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Estratégia & Marketing Postado em terça-feira, 28 de maio de 2019 às 16:11
O Brasil é o oitavo país do mundo a receber um centro de inovação da P&G. 

O Centro de Inovação para América Latina recebeu R$ 200 milhões em investimentos e está instalado no chamado Campus Louveira, onde funcionam também uma fábrica e um centro de distribuição da companhia. Trata-se de uma localização estratégica, inclusive nas proximidades da Unicamp, uma das principais universidades do país. No espaço, dedicado à pesquisa e ao desenvolvimento de novos produtos, embalagens e processos produtivos, trabalham 150 cientistas de dez diferentes nacionalidades, com a missão de ouvir, vivenciar e entender desejos e necessidades do consumidor brasileiro e latino-americano. O objetivo é que o trabalho realizado por lá resulte na entrega de soluções sob medida, realmente pensadas para as necessidades, hábitos e características das diferentes famílias que consomem as marcas da P&G.

A escolha do Brasil para abrigar o 14o centro de inovação da empresa em todo o mundo reforça a importância do mercado nacional nos negócios da P&G. “Em momentos de crise, muitas empresas deixam de investir em inovação. Mas não é isso o que acontece aqui na P&G. Nó seguimos investindo em qualidade, em produtos inovadores, e reforçamos nosso compromisso com o desenvolvimento das categorias nas quais atuamos”, declarou Juliana Azevedo, Presidente da P&G Brasil.

Com o apoio da mais avançada tecnologia, uma série de pesquisas e testes já estão sendo realizados para as unidades de cuidados com bebês, beleza, casa e higiene, produtos femininos e oral care. Os laboratórios contam com recursos como impressora 3D, simuladores para testar produtos, além de soluções como internet das coisas (IoT) e inteligência artificial.

Foco na inovação em produtos

Para garantir alta assertividade nas pesquisas, foi montada também uma “casa do consumidor”, com sala, quarto, banheiro e lavanderia. André Felicissimo, vice-presidente de vendas da P&G no Brasil, explica que a ideia é que o consumidor se sinta como estivesse na casa dele, utilizando produtos com naturalidade e revelando informações importantes sobre seus hábitos. Por essa razão, o espaço não está ambientado como uma casa de luxo, mas como um domicílio com características próximas à realidade da maioria dos brasileiros. Como resultado, os pesquisadores obtém informações relevantes sobre hábitos e preferências na utilização, com grande nível de detalhamento: é possível até mesmo saber a quantidade exata utilizada de produtos como shampoo, o que pode trazer insights para novas fórmulas, mudanças em embalagens, entre outras possibilidades.

“O foco aqui é inovação em produto. Desde pequenas adaptações até grandes novidades”, resume André Felicissimo, em entrevista exclusiva para SA Varejo. Um exemplo é o novo Ariel Classico, com fórmula mais acessível e um pouco mais diluída, que foi criado em Louveira com foco total no consumidor brasileiro.

O vice-presidente de vendas destaca que a P&G só compete em categorias nas quais há espaço para inovar e gerar crescimento. “Não queremos ganhar participação de mercado de uma ‘pizza’ parada. Nosso foco é fazer a ‘pizza’ crescer”, afirma. O executivo avalia que, por meio de forte desenvolvimento de categorias, há espaço para crescimento em torno de 80% nos segmentos de produtos em que a P&G atua. Como exemplo desse potencial, Felicissimo cita as escovas dentais, cujo consumo médio no Brasil é de 1,8 por ano, enquanto em países vizinhos chega a 2,5, e a recomendação de organizações de saúde é de 4 trocas por ano.

Proximidade dos varejistas

Ainda nesta semana, um grupo de varejistas será recebido para um tour pelo novo Centro de Inovação para América Latina da P&G. A intenção é que essa troca de ideias e experiências com o setor seja bastante frequente. “Queremos trazer nossos clientes aqui, mostrar comportamento do shopper/consumidor e, juntos, termos ideias que poderão ser qualificadas nas lojas deles”, afirma André Felicissimo. “O centro de inovação começa aqui, mas termina nas lojas de todo o Brasil. Precisamos de parceiros interessados em fazer com que as lojas também se transformem em centros de inovação, melhorando a vida dos consumidores e dos shoppers”, resume o executivo, convidando o varejo a estar aberto e receptivo à inovação.

Com 182 anos de vida, a P&G busca manter o “corpinho de 20” e um dos caminhos para isso é a adoção da mentalidade de startup. Com investimentos como o do novo centro de inovação, um lançamento que antes demorava dois anos para chegar às gôndolas agora pode ser viabilizado em nove meses. Para o futuro próximo, a ideia é reduzir ainda mais esse tempo.

Fonte: S.A. Varejo
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 28 de maio de 2019 às 16:09
 Independência. Essa é a sensação que Jéssica Souto, de 18 anos, tem sentido. Após trabalhar de maneira informal como vendedora de loja, ela conseguiu seu primeiro trabalho com carteira assinada. Hoje ela é assistente de Recursos Humanos da Credz, bandeira e administradora de cartões de crédito utilizados por redes varejistas.

Se antes do emprego comprar roupas ou ir a um restaurante era o evento do mês, agora ela consegue consumir por conta própria. E não pense que a pouca idade faz com que Jéssica gaste seu salário de forma supérflua.

Ela costuma poupar cerca de 30% da remuneração. Seu Vale-Alimentação, um dos benefícios que recebe na Credz, é utilizado para comprar mantimentos para a família. O restante do dinheiro é usado para custear seu curso de graduação em Relações Públicas, passear com os amigos e fazer pequenas viagens – além de comprar roupas legais, claro.

PRIMEIRO EMPREGO FORMAL

Moradora do Jardim Pirituba, na zona norte da capital paulista, ela leva uma hora e quarenta minutos no trajeto de casa para o trabalho utilizando transporte público. Mas isso deve mudar em breve.

“Estou juntando dinheiro para comprar um carro”, diz ela.

Jéssica é um dos cerca de 16 mil jovens em programas de aprendiz na região metropolitana de São Paulo.

Estabelecida no ano 2000, a Lei do Aprendiz (10.097/2000) determina que empresas com a partir de sete funcionários tenham em seu quadro uma cota de 5% a 15% de jovens entre 14 e 24 anos, que estejam cursando do ensino fundamental ao superior.

“O objetivo é capacitar o jovem por meio de atividades teóricas e práticas”, afirma Marcelo Gallo, superintendente Nacional de Operações do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), associação que intermedeia contratos de trabalho entre jovens, escolas e empresas.

As atividades teóricas dos jovens são realizadas em intuições autorizadas pelo Ministério da Economia, como escolas técnicas e instituições do Sistema S.

Já a prática acontece dentro das empresas – e há benefícios para o empregador. O aprendiz tem menor alíquota de FGTS (2% em vez do tradicional 8%) e não há obrigação de aviso prévio em casos de demissão. Já a remuneração precisa respeitar o salário mínimo por hora – em São Paulo é de R$ 4,54.

De acordo com Gallo, mais do que estar em conformidade com a lei, contratar um aprendiz pode ser uma vantagem porque a empresa irá formar um jovem profissional de acordo com a sua cultura interna.

Além disso, numa época em que o desemprego entre pessoas de 16 e 24 anos é de 40% no Estado de São Paulo, de acordo com a Fundação Seade, o jovem costuma valorizar a oportunidade.

“Quando a seleção é bem-feita e a empresa cumpre a sua parte, há uma grande gratidão do aprendiz”, diz Gallo. “Isso fortalece a relação entre funcionário e empresa.”

FORJANDO PROFISSIONAIS

Fundada em 2012, a Credz é uma empresa jovem, mas que já fatura alto. No final do ano passado, a empresa atingiu a marca de 1 milhão de clientes ativos. Em 2019, a meta é chegar a 1,9 milhão. O faturamento estimado até o fim do ano é de R$ 1 bilhão.

A Credz atende cerca de 50 redes de varejo, entre elas Casa das Alianças, Vestcasa e Mundial Calçados. São 220 funcionários. Desses, 10 são aprendizes.

“Não temos aprendizes para cumprir a lei”, afirma Fernando Guiselini, diretor de planejamento da Credz. “Queremos formar bons profissionais para o futuro da empresa.”

O programa de aprendiz da Credz é algo sério. Por semestre, são contratados seis jovens. Cada chamada recebe cerca de 200 currículos.

A seleção consiste em dinâmicas de grupo; teste para analisar competências e aptidões, que ajuda na hora de alocar a melhor pessoa para cada área de negócio; entrevista presencial com gestor da área e conversa com o CEO da empresa. O contrato de trabalho dura entre 12 e 18 meses.

PARA FORMAR PROFISSIONAIS 

Após contratado, o jovem ganha uma função específica com responsabilidades e metas pré-estabelecidas. Há job rotation para apresentar a ele os departamentos e processos-chave do negócio.

Mensalmente, o aprendiz assiste a palestras e tira dúvidas com gestores experientes da empresa, que contam sua trajetória profissional e dão orientações sobre a profissão.

Há também acompanhamento frequente do RH e mentoria.

Ao término do programa, o jovem apresenta um projeto de melhoria de processo ou produto para uma banca de diretores.

Caso o projeto seja aprovado, ele será responsável por implementar a proposta junto com um diretor, que se torna seu padrinho.

De acordo com o desempenho durante todo o programa, ele pode ser efetivado e direcionado para a área onde demonstrou mais habilidade. A taxa de efetivação é de 95%.

E quais são os pontos de atenção ao fazer a gestão desses jovens profissionais?

É preciso equilibrar a ansiedade deles. Como são nativos digitais da era do smartphone, eles tendem a esperar respostas e soluções na velocidade da internet.

Inteligência emocional e relacionamento humano são outros pontos – uma vez que adolescentes estão acostumados a resolver discussões nas redes sociais excluindo os desafetos na sua lista de amigos.

“Orientamos os aprendizes a defenderem suas posições com argumentos e prezar pelo bom convívio dentro da empresa”, diz Guiselini.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

De acordo com uma pesquisa do CIEE, alcançar o ensino superior e consolidar uma carreira profissional são as principais expectativas dos egressos do programa de aprendizagem. E muitos deles conseguem. 25% permanecem nas empresas em que foram aprendizes. Outros 58% são empregados na sequência em outras empresas.

Além de ser uma importante ferramenta no combate à evasão escolar, a aprendizagem oferece perspectivas de futuro ao jovem, uma vez que, geralmente, eles são de famílias de baixa renda e estão em camadas sociais mais vulneráveis.

Desde 1992, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mantém o Camp Centro, instituição que presta serviços e desenvolve ações sócio assistenciais de forma gratuita para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade ou risco social.

Uma das ações do Camp é promover a aprendizagem e melhoramento profissional. A instituição possui parceria com 16 empresas, entre elas a Elevadores Otis e o Grupo Sompo Holdings (formado a partir da integração da Marítima Seguros e Yasuda Seguros).

Desde sua fundação, a entidade já atendeu a mais de nove mil jovens.

Fonte: Diário do Comércio