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Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 30 de janeiro de 2018 às 12:54
Do desenvolvimento de novos produtos e sistemas de gestão até o uso de tecnologias como realidade virtual e internet das coisas, a inovação está cada vez mais presente no dia a dia das franquias. O movimento é hoje um dos pilares do crescimento do franchising, contribuindo inclusive na melhoria da rentabilidade das marcas.

O cenário fica evidente em estudo recente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), que mostra que mais de 91% das franqueadoras investiram em novos produtos e serviços no período de 2014 a 2017. Além disso, outras 86% afirmam que introduziram inovações em termos de equipamentos e softwares e 90% na técnica de gestão.

“A maioria das redes implantou alguma inovação significativa para o mercado nos últimos anos. Mesmo durante a crise, as franquias mostraram uma alta disposição para investir”, resume o assessor econômico da Confederação Nacional dos Serviços (CNS), Fernando Garcia Freitas. A entidade foi responsável, em parceria com a ABF, pelo levantamento “Inovação nas Franquias Brasileiras”, divulgado no início deste mês.

Um exemplo que ilustra bem a disposição das empresas do setor para inovar é o da Odontoclinic, rede de clínicas odontológicas. Em 2016, a marca criou um centro de inovações dentro da companhia, para trabalhar no desenvolvimento de produtos, serviços e novas tecnologias para ajudar na gestão do negócio.

De acordo com o CEO da companhia, Carlos Leão, a divisão já conta com 12 funcionários dedicados exclusivamente à função, divididos em duas verticais. “Temos duas frentes na área, uma voltada para desenvolvimento e melhoria do nosso software de gestão e outra para a criação de novos produtos”, diz.

A segunda vertente foi responsável, ainda em meados de 2016, pelo desenvolvimento de uma nova solução de ortodontia digital, que basicamente tornou mais rápido o processo de planejamento e posicionamento do aparelho de ortodontia.

Leão diz que a nova ferramenta permitiu diminuir a duração do processo de quatro para apenas uma sessão, com uma redução de 25% do tempo médio do tratamento. “Escaneamos a boca do paciente com uma espécie de caneta e em oito minutos temos a imagem 3D. Em seguida, um software recebe a fotografia e desenvolve o processo que o cliente terá que seguir para chegar no resultado”, explica.

A aposta tem rendido frutos. Só no ano passado, quatro mil tratamentos do tipo foram vendidos, contribuindo de forma decisiva para o aumento do faturamento – que cresceu 16%, na comparação com 2016. Os ganhos com a inovação não se deram apenas nas vendas da rede, mas também na rentabilidade. O novo produto, somado ao investimento na melhoria do sistema de gestão da empresa, contribuiu para um crescimento de mais de 5% na margem de lucro.

O aumento da rentabilidade é justamente um dos principais resultados obtidos pelas redes de franquias com o investimento na inovação, segundo o estudo da ABF. Mais de 43% dos entrevistados concordaram plenamente com a afirmação de que a inovação gerou um aumento da rentabilidade, enquanto outros 41,8% disseram concordar parcialmente. O investimento gerou ainda, para 79,4% das franquias, a ampliação da participação de mercado – um reflexo direto da alta no faturamento (veja no gráfico).

Novas tecnologias

Além da criação de novos produtos e da melhoria nos sistemas de gestão, as franquias têm investido também no uso de tecnologias inovadoras, como a realidade virtual (VR) e a internet das coisas. A iGUi, franquia de venda de piscinas, é um bom exemplo. Há cerca de dez meses a rede começou a trabalhar com óculos de realidade virtual no processo de venda, o que vem contribuindo no desempenho.

“Fotografamos o ambiente da casa do cliente e trazemos as imagens para o escritório. Desenvolvemos digitalmente a piscina dentro daquele espaço para que o consumidor consiga enxergar, com os óculos de realidade virtual, como a piscina ficaria na casa dele”, explica o fundador da iGUi, Filipe Sisson. O empresário acrescenta que a rede fornece o serviço de forma gratuita e que a solução tem contribuído muito nas vendas.

O investimento faz parte de um projeto maior da rede com foco na inovação em todos as áreas da companhia. A principal, no entanto, é a de desenvolvimento de novos produtos. Uma das novidades mais importantes lançadas recentemente, de acordo com Sisson, foi o Eletronic System – sistema que conecta o filtro da piscina ao celular dos consumidores.

Na prática, a solução permiti que todas as funções da piscina (como filtragem, aquecimento e iluminação) sejam controladas por um aplicativo para smartphone. A funcionalidade seria um exemplo da chamada internet das coisas. “Além da piscina, o cliente pode automatizar mais cinco canais da casa, como o portão eletrônico ou o sistema de som ambiente”, completa o presidente da rede.

No caso da iGUi Piscinas, o investimento em inovação garantiu a manutenção do faturamento durante a crise. “O que posso dizer é que esse investimento nos ajudou a sobreviver na recessão. De 2012 até hoje o faturamento ficou praticamente estável, o que considerámos saudável dentro do contexto.”

A contribuição da inovação para o desempenho das empresas ocorreu em praticamente todo o setor, afirma o presidente da ABF, Altino Cristofoletti Júnior. Segundo o dirigente, não fosse a disposição das redes para investir em novidades, seja em produtos, softwares ou tecnologias, o setor teria sentindo muito mais os efeitos da crise. “Sem sombra de dúvidas, se não tivéssemos investido na revisão dos processos de gestão ou em novos formatos e produtos, os resultados seriam piores”, diz.

A Calçados Bibi, rede de lojas de sapatos infantis, é outra prova da importância de inovar para a sustentação do negócio. A empresa criou um “ninho de inovação” dentro da empresa, para discutir com os funcionários, franqueados e fornecedores formas de trazer novidades nos produtos e no operacional.

A iniciativa rendeu resultados expressivos, com o lançamento de quatro novas linhas de calçados nos últimos anos, e com aumento do faturamento e da margem de lucro. “Os lançamentos ajudaram a aumentar as vendas e as novas tecnologias contribuíram na redução de custos, aumentando a eficiência interna”, ressalta o presidente da Bibi, Marlin Kohlrausch.

Em termos de faturamento, a rede cresceu 12% nas lojas, 20% nas exportações e 6% no resultado global do grupo em 2017. Já em relação ao lucro, o empresário afirma que houve melhora na última linha do balanço, em comparação com 2016 (decorrendo de um aumento das margens), mas que a empresa não abre o valor exato do avanço.

Dois lançamentos recentes, destacados pelo executivo, foram o modelo display e multiatividades. O primeiro conecta o tênis ao celular, permitindo que a criança digite uma frase que será exibida no sapato, enquanto o segundo serve para todas as atividades, desde ir a escola até a prática de esportes. Apesar da importância da inovação para suprir as necessidades do cliente, o presidente da Bibi faz um alerta que parece refletir a visão do setor: “São importantes, mas se não derem resultado para o negócio, não servem de nada.”

Fonte: DCI
Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 30 de janeiro de 2018 às 12:53
O comércio brasileiro fechou o ano passado com cenário ainda complexo, em termos de número de pontos de venda. Entre aberturas e fechamentos, o saldo do setor ficou negativo em até 15 mil lojas, de acordo com dados preliminares da Confederação Nacional do Comércio (CNC).





Os números consolidados de 2017 serão apurados pela entidade no início do mês de fevereiro, mas, segundo o chefe da divisão econômica da CNC, Fabio Bentes, tudo indica que o setor fechou o ano com saldo negativo de entre 10 mil a 15 mil lojas. “De janeiro a outubro do ano passado, 17.306 unidades fecharam as portas no comércio. Por mais que os dados de novembro e dezembro sejam positivos eles não vão anular o resultado visto até agora”, diz.

O desempenho vem após dois anos consecutivos de retração no total de lojas, período em que mais de 200 mil pontos de venda pararam de operar no setor. Apesar dos dados ainda negativos, o saldo do ano passado foi melhor do que o registrado em anos anteriores (fechamento de 105,3 mil lojas em 2016 e de 101,9 mil em 2015), o que, na visão da entidade, é um sinal positivo.

Para Bentes, o resultado sinaliza inclusive para uma perspectiva de recuperação no número de lojas já ao longo deste ano. “Comparado com 2016, quando mais de 105 mil lojas foram fechadas no setor, o saldo de 2017 é bem melhor e cria a expectativa de um resultado positivo para 2018. Estamos esperando aberturas líquidas de entre 30 mil a 40 mil pontos de venda neste ano”, afirma.

Até outubro

Um aspecto que reforça a projeção otimista é o dado de outubro do ano passado, último resultado consolidado pela entidade. De acordo com Bentes, o mês foi o primeiro desde dezembro de 2014 em que o varejo brasileiro registrou mais aberturas do que fechamentos.

O saldo do período, mostra o estudo da CNC, foi de 1.202 lojas abertas. De dezembro de 2014 até setembro do ano passado todos os meses apresentaram saldos negativos, sendo que o ápice ocorreu em janeiro de 2016, quando 14.806 lojas fecharam as portas no varejo. “Em dezembro de 2014 cerca de 2.550 lojas foram abertas e de lá para cá, até setembro de 2017, sempre o saldo ficou no vermelho. Em outubro tivemos pela primeira vez um saldo positivo, o que é um dado extremamente relevante”, resume.

Ainda assim, no acumulado do ano passado até outubro o saldo ficou no negativo, com o fechamento de 17.306 lojas. No período, o segmento que apresentou o maior número de pontos de venda que pararam de operar foi o de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

O levantamento da CNC mostra que o ramo, que possui a maior participação no faturamento do setor varejista, registrou uma redução de 4,85 mil lojas nos primeiros dez meses de 2017. Na sequência ficou o segmento de lojas de material de construção, com fechamento de 3,1 mil pontos de venda.

Dos dez setores analisados no estudo, o único que apresentava saldo positivo, até outubro do ano passado, era o de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com uma abertura líquida de 303 unidades. Em termos de regiões do País, a que apresentou o maior número de fechamentos no intervalo foi o Sudeste (-10,2 mil), seguida pelo Nordeste (-3,0 mil) e pelo Sul (-1,6 mil).

Em relação ao volume de vendas do setor, a CNC acredita que o varejo ampliado tenha fechado o ano com um crescimento de 3,9%. Para 2018, a previsão da entidade é de uma expansão mais robusta, com um crescimento, também no conceito ampliado, de 5,1%.

Fonte: DCI