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Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 23 de janeiro de 2018 às 12:29
Se você encontrasse Peter Thiel, eu tenho a certeza de que você o desafiaria a explicar melhor o que defendeu em seu livro chamado “De Zero a Um”.  Você pode ler um resumo da obra neste guia lançado recentemente pela Endeavor.

Vale a pena conhecê-lo porque é surpreendente a sua visão.  Vamos lá?

Logo depois do estouro da bolha da internet, em 1999, houve muito medo. Os empreendedores passaram a idolatrar a globalização e a se dedicar mais a competir do que a inovar. E veja que  contradição: eles se tornaram muito mais conservadores!

E mais: Thiel, cofundador do PayPal e investidor de diversas empresas de alta inovação, afirma que, de lá para cá, a humanidade tem muito mais copiado o que deu certo. Mas que há basicamente duas formas de progredir:

- Vertical
- Horizontal

No progresso horizontal você melhora os produtos e serviços já existentes. Já no progresso vertical você precisa criar algo novo, que não existia antes.  Provoca uma disrupção que desestabiliza totalmente os concorrentes.

Criar algo novo ou melhorar o que já existe?

Um exemplo de progresso horizontal foi o caso de inúmeras empresas começarem a reproduzir tablets em escala em muitas partes do mundo. Já o progresso vertical foi o caso, por exemplo, do primeiro iPhone, que foi único e ocasionou uma revolução nos smartphones.

O  iPhone  X,  lançado em 2017, recomeça um novo ciclo de inovação que é a de  reconhecer o seu rosto como usuário. Assim, a Apple já se posiciona novamente 2 anos e meio à frente do seu maior competidor.

Mas, distante destes cases especiais, muitos empreendedores passaram a agir como se não restassem mais segredos para se descobrir, mas sim só melhorar o que já havia sido lançado.

Pensando assim, teríamos de crer que já foram solucionadas todas as grandes questões do mundo. E isso é um mito! Está longe de acontecer. E está claro que, há muitas janelas de oportunidade para você, porque se ainda existem problemas é porque estão faltando soluções.

Bem, até aqui eu imagino que você deva estar concordando comigo.

Competir é tudo o que você NÃO deve fazer

Bem, como Thiel pensa muito diferente do mainstream (modo de pensar dominante), ele quer que eu polemize ainda mais.  Mas valerá muito a pena você explorar este tema e refletir sobre suas consequências.

Ele diz: você precisa fazer algo novo, ter um  monopólio! Pode parecer uma “heresia”, mas tem muito sentido, veja:

Para ele, todas as grandes empresas são monopólios, mesmo que elas neguem isso para nós. Ele cita exemplos como o Google, que detém um monopólio no segmento de mecanismo de buscas. E que, sem dúvida, não há concorrência para ele!

Você terá toda a razão se quiser contestar dizendo: o Google está muito distante da minha realidade!!!

Porém, vamos primeiro confirmar a tese de Thiel, depois vamos falar das pequenas startups e ver como isso ajuda você.

Bem, nós temos de reconhecer que o Google não se transformou num monopólio protegido por força de uma regulamentação e que não há impedimentos legais para se competir com ele.

A companhia gosta de anunciar a todos que é uma empresa de tecnologia com grandes ambições em inovação como carros autômatos, dispositivos móveis e computadores portáteis. Mas o que não pode negar é que 95% de sua receita é proveniente de publicidade nas páginas de pesquisa, na qual domina 68% do mercado.

Mas você poderia ainda insistir: É, mas a competição conduz a produtos mais baratos!

Sim, mas você não pode garantir que seriam melhores produtos.

Seguindo ainda o raciocínio de Thiel, a competição acirrada provoca um vai e vem de preços com margens cada vez mais decrescentes. Isso impedirá a formação de capital suficiente para que sua empresa possa financiar fortemente a inovação progressiva e se diferenciar dos outros.

Assim, no caso do Google, eles só conseguiriam se posicionar anos luz à frente de qualquer competidor porque conseguiram escalar e se distanciar rapidamente  para testar hipóteses em vários produtos e serviços.

Se permanecessem competindo gastariam verdadeiras fortunas para se sustentar num ecossistema já estabelecido. Não há dúvidas de que as margens seriam cada vez menores, condicionando a inovação à limitação de recursos para  investimentos.

Se você aceitar esse argumento de Thiel, pode imaginar também que se não fosse o Google um monopólio, não teria oferecido tanto a seus consumidores. Ainda estaria competindo por pequenas melhorias, diferenças triviais, que logo seriam copiadas.

Como fundador do Paypal e bilionário acionista do Facebook, Thiel está seguro ao afirmar que quanto mais você compete, mais você se torna parecido com os outros.

Aconselha você a perseguir o seu sonho de projeto próprio e que renuncie à ideia de copiar as experiências de outros pioneiros. Isso porque eles já aprovaram seus modelos no mercado.

E assim chegamos agora ao porquê do título do livro. Thiel afirma que: se você começar o seu negócio do zero e este for singular, você tem chances de criar um monopólio, portanto foi de 0 (algo que inexistia) a 1 ( que é algo único).

Bem, como não quero que os exemplos de Thiel restem apenas como meras reflexões para você, a pergunta que você deve estar se fazendo é:

Mas, em sendo pequeno, como posso crescer em um ambiente em que tudo parece levar a competição?

Vamos à prática:

                             - Crie um monopólio. Comece pequeno, pense grande, cresça rápido!

Você  deve resolver um problema de um nicho bem pequeno. Na qual você perceba uma  microescala mesmo! Numa metáfora, seria como se você optasse por desenvolver soluções a pequenas estradas vicinais, em vez de tentar se posicionar e competir em grandes rodovias, nas quais os grandes já possuem seus ecossistemas estabelecidos. Comece por onde pouca gente conhece.

Veja esses dois exemplos: o Facebook começou apenas com estudantes de Harvard, e a  Amazon dominou primeiro o mercado de livros. Só depois é que expandiu a ponto de se tornar monopolista — porque e-commerce é sinônimo de Amazon.

Como Thiel está também atento ao que acontece aqui no Brasil, em 2012 apostou suas fichas numa startup pouco conhecida, a Oppa. Esta é um e-commerce de móveis conceituais, criados por jovens designers brasileiros e se que destinava a atender à classe social que emergia no Brasil.  A grande sacada é que móveis populares até então eram funcionais, sem diferenciais em design. E assim,a Oppa é uma espécie de  fast-fashion do mercado de móveis.

A Oppa começou pequena, personalizando seus produtos a este segmento, o que era uma ideia simples que permanecia inexplorada.

Aqui é onde estará também o seu tipping point. Você deve encontrar uma ideia simples, mas que você perceba que cria impactos positivos. Evite adaptar o que já existe, porque o competidor logo copiará. Certifique-se de que está resolvendo problemas de algumas pessoas específicas, concentradas, que são servidas por poucos ou nenhum concorrente (que seja um nicho quase perfeito para você!).

Em dominando esse nicho e consolidando o seu modelo de negócios, vá gradualmente expandindo para mercados afins e ligeiramente maiores. Neste meio, você ficará menos exposto — e é onde os concorrentes terão mais dificuldades em se posicionar, porque a falta de compreensão plena do nicho será uma forte barreira de entrada para competidores.

1- Acerte  logo de início

Bem, este é um rito que o autor segue e também ajuda você. Ele afirma: “Quando penso em investir numa empresa (no caso dele são as startups), primeiro estudo a equipe de fundadores”.

Não restam dúvidas que olhar para as capacidades técnicas é importante, mas procurar entender o quanto os fundadores se conhecem e quão bem trabalham juntos é fundamental.

Assim, mesmo que você já tenha o seu modelo de negócios baseado na competição — e eu sei que você pode ser muito bem-sucedido –, pense no que ainda virá. Com o tempo, você deverá ainda investir em inúmeros projetos novos ou até mesmo terá interesse em se aproximar de investidores, que serão seus novos sócios.

Neste caso, procure acertar logo de início, porque escolher sócios errados ou contratar as pessoas inadequadas são decisões dificílimas de corrigir mais tarde. Só bem no início você tem a oportunidade de alinhar as pessoas e estabelecer hábitos organizacionais claros e compartilhados.

E aqui vai mais uma recomendação-chave: prefira aquelas pessoas que complementem você. Caso você seja uma  pessoa mais técnica, dê preferência a que o outro seja mais orientado ao negócio. Diferentes pontos de vista ajudam a fixar uma cultura com mindset de inovação progressiva.

- Monte equipes com mindset de crescimento

Tenha um propósito objetivo e monte sua equipe com pessoas que tenham paixão por realizar. E aqui voltamos à essência da sua empresa: procure pessoas que tenham a convicção de que ainda há infinitos segredos para se descobrir e que só se consegue achá-los se procurá-los. Uma boa referência é optar por pessoas com mentalidade do crescimento, que é uma convicção pessoal de constante descoberta.

Em você estando com as pessoas certas, faça de tudo para desenvolvê-las. Os negócios mais valiosos das próximas décadas serão desenvolvidos por empreendedores que  empoderarem as pessoas, mantendo sempre a disposição de evitar que elas se tornem obsoletas.

Ao compartilhar uma cultura de total transparência e o interesse genuíno pelo sucesso do outro,   você mobilizará o seu time para que eles que apostem em mais um requisito fundamental: que a recompensa maior seja consumada somente depois de resultados obtidos.

- Vendas

As startups, por influência do Vale do Silício, sempre cultuaram fortemente a tecnologia. Entretanto, negligenciaram as vendas, acreditando que seus produtos se venderiam por si só.  Isso é falso!

Se você possui um ótimo produto ou serviço, mas não tem as pessoas certas e uma estratégia de vendas, você não tem um bom negócio. Não subestime esta competência na construção do seu negócio. Pense nisso!

- Protagonismo do fundador

Uma empresa de destaque é aquela que possui um líder empreendedor que protagoniza uma visão e uma cultura sólidas. O fundador precisa ser capaz de inspirar e extrair o melhor de todos para que concentrem foco (e aqui voltamos à sua essência!!!), em criar valor único em um conjunto limitado de coisas.

Para finalizar, deixo para você pensar:

É claro que você pode sobreviver fazendo melhorias incrementais em produtos e serviços já existentes e progredir de forma horizontal. Mas só dominará mesmo o mercado se conseguir se financiar para conquistar uma posição inovação progressiva.

Para isso, você precisa repensar o seu negócio e resolver problemas do seu consumidor e do seu nicho (lembre-se: que seja pequeno!!!), e de forma única. Vá de Zero a Um!

Esse é o tipo de empresa que você deve se esforçar para construir. E há algumas questões importantes que você pode se perguntar para chegar lá.

Onde há carência de um produto ou serviço que poderia resolver um problema importante para um grupo significativo de pessoas?

Fonte: Endeavor