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Estratégia & Marketing Postado em terça-feira, 19 de janeiro de 2021 às 09:45


Comércio eletrônico e aumento da demanda por delivery estimularam bons resultados para algumas companhias, apesar do cenário global de crise.

Se pudéssemos definir 2020 em uma palavra, certamente seria: “atípico”. A pandemia do novo coronavírus desencadeou uma crise econômica global sem precedentes e obrigou todos os setores a se reinventar para sobreviver. Enquanto milhares de empresas quebraram diante das dificuldades financeiras, algumas, por sua vez, conseguiram crescer ainda mais, mesmo em um cenário marcado por incertezas e se tornar verdadeiros cases de sucesso. Veja alguns exemplos a seguir.


VIA VAREJO


Sob nova direção desde o meio do ano passado, o grupo que controla empresas como Casas Bahia e Ponto Frio e conta com 41 mil funcionários transformou os limões da pandemia em uma doce limonada. A mudança na diretoria veio na hora certa: desde o segundo semestre de 2019, a Via Varejo voltou a realizar novos investimentos em tecnologia, melhorou suas lojas e revisou contratos com fornecedores, se preparando, ainda que “sem querer” para a crise que estava por vir.

O isolamento social provocou o fechamento temporário de mais de mil lojas da rede, mas isso não impediu que a empresa fechasse o segundo trimestre de 2020 com lucro de R$ 65 milhões. O peso do e-commerce nesse resultado é inegável: a fatia do faturamento representada pelas vendas online saltou de 30% para 70% com a quarentena.

Em meio à pandemia, a empresa não deixou de lado a responsabilidade social. R$ 5,3 milhões foram doados por meio da Fundação Casas Bahia para o combate à crise, incluindo R$ 1 milhão para mulheres empreendedoras. Em abril, uma live promovida pelo grupo em parceria com a dupla Sandy & Junior arrecadou mais de 700 toneladas de alimentos para doação. A Via Varejo mantém ainda projetos de auxílio financeiro para micro e pequenos empreendedores, como forma de reforçar seu papel dentro da sociedade.


MERCADO LIVRE

Com o crescimento expressivo das vendas online na pandemia, o Mercado Livre, maior portal de comércio eletrônico do Brasil, bateu recorde de vendas no terceiro trimestre de 2020. O volume de vendas registrado pela empresa entre julho e setembro chegou a US$ 5,9 bilhões, enquanto o total de usuários ativos cresceu 92,2%.

Com isso, o Mercado Livre fechou o terceiro trimestre com um lucro líquido de US$ 15 milhões, superando as expectativas, que eram de US$ 10,5 milhões de lucro. Agora, a empresa planeja manter o ritmo no quarto trimestre, com as vendas impulsionadas pela Black Friday e pelo Natal.

Um dos movimentos que levou a esse crescimento foi o investimento em logística. A empresa agora possui até aviões em sua frota e, em alguns lugares, consegue fazer a entrega no dia seguinte da compra. Somente este ano, o valor de mercado do Mercado Livre dobrou, atingindo impressionantes US$ 61,6 bilhões de dólares.


PAYPAL

A alta do comércio eletrônico ao redor do mundo favoreceu, também, os resultados do PayPal. O lucro da empresa de pagamentos eletrônicos cresceu 86% no segundo trimestre de 2020, chegando a US$ 1,53 trilhão.

Para o PayPal, o segundo trimestre foi marcado por quebras de recordes: foram nada menos do que US$ 222 bilhões transacionados em seu sistema. Essa também foi a primeira vez que a receita da empresa ultrapassou os US$ 5 bilhões em um único trimestre.

Desde o começo da pandemia, o PayPal incluiu cerca de 44 milhões de novas contas de compradores e vendedores à sua plataforma. “Em 1º de maio, o PayPal registrou mais pagamentos online do que na Black Friday de 2019, até então nosso recorde global. Ao longo dessa jornada, abrimos novos canais de contato e conseguimos aumentar nossa capacidade de atendimento com alto nível de excelência”, diz Ana Paula Kagueyama, Head Global de Soluções para Clientes do PayPal.

Segundo ela, como muitos comerciantes e consumidores tiveram de mudar sua forma de vender e comprar, passando a fazê-lo de forma 100% online, foi natural que players como o PayPal acabassem sobressaindo neste momento “O PayPal está em uma posição privilegiada por ter um balanço financeiro robusto e um modelo de negócios que nos ajuda a enfrentar este momento desafiador. Há um movimento global em direção aos pagamentos digitais, que data de muito antes da pandemia, e estamos bem posicionados para ajudar nessa transição”, destaca.


iFood

Além do e-commerce, outro setor que não teve do que reclamar durante a pandemia foi o de delivery. Entre março e agosto, o número de restaurantes cadastrados no iFood cresceu praticamente 50%. Em agosto, o iFood atingiu a marca histórica de 236 mil restaurantes na plataforma, em mais de mil cidades, e 44,6 milhões de pedidos.

Em meio à pandemia, a empresa tem procurado formas de apoiar os restaurantes parceiros. Desde abril, o iFood já destinou mais de R$ 180 milhões de sua própria receita para auxiliar estabelecimentos em todo o Brasil, reduzindo taxas de comissão. Em parceria com a Rede, do Itaú, os restaurantes tiveram a opção de antecipar o repasse para 7 dias, a fim de manter o fluxo de caixa. Com isso, mais de R$ 3 bilhões foram injetados na economia brasileira.

O iFood também adotou medidas para preservar seus entregadores nesse período. Foram destinados R$ 43 milhões a iniciativas desenvolvidas para a categoria, incluindo dois fundos solidários (um para parceiros de grupos de risco e outro para profissionais com sintomas de Covid-19).

Fonte: Novarejo
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 19 de janeiro de 2021 às 09:41


Montadora americana anunciou recentemente o fim da produção de veículos no Brasil; notícia teve grande repercussão e gerou preocupação.

Na última segunda-feira (11/01), a Ford anunciou o fim da produção de veículos no Brasil e o fechamento de suas fábricas. A notícia pegou muitas pessoas de surpresa e teve grande repercussão no mercado. Um mês antes, a montadora alemã Mercedes-Benz também colocou um ponto final na fabricação em território brasileiro.

O cenário pode gerar dúvidas em relação ao futuro do mercado automotivo brasileiro, mas, segundo Flavio Padovan, outros players do mercado não devem seguir os caminhos de Ford e Mercedes-Benz. “Ao mesmo tempo que a saída da Ford representa um impacto muito grande para a economia, isso não vai provocar que outras montadoras deixem o país. Cada montadora tem uma condição específica e peculiar devido suas características de volume, de competitividade de produto e de lucratividade”.


A decisão da Ford

O sócio da MRD Consulting, ex-CEO da Jaguar Land Rover e ex-diretor de operações da Ford no Brasil e América do Sul, acredita que a saída da Ford se deu por uma série de motivos. “A montadora sofreu prejuízos sucessivos no Brasil por conta de perda de competitividade causada pela falta de modernização dos produtos e pela falta de capacidade de investimento devido aos resultados ruins. O câmbio também teve uma influência muito forte, já que insumos e componentes eram importados para a produção dos carros. Com poucas perspectivas de recuperação e estratégia global de investimentos em SUVs e picapes, o negócio no Brasil deixou de ter interesse para a Ford mundial”, explica Padovan.

Em nota, o CEO da Ford, Jim Farley, afirmou que, ao sair do Brasil, a montadora “muda para um modelo de negócios ágil e enxuto”. Inovações devem ser o foco da empresa: “Vamos acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas”, disse Farley.

As fábricas de Camaçari (BA) e Taubaté (SP) encerraram a produção. Já a fábrica da Troller, no Ceará, continuará operando até o fim de 2021. Mas o mercado de consumo brasileiro ainda está nos planos da Ford, que deverá manter a assistência técnica, comercializar veículos importados e até lançar novos modelos no futuro.


Perspectivas para o mercado automotivo

Os modelos da Ford sempre figuraram na lista dos mais vendidos no Brasil. Em 2020, por exemplo, o Ka teve a sexta maior comercialização do país. Mas, na nova estratégia, tanto ele quanto o EcoSport saem de linha. A fatia de mercado “órfã” abre oportunidades para outras montadoras que fabricam no Brasil.

Dados do levantamento feito pela Bright Consulting indicam esse movimento: cerca de 85% dos veículos Ford vendidos em 2020 foram produzidos no Brasil. “A maioria que iria comprar um produto da Ford, vai procurar na concorrência veículos similares, não tenho dúvida disso. Outras montadoras ganham de uma forma equilibrada, dependendo do produto que estamos falando”, diz Flavio Padovan. Sem o Ford Ka no mercado, por exemplo, Volkswagen Gol e Fiat Argo podem ganhar mais espaço.

De modo geral, a saída da Ford não deve ter grande influência sobre as perspectivas para o mercado automotivo. “O mercado vai se recuperar de forma lenta. Vimos uma grande queda em 2020, com leve recuperação no final do ano, que deve continuar aos poucos. Mas, acredito que vamos ver muitos movimentos no mercado, como aconteceu recentemente com a fusão da FSA com a PSA”, finaliza Padovan.

Fonte: Consumidor Moderno