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Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 08 de fevereiro de 2022 às 10:17


Setor de máquinas e equipamentos registrou a maior alta do ano, com 32,4%, conforme a Fiergs.

O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI/RS), medido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), encerrou o ano com crescimento de 12,8% ante 2020, a maior taxa em 30 anos. O recorde se deve à base deprimida do período anterior, quando o índice atingiu pisos históricos por conta da primeira onda da Covid-19. A alta, porém, mais do que compensou a redução de 2020 (-4,8%), superando em 7,4% o nível de atividade de 2019.

“Além da base deprimida, o resultado refletiu o retorno das atividades econômicas, sobretudo, o dinamismo dos setores industriais ligados ao agronegócio e das exportações”, relata o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry. O industrial lembra que apesar do desempenho positivo, não faltaram obstáculos para o setor em 2021, principalmente na cadeia de abastecimento. “Além da pandemia, o cenário contou com desvalorização e volatilidade da taxa de câmbio, aumentos nos preços da energia e dos combustíveis e alta dos juros e da inflação”.

Todos os componentes do IDI/RS cresceram em 2021: compras industriais (+31,0%), horas trabalhadas na produção (+15,1%), faturamento real (+8,7%), emprego (+6,7%), utilização da capacidade instalada-UCI (+5,7 p.p.) e massa salarial real (+4,6%). A expansão anual foi disseminada: 14 dos 16 setores pesquisados. Os destaques foram Máquinas e equipamentos (+32,4%), Químicos e derivados de petróleo (+11,1%), Veículos automotores (+15,8%), Produtos de metal (+17,9%) e Couros e calçados (+10,1%). Apenas Madeira (-1,2%) e Máquinas e materiais elétricos (-0,7%) recuaram.


Em dezembro em relação a novembro, o IDI/RS cresceu 0,5% com ajuste sazonal, repercutindo o desempenho do faturamento real (+1,1%) e das horas trabalhadas na produção (+1,5%). Foi a sétima alta seguida, que levou o nível de atividade ao maior patamar desde novembro de 2014, 10,2% acima do pré-pandemia (fevereiro de 2020). Ainda nessa métrica, o emprego e a UCI (com grau médio de 83,4%) ficaram estáveis, enquanto a massa salarial real caiu 0,4%.

Para 2022, a tendência é de desaceleração. A perspectiva é de um avanço da atividade industrial de 1,7% no Estado. Para crescer mais, o setor precisará ganhar força. As expectativas dos empresários são favoráveis: há confiança e intenção de investir. A reabertura econômica tende a se completar e a demanda externa deve continuar ajudando.

O presidente da Fiergs destaca, porém, que os fatores restritivos de 2021 continuam no radar, sobretudo, os gargalos na cadeia de suprimentos. “A forte estiagem que estamos passando, os casos de Covid-19 e a eleição polarizada também trazem incertezas para o cenário econômico”, completa Petry.

Fonte: Jornal do Comércio
Economia & Atualidade Postado em terça-feira, 04 de janeiro de 2022 às 16:09


Atualmente, entre os dez maiores ocupantes de condomínios logísticos, três são de e-commerce.

O crescimento das vendas por internet foi apenas uma das muitas transformações trazidas pela pandemia, e essa expansão não veio sozinha. Estimulou também uma série de outros negócios que garantem o ciclo do e-commerce, da compra por meio do celular ou do computador até a entrega ao consumidor.

Em meio a essa cadeia em expansão, poucos mercados cresceram tanto nos últimos dois anos quanto o dos galpões logísticos de alto padrão - e o e-commerce tanto foi a principal tração desse avanço, como é o fator de confiança para quem está investindo nesses grandes e cada vez mais tecnológicos espaços. Entre os dez maiores ocupantes de condomínios logísticos atualmente no Brasil, três têm operações exclusivamente de e-commerce, com cerca de 1,1 milhão de m² locados, quase o dobro dos 583 mil m² ocupados um ano atrás. Os dados são da agência Folhapress.

A taxa de vacância, que indica o percentual de metros quadrados disponíveis para locação, segue em queda, apesar do aumento expressivo de novos espaços. O número varia entre 8,95% e 12,56%, a depender da consultoria (algumas incluem apenas os imóveis considerados de alto padrão, outras, de todos os tipos).

De janeiro a setembro, pouco mais de 1 milhão de m² foram entregues, segundo a consultoria SiiLA Brasil. O grosso das finalizações, porém, estava previsto para o último terço de 2021. Se todas as previsões se concretizarem, outro 1,2 milhão de m² ficarão disponíveis para locação até que este ano termine, superando em 12% a área total locável registrada ao fim de 2020.

O ano passado já havia sido considerado o melhor para o setor, quando a absorção líquida, somente em São Paulo, chegou a quase 1,2 milhão de m², duas vezes o recorde da série histórica da Newmark, iniciada em 2014.

Mariana Hananaia, diretora de pesquisa e inteligência de mercado da consultoria, diz que as projeções indicam que um novo recorde será batido em 2021. No terceiro trimestre, foram acumulados 568 mil m² em novas locações.

A maior parte delas foi em Cajamar, município da Grande São Paulo que abriga alguns dos principais centros de distribuições do comércio online do Brasil - Amazon, Mercado Livre e B2W Digital (dona de Submarino, Shoptime e Americanas.com) estão lá.

Além de Cajamar, outras cidades da região metropolitana como Barueri, Jundiaí e Guarulhos também estão no raio de interesse da logística. A rede, porém, começa a se expandir, mesmo que o estoque, tanto novo quanto já instalado, ainda esteja muito concentrado em terras paulistas.

O crescimento das compras online fortaleceu as operações das empresas em outras regiões. Giancarlo Nicastro, presidente-executivo da consultoria SiiLA Brasil, diz que há muita oportunidade de expansão fora de São Paulo. Até o fim deste ano, há entregas previstas também no Ceará, em Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.

No Rio, três empreendimentos estão ficando prontos, com tamanhos entre 19,5 mil m² e 28,7 mil m², o que poderá elevar ainda mais a taxa de vacância, hoje entre 18% e 19,8%, a depender da consultoria, posicionando o município como uma espécie de patinho feio em meio ao boom da logística.

O principal ruído, segundo Nicastro, vem da segurança, pois muitas empresas passaram a não conceder seguro a cargas que circulam no município. Para André Romano, gerente da divisão industrial e logística da JLL, o mercado responde prioritariamente à demanda: se houver consumidor comprando, as empresas montarão centros de distribuição. "De fato, é um mercado que anda de lado. Não é dinâmico como São Paulo, nem estável como vem sendo Ceará e Pernambuco".


Acesso a principais rodovias é diferencial competitivo para construção de galpões logísticos.

O presidente da SiiLA Brasil vê o aumento do estoque total, que chega a 19 milhões de m² como um ponto de atenção para o mercado. O risco é o de que a oferta cresça muito e rápido, derrubando os preços, que depois de patinar por anos, tinham começado a subir.

Mariana, da Newmark, avalia que o estoque poderá assustar, mas se manterá na média histórica em relação às novas locações. Ela aposta em um movimento de "fly to quality", quando empresas optam por uma locação de padrão superior. "Vai trocar 10 mil m² de qualidade ruim por 10 mil m² de qualidade boa", diz.

Andre Romano, da consultoria JLL, vê também a possibilidade de uma reacomodação dos contratantes, de acordo com a atividade. Operadores logísticos (como DHL e Fedex) podem ficar mais distantes das capitais, onde pagarão menos pelo m², mantendo hubs menores nos grandes centros.

O e-commerce, por outro lado, precisa estar próximo e com acesso fácil às principais rodovias. Além dos novos consumidores digitais nascidos com a pandemia, o período de distanciamento social e cuidados sanitários estimulou outros tipos de compra, que também interferem na distribuição dos centros de distribuição de quem está vendendo ou entregando.

"Antes, essas compras eram grandes, eram TVs, geladeira. Hoje, já se compra coisa de uso diário e até mesmo supermercado", diz Romano. Para essa compra de miudezas, o consumidor tem muito mais pressa em receber do que no caso de um eletrodoméstico.

No estado de São Paulo, as principais absorções do terceiro trimestre vieram do crescimento do digital. O Mercado Livre fechou 50,8 mil m² com a Prologis. A Mobly, varejista online de móveis e itens de decoração, locou 70 mil m² no Centro Logístico Especulativo WT, que integra um fundo da XP. Também com a Prologis, a Loggi contratou 46 mil m². Todos em Cajamar.

Nicastro, da SiiLA, diz que o mercado logístico em São Paulo vive um momento diferente em relação ao restante do país. "Em São Paulo é o 'last mile', a briga para ver quem entrega antes e mais barato, e isso só se faz com eficiência e descentralização".

A tradução aproximada para o significado de "last mile" é a última parada, ou seja, a etapa final antes da entrega ao cliente. A ambição dos operadores é conseguir ficar a 15 quilômetros do centro de São Paulo, em uma infraestrutura que permita, além do armazenamento de mercadorias, a manobra de caminhões e o entra e sai desses veículos.

Marina Cury, presidente da Newmark, diz que há seis projetos bem encaminhados entre aprovações e licenciamentos e que deverão atender esse perfil. Por outro lado, outras regiões do País também ganham espaço - no Rio Grande do Sul, a Região Metropolitana de Porto Alegre tem recebido diversos empreendimentos.

Fonte: Jornal do Comércio