiro de 2020 ela lançou a Coke Energy, a primeira bebida da marca Coca-Cola que não é um refrigerante. A ideia é usar a força do nome da marca para atrair clientes para o braço de energéticos na empresa.


Walmart: Intelligent Retail Lab
O Walmart formou sua divisão de tecnologia, a Walmart Labs, após a aquisição da empresa de análise de mídia social Kosmix em 2011. Com o objetivo de ajudar a gigante varejista a se manter competitiva no mercado, o centro de inovação conta com mais de 15 mil funcionários que se concentram no desenvolvimento e aplicação de tecnologias.

Um dos frutos dessa empreitada foi o Intelligent Retail Lab, uma loja com sede em Nova York que tem como objetivo estudar o potencial da inteligência artificial no varejo.

Esse ambiente serve como um “teste prático” para novas soluções da empresa. Dentre as novidades implementadas está uma variedade de câmeras e sensores que podem gerar dados em tempo real sobre os níveis de estoque. Mas elas não pararam por aí.

Em 2020, o Intelligent Retail Lab incorporou a tecnologia Mobile Express Returns. Nela, os clientes podem iniciar o processo de devolução de produtos online. Em seguida, basta comparecer pessoalmente à loja com o produto e usar um QR Code para finalizar o processo.

Esse novo sistema, que é realizado sem interferência de funcionários da empresa, reduziu o tempo dos processos de devoluções em até 74%. Sem contar que a falta de interferência humana garante mais segurança para o consumidor em tempos de pandemia.


Nike: Innovation Kitchen
Todos novos sapatos ou tecnologias da Nike surgem no mesmo lugar: a Innovation Kitchen (ou “Cozinha de Inovação”). De acordo com a empresa, a ideia é que a instalação seja um ambiente aberto e descontraído, que estimule o pensamento livre e a autoexpressão. Lá, soluções como calçados feitos para “pés descalços” e rastreadores de atividades são testados.

Em julho de 2020, a Innovation Kitchen desenvolveu o “Space Hippie”, uma linha sustentável de calçados em que mais de 90% dos materiais utilizados são fruto da reciclagem.


Unilever: Unilever Foundry
Fundada em 2014, a Unilever Foundry já participou do desenvolvimento de mais de 200 novas soluções, realizando parcerias com mais de 10 mil startups. Em seus Centros de Inovação, situados nas cidades de Cingapura e Dublin, startups, marcas da Unilever e parceiros corporativos se unem para inovar colaborativamente.

Em 2020, a marca Knorr (pertencente à Unilever) fez parceria com a plataforma de publicidade online Good-Loop para desenvolver anúncios que permitissem aos consumidores, após 15 segundos de visualização, doar 50% do dinheiro publicitário para instituições de caridade.


L’Oréal: Open Innovation.
Criado em 2018, o projeto Open Innovation é fruto de uma parceria entre a L’Oréal, o hub de inovação Station F, a startup Founders Factory e o fundo de investimentos Partech Ventures. Segundo a empresa, o objetivo da iniciativa é “criar uma nova geração de produtos, dispositivos e serviços digitais de beleza inovadores”.

Como o próprio nome já sugere, o projeto usa o sistema de gestão de inovação aberta, buscando parceria com agentes de dentro e de fora da empresa. As startups selecionadas passam por um processo de integração, recebem orientação e constroem conexões com as marcas da L’Oréal.

A Open Innovation foi responsável pelo projeto “Sampler”, que busca ajudar os varejistas a criar relacionamentos duradouros com seus clientes mais valiosos. Isso é feito por meio do envio de amostras e da coleta de dados para proporcionar uma experiência mais personalizada.


P&G: Connect + Develop
Pioneiro, desde 2006 o programa Connect + Develop, da P&G, identifica os problemas no modelo de negócios que vão desde a cadeia de suprimentos até as linhas de produtos. Mas como isso é feito? Simples: a empresa anuncia para o mundo quais são suas necessidades como forma de atrair talentos com soluções inovadoras.

Quando o brilho labial estava em alta, o Connect + Develop pediu ajuda do mercado para aprimorar sua linha de produtos CoverGirl. A empresa de cosméticos OraLabs ouviu o chamado, e juntas, ambas corporações conseguiram criar a solução CoverGirl Smoochies rapidamente.


Pepsico: Design & Innovation.
Situado em Nova York, o Design & Innovation, centro de inovação e design da Pepsico, é o responsável pelo desenvolvimento de novas soluções para a empresa. Com foco no design, a marca descreve os objetivos da instalação como “atingir mais pessoas e tornar seus produtos mais acessíveis em todo o mundo”.

Um dos resultados dessa filosofia é o Pepsi Spire. Ele consiste em um distribuidor de bebidas inteligentes, capaz de criar mais de 1.000 combinações. Os consumidores podem ser os próprios mixologistas, escolhendo qual tipo de mistura desejam.


Nestle: Henri@Nestle
Fundado em 2015, o Henri@Nestle é um exemplo de aplicação da inovação aberta em grandes corporações. O negócio funciona de forma simples: a empresa identifica algum problema ou potencial solução que deseja desenvolver. Em seguida, os detalhes do projeto são postados online, onde gestores de startups podem conferir e preencher uma aplicação. As etapas seguintes funcionam como um processo seletivo, onde as empresas com os melhores projetos vão sendo filtradas até aquela que melhor supra as necessidades da Nestlé seja escolhida.

Essa iniciativa já rendeu projetos muito interessantes. Um deles, inclusive, protagonizou empreendedores brasileiros. A ideia era encontrar alguma forma de diminuir a pegada de carbono dos produtos “prontos para beber” da empresa. A solução encontrada foi desenvolver canudos biodegradáveis, feitos do mesmo material que as embalagens dos produtos. Assim, além de criar uma solução mais sustentável, foi possível reaproveitar a cadeia produtiva da empresa.


Kraft Heinz: Centros de Inovação
A Kraft Heinz, responsável por marcas como a Hellmann’s, resolveu apostar em números quando se trata de inovação. A empresa opera diversos centros de inovação e cozinhas testes pelo mundo. Embora a empresa tenha passado por medidas significativas de corte de custos recentemente, os investimentos nos centros continuaram fortes. A justificativa da empresa é o papel importante no teste e desenvolvimento de produtos relevantes para os consumidores, o que ajudaria a manter a relevância do modelo de negócios.

Dentre os projetos notáveis da empresa está o Just Crack an Egg, desenvolvimento no Kraft Heinz Innovation Center, na cidade de Glenview, Illinois, nos Estados Unidos. Ele consiste em uma tigela de café da manhã “instantânea”. Para comer, basta esquentá-lo no micro-ondas. A ideia caiu nas graças de um público cada vez mais apressado, rendendo mais de US$ 50 milhões em vendas em 2018.


Adidas: Brooklyn Creator Farm
De acordo com a empresa, o Brooklyn Creator Farm tem como principal objetivo “auxiliar no desenvolvimento cultural”. Lá, os designer da empresa são encorajados a “pensar no futuro”, criando modelos que sigam as expectativas daquilo que deve ser o futuro dos calçados, moda e tecnologia.

O centro de inovação, em si, é dividido em 2 áreas: uma focada no design enquanto a outra, o Brooklyn MakerLab, é responsável por tirar as ideias do papel, as transformando em produtos com capacidade comercial.

Fonte: Consumidor Moderno
Estratégia & Marketing Postado em terça-feira, 23 de fevereiro de 2021 às 10:09


Diante da queda de lucros com medidas de isolamento social, setor está vendo a inovação como alternativa para suprir as novas necessidades de seus clientes.

A pandemia da Covid-19 trouxe perdas sem precedentes para o setor de shoppings centers. Em março de 2020, na fase mais restritiva das medidas de isolamento, a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) estima que todos os 577 estabelecimentos do país foram fechados, causando um prejuízo de 90% em comparação com o mesmo período de 2019.

O momento também veio acompanhado por uma queda no ticket médio dos estabelecimentos. Segundo a Abrasce, o medo da contaminação pelo coronavírus fez com que os visitantes passassem a ir com menos frequência aos shoppings e, dessa forma, tornassem suas compras mais assertivas.  E se o comportamento do consumidor mudou, os negócios precisam criar novas estratégias para acompanhar o ritmo.

Fernanda Pires, superintendente do Shopping Jardim Sul, do grupo brMalls, foi uma das gestoras que decidiram adotar uma nova estratégia. “Entendemos que a pandemia acabou gerando novas oportunidades de inovação, inclusive tornando o consumidor ainda mais omnicanalizado”, diz. Com isso, a executiva reforça a necessidade de adotar novos canais de comunicação para superar as barreiras do isolamento social, aproximando os lojistas dos consumidores.

A adoção do e-commerce foi uma das alternativas encontradas para isso. Atitude certeira, se considerarmos o relatório Hábitos de Consumo, publicado pelo Itaú em fevereiro. De acordo com o levantamento, realizado entre os clientes dos serviços bancários da empresa, as compras digitais chegaram a crescer 29% no ano passado.

No caso do Shopping Jardim Sul, Pires conta que a estratégia foi diferenciada. Os shoppings são atraentes pela sua variedade de opções, então nada mais lógico do que trazer essa característica para os ambientes virtuais. Surgiu então a ideia de montar um canal de vendas que reunisse todas as lojas em um mesmo marketplace.  “Assim, oferecemos aos clientes a possibilidade de ter o shopping inteiro na palma de suas mãos, com maior facilidade de encontrar produtos que buscavam e receber em casa no mesmo dia.”


Novos hábitos de consumo


A regra do momento é segurança e praticidade. Conforme mostra um relatório publicado pela consultoria Euromonitor, os consumidores agora estão cada vez mais exigentes e voláteis. A preferência está sendo dada para serviços mais personalizados e que atendam as necessidades dos clientes com velocidade. Para os shoppings, adotar essa postura estratégica também se mostra como uma alternativa de reacender o consumo.

Shoppings como o Jardim Sul e Metrô Santa Cruz optaram por novas medidas para suprir essa demanda. Um dos exemplos é o serviço de Personal Shopper, onde um profissional (orientado pelo cliente) sai em busca dos produtos desejados. O processo é simples: os clientes entram em contato via aplicativos de mensagens, transmitem a demanda para o profissional que em seguida vai em busca dos produtos. A entrega é via drive thru ou delivery.


Novos horizontes

Para os gestores, esses cases de novas estratégias podem representar o futuro do setor. Tradicionalmente, muitas vezes não encaramos shoppings centers como sinônimo de inovação. Esse é um modelo de negócios geralmente associado aos princípios tradicionais de varejo físico, focando na experiência presencial do cliente. Mas o varejo físico também está sendo repensado para reconquistar o seu espaço.

A pandemia do novo coronavírus contribuiu para um movimento de desconstrução desses conceitos que já vinha acontecendo há um tempo. Wu Ruiling, presidente da Associação de Franquias da China, afirmou em conferência realizada no final de 2020 que a inovação é a chave para que o setor continue competitivo. “Há medida que as operações de shopping centers se tornam mais delicadas, perdendo espaço para players digitais, o marketing inovador e as ferramentas digitais deverão se tornar sua competência central.”


Criando um futuro a partir da inovação

Ao adotar uma postura de inovação, os shoppings centers passam a tomar o papel de facilitadores. Os lojistas podem fazer proveito das soluções oferecidas pelos centros comerciais. Ao mesmo tempo, todo um segmento de consumidores digitais passa a observar esses negócios com outros olhos; tendo acesso a uma experiência mais personalizada, dinâmica e acessível.

No Brasil, grandes holdings como a brMalls, já estão adotando essa estratégia. De acordo com Fernanda Pires, mais de oito shoppings da companhia já estão adotando programas de relacionamento personalizados, que apostam na experiência digital para oferecer benefícios como estacionamento gratuito, descontos em lojas, brindes exclusivos, prioridade em eventos, entre outros.

O objetivo é único: utilizar a tecnologia para atender as demandas de um novo consumidor, mais exigente e dinâmico. “Agora temos o objetivo de oferecer o shopping como um ambiente seguro e agradável, como espaço de convivência, lazer e compras. Para isso, estamos investindo para se aproximar mais de nossos clientes, entregando soluções 360º e multicanais, além de facilitar sua experiência seja no espaço físico ou digital”, diz a superintendente.

Fonte: Novarejo