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Tecnologia & Inovação Postado em quarta-feira, 02 de março de 2022 às 10:50


Quem mais se beneficia dessa guerra são os consumidores. Nunca se produziu tanto conteúdo de qualidade, as assinaturas têm preços acessíveis e são flexíveis. Já a grande vítima dessa disputa tem sido o lucro das empresas.

Doug Shapiro, ex-Chief Strategy Officer da Turner (WarnerMedia), uma vez escreveu que não gostava do uso do termo “guerra de streaming”, porque guerra implica a existência de um claro vencedor.

Mas ponderou que, assim como numa guerra, existirão várias vítimas nessa disputa.

Ao longo dos últimos anos, a batalha do streaming vem se intensificando com a entrada de novos players neste espaço. A disputa tem se concentrado no campo de produção de conteúdo original.

Cada novo entrante apresenta uma característica que pode lhe conferir benefícios nessa competição: a Disney com seu vasto catálogo de propriedade intelectual a ser explorado (pense nos universos de Star Wars e Marvel); a HBO com suas décadas de séries e filmes de sucesso e com apoio financeiro da WarnerMedia; a Apple com seu conhecimento profundo do consumo de entretenimento de seus clientes por meio de seu sistema operacional presente em celulares, computadores e Apple TV, sem mencionar sua grande posição em caixa que confere enorme poder de financiamento de novas iniciativas.

A intenção deste artigo é mostrar alguns dados e reflexões sobre o cenário de disputa dentro do setor de streaming no ano de 2022.

1 – O número médio de assinaturas de streaming de vídeo por cliente cresceu na pandemia:
A Deloitte afirma que, antes desse período, eram três (universo total sendo o de pessoas que assinam a pelo menos um serviço). Em 2021, esse número subiu para uma média de cinco assinaturas por pessoa.

2 – Conteúdo original de sucesso traz pico de assinaturas, mas provedores ainda não têm a fórmula para retenção:
Ao observar os números de aquisições de assinantes por dia, é nítido o aumento diante de um lançamento de um filme ou série de sucesso. Como Hamilton na Disney+, O Conto da Aia no Hulu e Mulher Maravilha 1984 na HBO Max.

No entanto, esses serviços conseguem reter apenas uma parcela pequena desses novos assinantes que entram na plataforma para assistir a um conteúdo específico.

Nessas circunstâncias, os dois serviços mais antigos nos EUA, Netflix e Hulu, apresentam maior capacidade de retenção. Por outro lado, os serviços mais novos como Apple TV+, Disney+ e HBO Max, tendem a reter apenas 50% dos novos assinantes seis meses após o lançamento do conteúdo chave.
Enquanto as razões para os cancelamentos não são claras, pode-se especular que uma delas é o catálogo. Executivos desse segmento relatam alta correlação entre tamanho e qualidade de catálogo e a retenção de assinantes.


Considerando uma janela de tempo maior, que não foca em títulos específicos, entre outubro de 2019 e outubro de 2021, a Netflix apresenta a maior taxa de retenção, seguida pela Disney+. Nesse mesmo período, a menor taxa de retenção foi da Apple TV+.
A razão para isso, estimamos, é que a Apple oferece períodos gratuitos de teste do Apple TV+ para novos usuários de seus dispositivos. Quando esse período expira, poucos clientes optam por passar a pagar mensalmente pelo serviço.


3 – Não parece existir forte lealdade entre consumidores e streamers:
Na tentativa de estimar a fidelidade dos consumidores aos provedores, a Deloitte fez uma pesquisa na qual perguntou: “Dentre seus três serviços favoritos, com quais você não consegue viver sem?”

Menos de 40% das pessoas responderam que não viveriam sem seu serviço favorito, e esse número cai de forma significativa para o segundo, para o terceiro e para o quarto.
Isso mostra que, mesmo gostando muito de um serviço e tendo clareza de que é seu favorito, as pessoas podem deixar de assinar aquele provedor.

4 – O preço de aquisição de novos clientes está crescendo cada vez mais:
A Deloitte estima que, dependendo do serviço, os provedores podem gastar até US$ 200 ao ano em marketing para adquirir um único novo assinante.

Vale ressaltar que esse valor diz respeito apenas ao custo de marketing, sem considerar o custo de produção de conteúdo original. Esse tem sido amplamente considerado pelos provedores como o instrumento mais importante para ampliação e retenção de sua base de clientes. Lembrando que a maioria desses serviços não gera lucro.

Nossa percepção é que os provedores que terão, pelo menos no curto prazo, maiores condições de arcar com os custos maiores de produção de conteúdo original, aquisição de catálogo e de novos assinantes serão aqueles que têm outras fontes de receita que não apenas subscrição e que não precisam que suas plataformas de streaming gerem lucro.

5 – Os oito maiores grupos de mídia dos EUA pretendem gastar um total de US$ 115 bilhões em produção de conteúdo original em 2022:
Disney: US$ 23 bilhões (US$ 33 bilhões, se incluirmos esportes)
HBO: US$ 18 bilhões
Netflix: US$ 17 bilhões.

6 – O guia de streaming JustWatch estima que, no quatro trimestre de 2021 nos Estados Unidos, o segmento teve a seguinte distribuição de market share:



7 – Disney+ e Hulu combinados detém 26% do mercado de streaming nos EUA, fatia maior do que Netflix:
Essa combinação é relevante pois a Disney, hoje, é dona de dois terços do Hulu após a aquisição da Fox, que incluiu todo o catálogo da mesma e seu um terço de participação no Hulu. O outro terço pertence à Comcast.

Em 2019, as duas companhias entraram em acordo para a Disney adquirir o terço de participação da Comcast em 2024, mas já assumiu controle operacional naquele ano.
Vale lembrar que o Hulu foi uma joint venture entre emissoras de TV, NBC (Comcast), ABC (Disney) e Fox, e foi lançado em 2008. Seu serviço era gratuito e se sustentava pela venda de publicidade.

Ao longo do tempo, o serviço passou a operar no modelo que veio a se estabelecer entre os grandes players: assinatura paga mensal ou anualmente sem propagandas.
A estrutura societária complexa e um departamento executivo no qual todas as decisões eram colegiadas impediram que o Hulu se estabelecesse como um player à altura de seus maiores competidores, sequer conseguindo crescer internacionalmente.

Quando a Disney assumir controle total sobre a empresa, terá uma grande oportunidade nas mãos, ainda mais quando se leva em conta o alto potencial de integração da parte ao vivo do Hulu com a oferta esportiva da ESPN+.

8 – O YouTube tem 2,3 bilhões de usuários no mundo e 79% dos usuários de internet do mundo têm uma conta na plataforma: seu modelo é diferente dos descritos acima. Sua plataforma é gratuita, a empresa não é responsável por produzir o conteúdo ali disponibilizado.

Além de arrecadar sua receita de anúncios vendidos na plataforma, a empresa agora oferece diferentes opções de assinaturas que são livres de anúncios: o YouTube TV, em que, por US$ 64,90 mensais, o consumidor tem acesso a uma variedade de canais de TV a cabo; e o YouTube Premium, que oferece o acesso livre de anúncios à plataforma por US$ 11,90 dólares por mês e hoje tem 50 milhões de assinantes.

Isso sem contar as ofertas de pacotes que incluem seu serviço de música, YouTube Music, que hoje ainda representa 8% do mercado de streaming de música, certamente uma avenida a ser mais explorada pela companhia.

No que diz respeito à produção de conteúdo original, o YouTube apresenta um modelo menos arriscado. Em vez de financiar conteúdos diretamente*, permite o upload gratuito de conteúdo. A arrecadação que obtém com anúncios e assinaturas é, em parte, distribuída para os produtores de conteúdo.

Então, apesar de financeiramente investir um total semelhante ao de seus competidores, não corre o risco de sucesso dos conteúdos disponibilizados na plataforma.
Hoje, a plataforma está cada vez mais sendo acessada pela televisão – mais de 120 milhões de pessoas nos EUA assistem YouTube pela TV.


O que nos parece mais claro é que quem mais se beneficia dessa guerra são os consumidores. Nunca se produziu tanto conteúdo de qualidade, as assinaturas têm preços acessíveis e o comprometimento mensal permite flexibilidade de escolha.

Doug Shapiro, em sua colocação anteriormente mencionada, também apontou que a grande vítima dessa disputa tem sido o lucro. De fato, as companhias têm optado por sacrificar margens e lucros para garantir expansão da base de assinantes.
Os acionistas destas empresas, por sua vez, topam o investimento massivo hoje com a esperança de colher o retorno no futuro, mas encontram maior conforto quando a empresa tem outras fontes de receita e lucro.

Fonte: Infomoney
Tecnologia & Inovação Postado em segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022 às 16:37


Investimentos na construção e aquisição dos equipamentos da nova planta alcançam R$ 45 mi e integram o total de R$ 1,2 bi da Gás Verde.

O Grupo Urca Energia anunciou a construção de uma usina de produção de gás carbônico (CO2) verde no Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) de Seropédica, município da região metropolitana do Rio de Janeiro.

A planta será a primeira no Brasil a produzir CO2 verde pelo aproveitamento de biometano gerado a partir de resíduos orgânicos de aterro sanitário e faz parte do portfólio da Gás Verde, recém-adquirida pela Urca Energia.

Os investimentos na construção e aquisição dos equipamentos da nova planta de CO2 verde alcançaram R$ 45 milhões e integram o investimento total na Gás Verde de R$ 1,2 bilhão.

A Gás Verde já tem uma usina de biometano em Seropédica e duas plantas de geração de energia elétrica a partir de biogás em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, e São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Essas duas unidades serão transformadas em usinas de biometano até 2023.

A expectativa é que a planta comece a operar em 18 meses. A usina vai gerar em torno de 100 toneladas de gás carbônico verde por dia, o que representa aproximadamente 10% do consumo diário do Brasil, que é de 1,1 mil toneladas.

O CO2 verde tem variadas utilizações. Na indústria de alimentos e bebidas, é usado nos processos de gaseificação de líquidos e congelamento de alimentos; na metalurgia, no tratamento térmico de soldas; e no setor de saneamento, no tratamento de efluentes.


Diversificação

O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (SPG) do Ministério de Minas e Energia (MME), Rafael Bastos, afirmou que embora o Brasil já tenha a matriz mais diversificada do mundo, com cerca de 48% de fontes renováveis, a usina é mais um passo na ampliação dessas matrizes energéticas.

“Nós continuamos avançando. Este é um grande passo nessa direção. Mais um empreendimento que vem trazer mais uma alternativa energética para o Brasil e nós estamos tomando iniciativas que vão nesse sentido”.

Rafael Bastos salientou que o Rio de Janeiro é uma potência energética do país, produzindo 80% do petróleo e 64% do gás natural do Brasil. Nos últimos seis anos, a produção de petróleo fluminense aumentou 30% e a de gás natural, 55%.

“Iniciativas como esta do Grupo Urca Energia vão ao encontro da política energética nacional que busca o uso de fontes alternativas de energia e biocombustíveis de bases econômicas, ambientais e sociais”, destacou.

Estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao ministério, aponta um potencial de produção de 3,9 bilhões de metros cúbicos de biometano no Brasil até 2031. A intenção do MME é possibilitar o enquadramento de projetos de biocombustíveis renováveis no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI) para benefícios à implantação de projetos estruturantes.

Para o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais do Rio de Janeiro, Vinicius Farah, os investimentos da Urca Energia e a inauguração da usina de biogás ampliam a geração de energia limpa no estado. “E somam-se a um número significativo de projetos de energia solar, eólica e de hidrogênio verde que tornarão o Rio uma referência nacional em fontes renováveis”.

O diretor-executivo do Grupo Urca Energia, Marcel Jorand, assegurou que a empresa busca realizar investimentos que repercutem positivamente no meio ambiente. “E é isso o que ocorre ao tratarmos o gás carbônico para que seja aproveitado por diversas indústrias. Trabalhamos para oferecer alternativas ambientalmente melhores”.

A expectativa é gerar mais de 500 empregos na construção da nova planta. As três usinas juntas vão produzir, dentro de 24 meses, volume da ordem de 400 mil metros cúbicos de metano por dia.


Pureza

O gás carbônico verde alcança um grau de pureza para o consumo como alimento, atendendo à norma internacional determinada pela Food and Drug Administration (FDA), órgão que controla a qualidade de medicamentos, alimentos e bebidas nos Estados Unidos.

A diferença, segundo ele, é que o CO2 verde nacional tem na sua origem o combustível renovável, o que significa que o processo evita a emissão de gases de efeito estufa.

Segundo o Grupo Urca Energia, é gerada uma corrente de gases composta por 42% de gás carbônico no processo de tratamento do biogás para biometano. Essa corrente será enviada por dutos da usina de biometano para a usina de CO2 verde, onde será tratada, visando elevar a concentração do gás carbônico a 99%.

Em seguida, o gás passará pelo processo de liquefação e será estocado para venda futura a distribuidoras e comercializadoras. A Gás Verde já tem contrato firmado com a Ambev, em janeiro deste ano, para fornecimento de biometano a ser usado na planta industrial de Cachoeiras de Macacu (RJ) da empresa.

Fonte: Infomoney