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Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 06 de julho de 2021 às 09:52


Dados mostram um aumento das compras presenciais, mas talvez ainda seja cedo para falar na retomada do comércio de rua.
Um dos mais afetados pela pandemia, varejo físico dá sinais de retomada.

Depois de um ano de emoções intensas para quem atua no varejo, com fechamentos determinados pelos governos estaduais e municipais, lockdowns em algumas localidades e poucos momentos de abertura parcial, a melhora do comércio no Dia das Mães acendeu uma luz no fim do túnel.

A data é considerada a segunda mais importante do calendário do comércio, atrás apenas do Natal, e registrou este ano um aumento de 6% nas vendas do varejo físico na semana de 3 a 9 de maio. A comparação foi feita a partir do mesmo período em 2020 segundo dados do Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio.

Segundo Rodrigo Carneiro, diretor da Rede, empresa de meios de pagamento do banco Itaú, apesar da dificuldade imposta pelo contexto atual, há muitos varejistas criativos e resilientes que têm alcançado bons resultados nas vendas. “Pudemos perceber um aumento de 66% na receita movimentada pelas compras presenciais de 2021 contra os dados do ano passado”.

Por outro lado, a crise sanitária e a transmissão do coronavírus continuam, o que faz com que, mesmo com menos restrições para o comércio, afirmar que há uma retomada do varejo físico ainda não seja possível.


Números do varejo físico na pandemia

O varejo físico foi um dos setores mais afetados pela pandemia de Covid-19. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 75 mil lojas fecharam as portas no Brasil em 2020.

A edição de janeiro de 2021 do Índice de Performance do Varejo (IPV) mostrou que as medidas de restrição diminuíram mais o fluxo de pessoas dentro de shoppings do que nas ruas. Assim, comércios em local aberto acabaram sofrendo menos, apesar de também terem sentido queda nas vendas.

Outro número importante é o do relatório feito pela Ebit|Nielsen em parceria com a Elo, a 42ª edição da Webshoppers. De acordo com os números, as empresas de varejo com atuação física e online (modelo bricks and clicks) apresentaram um crescimento no faturamento mesmo durante as fases de restrição mais pesada, como o primeiro semestre de 2020, o que mostrou a importância do comércio online.


O crescimento do comércio online

Enquanto o varejo físico permanecia fechado, a concorrência do comércio eletrônico, que já vinha em crescimento, foi acelerada, como mostra um levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) e da Neotrust: o aumento das vendas do e-commerce foi de 68% em comparação com 2019.

Já 43ª edição da Webshoppers, feita novamente pela Ebit|Nielsen, os números mostram que o e-commerce atingiu a marca histórica de mais de R$87 bilhões em vendas em 2020.

Rodrigo Carneiro, da Rede, também aponta essa preferência pelo varejo online ao analisar os dados da empresa. Entre as compras realizadas pelo sistema da Rede, houve um aumento de 32% no consumo pela Internet se em comparação com o mesmo período no ano passado.

Dessa forma, o comércio online ainda acaba saindo na frente quando o assunto é varejo durante a pandemia, mesmo em épocas como Dia das Mães, em que o comércio físico costumava faturar muito.

O renascimento do varejo físico

Com a pandemia de coronavírus ainda acontecendo, o varejo físico pode ter que esperar mais um tempo para uma retomada de fato. Pelo menos, se em comparação com os números anteriores ao período de pandemia.

Em 2021, com alguns momentos de reabertura, dados até mostraram um aumento do número de vendas do varejo físico. Apesar disso, ainda há um longo caminho a percorrer até a retomada como era no momento pré-pandemia.

Um estudo feito pelo Sebrae, a partir de dados da Fiocruz, indica que a retomada ao antigo patamar aconteça apenas após o avanço da vacinação no país, quando os níveis de contágio tendem a diminuir e as pessoas serão incentivadas, de maneira segura, a retomarem suas atividades fora de casa, incluindo as compras físicas. Esse momento é esperado, principalmente, para o segundo semestre de 2021.

Outro ponto a ser considerado é a diminuição de renda de parte da população. De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas, a renda do brasileiro teve uma diminuição de 20%, em média. Com isso, é de se esperar que o consumo dessas famílias também diminua, já que perderam poder aquisitivo, o que também influencia o varejo.

Mesmo com a retomada do varejo físico em algum momento, as previsões mostram que o comércio online continuará com sua fama. “O formato chegou para ficar. Não há dúvidas de que o ambiente digital será adotado por estabelecimentos e consumidores de maneira permanente, mesmo após a retomada do varejo físico”, afirma Rodrigo Carneiro.

Dessa forma, todo o ecossistema relacionado ao varejo, segundo o porta-voz da Rede, precisa se preparar para isso, considerando o comércio online como uma grande fatia do faturamento tanto durante a pandemia quanto depois dela.

Tanto os dados do comércio quanto os números da pandemia mostram que a retomada do varejo físico ainda não tem data marcada para acontecer, apesar do formato já ter crescido em número de vendas do ano passado para esse.

Fonte: Novarejo
Varejo & Franquias Postado em terça-feira, 29 de junho de 2021 às 09:52


Artigo de Roberto Meir, CEO do Grupo Padrão, ao World Retail Congress avalia atual fisiologia do varejo:

Em junho, o Brasil terá atingido um novo marco terrível: 500 mil vidas perdidas para a pandemia e as mortes se estabilizando em uma média de 2 mil por dia. Este cenário assustador é, sem dúvida, preocupante para a maior economia da América Latina. Mas aprendemos a viver com os novos riscos associados a nossas vidas e caminhamos com as vacinações.

Este é o cenário ilustrado com sobriedade pelo CEO do Grupo Padrão, Roberto Meir, em seu último artigo para o prestigiado World Retail Congress. Àquele que seja talvez o hall de debates mais importantes do varejo, Meir compartilha percepções sobre o corta-caminho digital que o varejo do País está fazendo enquanto a economia começa a dar sinais de vida.

A economia cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021, o mercado de ações tem registrado recordes sucessivos e as principais instituições financeiras projetam crescimento em torno de 4,5% para o PIB anual. “Para os varejistas, é a hora da festa de consolidação”, introduz o especialista em consumo, ressaltando fusões e aquisições simbólicas, pontos de virada da digitalização, tendências e a natureza da mudança para a qual o varejo caminha.


Fusões e aquisições

Recentemente, a atividade de fusões e aquisições se acelerou no Brasil. No varejo, movimentos emblemáticos expressam, segundo Meir, uma tendência irreversível de grandes corporações em posição confortável para barganhar oportunidades e adquirir concorrentes menores que, conforme observa ele, não são tão desenvolvidos e ainda lutam em sua jornada de transformação digital.

Em maio, a rede de drogarias Pague Menos, que já contava com 1.100 lojas pelo País, adquiriu a concorrente Extrafarma por cerca de US $ 130 milhões, acrescentando mais 402 lojas à sua rede.

No final de abril, o Grupo SOMA adquiriu a Hering, uma empresa tradicional de têxteis e varejo de roupas fundada em 1880, por US $ 967 milhões.

Em março, por exemplo, o Carrefour adquiriu o BIG, o terceiro maior varejista de alimentos do País, por cerca de U$ 1,3 bilhão. A aquisição incluiu 387 lojas e adicionou outros U$ 4,51 bilhões à receita de vendas do Carrefour, que é, de longe, o maior varejista do Brasil, com receita de até US $ 18 bilhões, 876 lojas e 130 mil funcionários.

Um pouco mais retrospectivamente, no final do ano passado, a líder em calçados e acessórios femininos Arezzo adquiriu a Reserva para expandir seu portfólio de marcas.

Para Meir, novas fusões devem acontecer em breve, conectando varejistas tradicionais a jogadores puros de comércio eletrônico. Esses acordos pintam um novo quadro, no qual a digitalização, a transição para os modelos “phygital” e ganhos de eficiência e escala são necessários para a saúde operacional. Meir observa que o mercado brasileiro está passando por uma rápida transformação e o comércio eletrônico não é mais uma opção ou aposta. Ele é uma realidade que acelera mudanças e rupturas de tradições no cenário corporativo, incluindo o surgimento de marketplaces.


Digitalização e demanda reprimida

Em paralelo às tendências de fusões entre as redes varejistas, o comércio começa sua guinada de retomada por meio de uma digitalização capaz de suprir uma demanda reprimida. Tal demanda reprimida, aliás, é vista em picos de vendas em datas comemorativas, como o Dia das Mães, quando os shoppings comemoram aumento de 460% nas vendas em comparação com a data no ano passado, chegando a mais de R$ 4,1 bilhões, segundo a ABRASCE (Associação Brasileira da Indústria). Meir exemplifica ainda com o crescimento de 7% nas vendas em supermercados entre janeiro e março deste ano, segundo dados da ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados).

É a digitalização que supre a demanda reprimida, a exemplo da Via, que acabou de montar seu marketplace e ver as vendas via WhatsApp dispararem para R$ 1,2 bilhão, cerca de 20% do total de seus canais digitais e exatos 56% das vendas totais do grupo. Para Meir, esses dados mostram que os varejistas brasileiros têm reagido aos impactos da pandemia adotando canais digitais amigáveis ao consumidor, sendo WhatsApp, apps, totens em lojas físicas, novos meios de pagamento, carteiras digitais ou adaptações de espaço para aumentar a segurança e confiança.


Grandes tendências

O contexto de preocupação com segurança nos espaços físicos e qualidade no atendimento virtual tornaram-se vantagens competitivas, gerando novas preferências de consumo. Meir lembra que uma recente pesquisa do Opinion Box Group encontrou uma forte tendência: o número de consumidores que demandam uma experiência unificada tanto em espaços físicos quanto digitais saltou de 29% para 49% entre 2019 e 2021. Outro fenômeno digital citado pelo especialista é a adoção do Instagram como um canal digital de vendas. Um relatório “Commercial Cloud”, da Cloudshop, mostra que o volume de vendas online mediadas por redes sociais chega a 34%, sendo 87% feito por meio do Instagram.

Meir cita também destaques do último estudo da Alli iN, Social Mainer e Cortex sobre tendências e oportunidades para 2021:

- Crescimento de 90% nos pedidos de entrega de alimentos em 2020, ao mesmo tempo em que existe uma tendência crescente entre os consumidores de cozinhar em casa. O volume de pesquisas sobre “como fazer uma refeição em casa” aumentou 110%, por exemplo. O mesmo vale para receitas de pães (110%) e bolos (61%).

-  As lojas online alcançaram 42,9 milhões de consumidores, 47% deles de primeira viagem.

- 48% dos consumidores online preferem comprar online para economizar dinheiro, 46% relatam que o processo é simples e 34% dizem que uma experiência positiva no canal determina as compras futuras. Quase 50% dos consumidores afirmam ser a favor de viagens e compras híbridas, que combinem o físico com o digital.

- No terceiro trimestre de 2020, os novos registros em sites de moda aumentaram 53%, enquanto nos supermercados caíram 78%. Ou seja, o movimento em direção à diversificação do consumo está intimamente ligado a uma queda no número de casos de Covid.

- Em 2021, 54% dos consumidores preferem marcas e produtos de origem local enquanto 73% desejam aumentar seu reconhecimento como consumidores.


Para onde aponta a flecha

Meir conclui que está surgindo um novo cenário de varejo no Brasil, que combina consolidação, digitalização e mudança de hábitos de consumo, além da adoção de novos meios de pagamento instantâneo, como o PIX, que já colocou o Brasil como oitavo país em volume de transações instantâneas.

“O fato é que o mercado brasileiro caminha para uma mudança completa e certamente será muito diferente no mundo pós-pandêmico do que conhecíamos em março de 2020. A intensa digitalização forneceu um atalho para esse novo paradigma emergente. É um momento emocionante, com muitas oportunidades para empresas orientadas para a inovação e centradas no cliente”, sugere Meir.

Fonte: Novarejo