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Economia & Atualidade Postado em segunda-feira, 29 de janeiro de 2024 às 10:27


Ao lançar sua própria plataforma de e-commerce, gigante de entregas quer demarcar território ocupado pela rival, que a destronou em volume de encomendas.

Em uma clara ofensiva contra a Amazon, a empresa de entregas postais FedEx vai lançar sua própria plataforma de comércio eletrônico. O serviço, baseado em dados, visa ajudar varejistas a gerir sua cadeia de abastecimento, vendas e entregas. Com uso de inteligência artificial, a companhia pretende ainda oferecer informações precisas sobre remessas e hábitos de consumo. 

O movimento acontece em um momento no qual a Amazon destronou a FedEx e rivais como maior negócio do entrega nos Estados Unidos, superando em volume de encomendas tanto a gigante de entregas retratada no filme “Náufrago” (com atuação icônica de Tom Hanks), como o UPS – os “Correios” dos Estados Unidos. 

A questão é que, até 2019, a companhia fundada por Jeff Bezos era uma das maiores clientes da FedEx. Mas desde 2020 passou a fazer suas próprias entregas – o que a fez superar rapidamente as rivais. Em 2022, a Amazon entregou 5,2 bilhões de pacotes nos EUA e a previsão para 2023 era de 5,9 bilhões. Até antes do Dia de Ação de Graças, em 23 de novembro, a companhia havia atingido 4,8 bilhões de entregas. 

Para base de comparação, o UPS entregou 3,4 bilhões de encomendas nos nove primeiros meses de 2023; a Fedex, 3 bilhões no ano fiscal encerrado em 31 de maio de 2023. 

Os números mostram que o desafio da FedEx não vai ser fácil, uma vez que a Amazon já detém 37% do market share do e-commerce nos EUA, mostram dados do Statista. A segunda posição é abocanhada pelo Walmart, com 6%. 

Há uma década, quando a Amazon ainda era a maior cliente das rivais americanas, alguns analistas e até mesmo Fred Smith, CEO e fundador da FedEx, chegaram a zombar da ideia de que algum dia a companhia poderia superá-las. O tempo provou que eles estavam errados – apesar das mais de 600 aeronaves, milhares de caminhões, carros e instalações pelo mundo das rivais.

Ainda assim, nada desmerece o fato de a FedEx ser um dinossauro do setor de entregas. Brian Ossenbeck, analista do JP Morgan, apontou que, embora a Amazon tenha dominado o segmento de entrega residencial, ainda não conseguiu replicar sua cobertura global. 

“A Amazon é muito boa na rede unidirecional, entregando mercadorias em velocidades mais rápidas, mas não tem o mesmo nível de cobertura de coleta e entrega [que as rivais]”.

Ao InvestNews, Marcelo Costa, Country Manager da Sellesta, startup internacional que oferece soluções de e-commerce baseadas em IA, apontou que o sucesso da FedEx no varejo online vai depender da sua capacidade de oferecer um serviço tão – ou mais – eficiente e flexível que o da Amazon.

“Para que a FedEx fique à frente da Amazon, é preciso investir na experiência do cliente como principal objetivo do negócio”, avalia.

O especialista aponta que o objetivo do comércio eletrônico é, acima de tudo, facilitar a jornada do cliente e, somado a isso, a companhia vai precisar focar em diferenciais competitivos, além de maior agilidade e precisão das entregas.
Para Alberto Serrentino, consultor especializado em varejo e consumo, não se trata de uma competição entre duas empresas de logística, mas entre ecossistemas. “A Amazon, na verdade, está ancorada num ecossistema de negócio em que a demanda que ela própria gera dá escala, massa crítica e inovação que depois vende para terceiros”. 
“A Amazon começou do e-commerce para serviços logísticos. Já a FedEx vai dos serviços logísticos para o e-commerce”. 

Para Serrentino, no fundo, a visão é toda de um ecossistema com plataformas sinérgicas e complementares que escalam a capacidade de capturar valor de grandes bases de clientes, infraestrutura e tecnologia proprietária. “A Fedex tem infraestrutura, tem logística, tem capilaridade, tem inteligência, tecnologia, mas vai ter que construir um negócio".
Ele não acredita que a FedEx consiga se tornar de maneira rápida um grande player de compras, uma vez que o gap entre Amazon e o número 2 nos EUA (Walmart) é gigante no GMV (Volume Bruto de Mercadorias) transacionado. 

elo fato de o mercado ser grande, é possível que a FedEx consiga capturar um volume relevante, em especial, por ser uma extensão que alavanca seus ativos estratégicos, complementa ele.
“É preciso ver qual vai ser a estratégia de oferta dessa nova plataforma, se vai para o mar aberto como é a Amazon, com sellers de qualquer perfil de produto ou serviço ou se terá algum foco”. Sobre este segundo ponto, o consultor aponta que a FedEx pode encontrar um público não atendido pela companhia de Bezos.

Outro ponto levantado por Serrentino é que os marketplaces dificilmente se sustentam sozinhos, mas evoluindo para plataformas de serviços, sejam financeiros ou logística, por exemplo.

“Os negócios mais lucrativos da Amazon são a WS (serviço em nuvem) e a Amazon Ads (retail media), e não o serviço de entregas. Então a questão é a FedEx agregar serviços em sua plataforma (…) Ela tem uma infraestrutura que permite capturar maior valor”. 

Sobre esse último ponto, Costa, da Sellesta, aponta que a Amazon tem vantagem competitiva na diversificação de serviços (e-commerce, entregas, computação em nuvem, streaming e IA). Enzo Pacheco, da Empiricus, faz coro ao apontar que o maior lucro da empresa nos nove primeiros meses de 2023 foi proveniente da WS.

“O lucro operacional da Amazon total foi de US$ 23,6 bilhões e só a WS foi responsável por US$ 17 bilhões. O e-commerce não é o grande vetor de crescimento da Amazon, e é isso que muitos não entendem”, ressalta. 
Ainda assim, o analista aponta que companhia viu crescer 20% de sua oferta de serviços (varejo e entregas) em sua plataforma.


Desafios à frente

Isso escancara os desafios que a FedEx terá pela frente, desde uma possível resistência inicial de varejistas em adotar a nova plataforma, desafios técnicos no processo de implementação e a necessidade de se adaptar rapidamente às mudanças do comércio eletrônico, segundo o country manager da Sellesta. 
“Mesmo com toda sua experiência no setor de entregas, a FedEx precisa proporcionar um atendimento melhor que a Amazon já fornece”.

Foi em 2018 que a Amazon lançou um programa no qual empreendedores poderiam começar a operar sua própria franquia entregando pacotes da varejista. Para isso, seria necessário dispor de US$ 10 mil. Atualmente, o programa tem cerca de 200 mil motoristas nos EUA, ajudando a empresa a acelerar rapidamente o número de entregas.
 O movimento foi inspirado na unidade terrestre da FedEx, que também utiliza um modelo de contratante para rotas locais. 


Império em expansão

A Amazon viu oportunidade para expandir seu alcance ao abrir centenas de galpões logísticos e centros de triagem, praticamente dobrando o tamanho da sua rede entre o começo da pandemia em 2020 e o final de 2021. 

Perseguindo entregas mais rápidas e lucrativas, a varejista decidiu regionalizar sua rede logística para reduzir a distância pela qual os pacotes viajam pelos EUA – um fator-chave de crescimento e que tem gerado uma maior frequência de compra pelos membros Prime, segundo o CFO da Amazon, Brian Olsavsky, em teleconferência de resultados em novembro do ano passado. 
No entanto, essa ofensiva não tem agradado a todos, já que a companhia foi processada pela Comissão Federal de Comércio (FTC) e por 17 estados americanos por exercer ilegalmente poder de monopólio, segundo o Wall Street Journal.

Segundo a agência federal, a Amazon teria violado as leis antitruste ao usar medidas antidesconto que puniam os comerciantes por oferecerem preços mais baixos em outros lugares. O governo também disse que os vendedores foram obrigados a usar seu serviço de logística se quisessem que os produtos aparecessem no Amazon Prime, programa de assinaturas com prazos de entrega mais rápidos. 
Tal “vinculação”, diz a denúncia, “restringe ilegalmente as escolhas dos vendedores” e “reduz a seleção de produtos disponíveis para os rivais da Amazon”.

A FTC também disse que os vendedores se sentiram obrigados a usar os serviços de publicidade da Amazon para ter sucesso na plataforma. Para isso, a varejista recebe US$ 1 para cada US$ 2 que o vendedor ganha.
Por sua vez, a FedEx diz estar focada no mercado de comércio eletrônico para além da Amazon, com uma estratégia de democratizar o acesso. A ver os próximos capítulos.

Fonte: Invest News
Tecnologia & Inovação Postado em segunda-feira, 22 de janeiro de 2024 às 10:34


A GPT Store já conta com mais de três milhões de aplicativos baseados em IA generativa, e promete remunerar desenvolvedores. 

A OpenAI acaba de lançar a GPT Store, uma loja de aplicativos personalizados baseados no modelo de Inteligência Artificial (IA) generativa do ChatGPT. A novidade é um desdobramento do anúncio feito em novembro pela empresa de que desenvolvedores e usuários poderiam começar a criar suas próprias aplicações customizadas e, mais tarde, monetizar suas criações por meio de um marketplace de GPTs – como são chamados os apps.

Até o momento, a GPT Store está disponível apenas para usuários assinantes do plano pago do ChatGPT – que custa US$ 20 por mês. A loja online de aplicativos pode ser acessada por meio da ferramenta de chat, na qual é possível pesquisar pelas funcionalidades desejadas – que variam desde tutoriais de regras de jogos de tabuleiro até ajudantes virtuais para solucionar problemas tecnológicos.

A OpenAI também anunciou o lançamento do ChatGPT Team, uma versão paga da sua ferramenta conversacional destinado a empresas, para que seus funcionários possam utilizar a IA generativa em suas tarefas diárias no trabalho. O plano custa entre US$ 25 e US$ 30 por mês, e possui configurações de privacidade para que informações inseridas por uma organização não seja publicada para demais usuários e empresas.

Segundo estudo da Harvard Business School, funcionários do Boston Consulting Group (BCG) que tiveram acesso ao GPT-4 afirmaram completar suas tarefas 25% mais rapidamente, e atingiram uma qualidade 40% maior em seus trabalhos do que colegas que não tiveram o mesmo acesso.  


A loja de GPTs

Os GPTs começaram a ser criados em novembro de 2023, quando a OpenAI realizou uma conferência de desenvolvedores e anunciou que diferentes usuários poderiam começar a criar funcionalidades personalizadas com base no modelo de linguagem do ChatGPT – tudo sem a necessidade de programação. Inicialmente, a loja deveria ir ao ar no final daquele mesmo mês. No entanto, prorrogou o lançamento para realizar melhorias.

Além disso, no mesmo mês, Sam Altman – cofundador e CEO da OpenAI – foi demitido do negócio pelo conselho de diretores. Após a renúncia de outro cofundador, Greg Brockman, ameaças de demissão em massa por parte de 95% dos funcionários da empresa, além de negociações com a Microsoft para absorver, não só Altman, como todos da equipe, o CEO foi recontratado e mudanças foram feitas no conselho de diretores.

Agora, a GPT Store – que se assemelha a uma app store como a da Apple ou do Google – busca criar cada vez mais conteúdos e funcionalidades para o ChatGPT, mantendo-se relevante em um mercado que ficará cada vez mais competitivo. A loja nasce com mais de três milhões de GPTs criados por usuários desde novembro.

Em contrapartida, a OpenAI garante que, em breve, os desenvolvedores dos GPTs poderão monetizar suas criações. A remuneração será baseada no engajamento gerado pelos aplicativos. Segundo o blog da OpenAI, mais detalhes sobre os critérios de pagamento serão oferecidos conforme o momento das remunerações se aproximar.


GPTs para a vida

A publicação no blog da OpenAI também sinaliza alguns dos mais de três milhões de GPTs que já estão disponíveis para serem utilizados pelos usuários do plano pago do Chat GPT. São eles:

- AllTrails: recomendações de trilhas de acordo com preferências de intensidade, tempo e distância;
- Consensus: busca e resumos de mais de 200 milhões de publicações acadêmicas;
- Code Tutor: GPT da Khan Academy para expandir conhecimentos de programação;
- Canva: ferramenta para construir design de apresentações e publicações para redes sociais;
- Books: GPT para recomendação de leituras;
- CK-12 Flexi AI Tutor: ferramenta de aprendizagem de matemática e ciência;

Desenvolvedores – ou builders, como são chamados pela OpenAI – ainda podem continuar construindo e lançando suas funcionalidades baseadas no ChatGPT na GPT Store. Segundo a empresa, habilidades de programação não são necessárias.

Fonte: Consumidor Moderno