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Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 29 de agosto de 2023 às 09:42


Varejista espanhola segue com plano de investir 1,6 bilhão de euros em novo conceito de lojas e faz inaugurações no Brasil.

Nas últimas semanas, os frequentadores do Shopping Pátio Higienópolis notaram uma grande mudança. No primeiro piso e de frente à entrada principal, está a nova loja da Zara, com mais de 2.000 metros quadrados.

No Brasil há mais de 20 anos, a varejista contava com 43 lojas por aqui e, desde 2018, não realizava inaugurações, exceto a do e-commerce, que aconteceu em 2019. Ao quebrar o jejum, a marca da espanhola Inditex, dona da Zara e outras marcas, também deve inaugurar um espaço – ainda maior, com 2.600 metros quadrados – no shopping Center Norte até o fim do ano.

As inaugurações coincidem com o anúncio da vinda da sueca H&M, que deve começar suas operações no país – online e física – nas principais cidades da região Sudeste em 2025, e com as novas regras de tributação para importação.  Apesar da movimentação, fontes ligadas à Inditex não classificam a abertura de lojas no Brasil como uma resposta a esses movimentos, mas como uma estratégia isolada da marca que enxerga na região um potencial de crescimento. Hoje, as Américas, o que inclui todos os países da América do Norte, Central e do Sul, respondem por menos de 20% do negócio da Inditex, e o plano de abertura de lojas nos Estados Unidos é mais agressivo que o brasileiro. A empresa também abriu lojas em outras praças, como Paris, Londres, Mumbai e Joanesburgo.

A abertura de lojas da Zara no Brasil, contudo, chama a atenção pelo momento muito particular para o varejo nacional. Essas empresas ainda sofrem com o efeito do juro alto sobre o custo financeiro e a demanda e, diante disso, muitas implementaram uma gestão rigorosa de caixa, cortando investimentos e até fechando lojas. Ao mesmo tempo, alguns fenômenos que em 2022 ajudaram o setor a compensar o aperto monetário, ainda que parcialmente, não se repetiram este ano, como o inverno mais longo e  boom de eventos que haviam sido represados durante a pandemia. “Em 2023, ainda estamos em um momento de juros altos, com famílias endividadas e uma competição com varejistas asiáticos mais agressiva”, avalia Ricardo Borges, sócio e analista de ações da SFA.

As varejistas têxteis que entraram no ciclo de juros mais elevados  com um nível de alavancagem financeira muito alto foram as mais afetadas. A Marisa informou, em julho, que fechou 88 lojas com geração de caixa negativa apenas no segundo trimestre. A Riachuelo também precisou se desfazer de plantas e mesmo a Lojas Renner, líder do setor,  fechou 20 lojas (entre Camicado e Renner) nos primeiros meses do ano – uma delas, em um ponto histórico em Porto Alegre. “As varejistas com condições financeiras um pouco mais apertadas precisaram ajustar seu parque de lojas de maneira mais urgente. Elas estão fazendo o trabalho interno para resolver isso. Esse fechamento de lojas deve ser visto como uma otimização do parque de lojas”.

A própria Zara chegou a ter 55 lojas no país, mas começou o movimento de encerramento de operações um pouco antes, em 2021. “A Inditex fez o movimento [de encerramento de operações no Brasil] antecipado, por outras razões, mas, principalmente, pela preocupação com o avanço de outras redes como a Asos e a Boho na Europa. Com a ‘ameaça’, precisaram otimizar o parque de lojas mundial e, agora, já estão no momento de investir em expansão”, diz um analista do setor.

Para analistas do setor, as varejistas nacionais fariam bem em acompanhar os passos da Inditex na Europa, que buscou fortalecer sua cadeia logística, ajustar o time de 300 designers e das fábricas para ter mais otimização e reavaliar o seu parque de lojas. “Uma vantagem competitiva da Zara neste momento, em relação a varejistas de vestuário nacionais, é o chamado supply chain, acesso a uma cadeia de suprimentos global, que permite às lojas adaptarem-se às mudanças de estação e de moda com muito mais velocidade”.

Segundo uma fonte relacionada à empresa, a Zara tem a facilidade de estar conectada a fornecedores que estão próximos. “Os produtos são criados e desenvolvidos muito de perto com esses fornecedores e também muito próximos aos centros de distribuição na Espanha e em regiões como Portugal, Turquia e Marrocos”, afirmou.


Plano de expansão

Os resultados do primeiro trimestre da Inditex, que também é dona das marcas Massimo Dutti, de roupas mais formais, e da Oysho, de lingeries, superaram as expectativas dos analistas. Eles consideram que as lojas de maior tamanho da Zara estariam incentivando os consumidores a comprar mais.

Segundo os resultados divulgados pela companhia, a empresa teve uma margem bruta recorde no primeiro trimestre e viu sua receita operacional saltar 43% até abril, mesmo com menos lojas. Nos últimos três anos, a espanhola fechou mais de 1.000 pontos de venda pelo mundo, inclusive as 515 lojas na Rússia e outras 82 na Ucrânia, devido à guerra. Com o encerramento em pontos menos lucrativos, a empresa conseguiu aumentar seu caixa líquido para 10 bilhões de euros – o que ajudou a financiar o plano de expansão colocado em prática agora.

Esse plano da Inditex, que inclui abertura de novos pontos de venda da Zara em Nova York, Los Angeles, Miami e Las Vegas, foi anunciado em março deste ano, quando a companhia  surpreendeu o mercado com o anúncio de investimentos da ordem de 1,6 bilhão de euros para inaugurar novas lojas e expandir sua área de comércio eletrônico em escala global.

A estratégia também está ligada a uma dissociação de fast fashion e recolocação da marca em um patamar mais sofisticado, para não entrar em um embate direto com as chinesas como a Shein, que já conquistou 40% do market share nos Estados Unidos em 2022, segundo dados da Statista, e a Temu, que ensaia uma entrada no Brasil. Para isso, além de criar novas lojas, a empresa também passou por uma remarcação de preço. De acordo com uma pesquisa de Simon Irwin, analista do Credit Suisse, os preços de entrada da Zara subiram 20% na comparação com 2022.


Rivais asiáticas
O tsunami no varejo brasileiro Shein e Shopee investem em logística, buscam fornecedores locais e fazem acordo com governo, enquanto AliExpress patrocina evento de e-commerce do país.

O visual das novas lojas, mais clean, foi uma proposta que partiu do escritório de arquitetura da própria Zara. Com uma mistura de madeira, aço inox e vasos de oliveira espalhadas pelos mais de 2.000 metros quadrados, no que a arquitetura moderna convencionou classificar como quiet luxury, a nova loja será também o novo padrão: gradualmente, os outros pontos da marca serão atualizados para este conceito. “É uma loja super especial, que acabou de abrir e está ‘bombando’ em vendas. Ela, sozinha, representa 15% das vendas do shopping [Patio Higienópolis, do Grupo Iguatemi] todo”, afirma um analista do setor. De acordo com esta fonte, o interesse pela nova loja impulsionou até as vendas das vizinhas, que registraram um aumento entre 20% e 30% nas vendas desde a abertura da Zara. Procurado, o Grupo Iguatemi não confirmou as informações.

Provadores inteligentes e caixas automáticos fazem parte do novo conceito de loja da Zara, da Inditex, que tem atraído consumidores (Foto: Divulgação)

Provadores automáticos, leitura digital de peças, reserva antecipada de lugar no provador pelo aplicativo e checagem de peças no estoque estão entre as novidades semelhantes àquelas vistas em lojas como a Renner e, fora, em marcas como a varejista japonesa Uniqlo.

Em comunicado ao mercado, a Inditex, que opera em 213 mercados, afirmou que possui baixa participação em um setor altamente fragmentado e vê fortes oportunidades de crescimento. “Esperamos aumentar a produtividade de vendas em nossas lojas daqui para frente. O crescimento do espaço bruto em 2023 será de cerca de 3%. A otimização das lojas está em andamento. A Inditex espera que a contribuição do espaço para as vendas seja positiva em 2023. Continuamos a assistir a  uma evolução muito satisfatória das vendas online e a uma participação crescente no total do grupo”.

No encontro anual da empresa, Oscar García Maceiras, CEO da companhia, disse que observou em sua avaliação do último ano que “tornamos nossa empresa mais forte, mais eficiente e pronta para enfrentar novos desafios e alcançar um crescimento sólido e lucrativo em ambientes muito exigentes”.

Fonte: Infomoney
Varejo & Franquias Postado em quarta-feira, 23 de agosto de 2023 às 15:22


Empresa paulista com 40 anos de atuação e sede em São José dos Campos, o Grupo Oscar comprou o braço de varejo da calçadista gaúcha Paquetá. O negócio de Sapiranga, a 60 quilômetros de Porto Alegre, está em recuperação judicial e separou suas 63 lojas em uma unidade produtiva isolada (UPI). Com isso, conseguiu colocar as operações à venda para levantar recursos para a companhia. 

A compra aconteceu por leilão. O Grupo Oscar ofereceu 90 milhões de reais em uma modalidade chamada de stalking horse, quando já há um comprador de referência. Inclusive, a empresa já tinha financiado parte deste valor à Paquetá e estabelecido em contrato que, caso a compra não se realizasse, poderia reaver a parcela emprestada com um acréscimo. 

A aquisição deve somar entre 20% e 25% do faturamento do grupo paulista, que passa a ter 2.800 funcionários e 178 unidades. 


Quem é o Grupo Oscar

O Grupo Oscar completou 40 anos em 2022 e possui uma rede com mais de 110 lojas. São quase 2.000 funcionários. Atualmente, as lojas do Grupo Oscar estão espalhadas pelo interior de São Paulo, Vale do Paraíba, Triângulo Mineiro, Joinville (SC), Alagoas e Paraíba.
Entre as marcas de lojas do Grupo Oscar estão Oscar Calçados, Constantino e Diadora.

Com a aquisição da rede da varejo do Grupo Paquetá, ganhará novos mercados, principalmente no Sul do país, onde a Paquetá tem forte presença. Além da marca Paquetá, há também outras duas redes que também entraram na venda: Paquetá Esportes e Gaston.

“O Grupo Paquetá é muito forte no Sul e faz parte da memória afetiva do consumidor, os clientes reconhecem todas as marcas do grupo, além da ampla linha de produtos”, diz Bruno Constantino, CEO do Grupo Oscar Calçados. “O nosso objetivo agora é garantir a eficiência da operação e executar o plano de integração da marca”.

Além da expansão via aquisição, o Grupo Oscar também está apostando em tecnologia e startups. Conforme a EXAME noticiou, um grupo liderado pela Oscar Calçados vai investir R$ 20 milhões em startups que curam dores do varejo.


Como foi a compra

A compra aconteceu por leilão, mas em uma modalidade diferenciada. Como a Paquetá está em recuperação judicial, ela precisou separar a operação de varejo em uma unidade produtiva isolada (UPI), um mecanismo que permite a venda de ativos durante a reestruturação da empresa.
Além disso, o leilão já aconteceu com o Grupo Oscar como comprador de preferência. Isso porque a calçadista paulista financiou parte dos 90 milhões de reais antecipadamente para a Paquetá manter suas operações, e garantiu a preferência na hora de fazer a aquisição. Não houve outros lances.
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Grupo Oscar foca no Sul

A ação faz parte da estratégia de expansão e fortalecimento da varejista no Sul do Brasil. “A região, em termos mercadológicos, é muito importante para o setor calçadista e a Paquetá é um dos principais players locais", comenta Constantino. "O nosso objetivo é seguir com a expansão nas regiões Sul e Sudeste e nos tornarmos um dos maiores varejistas de calçados do Brasil”.


Como está a recuperação judicial da Paquetá

A Paquetá entrou em recuperação judicial em 2019. À época, declarou dívidas de 638,5 milhões de reais. Na petição inicial, disse que enfrentou aumento nos custos de produção, o que afetou o volume de seu lucro bruto e determinou que a empresa operasse em nível inferior àquele necessário para cobrir a totalidade de seus custos. Também disse que não conseguia repassar todos os custos para consumidores pelo cenário de recessão do país.

Nos últimos meses, a empresa também apresentou dificuldades para pagar salários em dia, situação que começou a contornar com o início do processo de venda do braço de varejo. Com isso, a companhia focará na indústria. Hoje, tem fábricas no Sul e no Nordeste do país.

Fonte: Exame