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Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 29 de agosto de 2017 às 21:06
Empreendedor serial e autor do bestseller A Startup Enxuta (em inglês, The Lean Startup), que foi traduzido para mais de trinta idiomas, Eric Ries disseminou pelo mundo a filosofia “enxuta” de começar novos negócios. Hoje, sua metodologia é aplicada por grande parte das novas startups e empreendimentos.

De maneira bastante resumida, uma startup enxuta é aquela que mantém sua visão consistente enquanto seu produto passa por vários testes de validação e está em constante processo de transformação. Em outras palavras, o empreendedor erra – muito e rápido – e aprende ainda cedo com esses erros, evitando desperdícios.

Abaixo, Ries conta compartilha uma história que o ajudou a elaborar a metodologia enxuta e publicada no LinkedIn.

Meu conselho para empreendedores: vocês vão errar

Gosto de pensar em mim mesmo como alguém que lida bem com estar errado. Na verdade, quando comecei uma empresa em 2004, meus cofundadores e eu brincamos que, nessa nova empreitada, tentaríamos bastante cometer novos erros.

Uma das primeiras coisas que fizemos foi uma reunião para organizar nossa estratégia. Usamos um quadro branco para explicitamente modelar nossa visão, nossos valores e nosso plano de negócios, sentamos ali e argumentamos ponto a ponto.

Foi uma época muito formativa para mim e para a empresa, tanto em termos de articular nossa estratégia quanto valores, então me lembro bastante bem das ideias e argumentos.

Lembro de defender coisas que acabaram sendo criticamente importantes e lembro dos cofundadores defendendo coisas que eram parte do plano inicial mas acabaram sendo eliminadas porque eram totalmente erradas.

Depois daquelas reuniões, começamos a executar a estratégia que tínhamos estabelecido, com todos os erros envolvidos. Ao longo dos próximos meses, mudamos de direção várias vezes e tivemos alguns sucessos iniciais que nos ajudaram a descobrir que ideias ruins eliminar.

Cada guinada era muito dolorosa. Mas, pelo menos segundo minha memória, cada guinada também era uma vitória tardia minha porque as ideias que eu achava que eram criticamente importantes estavam se provando certas e aquelas que eu tinha combatido estavam se provando erradas.

Parece bom, certo?

Dezoito meses depois daquelas reuniões iniciais, mudamos de escritório. Alguém destravou um espaço de armazenamento que não era aberto há tempos e encontramos o quadro branco, que tinha se perdido e sido substituído logo no começo.

Ali, claramente preservado, estava o registro daquela reunião inicial. Lembro de pensar: “Que arquivo histórico legal.”

Quando olhei mais de perto, percebi algo horrível.

Eu realmente achei que alguém estava me enganando! Ali mesmo, com minha letra no quadro branco, estava todo tipo de ideia ruim relacionada à estratégia da empresa.

Do jeito que eu lembrava, a maior parte das boas ideias era minha! Mas a evidência me mostrou que eu tive uma mistura de boas e más ideias. Muitas das ideias que precisaram ser eliminadas eram, na verdade, minhas – e aqui estava a prova.

Você já notou como tantos empreendedores famosos contam suas histórias como se sempre estivessem certos?

Vejo empreendedores cometendo esse erro o tempo todo. É muito comum. Se você não escreve sua crença antes da hora, assim que descobre o que está certo e o que está errado, você vai retroativamente acreditar que sempre esteve certo.

O que isso tem a ver com o perfil empreendedor

Essa é a razão por trás da ideia tão popular de que ótimos empreendedores nunca precisam mudar de direção.

As histórias que escutamos sobre as grandes empresas se tornam menos e menos honestas ao longo do tempo, conforme os erros e julgamentos equivocados dos grandes empreendedores são diminuídos.

Os empreendedores não estão mentindo ou enganando os outros. Eles literalmente se lembram das coisas de outro jeito. Eles lembram de si mesmos como pessoas mais inteligentes e com uma maior habilidade de prever o futuro do que de fato tinham.

Acho que é por isso que, após terem vivido um fracasso devido a planejamentos, as pessoas acreditam que, se tivessem se planejado mais e sido mais diligentes, teria tido sucesso.

A memória lhes diz que eles sempre souberam o que aconteceria e eles esquecem tudo que não sabiam naquele primeiro momento. Eles nunca souberam, realmente, o que ia acontecer – mas é o que lembram depois do fato.

O psicólogo Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel, escreveu sobre a tendencia humana de supervalorizar nossa habilidade de prever o futuro em seu prestigiado livro Rápido e Devagar: Duas Maneiras de Pensar.

É um comportamento que incentiva a autoconfiança em excesso e um viés voltado para o otimismo, atributos que podem ser “uma benção e um risco” e são compartilhados por muitos empreendedores.

“Indivíduos otimistas têm um papel desproporcional em moldar nossas vidas. Suas decisões fazem a diferença. Eles são os inventores, os empreendedores, os líderes políticos e militares – não as pessoas comuns”, escreve.

“São provavelmente otimistas por temperamento. Um estudo sobre fundadores de pequenos negócios concluiu que empreendedores são mais otimistas que gerentes de nível intermediário em relação à vida em geral. Suas experiências com o sucesso confirmam a fé em seus próprios julgamentos e suas habilidades de controlar os eventos.”

E aqui está aí porque esse foi um momento tão crítico para minha vida como empreendedor.

Mesmo que eu saiba que o fenômeno da autoconfiança excessiva combinada com uma memória falha existe, mesmo que eu saiba que é importante mudar de ideia intelectualmente – mesmo que eu tenha visto o quadro branco com a prova de que estive errado –, ainda me lembro de estar certo.

Apesar de ver todas as provas de que estava errado, nem minha memória nem minha experiência subjetiva de estar certo mudaram.

Muitas pessoas me tratam como um expert nesse assunto – e mesmo eu não escapo da memória falha de achar que eu estava certo.

Como testar suas suposições

Não só muitos empreendedores não estão dispostos a escrever suas suposições antes de grandes reuniões com equipes ou clientes, mas as pessoas em geral também quase nunca o fazem.

Todos pensam: vou conseguir lembrar do que aconteceu, então por que escrever minhas suposições?

Às vezes, eu ainda cometo o erro de esquecer de escrever minhas suposições. É algo muito humano.

A boa notícia é que testar nossas suposições pode ser muito simples. Não precisa envolver um processo.

Só precisa de um momento: escreva o que você acha que vai acontecer e então compare com o que de fato acontecer.

Eu de fato acredito em blocos para anotações nessas situações. Frequentemente, as pessoas querem experimentar um software de gestão de processos ou um rastreador de hipóteses nesse caso.

Muitas dessas ferramentas são excelentes, mas muitos times não precisam dessas coisas sofisticada: apenas escreva num bloco de notas pequeno o que você acha que vai acontecer com um cliente ou com uma equipe.

Aprenda com o fracasso, mesmo que doa

O ponto da minha história não é apenas a importância de anotar suas suposições. É um lembrete: suas suposições vão estar erradas. Você vai cometer erros.

A IMVU é uma empresa que é lucrativa hoje e está indo bem.

Mas, como escrevi em meu livro A Startup Enxuta, só tivemos sucesso ao darmos uma guinada importante.

Cometemos muitos erros críticos nos primeiros dias, como toda empresa comete. É que você geralmente não sabe sobre eles.

Há todo um complexo industrial mitológico que tem como missão contar essas histórias com um glamour que envolve aquelas pessoas. Mas essas histórias deixam de lado diversos obstáculos importantes.

O que estou tentando fazer é explicar aos empreendedores que estão na trincheira agora mesmo que, quando as coisas estão indo mal e eles estão envergonhados de seus erros, tudo isso faz parte do processo.

Sei que há uma tendência de se comparar com as lendas e dizer algo como: “Bem, acho que não tenho o que é necessário porque isso não teria acontecido com Steve Jobs.”

Isso não é verdade. Mesmo as lendas já estiveram onde você está hoje e tiveram a coragem e determinação de seguir em frente.

Também tiveram a força de vontade de admitir que erraram e mudar. Criaram equipes compostas por pessoas com tipos diferentes de personalidade e habilidades para manter o otimismo, a autoconfiança e outros viéses cognitivos sob controle.

Fracassar é doloroso – não importa o que os outros digam. Mas é fundamental aprender com o fracasso e aplicar a lição na próxima coisa que você fizer.

Se for um praticante do método enxuto, espero que isso seja em sua próxima guinada e não sua próxima empresa.

Seja o que for, é a determinação de conquistar sua visão, mesmo que você tenha que mudar de estratégia para chegar lá, que faz um ótimo empreendedor.

Fonte: Época Negócios
Gestão & Liderança Postado em terça-feira, 29 de agosto de 2017 às 21:04
Ter uma cultura empresarial focada em propósito é importante para a estratégia do negócio?

Para Ryo Penna, da Tribo, a resposta a essa pergunta é um sim em alto e bom som. “Mais do que nunca, com as tendências de automatização no trabalho e de valorização de aspectos humanos por parte dos consumidores, torna-se necessário provocar transformações que impactem a maneira como as empresas se comportam no mercado.”

Para ele, desenvolver uma cultura corporativa com propósito tem se tornado vantagem competitiva para as empresas. O consultor destaca que o mercado, hoje em dia, leva mais em conta o propósito da empresa do que propriamente a estratégia, a operação ou o produto da organização. Seguindo essa linha de pensamento, é possível afirmar que empresas com propósitos coerentes garantem mais sucesso e longevidade.

Vejamos o caso da empresa americana Whole Foods, uma rede de lojas voltadas à venda de produtos orgânicos. Liderada por John Mackey, um dos maiores nomes do capitalismo consciente, a empresa estimulava a alimentação saudável. Sua responsabilidade pela qualidade e sustentabilidade criou uma cultura de princípios em todas as suas relações com consumidores, fornecedores e colaboradores. Como resultado, a Whole Foods permaneceu na lista das “100 melhores empresas para trabalhar”, desenvolvida pela revista Forbes, todos os anos desde 1998, e recentemente foi comprada pela Amazon por 13.7 bilhões de dólares.

Portanto, sim, a cultura de propósito pode ser uma mola para alavancar os negócios. “Só que criar uma cultura com propósito não é uma tarefa fácil. Porque uma cultura não se transforma com um bom planejamento ou processos eficientes. Cultura é um tema de natureza profunda, complexa e humana”, sinaliza o consultor.

Na visão de Penna, nesse contexto, o desafio de fazer uma leitura clara do que acontece é o primeiro passo rumo ao sucesso. A partir daí, nascem, então, novas perguntas:

1 – O que de fato está mudando na cultura da minha empresa?

2 – O que eu posso fazer para resolver uma situação tão complexa como essa?

3 – Como transformar a minha cultura sem perder o foco nos resultados?

4 – Qual o novo papel das pessoas no futuro do trabalho?

Questionamentos estes que devem ser analisados e trabalhados ponto a ponto, no processo de transformação. “Só então engajar as pessoas num processo de transformação que começa nas lideranças e atinge os times, até alcançar toda a organização.

Fonte: HBRB