Notícias


Tecnologia & Inovação Postado em terça-feira, 17 de outubro de 2023 às 10:25


Definitivamente hoje não existe outro tema mais plural, mais amplo e de maior impacto na vida das pessoas e, por consequência, nos negócios do que a Inteligência Artificial (IA). Recentemente, estive fazendo um trabalho voluntário para adolescentes na faixa de 16 anos em uma Etec de São Paulo e perguntei aos alunos “qual o aplicativo de celular te define?”

Um dos alunos, com um tom bem gaiato, de bate pronto respondeu: ChatGPT. O motivo é claro: a facilidade que a IA ajuda nas demandas escolares e nas provas. A velocidade de uso do ChatGPT é impressionante. Em apenas 5 dias alcançou a marca de 1 milhão de usuários.


De maneira mais lenta, as instituições educacionais também estão evoluindo por meio da Inteligência Artificial generativa. E claro, vai mudar a forma como alunos, como esse exemplo da Etec, serão avaliados. As provas irão testar como os estudantes aprendem, e não apenas o que eles sabem usando a tecnologia.

“Em tempos de ChatGPT, não se trata de repetir respostas, mas de aprender a fazer as perguntas corretas. Não se trata apenas de medir o que você sabe sobre biologia e física e, sim, se você consegue pensar como um cientista. Na História, não se tratar de lembrar nomes de lugares, mas se você entende a sociedade que surgiu a partir de determinado desenvolvimento”, disse o diretor de Educação e Habilidades da OCDE, Andreas Schleicher em reportagem publicada no Estado de S. Paulo.

Muda o aluno, muda a escola. Assim como mudam os clientes e, na sequência, as empresas. O mundo dos negócios e a forma como as empresas interagem com seus clientes são um dos tópicos de inovação mais empolgante e está influenciando na experiência do cliente (CX).

Em uma pesquisa recente da Gartner Inc., com mais de 2.500 líderes executivos, 45% relataram que a popularidade do ChatGPT os motivou a aumentar os investimentos em IA. Setenta por cento dos executivos afirmaram que suas organizações estão em modo de investigação e exploração com IA generativa, enquanto 19% estão em fase de teste ou produção. Esses números refletem o crescente interesse e adoção da IA em diversos setores.

É fascinante observar como a inovação tecnológica, como a IA, está moldando as estratégias empresariais em todo o mundo. A pesquisa ainda divulgou qual o foco que as empresas estão aplicando a IA. Não por acaso, a resposta de 38% dos entrevistados foi na melhoria da experiência do cliente e na retenção dos mesmos.



IA e CX: uma combinação transformadora

Toda empresa deve buscar ter mais valor na relação com seus clientes por meio de uma melhor experiência do cliente. Isso é o que diferencia uma empresa das outras e cria laços duradouros com os consumidores
A Inteligência Artificial está impulsionando uma revolução na experiência do cliente, com sua habilidade de analisar dados em tempo real, aprender com eles e automatizar tarefas de forma avançada, tornando-a mais personalizada, eficiente e eficaz.


Hiperpersonalização impulsionada por IA

A personalização sempre foi crucial para uma ótima experiência do cliente, mas a IA está levando isso a novos patamares. Empresas como a Amazon e a Netflix estão usando a IA para analisar os padrões de comportamento do cliente e fornecer recomendações altamente personalizadas.
Por exemplo, a Amazon sugere produtos com base nas compras anteriores e nas preferências de navegação, retornando ao cliente rapidamente de maneira mais assertiva. Dar ao cliente uma informação customizada e com baixo esforço aumenta não só as vendas, melhora a eficiência operacional, como também melhora a satisfação do cliente, pois eles se sentem compreendidos e valorizados.

A Disney, que é uma das empresas referência quando o assunto é experiência do cliente, utiliza IA para personalizar a experiência dos visitantes em seus parques temáticos. As pulseiras inteligentes (MagicBands) coletam dados sobre as atividades dos visitantes e, com base nisso, a IA adapta a experiência, como por exemplo, os personagens da Disney podem reconhecer as crianças pelo nome e interagir com elas de maneira especial e ainda atuar em uma das maiores dores dos visitantes: as pulseiras podem ajustar o tempo de espera em filas para atrações populares.

As MagicBands, da Disney, são uma parte essencial da estratégia de experiência do cliente da Disney. Elas simplificam muitos aspectos da visita, tornando-a mais personalizada e agradável. Os dados coletados através das MagicBands também ajudam a Disney a entender melhor o comportamento dos hóspedes e aprimorar continuamente suas ofertas para proporcionar experiências memoráveis.


Assistentes virtuais inteligentes

Chatbots e assistentes virtuais estão se tornando cada vez mais comuns na área de atendimento ao cliente, sites e aplicativos de empresas. Eles usam IA para entender as consultas dos clientes e responder de maneira eficaz.

A capacidade de processar grandes volumes de dados, possibilitando respostas instantâneas e precisas às consultas dos clientes qualquer hora do dia. Uma solução de IA avançada compreende a linguagem natural, personaliza interações e fornece análises valiosas, melhorando a eficiência do atendimento ao cliente e impulsionando a satisfação do cliente. Porém, não é somente plugar um robô no front. O que acontece por trás, nos sistemas existentes na empresa, podem viabilizar ou travar o que acontece no relacionamento com o cliente.

A Inteligência Artificial está apenas começando a mostrar seu potencial na transformação da experiência do cliente. Ouvi esses dias em uma palestra uma citação de Edward Murphy, aquele pensador que batizou a lei com seu sobrenome, que “se você não está confuso então não está prestando atenção”.

Isso se aplica diretamente ao momento que estamos vivendo hoje. Muita novidade, muita inovação, alta velocidade de adaptação por meio dos clientes e ciclos mais curtos de desenvolvimento e implementação das empresas na busca daquilo que pode impactar positivamente seus negócios e clientes.

A área de experiência do cliente serve de porta de entrada de inovações, digitalização e uso prático e tangível de IA.
Empresas que abraçam a IA estão se destacando, proporcionando experiências memoráveis e alcançando um sucesso duradouro.

Fonte: Mercado & Consumo
Economia & Atualidade Postado em quarta-feira, 11 de outubro de 2023 às 14:09


Investidores e analistas ainda estão reticentes sobre e-commerce, enquanto empresas mais resilientes ao cenário macro, como Vivara, estão no radar.

Enquanto a perspectiva era de que os juros em baixa puxaria as ações do setor de consumo e varejo, a realidade que se impõe neste ano como um todo para diversas empresas da Bolsa brasileira é bem diferente.

O índice de consumo da B3 ICON, registra baixa de cerca de 6% no acumulado do ano, ante avanço de 5% do Ibovespa no período. Em setembro, mês que marcou o segundo corte seguido dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a queda é de 5,5% para o ICON, ante baixa de cerca de 0,4% do Ibovespa (no acumulado até o início da tarde desta quinta-feira), ainda que haja forte disparidade entre diversos ativos do setor, conforme destacado em tabela abaixo.

Confira o desempenho das ações do setor:


Especificamente sobre o varejo, diversos fatores têm levado os investidores a ficarem mais cautelosos com as companhias do setor, desde a adesão de empresas estrangeiras ao Remessa Conforme (programa da Receita Federal que muda as regras de taxação de compras feitas em lojas do exterior sendo que, com ele, é possível obter a isenção do imposto de importação para compras online de até US$ 50; apesar do imposto zero para importação, é cobrado 17% de ICMS sobre cada remessa enviada ao país), discussões sobre reforma tributária e visão de recuperação ainda lenta dos resultados.

Neste contexto, e também de olho em diversos segmentos, quais ações os analistas e gestores veem como mais atrativas e quais ainda são vistas com ressalvas?
Primeiro de tudo, é importante ressaltar que, de um modo geral, o cenário ainda é visto como pessimista e de cautela para o setor, como destacou a XP Investimentos e o Goldman Sachs após recentes conversas com investidores, sendo que a primeira casa ouviu estrangeiros e a segunda os locais.

A equipe de análise da XP esteve nos EUA e em Londres falando com investidores e apontou que o sentimento continua cauteloso e o posicionamento nas empresas continua leve, enquanto as discussões tributárias são um ponto de preocupação no setor.

“No entanto, o posicionamento macro do Brasil em relação a outros mercados emergentes e um desempenho do varejo abaixo do índice estão fazendo com que os investidores olhem mais de perto”, apontam Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas que assinam o relatório da casa.

Já na semana passada, analistas do Goldman Sachs reuniram-se com investidores no Brasil e observaram que a visão para o varejo continua relativamente negativa, com preocupações que vão também com a dinâmica de alavancagem e do fluxo de caixa e com a demanda ainda fraca por parte das famílias excessivamente endividadas, além do risco regulatório para benefícios fiscais.

“O sentimento em relação ao setor permanece, de modo geral, relativamente negativo, com apenas alguns investidores dispostos a olhar além da atual fraqueza de curto prazo na demanda dos consumidores para se concentrarem nos benefícios potenciais dos cortes cumulativos dos juros e da desalavancagem gradual das famílias – e dos balanços das empresas”, afirmaram Irma Sgarz e equipe em relatório enviado a clientes.

Eles acrescentaram que o fluxo recente de notícias sobre potenciais alterações em incentivos fiscais está pesando ainda mais, com os investidores demonstrando uma convicção relativamente limitada sobre quais os benefícios que podem ser protegidos e quais os que podem ser descontinuados.

A XP aponta ainda que um dos principais temas discutidos durante as reuniões que teve foi a questão tributária, com alguns investidores procurando entender as principais definições e quais são as companhias mais expostas a esses riscos, enquanto outros estão apenas esperando por definições mais claras para se posicionarem no setor. “A dinâmica macro também foi um tópico, apesar de majoritariamente consensual entre os investidores, na nossa opinião”, avalia.

Os analistas da XP citam que o interesse (e o posicionamento) em Lojas Renner (LREN3) foi bem menor do que em conversas anteriores, quando a “ameaça Shein” (com o aumento da participação da companhia no Brasil) surgiu como um assunto frequente nas reuniões.

“No entanto, os investidores não estavam cientes das limitações logísticas da Shein no Brasil, com entregas muito mais demoradas que nos EUA, bem como a incapacidade da companhia de replicar seu sortimento na operação cross-border. No entanto, a entrada da Shein no Brasil continua sendo um motivo de preocupação”.

Cabe ressaltar que a Shein entrou na semana passada no programa de Remessa Conforme, comprometendo-se a oferecer “entregas mais rápidas e assumindo parte das despesas dos consumidores”, conforme apresenta em seu site.
De acordo com relatório do BBI, as notícias não são boas para a varejista brasileira e seus pares, ainda que as manchetes “já estejam precificadas até certo ponto”, uma vez que a expectativa é que a concorrência permaneça acirrada por mais tempo.

No médio e longo prazo, ainda há incerteza sobre como a dinâmica competitiva pesará nas ações do setor do varejo. Entre os pontos que ainda não estão claros está a capacidade da Shein de manter o compromisso com o programa e a possibilidade de cobrança, por parte do governo, de imposto intermediário para plataformas transfronteiriças (ou seja, e-commerce estrangeiros).

“Portanto, mantemos nossa postura mais cautelosa em relação ao setor de vestuário em geral, pois as ações podem continuar não respondendo essencialmente aos fundamentos, mas sim a ‘manchetes/eventos’ como uma potencial revisão dos incentivos fiscais, ambiente de consumo de curto prazo errático/desanimador e, é claro, concorrência transfronteiriça”, avaliou o BBI na ocasião.

A casa aponta que a Lojas Renner não está imune a essas manchetes, mas que o valuation atualmente descontado (10 vez o múltiplo P/L, ou preço sobre lucro, para 2024) e as manchetes potencialmente negativas mais improváveis a partir de agora leva a equipe de análise a pensar que a assimetria agora deveria estar mais inclinado para cima (ou seja, mais chances de notícias que levem a surpresas positivas do que negativas).

“Vale lembrar que a Lojas Renner ainda desfruta de uma posição de destaque dentro de um mercado de vestuário altamente fragmentado, onde tem mais escala, mais rentabilidade e um balanço mais sólido entre os concorrentes locais, o que em última análise deverá lhe conferir um piso de valuation”, aponta.

Na mesma linha, a XP ressalta que alguns investidores com quem conversou ainda possuem Lojas Renner, porque continuam a vê-la como uma companhia de alta qualidade, com melhor dinâmica de resultados. Já do lado do “sell-side”, em relatório em que revisou o setor de vestuário de calçados, o BTG Pactual também destacou a companhia como uma de suas preferidas.

Fonte: Infomoney