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Varejo & Franquias Postado em segunda-feira, 23 de junho de 2025 às 14:40


Mercados da América Latina, como Brasil e México, apresentaram desempenho superior ao dos Estados Unidos em segmentos como beleza & bem-estar e brinquedos nos três primeiros meses de 2025. Os dados são da datatech Circana, que destaca a combinação de resiliência econômica, adaptação digital e criatividade comercial como motores desse avanço regional.

No setor de beleza & bem-estar, o mercado norte-americano registrou estabilidade no segmento de prestígio e um crescimento de 3% nas vendas de produtos de massa. Já na América Latina, o segmento premium cresceu 18% em relação ao primeiro trimestre de 2024. A alta foi puxada tanto por lojas físicas (16%) quanto pelo e-commerce (15%).

Entre os fatores que explicam esse crescimento está o aumento da demanda por produtos de menor volumetria e preço mais acessível, como os “minis”. A busca por formatos alternativos permite que os consumidores mantenham seus hábitos de autocuidado mesmo em contextos de maior restrição orçamentária.

“O consumidor latino-americano tem demonstrado uma notável capacidade de adaptação. Mesmo diante de desafios econômicos, ele encontra maneiras de preservar seus rituais e investe em marcas com bom custo-benefício”, comenta Ana Claudia Weber, diretora de Varejo da Circana.

Categoria de brinquedos também avança

O mercado de brinquedos foi outro destaque. Enquanto os EUA mantiveram estabilidade, o Brasil registrou crescimento de 5% no primeiro trimestre, impulsionado por subcategorias como veículos e blocos de montar. O México apresentou avanço de 2% no mesmo período.

O consumo por parte dos chamados kidults, jovens e adultos que compram brinquedos por nostalgia ou colecionismo, tem ajudado a movimentar o setor. Segmentos como jogos, quebra-cabeças e produtos populares nas redes sociais, especialmente no TikTok, ganham espaço.

E-commerce em destaque

O comércio eletrônico segue como diferencial competitivo entre os mercados analisados. Nos EUA, os brinquedos representam 44% das vendas no digital, enquanto a beleza de prestígio alcança 34%.

Na América Latina, os índices variam e, no México, 23% das vendas de brinquedos ocorrem online. Em beleza & bem e-estar, o índice chega a 22%. No Brasil, a penetração digital de beleza & bem estar atinge 30%, próxima à dos EUA, mas os brinquedos ainda representam apenas 11% das vendas no canal digital.

Apesar da diferença, o canal online apresenta ritmo positivo e acelerado na região. No primeiro trimestre, o e-commerce de brinquedos avançou 10% no Brasil e 21% no México, mesmo com queda nas vendas físicas neste último.

“A América Latina está construindo sua própria dinâmica de consumo. O avanço do digital e a popularização de tendências mostram que o consumidor local não apenas acompanha as tendências globais, mas também as adapta à sua realidade. Isso demanda atenção redobrada de marcas e varejistas que operam na região”.
Fonte: Ecommerce Brasil
Economia & Atualidade Postado em segunda-feira, 23 de junho de 2025 às 14:38


A escalada do conflito entre Irã e Israel, com ataques diretos entre os dois países, representa mais do que uma crise regional: trata-se de um possível gatilho geoeconômico global. As consequências já estão sendo sentidas nos mercados internacionais e podem provocar reflexos profundos em cadeias produtivas, inflação, investimentos e estratégias de política monetária ao redor do mundo, incluindo no Brasil.

Israel e Irã possuem uma rivalidade histórica com raízes religiosas, políticas e territoriais. O Irã apoia grupos como Hezbollah e Hamas, considerados inimigos diretos de Israel. Nos últimos meses, o conflito saiu da guerra por procuração e passou a envolver ataques diretos entre os dois países, inclusive com uso de drones e mísseis de longo alcance.

A escalada de tensões gera um temor central para a economia global: a instabilidade no Oriente Médio, especialmente no Golfo Pérsico, por onde transita cerca de 20% do petróleo consumido no mundo. Os principais impactos seriam um choque nos preços do petróleo e dos combustíveis. Com o aumento do risco na região, tanto o Brent quanto o WTI tendem a registrar altas bruscas. Uma eventual interrupção no estreito de Ormuz, rota estratégica para o escoamento de petróleo, pode causar um choque de oferta, pressionando os preços e alimentando a inflação global. Um exemplo recente: em abril de 2024, após as primeiras ofensivas entre Israel e Irã, o barril do Brent saltou de US$ 82 para US$ 96 em poucos dias.

Com o petróleo mais caro, o custo de transporte e produção aumenta em diversos setores, ampliando o risco de inflação importada, especialmente em países que dependem da compra de energia e alimentos. Esse cenário pressiona bancos centrais a adiarem cortes de juros ou até a retomarem altas para conter a escalada de preços.

Ao mesmo tempo, a insegurança global estimula uma fuga para ativos considerados mais seguros: o dólar tende a se valorizar, o ouro sobe e as moedas de países emergentes sofrem desvalorização.

Nos mercados de ações, o aumento do risco provoca quedas generalizadas, especialmente fora dos Estados Unidos. Além disso, o Oriente Médio, além de sua importância na produção de petróleo, é um ponto logístico estratégico. Um conflito prolongado pode gerar efeitos em cadeia nas cadeias produtivas globais, afetando o transporte internacional e setores como agropecuária, fertilizantes, energia e tecnologia.

Na economia brasileira os impactos prováveis são pressão nos combustíveis e inflação. O Brasil, embora tenha produção interna de petróleo, ainda importa derivados e é sensível à cotação internacional do barril. O aumento do petróleo pressiona o preço da gasolina, diesel e gás de cozinha, afetando diretamente o custo do frete e da logística, o preço de alimentos e bens de consumo e a inflação geral (IPCA).

A alta da inflação e o aumento dos juros no cenário global podem pressionar diretamente a taxa Selic no Brasil. Isso encarece o financiamento e o crédito para empresas, freia o consumo das famílias e reduz o ritmo dos investimentos no setor produtivo, já que o custo de captação de recursos sobe. Enquanto isso, no câmbio, a volatilidade tende a aumentar. Com a possibilidade de valorização global do dólar, o real pode se desvalorizar, o que encarece as importações, amplia as pressões inflacionárias e afasta parte dos investimentos externos.

Os reflexos também podem ser significativos no agronegócio. Caso o conflito afete a oferta de fertilizantes, especialmente de países aliados ao Irã, como Rússia e Belarus, o Brasil, grande importador desses insumos, pode enfrentar um aumento expressivo nos custos de produção agrícola, com impacto direto no preço dos alimentos.
 Fonte: Monitor Mercantil