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Estratégia & Marketing Postado em quarta-feira, 07 de agosto de 2024 às 09:57


Para 61% dos entrevistados, o consumo consciente está ligado à redução da poluição e, para 58%, ao uso responsável dos recursos naturais.

Os consumidores brasileiros estão cultivando hábitos de consumo mais conscientes. Ademais, eles estão priorizando a pesquisa de preços antes de adquirir um bem ou serviço, moderando as compras e evitando a compra por impulso.

Essa mudança de comportamento reflete uma preocupação crescente com a sustentabilidade e a qualidade dos produtos. Os consumidores estão cada vez mais cientes do impacto ambiental de suas escolhas e buscam marcas que se alinhem a seus valores. Há um aumento na demanda por produtos ecológicos, que não apenas cumprem uma função prática, mas também respeitam o meio ambiente.

Além disso, a análise de custo-benefício tornou-se uma prática comum. Os brasileiros estão investindo mais tempo em pesquisas online, comparando não apenas preços, mas também avaliações e a reputação das marcas. As redes sociais e os sites de comparação de preços desempenham um papel fundamental nesse processo, oferecendo informações que ajudam na tomada de decisão. Esses são os principais insights da Pesquisa Consumo Consciente – Visão do Consumidor 2024.


Tomada de decisão dos consumidores

O estudo foi conduzido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que contou com a participação de mais de mil consumidores em todas as regiões do país. A ideia da entidade foi compreender como os aspectos ambientais, sociais e econômicos influenciam a tomada de decisão dos consumidores, seu comportamento de compra e a escolha de produtos educacionais e serviços turísticos. O estudo foi segmentado por gênero, classe social, idade e geolocalização.

Os selos e certificações socioambientais são considerados importantes por 58% dos consumidores. Para a maioria dos entrevistados, o consumo consciente está ligado a questões ambientais, como a redução da poluição (61%) e o uso responsável dos recursos naturais (58%).

Entre os resultados, chamou atenção o fato que 94% dos brasileiros afirmam adotar um hábito de consumo mais consciente. Isso envolve, principalmente, a pesquisa de preços, a moderação nas compras e a evitação de compras por impulso. Ademais, 58% dos consumidores consideram os selos e certificações socioambientais como relevantes. Para a maioria dos entrevistados, o consumo responsável está relacionado a questões ambientais, como a redução da poluição.



Pesquisa de preços

Os consumidores das classes C são os que mais se preocupam em pesquisar preços (67%), uma preocupação que está alinhada com sua renda mais restrita. Em contrapartida, as classes C e D/E são as que apresentam, proporcionalmente, o maior índice de compras por impulso, com 8% em cada grupo, o que demonstra um nível menor de controle sobre o consumo entre aqueles que, geralmente, possuem menor escolaridade.

Em relação à faixa etária, os consumidores mais velhos (entre 59 e 77 anos) são, proporcionalmente, os que buscam preços mais baixos, já que 8 a cada 10 realizam muitas pesquisas de preços antes de finalizar uma compra. A faixa etária de 27 a 42 anos se destaca como a mais cautelosa nas decisões de compra (32%), com uma maior inclinação para a sustentabilidade. Por outro lado, os consumidores que mais compram sem reflexão estão na faixa de 43 a 58 anos (8%). Em termos regionais, os consumidores do Nordeste demonstram um maior empenho em pesquisar antes de efetuar a compra.

O ato de investigar preços e refletir sobre a real necessidade de uma compra, que demonstra uma atitude mais moderada, é um dos comportamentos associados a uma maior conscientização em sustentabilidade. A pesquisa também indicou que as certificações socioambientais (como Produtos Orgânicos Brasil, Selo FSC, ISOs, NBRs, Selo Procel, Selo Empresa Amiga da Criança, entre outros) são consideradas importantes por muitos consumidores: dentre 100 pessoas, 58 valorizam os selos e certificações no momento da compra, sendo que 21% deles consideram essas certificações extremamente relevantes. Por outro lado, 42% não atribuem importância às certificações socioambientais na sua decisão de compra. Assim, há uma oportunidade para que os consumidores comecem a valorizar mais as certificações.


Decisões sustentáveis

A pesquisa identificou atitudes de consumo nos segmentos de varejo, abrangendo roupas e acessórios, eletroeletrônicos, produtos de limpeza, alimentação e bebidas, higiene pessoal e beleza, lazer e turismo, além de instituições de ensino. Só para exemplificar, no que se refere ao consumo de alimentos e bebidas, 25% dos consumidores afirmam preferir produtos de produção local/comunitária, 21% optam por embalagens recicláveis ou biodegradáveis, e 17% preferem produtos orgânicos. Em relação aos itens de higiene e beleza, 31% dos consumidores estão atentos a embalagens recicláveis ou biodegradáveis no momento da compra, enquanto 26% priorizam produtos que possuam selos de bem.

Na categoria de roupas e acessórios, 66% dos consumidores consertam ou reaproveitam as peças. Quando esses itens não atendem mais às suas necessidades, 73% optam por doá-los para instituições de caridade. Em relação a eletroeletrônicos, a intenção de reaproveitamento é ainda mais expressiva: 81% dos consumidores tentam consertar os aparelhos antes de descartá-los, e mais da metade (55%) entrega esses itens a cooperativas ou programas de logística reversa, garantindo o descarte adequado dos equipamentos.


Pandemia e consumo

É amplamente reconhecido que a pandemia modificou as prioridades e os hábitos de consumo da sociedade como um todo. Após esse período, por exemplo, 57% dos consumidores começaram a valorizar mais as atividades ao ar livre e em contato com a natureza.

Na seleção de produtos de limpeza, o preço continua a ser o fator mais importante para 48% dos consumidores, enquanto 47% optam por embalagens de refil e 45% preferem embalagens recicláveis. No setor educacional, a postura do consumidor se concentra no aspecto social do ESG. Ao escolher uma instituição de ensino, 45% dos entrevistados consideram programas de combate ao racismo e outras formas de preconceito, seguidos por 38% que valorizam políticas de diversidade e inclusão, e 37% se preocupam com iniciativas de combate ao bullying.

Por último, 56% dos consumidores brasileiros acreditam que as opções sustentáveis devem ter preços similares aos de outros produtos, enquanto 51% desejam que os rótulos sejam mais claros. “O comportamento do consumidor influencia as decisões das empresas. Assim, o mercado precisa disponibilizar produtos acessíveis e informações transparentes para os consumidores”, explica o estudo.


Consumo consciente



Pirataria

A pesquisa revela uma percepção baixa entre os entrevistados sobre a relação entre consumo consciente e a preferência por produtos de pequenos produtores e/ou locais. Dessa forma, é fundamental avançar no acesso à educação, emprego e renda, assim como no fortalecimento do senso de comunidade. Assim, destaca-se a necessidade de investimentos em educação socioambiental e financeira nas escolas e nas comunidades. Ademais, fica óbvio a importância das campanhas de conscientização públicas e ações de capacitação e treinamento.

A cada 10 consumidores, 7 não veem a compra de produtos piratas ou falsificados como um hábito prejudicial à economia. A pesquisa considerou o fato à falta de conscientização e educação sobre o tema. Como uma grande parte da população brasileira vive com baixa renda, o acesso a esses produtos é muitas vezes justificado. Em uma análise por gênero, mais homens (32%) demonstraram ter consciência sobre o consumo de produtos da economia informal, em comparação com as mulheres (30%).


Viagem e turismo

No setor de turismo, a sustentabilidade é um fator importante na escolha do destino para 55% dos consumidores. Para as mulheres, essa porcentagem sobe para 57%, enquanto entre os homens é de 53%. O ecoturismo destaca-se como a terceira principal opção que influencia a decisão dos consumidores. Nesse ínterim, a prática recebe 31% de consideração, sendo mais valorizado pelas mulheres, que apresentam uma taxa de 33%.

Embora os consumidores reconheçam a importância da sustentabilidade no turismo, a maioria (51%) não está disposta a pagar um adicional nas passagens aéreas para compensar as emissões de gases de efeito estufa geradas pela viagem. Em suma, os consumidores consideram essa responsabilidade das companhias aéreas. Os homens se mostram mais relutantes, com 54% contrários, em comparação a 48% das mulheres.

Por outro lado, 38% dos consumidores manifestam disposição para pagar um extra se receberem mais informações sobre os resultados das ações implementadas pelas empresas. Entretanto, os entrevistados não foram indagados sobre quanto estariam dispostos a pagar a mais.        

Fonte: Consumidor Moderno