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Estratégia & Marketing Postado em terça-feira, 05 de setembro de 2023 às 10:52


E-commerce defende mudança na tributação para balancear a disputa entre gigantes asiáticas e empresas nacionais.

Nomes como Shein, AliExpress e Shopee têm tirado o sono das varejistas brasileiras nos últimos meses – e não à toa. A concorrência ganhou contornos mais dramáticos com o vai e vém sobre os impostos de importação que foram reduzidos e estão pendendo para o lado das estrangeiras. O Mercado Livre, e-commerce argentino que tem no Brasil o seu maior mercado consumidor, já assumiu seu lado da briga. A empresa defende uma isonomia de impostos que equilibre a disputa entre vendedores e fornecedores locais e os de fora do País. Mas se a balança continuar pendendo para o lado dos gringos, o Meli vai usar a questão tributária como oportunidade.

“Nosso foco são os parceiros locais, mas, se os [produtos] estrangeiros tiverem uma vantagem, inevitavelmente o Mercado Livre vai começar a ter um fornecimento vindo de fora também”, afirmou Fernando Yunes, vice-presidente sênior de e-commerce e principal líder da companhia no Brasil. 

A empresa não abre a porcentagem de produtos negociados que vem hoje de fora do País, mas Yunes classificou o montante como “desprezível”. No entanto, a situação é diferente em outros mercados da companhia. No México, a quantidade de produtos que vem de além das fronteiras – cross-border, no jargão do setor – fica na casa dos 15%.

A discussão ganhou força depois que o Ministério da Fazenda decidiu taxar as importações de produtos estrangeiros em até US$ 50. O governo defendeu que a regra era usada de forma irregular por varejistas internacionais, que aproveitavam a norma para não pagar impostos. Pressionado, o governo recuou da decisão, mas o tema segue em estudo pela pasta. 

A expectativa dos vendedores brasileiros é que uma nova regra volte a taxar essas compras em alguma medida. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) estimou que as remessas internacionais de até US$ 50 somaram R$ 20,8 bilhões de janeiro a maio deste ano, com perda de arrecadação de R$ 12,5 bilhões.

“Se a isonomia não acontecer, os estrangeiros vão ter vantagem [tributária] contra os locais. E tendo vantagem, vão começar a vender mais”, destacou Yunes. Isso poderia aumentar a participação deles na base da companhia no Brasil. “Como marketplace, o Mercado Livre negocia com parceiros que podem estar em qualquer local”, disse o VP em coletiva nesta quarta-feira, 30, durante o Meli Experience, evento de negócios da empresa para seus vendedores e fornecedores.


As novidades do Mercado Livre

A companhia aproveitou o evento para anunciar a chegada de dois novos centros de distribuição, um no Rio de Janeiro (RJ) e outro em Recife (PE). O centro do Rio já está em operação e o de Recife segue na fase de estudos, com previsão de abertura em 2024. Com as adições, o Mercado Livre irá alcançar a marca de 10 centros de distribuição no Brasil. O objetivo é apostar em diferenciais como entrega rápida e frete grátis, pontos mais buscados pelos consumidores ao comprar online.

A empresa também reformulou seu programa de assinatura, chamado agora de Meli+. O pacote de benefícios inclui frete grátis e entrega programada sem custo, além de acesso às plataformas de streaming Disney+ e Star+ e 12 meses gratuitos no streaming de música Deezer. O Meli+ oferece ainda 30% de desconto na HBO Max e na Paramount+.

Na frente de conteúdo, o Mercado Livre anunciou também o lançamento do Mercado Play. A iniciativa será gratuita, com disponibilização de conteúdos de parceiros para gerar um espaço de entretenimento dentro do aplicativo do e-commerce. A monetização será feita através do Mercado Adds, frente de anúncios do grupo.

Fonte: Exame.com
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 05 de setembro de 2023 às 10:49


Maior empresa de turismo do País, CVC pode se beneficiar de saída da concorrente desde que consiga colocar a casa em dia, segundo analistas.

Ações da CVC acumularam alta de mais de 6% em 29 de agosto e de 17,09% no dia 30. Em meio à derrocada das 123 Milhas, que se viu obrigada a entrar com um pedido de recuperação judicial na terça-feira, 29 de agosto, a CVC vai aproveitando para ganhar terreno na B3, com as ações registrando forte alta pelo segundo dia consecutivo.

Depois de fechar o pregão de ontem com ganho de mais de 6%, os papéis da maior agência de turismo do País fecharam a quarta-feira, 30 de agosto, com alta de 17,09%, a R$ 2,74, maior avanço desde 6 de março deste ano. Apesar da forte pressão compradora, a ação da CVC acumula perda de 39% no ano (o valor de mercado da empresa é de R$ 648,7 milhões).

A CVC tem se beneficiado da leitura de analistas e investidores de que os problemas da 123 Milhas representam um alento competitivo para a empresa. A expectativa é de que o mesmo pode ocorrer com outras companhias que utilizam o modelo de intermediação de compra e venda de serviços de viagens por meio de milhas aéreas.

“A CVC é bastante intensa na competição entre as agências de turismo online, com preços significativamente menores”, diz Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos, em nota. “Diante do pedido de recuperação judicial da 123 Milhas, a CVC deve se beneficiar da redução da competitividade, inclusive, conseguindo capturar uma porção do market share da 123 Milhas.”

Mas se a saída de cena da 123 Milhas ajuda a amansar o cenário competitivo, analistas destacam que sobra lição de casa para a CVC, que ao longo dos últimos anos passa por dificuldades e tenta reestruturar suas operações.

Desde 2018, a companhia aparece no noticiário com manchetes negativas, desde a saída de seu fundador, Guilherme Paulus, em meio a uma investigação da Polícia Federal sobre supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal e empresários, até “erros contábeis” identificados em 2020, que alcançaram R$ 350 milhões, o que chegou a paralisar as operações por conta da pandemia de Covid-19.

O resultado foi uma enorme perda de valor. As ações da CVC, que começaram 2018 em R$ 49,42, recuaram para a casa dos R$ 30 no começo da pandemia, em fevereiro de 2020, chegando à casa dos R$ 4 no começo deste ano.

O caminho para retomar o patamar anterior é longo, considerando o recente desempenho. No segundo trimestre, o prejuízo aumentou 76% em relação ao mesmo período de 2022, para R$ 167 milhões. A receita ficou praticamente estável, em R$ 269,4 milhões, enquanto o Ebitda ajustado ficando negativo em R$ 14,9 milhões, uma melhora de 4% em base anual.

“Quando olhamos para a CVC, a gente esperava que a companhia se recuperasse mais rápido, voltando ao patamar pré-pandemia com o fim das restrições de circulação, mas foi passando o tempo, o mundo se normalizou, mas a companhia não se recuperou”, diz José Eduardo Daronco, analista da Suno Research.

Arrumar a casa é imperativo para que a CVC possa aproveitar a turbulência enfrentada pela 123 Milhas, segundo o analista. Os primeiros passos foram dados no lado financeiro, com um follow on de R$ 550 milhões em junho, com os recursos utilizados para recomprar duas emissões de debêntures e reforçar o capital de giro e melhorar sua estrutura de capital. A dívida líquida fechou o segundo trimestre em R$ 245,7 milhões, contra os R$ 616,3 milhões do primeiro trimestre.

A expectativa agora é ver os resultados dos ajustes sendo feitos no lado operacional, com a administração da CVC afirmando que vai focar esforços para vender produtos com rentabilidade maior e com menor necessidade de capital de giro, como pacotes em cruzeiros. Ela também informou que pretende retomar a inauguração de lojas, alinhando a rentabilidade de franqueador e franqueados.

Para Daronco, as medidas anunciadas vão no caminho certo, mas ele entende que a companhia precisa avançar mais na parte digital, lembrando que o público está cada vez mais acostumado a fazer compras de passagens e reservas de hotéis pela internet. “A demanda está voltando, mas uma parte dela foi para o digital, e ela não quer ir para lojas físicas”.

Fonte: Neo Feed